A importância da saúde mental para atletas de alto rendimento

Edênia
Edênia

Quantas vezes você já ouviu falar que para você fazer algo extraordinário precisa se dedicar 100%? Como atleta há quase vinte anos, ouço isso praticamente todos os dias. Tudo sempre foi sobre: "você não pode, tem treino", "você não é igual aos outros, precisa ser focada", "se o resultado for ruim, a única culpada é você", "não posso, tenho treino." Perceberam quantas vezes o "não" é recorrente? Pois bem, viver uma vida de privações é para poucos mesmo, você precisa ter consciência na hora de escolher sua profissão. E como ter essa consciência aos 5 anos ou até mesmo, quando você recém terminou o ensino médio? Escolha complexa, não?!

Me lembro bem quando tinha por volta dos meus 7 anos, quando minha família aos finais de semana ia ao parque aquático, eu não gostava de ficar na piscina das crianças, sempre acompanhava meu pai na piscina de salto. Ficava fazendo ondulações de um lado para o outro, enquanto isso ele saltava e minha mãe, concentrada em mim,  sempre falava que eu parecia uma sereia. Talvez minha mãe tenha visto algo que ninguém até então tenha percebido, minha paixão por piscinas, por me exibir na piscina dos adultos rs. Na infância é tudo tão natural, sempre ouvimos falar que criança não mente. Então seria inteligente perguntar a essa mesma criança qual profissão ela gostaria de seguir, mesmo sem ela saber quais seriam suas abdicações, fracassos e dor ao decorrer da vida? 

Um outro momento que lembro bem, foi quando entrei para aula de natação, na época não se falava sobre esporte para pessoas com deficiência, tão pouco sobre paralimpíadas, mas minha mãe achava que me faria bem algum tipo de exercício, e assim comecei. Pouco tempo depois, minha mãe preocupada com minha evolução nas aulas, pediu ao professor que me orientasse melhor, porque meu tempo era diferente, o professor se negou, foi assim que minha mãe me tirou da natação.  Quando retornei as piscinas tinha meus 12 anos, já não era por diversão, foi por orientação medica. Não preciso dizer que aquela paixão adormecida por alguns anos, retornou mais viva do que nunca. O ambiente era completamente diferente da antiga escolinha do Sesi/Crato, morávamos em Natal/RN, estado conhecido por ter os maiores nadadores paralímpicos na época. Comecei de mansinho, fui aprendendo a ter mais domínio do meu corpo na água, um ano depois estava competindo; "me exibindo por todo lado", há quem diga que era um sonho de menina, talvez isso seja verdade, mas ainda não sabia o que estava por vir. 

Sabe quando você começa a entender aquela historinha do "você não pode, tem treino"? Foi por volta dos meus 15 anos, treinando para o meu primeiro mundial, enquanto comia pela primeira vez um hambúrguer, que ouvi o NÃO. "Não pode comer besteira Edênia, você é atleta." Foi bem ali que descobri que seria o primeiro não de muitos; não para festas, não para finais de semana, não até para namoro. 

Nunca questionei, sabia que para chegar no topo do mundo teria que viver só para o esporte, ou pelo menos é assim que somos ensinados no meio esportivo. O que ninguém fala é que você é um ser humano e não pode se privar de tudo o tempo todo. Dá mesma maneira que viver somente para o esporte pode trazer medalhas e glamour, pode desencadear depressão, ansiedade, causar transtornos psicológicos graves, inaptidão social, competitividade desmedida. Um grande exemplo disso é o Michael Phelps, o maior fenômeno do esporte mundial, em seu livro ele relata não ter perdido uma só sessão de treino num ciclo olímpico, porém depois de se aposentar declarou ter depressão, que lutou duro para superar essa fase, chegando até tentar o suicídio. Confesso que foi depois dos relatos do Michael, que comecei a pensar na minha saúde mental, do que seria saudável dentro dos meus limites de atleta, fazer para não cair na pressão mental que é viver no esporte. Passei a observar outros atletas, suas rotinas, o que na minha rotina poderia ser diferente. Não queria passar horas jogando games que estimulassem mais minha competitividade e me privassem de conviver com outras pessoas, também não queria passar horas assistindo series de TV, apesar de ser outra grande paixão. 

Quanto mais historias de atletas com depressão surgiam, mais questionava tudo. Passei a ler sobre Coaching, PNL, biografias de atletas e com isso meu desejo por autoconhecimento só aumentava. Nesse meio termo, descobria que convivi com a ansiedade durante toda minha vida, momento muito difícil. Tempos depois decidi fazer um curso de meditação transcendental, me ajudou bastante na busca da consciência e redução do estresse e com isso minha recuperação pós treino.  

