Um Carpegiani cada vez mais ‘educador’ no futebol
Quando o nome de Paulo Cézar Carpegiani é especulado num clube brasileiro, a primeira impressão é de que ele está sendo contratado para apagar incêndios. Foi assim no Coritiba, em 2016 e no Bahia, ano passado. Este ano, após passagem rápida pelo Flamengo, desembarcou no Vitória com o mesmo objetivo: evitar que uma equipe afunde na zona de rebaixamento.
Carpegiani sempre foi um treinador de poucos títulos. Sua maior glória aconteceu no início da década de 1980, quando conquistou a Libertadores e o Intercontinental com o melhor Flamengo de todos os tempos. De lá para cá, dois campeonatos paraguaios com o Cerro Portenho, na década de 1990; um campeonato Baiano com o Vitória, em 2009; e a Taça Guanabara de 2018 com o próprio Flamengo. Seu currículo não está entre os mais laureados do futebol brasileiro – pelo menos em número de conquistas.
Nas últimas temporadas, o gaúcho de Erechim tem se tornado um especialista e organizar equipes com orçamentos (e elencos) limitados. Um traço marcante de sua característica como treinador, escancarada desde a sua primeira passagem pela Gávea. É só lembrarmos da seleção do Paraguai, que na Copa de 1998 mostrou uma organização tática que chamou a atenção do mundo. Essa característica voltou a ser mais explorada em 2016, quando Carpegiani assumiu o Coritiba na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro e livrou o Coxa do rebaixamento, deixando a equipe na 15ª posição. Um ano depois, fez o Bahia, que estava a um ponto do Z-4, evoluir seu futebol e brigar por vaga na Libertadores até a última rodada.
Imposição de estilos e os 'meninos'
Em sua terceira passagem pelo Vitória, Paulo Cézar Carpegiani chegou à Toca do Leão com a missão de estancar a sangria da defesa rubro-negra, que já sofreu 40 gols no Brasileirão. Com a melhora na compactação do time e uma organização defensiva mais sólida, o Vitória já atingiu a marca de quatro jogos consecutivos sem sofrer gol – algo que não acontecia desde março de 2010.
Carpegiani mostra um perfil que é pouco usual no futebol brasileiro: o do treinador que está mais preocupado em jogar bem do que conquistar títulos. Para ele, “futebol precisa ser bem jogado, sem perder a competitividade”. Para isso, suas equipes precisam encontrar um padrão e impor seu estilo de jogo em detrimento ao do adversário. Mesmo com as limitações do Vitória, tem conseguido fazer a equipe respirar na Série A.
Os pilares do trabalho de Carpegiani, além do “jogo bem jogado”, são a posse de bola e o veto a “medalhões”. Foi dessa forma que o Vitória evoluiu nas últimas partidas, aumentando o percentual de posse e usando garotos formados nas divisões de base do clube, como o zagueiro Lucas Ribeiro, o volante Léo Gomes e o atacante Léo Ceará. O treinador deixou de lado jogadores experientes como Kanu, Fillipe Soutto e André Lima, que não mostravam rendimento necessário para manter-se como titulares.
A ideia de rejuvenescer o time deu certo. Com a invencibilidade de quatro partidas, o Vitória também carregou uma marca interessante: contra o América-MG, na 22ª rodada, o rubro-negro colocou em campo o time mais jovem da Série A, com média de idade de 22,2 anos. Aliás, Carpegiani repetiu o feito em outras três partidas – Fluminense (22,8), Vasco (22,9) e Atlético-MG (23,4). Só depois vem o Flamengo, que na 12ª rodada, diante do Palmeiras, entrou em campo com uma média de idade de 23,8 anos.
Mesmo estando na prateleira dos técnicos mais antigos do futebol brasileiro, Carpegiani vem fazendo o óbvio para se manter na elite do Brasileirão por tanto tempo. No Vitória, vai escrevendo mais um capítulo de sua história de poucos títulos, mas de muita contribuição no entendimento tático dos atletas, e na busca incessante por um jogo mais bem jogado no Brasil.
Um Carpegiani cada vez mais ‘educador’ no futebol
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