F1 2020 é o melhor game de Fórmula 1 da história
A difícil e criticada missão de realizar um jogo de esportes anual foi realizada com competência pela Codemasters em mais uma oportunidade. Em comparação ao futebol e aos esportes americanos, a produtora de um jogo anual de Fórmula 1 tem uma vantagem: não são apenas os elencos – qual piloto está aonde – que mudam. O desempenho dos carros também (a Ferrari de 2020 que o diga).
Então, por esse simples motivo, um lançamento de um game de Fórmula 1 acaba abarcando mais novidades. Ademais, circuitos são incluídos e retirados – bem como a pintura dos carros muda. A Codemasters, então, poderia se dar por satisfeita em atualizar isso tudo, o que por si já daria um trabalho relevante e que geraria vendas.
Ou, então, a produtora britânica poderia chegar à conclusão que poderia lançar dois jogos diferentes: um com Modo Carreira de piloto e outro com Modo Carreira sendo piloto e dono de uma equipe. Caso a ganância típica de Redwood – digite o nome dessa cidade da Califórnia e veja qual produtora de games esportivos está lá sediada – tomasse conta, poderiam até mesmo colocar essa segunda opção de carreira como DLC pago e/ou parte integrante da versão premium do game.
Optaram, porém, de fazer algo meio que inédito nos últimos anos: tudo isso vem no pacote base. Isso inclui carros clássicos, os quais TODOS também poderiam ser DLC ou parte da versão mais cara do jogo e não o são. Falando neles, que tal começarmos a análise voltando no tempo?
A carreira de Michael Schumacher em 4 carros
Parte da versão deluxe do game é o pacote de alguns dos mais icônicos carros pilotados por Michael Schumacher em sua carreira. O primeiro deles é a Jordan de 1991 (Jordan 191), o primeiro bólido guiado pelo alemão em sua carreira. Com o piloto titular da Jordan, Bertrand Gachot, preso – literalmente – no final de semana do Grande Prêmio da Bélgica, Schumacher foi chamado como substituto e fez o oitavo tempo do treino qualificatório. Na corrida, o carro lhe deixou na mão na primeira volta por conta de um problema na caixa de embreagem. Mas a marca estava dada e Schumacher ganhou a atenção de outras equipes, ganhando vaga na Benetton.
Foi na equipe italiana (ou seria inglesa?) que Schumacher ganhou seus dois primeiros títulos mundiais. Em 1994, em meio a uma série de polêmicas e tragédias, o B194 era um dos carros mais equilibrados do grid após a FIA banir auxílios eletrônicos, controle de tração, de largada e a suspensão eletrônica que fizera da Williams a melhor equipe do campeonato nos dois anos anteriores. Mesmo cumprindo suspensão durante o ano, Michael venceu o título após – e tome polêmica – colidir com Damon Hill na última prova do campeonato, em Adelaide.
O impacto do B194 foi relevante para a Fórmula 1 – em termos de design, sobretudo. Embora o modelo do ano anterior já contasse com bico elevado e fazendo o carro parecer um tubarão, foi ele que consagrou o desenho que seria adotado pelas demais equipes no ano seguinte. Em 1995, Schumacher teve no B195 um carro melhor e um motor ainda mais potente que o Ford do B194. Flavio Briatore deu um “jeitinho” – um dia conto essa história aqui – e colocou a Benetton com motor Renault, o melhor do grid. O campeonato foi totalmente dominado por Schumacher e foi sua consagração como melhor piloto da modalidade naquele momento. Com Nigel Mansell em franca decadência, Ayrton Senna tendo nos deixado em Imola no ano anterior e Alain Prost aposentado, não havia concorrência para Michael.
A menos que a bagunça da Ferrari – soa familiar com 2020 – fosse a própria concorrência. Schumacher topou o desafio e foi para a scuderia italiana para 1996. Foram quatro anos de casa sendo arrumada, com o primeiro título pela equipe vindo em 2000. Esse carro está listado entre os clássicos do jogo, o Ferrari F1-2000 no qual Michael venceu seu principal concorrente da época, o finlandês Mika Häkkinen.
Na versão “padrão” dos jogos, vários carros do F1 2019 voltam e há a adição da McLaren (MP4/5B) e da Ferrari (641) do campeonato de 1990, os quais eram do pacote premium do game. Os carros mais antigos, Lotus/McLaren/Ferrari da década de 1970, saíram. Então você não vai poder mais brincar de Hunt vs Lauda.