O ponto máximo nessa descoberta foi quando me formei em Coaching, lá comecei a entender que o ser humano é mais complexo do que imaginamos, não existe uma receita pronta para o sucesso, não é só se dedicar 100% ao trabalho. Isso é uma crença que nos limita! E sendo limitados, os resultados também não serão duradouros. Temos a necessidade de conviver em sociedade, se queremos tanto um bom desempenho, precisamos de tempo de lazer e tirar um tempo com a família, com amigos é fundamental. Me atrevo a dizer que ter amigos que não estejam só no esporte é algo que me ajuda muito, os assuntos são diversos e fora do meio esportivo! Terminei o curso determinada a mudar meus hábitos, passaria a priorizar meus momentos de descanso sem me culpar, sem achar que minhas adversarias estariam treinando, passei a me entender melhor. 

Bom estou no começo do caminho dessa descoberta do ponto de equilíbrio para manter minha saúde mental dentro do alto rendimento. Convido a todas a fazerem o mesmo!

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A importância da saúde mental para atletas de alto rendimento

Edênia
Edênia
Saúde mental
Saúde mental Daniel Zappe

Quantas vezes você já ouviu falar que para você fazer algo extraordinário precisa se dedicar 100%? Como atleta há quase vinte anos, ouço isso praticamente todos os dias. Tudo sempre foi sobre: "você não pode, tem treino", "você não é igual aos outros, precisa ser focada", "se o resultado for ruim, a única culpada é você", "não posso, tenho treino." Perceberam quantas vezes o "não" é recorrente? Pois bem, viver uma vida de privações é para poucos mesmo, você precisa ter consciência na hora de escolher sua profissão. E como ter essa consciência aos 5 anos ou até mesmo, quando você recém terminou o ensino médio? Escolha complexa, não?!

Me lembro bem quando tinha por volta dos meus 7 anos, quando minha família aos finais de semana ia ao parque aquático, eu não gostava de ficar na piscina das crianças, sempre acompanhava meu pai na piscina de salto. Ficava fazendo ondulações de um lado para o outro, enquanto isso ele saltava e minha mãe, concentrada em mim,  sempre falava que eu parecia uma sereia. Talvez minha mãe tenha visto algo que ninguém até então tenha percebido, minha paixão por piscinas, por me exibir na piscina dos adultos rs. Na infância é tudo tão natural, sempre ouvimos falar que criança não mente. Então seria inteligente perguntar a essa mesma criança qual profissão ela gostaria de seguir, mesmo sem ela saber quais seriam suas abdicações, fracassos e dor ao decorrer da vida? 

Um outro momento que lembro bem, foi quando entrei para aula de natação, na época não se falava sobre esporte para pessoas com deficiência, tão pouco sobre paralimpíadas, mas minha mãe achava que me faria bem algum tipo de exercício, e assim comecei. Pouco tempo depois, minha mãe preocupada com minha evolução nas aulas, pediu ao professor que me orientasse melhor, porque meu tempo era diferente, o professor se negou, foi assim que minha mãe me tirou da natação.  Quando retornei as piscinas tinha meus 12 anos, já não era por diversão, foi por orientação medica. Não preciso dizer que aquela paixão adormecida por alguns anos, retornou mais viva do que nunca. O ambiente era completamente diferente da antiga escolinha do Sesi/Crato, morávamos em Natal/RN, estado conhecido por ter os maiores nadadores paralímpicos na época. Comecei de mansinho, fui aprendendo a ter mais domínio do meu corpo na água, um ano depois estava competindo; "me exibindo por todo lado", há quem diga que era um sonho de menina, talvez isso seja verdade, mas ainda não sabia o que estava por vir. 

Sabe quando você começa a entender aquela historinha do "você não pode, tem treino"? Foi por volta dos meus 15 anos, treinando para o meu primeiro mundial, enquanto comia pela primeira vez um hambúrguer, que ouvi o NÃO. "Não pode comer besteira Edênia, você é atleta." Foi bem ali que descobri que seria o primeiro não de muitos; não para festas, não para finais de semana, não até para namoro. 

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Nunca questionei, sabia que para chegar no topo do mundo teria que viver só para o esporte, ou pelo menos é assim que somos ensinados no meio esportivo. O que ninguém fala é que você é um ser humano e não pode se privar de tudo o tempo todo. Dá mesma maneira que viver somente para o esporte pode trazer medalhas e glamour, pode desencadear depressão, ansiedade, causar transtornos psicológicos graves, inaptidão social, competitividade desmedida. Um grande exemplo disso é o Michael Phelps, o maior fenômeno do esporte mundial, em seu livro ele relata não ter perdido uma só sessão de treino num ciclo olímpico, porém depois de se aposentar declarou ter depressão, que lutou duro para superar essa fase, chegando até tentar o suicídio. Confesso que foi depois dos relatos do Michael, que comecei a pensar na minha saúde mental, do que seria saudável dentro dos meus limites de atleta, fazer para não cair na pressão mental que é viver no esporte. Passei a observar outros atletas, suas rotinas, o que na minha rotina poderia ser diferente. Não queria passar horas jogando games que estimulassem mais minha competitividade e me privassem de conviver com outras pessoas, também não queria passar horas assistindo series de TV, apesar de ser outra grande paixão. 

