Knicks não terem dado contrato máximo a Durant não é o absurdo que pintam
O autoconhecimento é uma ferramenta extremamente poderosa para o crescimento e o equilíbrio. Eu não pegaria um carro de Fórmula 1 para pilotar em Interlagos do nada, sei das minhas limitações e que, invariavelmente, iria me machucar. Da mesma forma, na 5ª série, eu não iria mandar um correio elegante na festa junina para a menina mais bonita da classe.
O New York Knicks não quis oferecer um max contract para Kevin Durant. Foram duramente criticados na imprensa americana, no twitter e onde mais fosse. Mas é preciso contexto. Os Knicks não são uma franquia qualquer. Seu poder de atração de free agents é inversamente proporcional ao que deveria. Sem um título desde a década de 1970, com as demandas do mercado consumidor nova-iorquino e com uma avalanche de decisões ruins atrás de decisões ruins, uma bola de neve foi criada e virou uma gigantesca avalanche.
Não é exagero nenhum dizer que o melhor momento dos Knicks no século sequer existe em termos compatíveis com a grandeza que Nova York demanda. Em quadra, foi em 1998-1999 ao chegar nas Finais contra os Spurs. Meio que em quadra e fora dela, a era de esperança de Carmelo Anthony e o momento de euforia com Jeremy Lin e as semanas de Linsanity. No que realmente importa, títulos, não passaram da segunda rodada do Leste.
Numa situação tão delicada, não é um passe de mágica que vai solucionar a avalanche no Madison Square Garden. O que funciona em outros times, como a contratação de um free agent de peso que muda o espírito da franquia, não funciona mais em Nova York. É necessária uma imensa reestruturação e, embora o Draft da NBA por vezes não seja tão impactante como o da NFL em termos de montagem de elenco, é por meio dele que essa reestruturação virá. Muita frustração foi criada em torno de não ter a primeira escolha geral e, por tabela, Zion Williamson. Pouco otimismo legítimo foi criado em torno do fato de, mesmo assim, terem R.J. Barrett, jogador com piso de produção alto e que de maneira orgânica pode melhorar as coisas em Nova York.
Ante esse contexto, digo: os Knicks não erraram em não dar um max contract para Kevin Durant. Primeiro porque para sair da situação em que se encontram, suor vai ter que ser derramado - um "processo" muito mais doloroso e cuidadoso do que ocorreu em Philadelphia. As expectativas em torno de um Durant que só volta na próxima temporada poderiam ser uma nova auto sabotagem para os Knicks. O time passaria mais um ano no limbo, esperando um Durant que voltaria de uma lesão grave. Lesão essa que, nos últimos 25 anos, só Dominique Wilkins conseguiu realmente se recuperar. Ou você esqueceu que Kobe Bryant e DeMarcus Cousins machucaram o tendão de Aquiles e não foram os mesmos depois disso?
Não estou agourando Kevin Durant ou torcendo contra, não é isso. Até porque citei o exemplo de Wilkins como exceção à regra e KD pode entrar nessa exceção. Mas os Knicks não podem ficar refém dessa esperança. Precisam organizar a casa de maneira orgânica.
Ainda: quem garante que Durant toparia ir para lá? Tudo na vida de uma organização esportiva funciona como uma empresa FORBES 500. Imagine que os Knicks se esforçassem pelo contrato máximo em vez de arrumar a casa - a contratação de Julius Randle é bem subestimada, falando nisso - e ficassem sem nada? Sem Durant nem qualquer outra peça dessa reestruturação orgânica que eu disse?
Claro que nem tudo funciona preto no branco. Mas acho que há exagero demais nas críticas a Nova York. Meio que virou, por padrão, uma crítica em piloto automático. Nem quando os Knicks são pé-no-chão e racionais parece que existe uma isenção de culpa. Tudo tá ruim. Tudo é limbo. Não acho que é assim. Caso Durant estivesse saudável, outros quinhentos. No panorama atual, foi a saída conservadora - mas com maior chance de haver uma recomposição da legitimidade de um time que deveria ser do tamanho de Nova York.
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