Curti: Contraste entre Russell e Bottas mostra que sim, piloto ainda importa na F1
"AAAAAAAH". O grito pelo rádio resume a frustração de Russell ao sair do box em 15º, posição que ele teve o costume de frequentar ao longo da temporada. George Russell entrou o Grande Prêmio de Sakhir como um dos poucos sem pontos no Campeonato Mundial de 2020, tendo ao seu lado também zerado o canadense e companheiro de equipe, Nicholas Latifi, da Williams. Neste final de semana, de maneira excepcional, Russell teria outro companheiro de equipe – Valtteri Bottas. Tal como deu baile o ano inteiro no canadense, Russell fez o mesmo com o finlandês.
Nos treinos, o mesmo Bottas de sempre. Rápido, com a pole-position. Na corrida, o mesmo Bottas de sempre – com problemas em largada, perdendo a primeira posição para Russell, errando várias vezes na mesma curva, sendo passivo ao menor sinal de ultrapassagem. O constrangimento final veio após a lambança que a Mercedes fez no pit-stop chamado em função de um safety car por conta de um aerofólio de Jack Aitken no meio do "oval". A equipe alemã trocou as bolas – ou melhor, os pneus – e Russell teve que voltar ao box novamente depois disso. Como efeito, o inglês caiu para quinto, logo atrás do finlandês. Saindo o safety car, já foi para cima e ultrapassou Bottas. Ali, o contraste estava definido.
O "azar" de Russell acabou aparecendo novamente com um pneu furado e novo pit-stop quando tinha pneus novos e estava em segundo lugar, sendo que chegar em Perez parecia questão de tempo – ele terminou com quatro paradas na prova, ninguém teve mais. De toda forma, ainda conseguiu terminar com a nona colocação – algo notório vide como ele "caiu" várias vezes ao longo das 87 voltas. Russell não conseguiu sua primeira vitória, mas conseguiu algo maior: provar que pode muito se tiver um bom equipamento. A prova de hoje mostrou como piloto é algo que importa – mesmo a Mercedes sendo o melhor carro da categoria. Algo que todos sabiam na época de Rosberg-Hamilton mas que parecem ter esquecido.
Russell volta para a Williams na temporada de 2021 – mas com olho em 2022. O desempenho de hoje, mesmo que não tenha terminado com a vitória que parecia tão possível, é uma vitória mais duradoura que o champagne e um troféu. George foi bem o suficiente para "garantir" um assento no futuro. Já sabíamos de seu talento por tirar muito com o fraco carro da Williams. Com o desempenho deste final de semana na Mercedes, provou que tem talento para eventualmente sair da pior para a melhor equipe do grid em breve. Ao mesmo passo, a constrangedora corrida de Valtteri faz com que ele entre 2021 com o assento mais quente dentre as equipes de ponta – em certa medida, um cenário parecido com o que Vettel teve na ascensão do jovem monegasco Charles Leclerc.
Perez vence pela primeira vez e ganha força para emprego em 2021
O mexicano Sérgio Pérez venceu hoje pela primeira vez, eram 189 grandes prêmios sem vitórias – o que era a segunda marca mais longa da modalidade, atrás apenas de Andrea De Cesaris, um caso à parte por ter conseguido assentos por anos pelo fato de ter sido bancado por uma indústria tabagista. É verdade que Sergio tem o apoio de Carlos Slim, um dos maiores empresários do mundo. Mas sua permanência na Fórmula 1 nos últimos anos fora feita por merecimento também. Hoje, ele caiu para último depois de largar em quinto – recuperou-se e contou com as lambanças da Merdeces nos pit stops derradeiros de Bottas e Russell. Manteve o ritmo forte no final, estando a três segundos do inglês até que um furo no pneu cessou a ameaça.
Sergio flertou com o primeiro lugar do pódio em alguns momentos, com destaque para o segundo lugar na Turquia, ainda nesta temporada. Perdeu dois grandes prêmios por um diagnóstico positivo do COVID-19. Agora veio a vitória. O interessante é que o mexicano não tem lugar garantido para a próxima temporada, mas o desempenho em Istanbul e agora no Bahrein criam um momento interessante. Seu assento na Racing Point, que vira Aston Martin ano que vem, será de Sebastian Vettel. No momento, há dois assentos vagos: um na Red Bull, como companheiro de Max Verstappen, e outro na AlphaTauri, como companheiro do francês Pierre Gasly – que também venceu corrida neste ano. "Estou sem palavras, espero não estar sonhando. Sonhei com este momento. Após a primeira volta a corrida parecia ter acabado, mas tivemos um ritmo tremendo e sabíamos o que fazer hoje. O que acontecer no ano que vem não está em minhas mãos, mas quero seguir [na F1]", disse o mexicano.
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