Quanto mais historias de atletas com depressão surgiam, mais questionava tudo. Passei a ler sobre Coaching, PNL, biografias de atletas e com isso meu desejo por autoconhecimento só aumentava. Nesse meio termo, descobria que convivi com a ansiedade durante toda minha vida, momento muito difícil. Tempos depois decidi fazer um curso de meditação transcendental, me ajudou bastante na busca da consciência e redução do estresse e com isso minha recuperação pós treino.  

O ponto máximo nessa descoberta foi quando me formei em Coaching, lá comecei a entender que o ser humano é mais complexo do que imaginamos, não existe uma receita pronta para o sucesso, não é só se dedicar 100% ao trabalho. Isso é uma crença que nos limita! E sendo limitados, os resultados também não serão duradouros. Temos a necessidade de conviver em sociedade, se queremos tanto um bom desempenho, precisamos de tempo de lazer e tirar um tempo com a família, com amigos é fundamental. Me atrevo a dizer que ter amigos que não estejam só no esporte é algo que me ajuda muito, os assuntos são diversos e fora do meio esportivo! Terminei o curso determinada a mudar meus hábitos, passaria a priorizar meus momentos de descanso sem me culpar, sem achar que minhas adversarias estariam treinando, passei a me entender melhor. 

Bom estou no começo do caminho dessa descoberta do ponto de equilíbrio para manter minha saúde mental dentro do alto rendimento. Convido a todas a fazerem o mesmo!

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Avalanche de recordes mundiais no World Series 2019

Edênia
Edênia

Olá, meninas.

 
Na última semana aconteceu simultaneamente duas etapas do World Series de natação Paralímpica, aqui em São Paulo e também em Glasgow, Inglaterra. O que me surpreendeu foi o nível técnico da natação Paralímpica feminina, ao todo foram seis RECORDES MUNDIAIS. Sim, seis recordes mundiais! Surpreendente! 

Maria Carolina São Paulo
Maria Carolina São Paulo © Comitê Paralímpico Brasileiro

 No Open Internacional de Atletismo e Natação, em São Paulo, a natação teve sua grande protagonista; Maria Carolina Santiago, a pernambucana quebrou o recorde mundial dos 100m peito SB12 (baixa visão) duas vezes, cravando nas eliminatórias 1min14s94 e nas finais esmagou novamente o recorde mundial, com 1min14s79. Maria Carolina quebrou não somente o recorde mundial como também o jejum brasileiro feminino que durava 15 anos. O recorde é de Atenas 2004 quando Fabiana Sugimori estabeleceu o novo recorde mundial nos 50m livre S11 (cego total), desde então nenhuma mulher voltou a quebrar recorde mundial. Nada mal para o início de temporada de competições internacionais no Brasil!

Elena Krawzow  Glasgow
Elena Krawzow Glasgow British Swimming

Enquanto recordes e mais recordes eram quebrados aqui no Brasil, em Glasgow- Inglaterra não era diferente, alemã Elena Krawzow, estraçalhou o recorde anterior dos 100m peitos SB12 (baixa visão), da brasileira Maria Carolina, diminuindo a marca em 77 centésimos, cravando 1min14s02. O recorde durou poucas horas, isso nos diz que em um futuro próximo a piscina vai tremer com essa disputa.

Alice Tai, Glasgow 2019
Alice Tai, Glasgow 2019 @georgiekerr for @britishswimming

   
Outro nome de destaque em Glasgow é da Britânica Alice Tai, da categoria S8, que estabeleceu dois novos recordes mundiais nos 100m costas com 1min08s09 na tarde do último dia 27, e na manhã seguinte, 28, voltou a estabelecer novo recorde mundial, desta vez, nos 50m livre S8 (deficiência física), cravou 29s66. Já no Brasil, simultaneamente, a brasileira Cecilia Araujo também quebrava seu próprio recorde das Américas nos 50m livre S8, com 30s69. Certamente os Jogos Parapan Americanos de Lima será de altíssimo nível!

Ellie Challi em Glasgow 2019
Ellie Challi em Glasgow 2019 British Swimming

Vamos abrir um parêntese para as provas não Paralimpicas, que também teve recorde mundial destruídos. Os dois nomes em destaque entre os classe-baixas (atletas com deficiência severa) ficou por conta da Britânica Ellie Challis, atual recordista dos 50m peitos Sb2 com 1:05.42 e o brasileiro Gabriel Geraldo, detentor do recorde mundial dos 50m borboleta S2 com 1min05s44. Sempre uma alegria ver o número de atletas com deficiência severa aumentar!

Edênia Garcia momento após ver seu tempo- São Paulo
Edênia Garcia momento após ver seu tempo- São Paulo Daniel Zappe

E para finalizar com mais notícias boas, no último dia 26, fiz os índices necessários para compor as seleções brasileiras do Parapan de Lima 2019 e Mundial em Londres 2019 e também estabeleci o melhor tempo do mundo nos 50m costas. Será meu quinto Jogos Parapan americanos e sétimo mundial, parece surreal estar mais um ano na Seleção brasileira. 
 
Estejam atentas, 2019 já está sendo um ano incrível para o esporte paralímpico feminino!
 
