Curti: Afinal, vai ter MLB em 2020? (tá cada vez mais complicado)
O 4 de julho é uma data simbólica em todos os anos. Fora os feriados tradicionais nos Estados Unidos, talvez seja o mais importante: é o Dia da Independência, quando as 13 colônias foram libertas do domínio inglês e quando em 1995, Will Smith conseguiu expulsar os Aliens do Planeta Terra. Fora isso, é um feriado no meio do verão do hemisfério norte no qual as famílias aproveitam para comer cachorro-quente e se divertir nos estádios ao redor do país.
Essa última parte não vai acontecer em 2020. Com a pandemia da COVID-19, aglomerações viraram nostalgia e a perspectiva é que elas não voltem a acontecer tão cedo. Ante tudo isso, parece que a não-volta do beisebol da MLB parece algo atrelado a questões de saúde, certo? Antes fosse. No panorama atual, a problemática tem raiz puramente financeira.
Em março, às portas do caos e da pandemia, as franquias da MLB comprometeram-se a pagar salários proporcionais em função ao número de jogos numa dada temporada de 2020. Se o salário é x e o número de jogos normal é 162, numa temporada de 81 jogos o salários dos atletas seria x/2. O problema é que, num segundo momento, os donos de franquia repensaram esse modelo.
Como não haverá público a curto e médio prazo, a tendência é que a bilheteria dos times seja severamente afetada. Isso é problema para as equipes porque boa parte da receita vem dessa bilheteria – afinal, são 81 jogos em casa por ano. Sem a bilheteria, como pagar 100% dos salários proporcionais? Foi o argumento dos donos. Argumento esse que não foi engolido pelos jogadores, ainda mais lembrando que as franquias são empresas milionárias e, recentemente, a MLB renovou contrato de TV com a Turner Sports.
Em resumo, os jogadores, parte hipossuficiente dessa relação, querem que o que foi acordado seja cumprido: montem um calendário e nos digam quando e como vamos jogar e que vamos receber 100% de nossos salários em função do número dos jogos. Os donos, começaram a “trucar” a situação e o contexto todo é de falta de confiança e de rachaduras para todos os lados.
Ante tudo isso, tivemos um especial do SportsCenter americano na noite de segunda e o comissário da MLB, Rob Manfred, mostrou-se bastante pessimista com as perspectivas. “Não estou confiante”. Essas foram as palavras.
Se a frase foi dita para aumentar o poder de barganha da liga/times ou se é uma lamentação, o tempo dirá. Mas a questão é que a maior parte das pessoas fica cada vez menos otimista em relação à volta do beisebol em 2020. Os prazos estão passando, a relação entre times e jogadores está danificada e a temporada hipotética apresenta-se com perspectiva de ser cada vez com menos jogos e, pior: de bater em novembro com o clímax da temporada regular da NFL e com as eleições presidenciais. Não é um nem de perto um cenário positivo para o beisebol.
Como “molho especial” desse imbróglio, lembramos o histórico da modalidade. O Sindicato de Jogadores do beisebol tem um DNA bastante aguerrido se comparado ao seus pares das outras ligas de esportes americanos. Em 1994, a temporada foi interrompida por greve e não voltou mais. Em 2002, quase houve outra greve. Agora, uma relação que historicamente não foi boa – entre donos e times e jogadores – coloca a fragilizada popularidade do beisebol em xeque novamente.
No fundo, nem times nem jogadores vão perder tanto nessa história como o esporte em si. Torçamos para que um dos lados ceda – ou que cada lado ceda um pouco. Porque as perspectivas não são boas. A pandemia nos tirou muitas coisas neste ano e pode tirar mais uma: a temporada da MLB.
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