Qual time chegará melhor fisicamente para Champions League? Especialista analisa
Os confrontos das quartas e semifinais da Champions League foram definidos nesta sexta-feira, em sorteio realizado pela Uefa. Em um período tão atípico do futebol e do mundo, as equipes irão para a competição em realidades bem distintas, tendo em vista como se encerraram ou irão se encerrar cada temporada nacional na Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália, únicos países com representantes no principal torneio de clubes do continente.
Manchester City e Chelsea – encerram sua participação na Premier League em 26 de julho e podem estar na final da Copa da Inglaterra em 1º de agosto.
Juventus, Napoli e Atalanta – encerram sua participação na Série A em 1º de agosto.
Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid - encerram sua participação em LaLiga em 18 de julho.
Bayern de Munique – fez seu último jogo oficial em 4 de julho.
RB Leipzig – fez seu último jogo oficial em 27 de junho.
Lyon - fez seu último jogo oficial em 8 de março. Disputará a final da Copa da Liga da França em 31 de julho.
PSG - fez seu último jogo oficial em 11 de março. Disputará a final da Copa da França em 24 de julho e a final da Copa da Liga da França em 31 de julho.
Manchester City, Chelsea, Juventus, Napoli, Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique e Lyon ainda atuarão pela volta das oitavas de final da Champions League em 7 e 8 de agosto.
As quartas de final irão ocorrer em jogo único em 12, 13, 14 e 15 de agosto. As semis serão em 18 e 19 de agosto, enquanto que a decisão está marcada para 23 de agosto. Todos as partidas acontecerão em Lisboa.
O blog conversou com Felipe Rabelo, coordenador de performances do Athletico-PR e especialista em preparação física de atletas, para abordar o impacto das diferenças de calendário de cada equipe antes da disputa da Champions.
Espanhóis, italianos e ingleses têm um calendário mais interessante?
Felipe Rabelo: Acredito que sim. É a questão de manter o ritmo de treino e de jogo. Se eu terminasse hoje o campeonato para daqui uma semana começar a Champions, é muito mais interessante do que quem vai terminar muito tempo atrás, em que vai ter que manter um ritmo de treinamento e um ritmo de jogo para manter o time no mais alto nível. A grande dificuldade é encontrar equipes para fazer amistosos nesta época, ou que tenha um cunho de jogo oficial de alta demanda, de alta competitividade. Mas acredito que neste sentido, terminar mais próximo, mas não em cima da hora da Champions, te coloca em um ritmo de treino e de jogo - e principalmente de mentalidade competitiva - muito maior.
Pode haver uma diferença quanto a ingleses e italianos (terminam seus compromissos mais perto da Champions) em relação aos espanhóis?
Felipe Rabelo: Acho relativo, porque dependendo da maneira como acabar o Campeonato Italiano... depende muito da qualidade dos jogos. Se, por exemplo, a Juventus enfrentar nas últimas rodadas equipes do meio da tabela para baixo, jogos teoricamente menos difíceis, que demandem menos física e mentalmente, pode ser que a recuperação deles desse final de campeonato seja menos difícil do que se tivessem enfrentando jogos e adversários muito complicadoss e de demanda física muito alta. Assim, terminar com uma semana ou menos para começar a Champions já seria suficiente para a recuperação mental e física. A maior preocupação que eu veria neste caso, é quem não vai perder jogador por questão de lesão, de sobrecarga, ou algum outro motivo, porque depende muito mais de como cada um vai terminar esse campeonato, tanto o Inglês, como o Espanhol e o Italiano, no sentido de qual é o estado como termino a competição, poorque até lá, mesmo quem tiver com um problema físico, com uma lesão mais branda, coisas que se recuperam em poucos dias, quem terminar antes, pode ser que tenha essa vantagem para recuperar esse atleta. Com relação a questões físicas, acredito em como vai terminar a competição, para ver se vai precisar de muito tempo para se recuperar ou não. Para mim, é bem relativo.