Forte abraço,
 
Edênia Garcia

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A força de Joana Neves; a 'Peixinha'

Edênia
Edênia
Eu e a peixinha
Eu e a peixinha Reprodução

Oi, meninas!

No último mês aqui no Centro de Treinamento Paralímpico tivemos algumas novidades, uma delas é a nova integrante, nossa Joana Neves, mais conhecida como Peixinha. Joana é natural do Rio Grande do Norte, nasceu com um tipo de nanismo, e começou a nadar em 2000 por orientação médica para tratar fraqueza nos ossos. Ela se identificou com a natação logo cedo e não parou mais.

Por coincidência ou não, nos conhecemos em 2000. Quando estávamos fazendo teste na escolinha de natação Tutubarão, mal sabíamos que no ano seguinte seriamos convocadas para a seleção brasileira. Foi na Copa das Américas em 2001, em sua primeira competição internacional, que Joana subiu de categoria. Ela passou de S5 para S9, competindo com atletas com muito mais mobilidade.

Esse erro na classificação não parou a nadadora, que continuou a treinar mesmo com muitas dificuldades financeiras. Ela contou com o apoio da família e de seu técnico Rodrigo Vilar. Passados nove anos, somente em 2010, Joana foi chamada para refazer sua reclassificação, o erro foi corrigido e ela retornou para sua classe de origem S5.

O ano de 2010 foi o ano da volta por cima de Joana. No mesmo ano, ela já compunha a seleção brasileira e ganhou sua primeira medalha em jogos mundiais, na Holanda. Desde então, vem colecionando títulos, entre eles 4 medalhas Paralímpicas: bronze em Londres nos 50m borboleta, duas pratas e um bronze no Rio 2016, fora o recorde brasileiro e das Américas em suas provas.

Quero abrir um parêntese sobre um assunto recorrente: classificação. Acredito que essa seja uma grande variável no esporte paralímpico mundial. O ano de 2018 veio para comprovar isso! Para que entendam melhor, um atleta que hoje figura em 7º lugar do ranking mundial, pode subir 6 colocações dependendo da sua avaliação/ reclassificação. Trocando em miúdos, como a vida de Joana mudou completamente entre 2001 e 2010, isso pode acontecer em menos de 24h. Esse foi o meu caso, entrei na avaliação em 2018 como 7ª do mundo e em poucas horas estava como número 1 do mundo.

Peixinha em 2015
Peixinha em 2015 Marcio Rodrigues

Voltando as novidades de 2019, a pouco mais de um mês, Joana vem treinando no CT Paralímpico, aqui em São Paulo. Aproveito essa oportunidade para colocar o papo em dia.

Perguntei para Joana qual o balanço dela sobre 2018 e o que a levou vir para São Paulo. Joana foi bem direta: “meu ano de 2018 foi tenso, para não dizer que foi horrível. Logo no começo do ano precisei parar os treinos e fiz cirurgia de hérnia umbilical, que correu muito bem, porém depois de um mês tive um quadro de inflamação, porque sou muita inquieta. Por esse motivo fui cortada da primeira competição do ano, competição que seria para fazer índice do Parapan Pacifico na Austrália. Felizmente fui convocada para nadar o World Series na Itália e Inglaterra, não nadei bem, só tinha treinado 20 dias depois da cirurgia, mas mesmo assim fiz o  índice do Parapan Pacifico e  fiquei bem feliz”, contou.

Na sequência Joana relata que seu momento mais difícil de 2018 foi a perda do seu pai, “ foi a pior dor, perder meu pai, uma dor insuportável, meu mundo caiu”, acrescentou. Após a retomada aos treinos, Joana teve um quadro de depressão profunda, depressão que ela vinha sofrendo há dois anos.

Achando que já tinha passado por tudo, veio mais uma cirurgia, desta vez, o apêndice precisou ser retirado. Tudo isso fez Joana ficar um período afastada dos treinos. Como atleta sei o quanto é difícil ficar longe das piscinas!

Foi então que no final de 2018 o Head Coach, Leonardo Tomasello, entrou em contato e a convidou para treinar um período em São Paulo. Com ânimo renovado, Joana tem em mente metas concretas para 2019, conseguir se dedicar 100% aos treinos e fazer sempre o seu melhor.

Para finalizar nosso bate-papo, perguntei como tem sido esse início de 2019, treinando em São Paulo. Ela me disse: “Por enquanto está tranquilo, tenho aprendido muitas coisas estou voltando com uma vontade de aprender mais, e treinar no CT está me ajudando nisso. O mais difícil é ficar longe da família. Esse é meu ponto fraco, infelizmente como todos sabem, minha família é tudo para mim, sou muito ligada a eles, a saudade já está batendo, mas para termos algo melhor em nossas vidas, temos que abdicar de algumas coisas, para que no futuro possamos ser feliz. Eu sei que a saudade de hoje fará bem para o meu crescimento no esporte!”, contou.

Certamente 2018 foi um ano intenso e de muito aprendizado para Joana, estamos todos torcendo para que ela volte com tudo e esteja na “Raia 4” em 2019.