Volta do Split Screen
Jogar online é algo que não me apetece e acho que nunca me apeteceu. Cada vez mais sinto falta dos multiplayers “caseiros”: tela dividida, cada um com um controle e na mesma TV a competição rolando. Talvez eu seja uma criança que jogou muito Goldeneye 007 e Mario Party e tenha apego emocional a isso, mas realmente sinto falta.
Para quem é como eu, a boa notícia é que a Codemasters voltou a incluir esse modo no jogo. Entendo as limitações técnicas em versões anteriores – dois carros na tela fazem com que a demanda da CPU seja maior – mas não custava nada se empenhar nisso e o fizeram.
Novos circuitos, novo modo de jogo: seja dono de uma equipe
Zandvoort (Holanda) e o circuito de rua de Hanói (Vietnã) estão presentes no game mesmo que a pandemia tenha retirado ambos do calendário de 2020. O primeiro é maravilhoso, já se tornou uma de minhas pistas preferidas e talvez a que eu tenha mais jogado. O segundo é uma obra de Hermann Tilke e, ao contrário de Baku, não me apeteceu – lembra bastante aqueles circuitos antigos de rua da Indy.
Embora novas pistas tenham “surgido” no calendário adaptado de 2020, a Codemasters não se pronunciou para além de “não vamos colocar nada novo”. Seria bacana ter Imola e Mugello mesmo como DLCs – mas é entendível a postura da produtora, dado que dá um trabalho imenso escanear as pistas para o feedback correto para quem joga de volante.
A grande cereja do bolo, porém, é o modo carreira no qual você é piloto e dono da equipe – ainda existe o modo no qual você é apenas piloto, frisando. Aparte da situação pitoresca de Lance Stroll e seu papai na Racing Point, é algo meio difícil de acontecer hoje em dia. Mas é incrível de se imaginar e ter esse poder.
Para além da árvore de desenvolvimento do carro que você tem no modo carreira como no F1 2019, há outras possibilidades. Contratar o segundo piloto – o filho de Michael Schumacher, Mick, é uma possibilidade aliás – melhorar as instalações, contratar um coach de entrevistas, escolher patrocinadores – cada qual com um valor e um bônus em função de dados objetivos. É um modo carreira “com esteroides” e ainda mais completo. Ser dono da própria equipe deve ser um sonho para boa parte dos fãs de Fórmula 1 e, bem, aqui temos essa possibilidade.
Ainda falta a Codemasters atualizar o desempenho dos carros de acordo com o que já aconteceu na temporada – como o motor Ferrari sendo bem pior do que “o melhor” que está no jogo – mas isso deve vir numa atualização das próximas semanas.
Fato é que o sentimento de progressão é incrível. Ainda mais do que acontecia no modo carreira de piloto, dá vontade de fazer todos os treinos para ganhar pontos que são usados nas melhoras do carro. Joguei apenas uma temporada completa mas facilmente chegarei a mais de três quando o próximo lançamento da Codemasters chegar no meio do ano que vem.
Veredito
É cada vez mais raro que eu chegue aqui para você numa análise de game esportivo-anual e fale para você comprar o jogo no lançamento. Afinal, a maior parte deles contam com mudanças de pura perfumaria. O Madden NFL 21, por exemplo, não trará praticamente nenhuma mudança no modo carreira de treinador/dono de time. O NBA 2k20 também não trouxe tantas mudanças – para além do gameplay, sobretudo na defesa.
F1 2020, porém, é uma bazooka de mudanças, como você viu acima. Isso porque nem falei do gameplay, o qual achei melhor por conta de uma inteligência artificial mais agressiva. Ainda nesse sentido, senti os carros com mais pressão aerodinâmica do que no ano passado – e os freios estão bem mais fortes, se você coloca 100% de pressão no setup vai facilmente travar as rodas.
Jogo games de F1 desde criança, com as versões de Nintendo 64, PC e PlayStation. Passei pelo PS2 e pela evolução da Codemasters no PS3. Após tantos anos, com tantas possibilidades de jogo, digo sem medo de errar que este é o melhor jogo de Fórmula 1 que já joguei na vida. Foram duas semanas testando o jogo – tanto no controle como no volante Logitech G29 – e minha vontade todo dia ao acordar é jogá-lo. Isso é o tanto que esse jogo é uma experiência completa.
Veredito: Comprar agora.
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F1 2020 é o melhor game de Fórmula 1 da história
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