Real Madrid Galáctico: a utopia que não vingou e não tem mais vez no futebol
Quando partimos pura e simplesmente da expectativa, o Real Madrid de 2003 foi um dos maiores times que o futebol já viu.
O documentário 'Galácticos', produzido pela ESPN, estreia nesta quarta-feira (24), com os três episódios sendo exibidos em sequência a partir das 19h30 (horário de Brasília) na ESPN e no ESPN App.
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Credenciado pelos títulos da Champions League de 2000 e 2002, o maior campeão da história da Europa chegava à sua quarta estrela em quatro anos ao anunciar David Beckham, depois de Luis Figo (2000), Zinedine Zidane (2001) e Ronaldo (2002). Enquanto o português, o francês e o brasileiro pisaram no gramado do Santiago Bernabéu com Bolas de Ouro no currículo, o inglês tinha sido ‘apenas’ o segundo melhor do mundo, mas era líder absoluto em retorno publicitário.
O auge do encantamento por uma das maiores reuniões de talentos individuais em um mesmo time viu nos videogames espalhados pelo mundo as suas grandes conquistas. Nem mesmo o fato de se tratar de um período anterior à profissionalização de gamers e sem a possibilidade de interação online impediu que aquele Real Madrid se disseminasse de crianças a adultos de qualquer canto do planeta.
Se o ápice dos títulos deste time ocorreu entre 2000 e 2002, o auge de popularidade se deu a partir de 2003, mas foi neste momento em que menos houve conquistas. Beckham, por exemplo, ganhou somente a Supercopa da Espanha de 2003 e o título de LaLiga em 2006-07, momento em que o clube já vivia um cenário pós-galáctico.
Florentino Pérez, o grande executor desta utopia a partir de 2000, deixaria a presidência do clube em 2006, mesmo ano em que Zidane pendurou as chuteiras. Luis Figo tinha ido à Inter de Milão no ano anterior.
Talvez o grande feito daquele time pós-2002 foram as camisas vendidas nas mais diferentes moedas ou a quantidade de pessoas que ‘assumiram o comando’ do Real Madrid com seus controles de videogame em mãos.
Os Galácticos encantaram o mundo, mas não o conquistaram.
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Para piorar para o Real Madrid naquele momento, ao passo que Florentino Pérez via aquela constelação se apagar, o Barcelona faturava a Champions League pela segunda vez na sua história e se prepararia para vencê-la mais duas vezes nos cinco anos seguintes.
O Real Madrid de Pérez esteve longe de fracassar, até porque o começo da era galáctica envolveu a conquista de duas Champions e com outras estrelas que já estavam lá e que até foram formadas lá, como Roberto Carlos e Raúl. Mas o ponto alto do sonho de reunião de astros não foi acompanhado pelo sucesso em campo. Pelo contrário, houve um declínio.
A simples reunião de grandes nomes era um produto de sucesso no campo do mercado. No campo de futebol era algo mais complexo, já naquele período. Quinze anos depois, a ideia de um time como aquele é ainda mais impensável.
O futebol exige cada vez mais do entrosamento, da intensidade e de um absurdo equilíbrio coletivo. Até mesmo quem pode gastar muito, como o Manchester City, o faz seguindo o seu conceito de jogo e não de mercado. Prova disso é que o nome mais badalado do clube, apesar de inúmeros investimentos, está no banco de reservas.
O PSG, por sua vez, reuniu estrelas como Neymar e Kylian Mbappé, mas a final da Champions não seria uma realidade sem uma equipe equilibrada e com excelentes e entrosados coadjuvantes.
Relembrar a história dos Galácticos é poder ver um conceito extinto no futebol do mais alto nível, que, ainda que não tenha sido um sucesso dentro de campo, o mesmo não se pode dizer fora dele. Afinal, não estaríamos recordando tanto de uma equipe que não ganhou nada no que seria o seu auge.
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