E aproveito para desejar feliz aniversário para a Peixinha, que hoje comemora 32 anos de muita determinação e personalidade! Parabéns, Joana!

E para vocês, desejo toda essa determinação da Joana!

Beijo,

Edênia.

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Os Comitês Paralímpicos Internacional e Brasileiros divulgaram calendário de competições de 2019

Edênia
Edênia
Feliz ano novo!
Feliz ano novo! Toronto Jonne Roriz


Olá, meninas!

Quero começar desejando um 2019 repleto de boas notícias, que seja um ano com muitas metas a serem batidas, ou seja, de muita vitória para todos nós.

E por falar em metas,  temos muitas em 2019! Será um ano recheado de competições. Grandes competições, diga-se de passagem, afinal de contas, estamos há dois anos dos Jogos de Tóquio 2020. Os Comitês Paralímpicos Internacional e Brasileiro divulgaram seus calendários de competições de 2019.

Vamos começar em casa: no Brasil, o calendário de competições começa logo em fevereiro, com o Circuito Brasil | Fase Regional - São Paulo, de atletismo e natação, que acontecerá no CTPB. Nos regionais, os atletas terão a oportunidade de obter índices para as fases Nacionais do Circuito. Entre os Regionais e Nacionais, teremos o Open Internacional, este será o maior campeonato a nível nacional do calendário, já que também é a 5 etapa do World Series e competição classificatória para os campeonatos Mundiais e Parapan Americanos que acontecerão este ano.

O Comite Paralimpico Internacional, divulgou as etapas do World Series anunciando quatro novas cidades que farão parte do circuito mundial de natação. Entre elas estão Melbourne, Austrália que acontecerá entre 15 e 17 de fevereiro. Glasgow, Grã Bretanha entre 25 e 28 abril e Singapura entre 10 e12 maio.  A etapa da Holanda ainda está com data e cidade a confirmar

 Os calendários completos você pode acessar aqui: Nacional e internacional.

Mundial de Natação Paralímpica e Parapan Americano

Como falei no inicio do texto, 2019 não está para brincadeira! Teremos Mundial de Para Natação e Jogos Parapan Americanos com semanas de diferença. O mundial acontecerá na cidade de Kuching, Malasia entre os dias 29 de julho a 4 de agosto, três semanas depois ocorrem os Jogos Parapan de Lima, Peru entre os dias 23 de agosto a 1 de setembro. Essa colunista que vos fala, não vai ficar parada!

Como sempre falo quando termino cada grande competição, já estamos vivendo Tóquio desde o final da Rio em 2016! Essas duas grandes competições de 2019 servirão para abrir vagas ao país nos Jogos de Tóquio, então nem preciso falar o quanto será importante 2019.

E voltando a falar em metas, meus dois grandes desafios são estar no Mundial de Para Natação e Parapan, carimbando minha sétima participação em ambas. 

E medalha, Edênia?”. Sonhos e sinto o cheirinho todo dia ao acordar! Mentalizar e viver esse objetivo é o que mais me motiva para bater cada meta em 2019.

 E vocês, quais já anotaram suas metas para 2019? Me conta aqui nos comentários!

Fonte: Edênia Garcia

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Os Comitês Paralímpicos Internacional e Brasileiros divulgaram calendário de competições de 2019

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Papo de nadadora: Entrevista com Cheryl Angelelli

Edênia
Edênia

Cheryl Angelelli
Cheryl Angelelli Reprodução

Oi, meninas! 

 Hoje o papo de nadadora mergulha na raia ao lado, com minha grande adversaria e hoje amiga, Cheryl Angelelli. Cheryl começou a competir aos oito anos, mas sua carreira foi interrompida quando em 1983, aos 14 anos, fez um mergulho durante um treino com sua equipe de natação do YMCA e lesionou a medula espinal, ocasionando uma tetraplegia, comprometimento dos quatro membros. Somente depois de 15 anos, ela retornou as piscinas e começou a pleitear uma vaga na seleção Americana de natação paralímpica. Cheryl debutou em Jogos Paralímpicos dois anos após retornar as disputas: foi em Sydney 2000, onde ela conquistou duas medalhas de bronze, uma linda estreia. 

 Dois anos mais tarde,  em 2002 na Argentina, fez sua primeira participação em mundiais paralímpicos de natação, ganhou duas medalhas de bronze nos revezamentos 4x50m livre e 4x50m medley. Foi neste campeonato que dividimos pela primeira vez a piscina na disputa por equipes, no revezamento 4x50m medley. A equipe Americana ganhou com larga vantagem em relação ao Brasil, fechando o revezamento para 3:39.97 e o Brasil para 4:08.84, lembro que foi uma medalha muito comemorada pela equipe brasileira. Nossas maiores disputas sempre foram em grandes campeonatos. Lembro bem quando fizemos o mesmo tempo nas eliminatórias dos 50m livre em Atenas 2004, ambas nadaram para 53.37 e nos classificamos para a final e nadamos lado a lado mais uma vez. Acredito que de todas nossas disputas, nenhuma foi mais acirrada do que o mundial na Holanda em 2010, ela competindo na principal prova, 50m livre, eu competindo uma prova que não era a minha. A maioria das nadadoras nadam crawl, eu fui com a cara e a coragem e nadei costas, meu estilo mais rápido, sempre uma diferença muito pequena entre nós duas e nessa ocasião, foi de 2 centésimos. Foi eletrizante! Hoje, Cheryl é aposentada das competições de natação paralímpica. Sua última paralimpíadas foi em Pequim 2008, onde ganhou duas pratas, nos 50m livre e 100m livre. Nos 50m ela levou a melhor, fiquei com a prata. Com certeza o esporte nos ensina muitos valores e um deles é aprender a ganhar e a perder, como acontecia entre Cheryl e eu, sempre em uma competição saudável. 

