Por que acreditar em José Mourinho no Tottenham
José Mourinho chegou à Inglaterra em 2004 com a autodenominação de ‘Special One’, após conquistar a Europa – e ainda com o (talvez) campeão mais surpreendente da Champions League neste século.
Mais de 15 anos depois, segue em alta na Europa, mas, paradoxalmente, vive o momento mais baixo na carreira desde que se tornou mundialmente conhecido.
A demissão há quase um ano do Manchester United o levou ao ponto de maior questionamento. Parou no tempo? O personagem virou maior que o treinador?
Os constantes insucessos, desde que foi superado por Guardiola em sua passagem na Espanha e as demissões no Chelsea e no próprio United, argumentam que sim.
É emblemática também a entrevista em que pede respeito e abandona a coletiva em 2018, quando diz ter mais títulos da Premier League do que todos os outros 19 treinadores juntos. O passado gritando contra o presente.
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Mas por que afinal acreditar na mudança?
Há 11 meses longe da profissão, Mourinho nunca ficou tanto tempo sem treinar – seu recorde havia sido os 8 meses e meio entre a primeira passagem pelo Chelsea e a contratação pela Inter de Milão.
A saudade ficou escancarada em entrevista ao jornal Gazzetta dello Sport em agosto. "Sinto falta do futebol, da adrenalina, do campo, do trabalho. Futebol é futebol. Estou estudando alemão, idioma que não sabia falar. Mas falo inglês, espanhol, português, francês e italiano. Não excluo nada, nem mesmo a Alemanha", havia dito.
E aqui um ponto merece destaque: falar alemão.
"Ele (Pep Guardiola) escolheu deliberadamente uma liga na qual não estou envolvido? Eu não sei. Não tenho comentário a fazer, cada um faz suas próprias escolhas. O que é certo é que eu não vou treinar na Alemanha", afirmara o português em 2013.
Já em entrevista ao programa de televisão El Chiringuito, da emissora espanhola MegaTDT, Mourinho chorou ao falar sobre o momento longe das quatro linhas. Lágrimas de alguém tão orgulhoso não deixam de surpreender.
"Antes, eu estava curtindo o momento. Há muitos anos, quando cheguei no futebol profissional, tive um clique: 'agora é sério'. Foi sério durante todo o tempo, e agora eu parei. Mas, em vez de curtir, eu não consigo curtir. Sinto saudade do futebol".
Um dos desafios para quem alcança o topo e sonha em seguir por lá é manter certa dose de desconfiança na própria imagem que cria. Afinal, há sempre o risco de vê-la assumir o controle e deixar em segundo plano a competência técnica, que foi o atributo principal na conquista do reconhecimento.
As lágrimas de José Mourinho e a mudança de discurso em relação à Alemanha podem ser um indício de mudança na postura do treinador – ou podem também ser apenas um apelo de alguém com saudade do que mais ama fazer.
Se Mourinho de fato apresentará mudanças e conseguirá sucesso no Tottenham, é totalmente incerto. A resposta será dada nas próximas semanas nas telas dos canais ESPN.
Fonte: André Donke
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