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Diferença entre condicionamento físico e condicionamento para o jogo
Felipe Rabelo: Temos que fazer uma análise um pouco mais sistêmica neste caso, porque eu poderia muito bem falar só da parte de condicionamento físico, mas somente estar apto fisicamente apto em uma condição ótima, não máxima, mas ótima, não garante sucesso no futebol. Até porque é um esporte coletivo, que envolve interação entre posição, inteligência para jogar e organização, etc. Considerando essas diferenças desses diferentes clubes dos diferentes países, aqueles que estiverem em competição, na minha opinião, estarão em vantagem. Por quê? Tem uma coisa chamada condicionamento físico e tem uma coisa chamada condicionamento para o jogo. Eu posso estar no meio de um processo de treinamento físico, treinando de maneira inespecífica, ou seja, corridas intervaladas, eu posso estar fazendo academia, posso estar fazendo trabalhos de potência, posso estar mesmo no campo fazendo alguns trabalhos específicos de aceleração, de mudança de direção, de resistência, mas isso não garante um condicionamento para o jogo.
Então, poderia estar condicionado fisicamente. No entanto, para o jogo, que seria um treinamento baseado em comportamento, a parte técnica e tática do treinador, a questão mental, e o desenvolvimento da inteligência para jogar, e organização da equipe... se não estiver acontecendo esse tipo de treinamento, fica muito mais complicado de você acreditar que somente fisicamente bem, vai dar essa chance de ganhar. Acredito muito que os clubes que voltaram a competir agora (entrevista foi concedida em 19 de junho), como Italiano, Espanhol e Inglês, que eles vão chegar muito mais preparados com relação a condicionamento do jogo, que vem acompanhado do condicionamento físico. Eu estar condicionado fisicamente, treinando numa corrida no campo de uma maneira inespecífica, não me garante condicionamento para a parte física do jogo, porque, pensar que no jogo tem muitos sprints longos, muitas mudanças de direção, aceleração e desaceleração, isso acontece a todo momento dentro de um jogo. E se você estiver competindo, como está o Campeonato Italiano, Espanhol, Inglês... você está sendo exigido em uma condição extremamente alta de demanda. Assim, você vai ficar muito mais condicionado para o jogo, em uma condição oficial, do que somente de treinamento.
Por mais que os atletas tivessem treinando em casa, sob supervisão do preparador físico do clube, ainda assim não é um condicionamento de jogo, não é um campo, não é um treino que tenha uma caráter muito mais de campo aberto, metabólico. Eles estavam treinando indoor, porque não podiam sair de casa. É um condicionamento específico diferente. Mesmo esses, se tivessem voltando bem antes, ainda assim não é garantia de sucesso. Agora, o mais importante para quem voltou antes, dentro de segurança do protocolo, é claro, é conseguir construir do ponto zero, o condicionamento do cara, gradativamente, para ele suportar o aumento de intensidade de treino. Aí passa, primeira, segunda, terceira semana de treinamento, você constrói o muro de proteção para aquele atleta para que não aconteça que nem no Brasil, que é voltar aos treinos as equipes e 15 dias depois estarem jogando em alto nível ou pelo menos em uma demanda competitiva muito alta.
Do ponto de vista do condicionamento físico de jogo, o amistoso oferece a mesma preparação do que um jogo oficial?
Felipe Rabelo: Pensando em condicionamento físico de jogo, até por ser um amistoso, jogo-treino, não tem tanta motivação, não tem tanto engajamento dos atletas. Até porque, se não é um “jogo valendo”, muitos não dão o 100%, no sentido até de não entrar em divididas, correr até o final do campo naquela bola perdida. Sem contar a questão emocional, de não ter torcida, de não ser um jogo valendo, a importância daquela competição. Então, tem diferença, sim, até em uma questão de condicionamento físico, considerando que o comportamento do atleta é diferente.
O cenário atual favorece algum estilo de jogo? Por exemplo, o Atlético de Madrid, que é conhecido pelo seu jogo coletivo e força defensiva?
Felipe Rabelo: Acho que, na verdade, o que tiver os jogadores mais experientes e acostumados a jogar o mata-mata, leva mais vantagem. É claro que cada estilo de jogo permite vantagens e até tem desvantagens no formato de competição, mas acredito que, como vai ser só um jogo a partir das quartas de final, o que mais faz diferença vai ser aquele time que tem mais jogadores com experiência para esse tipo jogo, porque muitas vezes vai acontecer o que você comentou do Atlético de Madrid. Pode acontecer que saiam placares muito curtos, e talvez quem esteja mais acostumado a jogar este tipo de jogo consiga suportar ou manter o placar a seu favor, ou consiga jogar para conseguir reverter. É difícil de dizer.
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