Eu e Cheryl
Eu e Cheryl Reprodução

 Vejam logo abaixo um trecho do meu bate-papo com Cheryl depois de alguns anos competindo lado a lado. Edênia: Como você começou no esporte paralímpico e quem a incentivou a praticar esportes? Cheryl: Comecei a nadar competitivamente quando tinha 8 anos de idade. Eu sempre amei nadar e era um esporte em que eu era boa. Quando eu tinha 14 anos, eu estava treinando para uma competição e meu treinador decidiu tentar um novo mergulho de corrida na parte rasa da piscina. Eu tive que pular uma corda na frente do bloco de partida e acabei batendo minha cabeça no fundo da piscina e quebrei meu pescoço. Em um instante minha vida mudou. Eu não nadei durante 15 anos depois do meu acidente e depois, enquanto trabalhava como jornalista, fui a Atlanta, Geórgia (EUA) para relatar os Jogos Paralímpicos de 1996. Assim que vi esta competição de classe mundial para atletas com deficiência, eu sabia que queria competir novamente. Então comecei a treinar e estabeleci uma meta para fazer parte da equipe de natação paraolímpica de 2000. 

Edênia: Você já experimentou alguma dificuldade no esporte por ser mulher?
Cheryl: Não, eu nunca experimentei qualquer discriminação ou dificuldades por ser uma mulher nos esportes. 

Edênia: Você competiu nos Jogos Paralímpicos, qual edição foi mais especial e por quê?
Cheryl: Eu competi em 2000, 2004 e 2008. É difícil escolher um favorito porque cada uma têm memórias especiais. O ano de 2000 foi especial porque foram meus primeiros Jogos e eu estava experimentando tudo pela primeira vez, além de conhecer o homem que se tornaria meu marido nos Jogos de 2000. Atenas 2004 é especial porque foi a primeira vez que ganhei medalhas (2 de bronze). Pequim em 2008 eu ganhei 2 de prata e esses jogos são memoráveis porque eles foram meus últimos.

Edênia: Nós competimos juntas às vezes, você tem alguma lembrança de uma prova específica?
Cheryl: Nós tivemos muitas provas uma contra a outra ao longo dos anos. Nossos tempos eram sempre muito próximos. Às vezes eu vencia e às vezes você vencia. Eu sabia que toda vez que eu tinha que disputar contra você tinha que estar no meu melhor porque você era uma concorrente difícil. Uma das minhas lembranças foi quando eu estava nadando em uma das minhas últimas competições e depois da prova eu estava chorando porque sabia que seria uma das últimas vezes que competi. Eu lhe disse que estaria me aposentando e você veio e me abraçou. Eu nunca esqueci sua gentileza naquele momento. 

Edênia: Quando você tomou a decisão de se aposentar da natação? Foi uma decisão difícil?
Cheryl: Em 2013 tomei a decisão de me aposentar após 16 anos de competindo na paranatação. Foi uma decisão muito difícil porque a paranatação foi uma parte muito importante da minha vida. Uma das razões pelas quais decidi me aposentar foi que eu estava ficando mais velha e também eles estavam cortando muitas provas na classificação S4, incluindo algumas das minhas melhores, como os 200 livre. Então eu tinha menos oportunidades de participar. 

Cheryl agora pratica Para Dance.
Cheryl agora pratica Para Dance. Reprodução

Edênia: Como tem praticado o Para Dance Sport?
Cheryl: Eu comecei a Para Dança em 2014 e eu absolutamente adorei! É ótimo estar competindo novamente em um esporte diferente. É muito diferente de nadar. A maior diferença é que a natação é um esporte individual e na Para Dança eu tenho um parceiro e temos que trabalhar juntos. Mas eu estou amando isso. Na nossa primeira competição sancionada paralímpica, ganhamos uma medalha de prata no estilo livre... o que é engraçado porque o livre sempre foi a prova que eu competi na paranatação.

Edênia: Você tem uma longa jornada de treinos e competições, como você ficou motivada por quase vinte anos e o que você mais gostou no esporte?
Cheryl: Eu competi por 16 anos na Paranatação. Eu gostava de viajar, conhecer atletas de todo o mundo e fazer parte da equipe dos EUA. O que me manteve motivada foi querer ser a melhor. Querendo ir mais rápido. Eu adorava estabelecer um objetivo para mim mesma e trabalhar duro para alcançá-lo. 

Edênia: Você poderia nos deixar uma mensagem para quem está começando no esporte?
Cheryl: Para os novos atletas, queria dizer para aproveitar cada momento, trabalhar duro, ser um bom companheiro de equipe, praticar um bom espírito esportivo e fazer muitas lembranças.

Fonte: Edênia Garcia

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Papo de nadadora: Entrevista com Liz Johnson

Edênia
Edênia

Liz Johnson em Pequim, 2008
Liz Johnson em Pequim, 2008 Getty Images

Oi, meninas, 

Hoje quero começar uma série de bate-papo com algumas nadadoras paralímpicas que conheci ao decorrer da minha carreira.

Como vocês já sabem, comecei em Jogos Paralímpicos bem jovem, aos 17 anos em Atenas 2004, onde conquistei a prata. Foi uma experiência bem diferente dos outros campeonatos, ali estavam os melhores nadadores Paralímpicos do mundo. E, entre esses atletas estreantes em paralimpíadas, a britânica Liz Johnson figurava entre as favoritas dos 100m peito. Nessa edição dos Jogos, aos 19 anos, ela levou a prata. Quatro anos depois, em Pequim 2008, onze dias após o falecimento de sua mãe, Liz veio para seu primeiro ouro paralímpico e foi a primeira nadadora a quebrar a casa dos 100 segundos nos 100m peito SB6. Nadando em casa, sua participação em Londres lhe rendeu um bronze, novamente nos 100m peito SB6. 

Lembro muito bem esse momento do bronze em Londres, os britânicos ovacionaram suas duas grandes atletas fazendo dobradinha na prova, o pódio foi composto por Viktoriia Savtsova da Ucrânia com o ouro, na sequência Charlotte Henshaw leva a prata e Elizabeth Johnson (Liz) com o bronze, momento muito emocionante para a torcida britânica.

Liz além de ser conhecida por seus títulos, é também por todo envolvimento e ativismo no Paradesporto mundial. Depois de participar de 3 Jogos Paralímpicos, ela se aposentou em 2016. Hoje, atua como comentarista nas transmissões de campeonatos de natação, que foi o caso dos Jogos do Rio.

Para que conheçam um pouco mais esta grande atleta, aproveitei uma ocasião em que esteve aqui em São Paulo e conversamos sobre sua trajetória e como é estar aposentada das piscinas.

Um treino com Liz Johnson
Um treino com Liz Johnson Arquivo Pessoal

Edênia: Como foi o seu início no esporte paralímpico e quem te incentivou a praticar esporte?

Liz: Entrei no esporte paralímpico por meio de um salva-vidas na piscina onde fiz minhas aulas de natação. Ela dirigia um clube para pessoas com deficiências e pedia à minha mãe que me levasse até lá porque precisavam de um novo membro para a equipe de revezamento. Meus amigos e familiares sempre me apoiaram, mas minha mãe foi minha principal influência.

E: De alguma forma você já passou por dificuldades no esporte por ser mulher?

L: Eu acho que tive muita sorte de não experimentar nenhuma discriminação de gênero no esporte. Acho que a natação é um esporte bastante equilibrado no que diz respeito à participação de gênero. Desde o começo, homens e mulheres treinam lado a lado e competem nas mesmas competições, então essa pode ser uma das razões pelas quais isso não é tão comum em nosso esporte.

E: Você competiu em três Jogos Paralímpicos: Atenas, Pequim e Londres. Qual das edições foi mais especial e qual o motivo?

L: Fico muito questionado e nunca fica mais fácil responder. Cada um dos 3 Jogos Paralímpicos foram especial para mim. Atenas 2004 foi a minha primeira, mas também foi muito tradicional e voltou à origem das Olimpíadas. Pequim 2008 foi muito especial para mim porque foi aí que realizei o meu sonho e me tornei campeã paralímpica e também marcou uma progressão significativa na forma como o movimento Paralímpico foi percebido, proporcionando uma plataforma para que ele se desenvolvesse como conhecemos hoje. Londres 2012 me proporcionou uma oportunidade única. Não são muitos os atletas que têm a sorte de ter uma edição dos Jogos em casa durante a carreira, mas eu tive. Chegar a competir na frente de muitos dos meus amigos e familiares e outros que fizeram parte da minha jornada foi muito, muito especial. Basicamente, eu amei todos eles!

 E: Você teve uma longa jornada de treinos e competições, como se manteve motivada por quase vinte anos e o que você mais apendeu no esporte?

L: Tive a sorte da minha carreira na natação ter durado 20 anos. Eu viajei pelo mundo, conheci novas pessoas e vivi culturas diferentes. Eu aprendi a ser independente e aproveitar ao máximo as oportunidades que me foram apresentadas. Eu não era a nadadora mais talentoso, mas trabalhei duro e fui recompensada. Levei 10 anos para ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos. Nem sempre foi fácil, mas sempre valeu a pena. Tudo o que experimentei e aprendi enquanto nadava me deu habilidades e me preparou para todos os desafios que eu experimentaria em outras áreas da minha vida. Nunca tive nenhum arrependimento!

 ESabemos que você se aposentou em 2016, como foi essa decisão?

L: Quando tomei a decisão de me aposentar em 2016, sabia que estava pronta. Eu fiz uma cirurgia para reparar uma hérnia, então enquanto eu estava me recuperando eu tinha muito tempo para pesar nas minhas opções. Eu não acho que a minha decisão tenha sido muito difícil ou traumática porque no final das contas foi uma decisão minha, eu estava no controle e me ofereceram uma oportunidade igualmente incrível de trabalhar na cobertura televisiva da Rio 2016, então o vazio que a aposentadoria poderia ter deixado foi instantaneamente preenchido.

 E: Depois de se aposentar, você trabalha como comentarista nos campeonatos,como tem sido essa experiência?

 L: Adoro trabalhar na cobertura dos eventos como comentarista agora que me aposentei. Estou muito grata pela oportunidade e poder continuar envolvida e promover um esporte que eu amo. Cobrindo os vários eventos acende as mesmas emoções que eu experimentei quando estava competindo. Há uma descarga de adrenalina, há pressão, mas há um desafio constante e eu amo isso. Eu sou muito apaixonada pelo movimento Paralímpico e Para-esporte, eu tenho a honra de estar tão envolvida.

 É sempre gratificante compartilhar com vocês história de grandes atletas!

 Até a próxima

Fonte: Edênia Garcia

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Papo de nadadora: Entrevista com Liz Johnson

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Estive fora, me reencontrei e digo que: voltei, meninas!

Edênia
Edênia
Natação Paralímpica
Natação Paralímpica Arquivo Pessoal

Oi, meninas.

Hoje quero atualizar vocês sobre meus últimos meses e também o por quê não atualizei vocês.

Em abril competi o Open Internacional de Natação em São Paulo. Nesta competição também passei por nova reclassificação. Deixa eu explicar melhor a classificação: no esporte paralímpico, os atletas são divididos em classes por grau de deficiência e a natação é subdividida em 14 classes, de S1 á S14 (S1 até S10 é deficiência física, S11 até 13 deficiência visual e S14 intelectual) o S vem de Swimming. Devido novo código de regras do Comitê Paralímpico Internacional, todos os paraatletas do mundo em 2018, seriam reavaliados seguindo novo protocolo.

Entrei na competição como S3, fui avaliada, subi para S4. Como S4 eu teria que competir com meninas que andam, que fazem virada olímpica e com muito mais mobilidade do que eu. Assim aconteceu no Open, não só competi na classe como terminei a competição na classe a cima da minha. Minha cabeça no momento em que percebia minhas chances de continuar competitiva, indo por ralo abaixo, só conseguia pensar na injustiça. Entramos com protesto, contestando os erros na hora da avaliação, foi aceito e seria reavaliada um mês depois no World Series, na Itália.

Semanas depois comecei um curso de Coaching, melhor decisão da minha vida. Em meio a toda pressão psicológica devido a classificação, fazer o curso me ensinou muito sobre ressignificar acontecimentos passados e evoluir como ser humano. O passado nós podemos ressignificar o presente é para ser vivido e o futuro é uma projeção. Saí do curso com essa certeza.

Bem, um mês depois estávamos na Itália, para competir o World Series. Toda classificação é feita antes de começar a competição e lá estava esperando ser avaliada. Foi feita avaliação na maca, depois na água e novamente para confirmar, voltei para maca. Depois de algumas horas esperando, saiu o veredito: “Edênia; você S3!” Sim, o classificador exclamou em alto e bom tom. Desta vez foi uma avaliação seguindo todo protocolo novo de avaliação e acima de tudo, foi humanizado! Parece até novela, mas é tudo real, rs.

Passado todo contratempo, começamos a competição na Itália com o pé direito, medalha de ouro nos 50m costas e melhor índice técnico da prova. Seguimos para Inglaterra competir mais uma etapa do World Series, competição bem forte. O Brasil fez uma competição boa, Daniel Dias estabeleceu novo recorde mundial nos 50m livre S5, Cecilia Araujo faz melhor marca pessoal e recorde das Américas, também nos 50m livre. Para mim foi uma competição muito especial, tive o prazer de voltar a competir com uma adversária de peso, Mayumi Narita, que ganhou ouro em Atenas 2004 nos 50m costas. Desta vez o cenário mudou, por pontuação, ganhei a medalha de ouro. Foi um sensação incrível!

Meu ouro na Itália
Meu ouro na Itália Arquivo Pessoal

O esporte não é só glamour e nem é justo para todos, mas é extremamente gratificante trabalhar com o que se ama!

Minhas queridas leitoras, quero agradecer por acompanharem a coluna, fiquei fora um tempo, por precisar me reencontrar novamente, mas sempre faço com muito carinho pra vocês. Quero passar o máximo do nosso contexto para que conheçam o nosso esporte! Os próximos textos serão sobre nosso senário paralímpico!

Fiquem atentas!

Fonte: Edênia Garcia

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