E se julho fosse fevereiro?

Elton Serra
Elton Serra

Luan, do Grêmio, em meio aos jogadores do Atlético-PR
Luan, do Grêmio, em meio aos jogadores do Atlético-PR Divulgação / Grêmio

O futebol brasileiro volta à sua rotina esta semana, e eu sei que não dá para fingir que está tudo começando do zero. Porém, com o retorno do Campeonato Brasileiro, podemos experimentar algo que o calendário poderia proporcionar toda temporada.

Na Europa, lugar onde se joga o melhor futebol do mundo, as primeiras partidas oficiais dos clubes acontecem nos campeonatos nacionais. O torcedor começa a ter contato com os grandes jogos logo após as pré-temporadas, matando a saudade depois de quase três meses sem competições. Começar um novo ciclo com partidas atraentes motiva o consumo e mantém o produto valorizado o ano inteiro. No Brasil, viveremos “artificialmente” essa sensação a partir de quarta-feira.

Com mais de 30 dias de intertemporada, os clubes da Série A voltam ao Campeonato Brasileiro renovados. Muitos reformularam seus elencos e tiveram tempo para recuperar atletas desgastados com a maratona do primeiro semestre. A maioria dos torcedores sente a falta de seu time do coração entrando em campo. Nada melhor do que acabar com a saudade assistindo uma partida de Série A.

A reflexão nos faz olhar para o calendário e, mais uma vez, constatar que o futebol brasileiro continua no caminho errado. O ano de 2018 começou com os estaduais, na terceira semana de janeiro, sem uma pré-temporada adequada dos clubes. Partidas tecnicamente ruins e estádios vazios – além de as equipes não estarem preparadas física, técnica e taticamente em 12 dias de trabalho, os adversários dos grandes clubes nos estaduais não oferecem um jogo competitivo. O contato com finais de semana mais excitantes acontece apenas a partir de maio.

Todos sabem que a mudança do calendário do futebol brasileiro será benéfica para a qualidade do jogo. Iniciar o ano com o Campeonato Brasileiro 30 dias após uma pré-temporada também eleva o negócio. Fragmentar os estaduais durante o ano também oferece aos clubes menores a chance de se manterem em atividade por mais tempo. Oferecer tempo de preparação entre um jogo e outro dá aos treinadores a possibilidade de consolidação dos seus trabalhos. Para os clubes que disputam a Libertadores, é interessante entrar na competição continental disputando grandes jogos em seu país – as referências técnicas da Série A são muito maiores e, consequentemente, aumentam o nível de competitividade em nível internacional.

Repito que não dá para fingir que tudo começa na quarta-feira. Muitos clubes recomeçam o Brasileirão sob pressão. Porém, é uma oportunidade de observarmos o quanto o futebol brasileiro poderia ganhar se julho fosse fevereiro.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Dentro e fora de campo, o descompasso do Vitória na temporada

Elton Serra
Elton Serra

Vitória perdeu para o Internacional por 2 a 1, no Barradão
Vitória perdeu para o Internacional por 2 a 1, no Barradão Maurícia da Mata/EC Vitória/Divulgação

“O Vitória foi um time que lutou, que brigou, que correu atrás”. As palavras do técnico Vagner Mancini, após a derrota para o Internacional, no Barradão, resumem o rubro-negro na atual temporada: um time que coloca a disciplina acima da técnica, resultado das limitações do elenco montado para as competições em 2018.   

O discurso do treinador do Vitória, nas últimas semanas, tem terminado quase sempre num pedido quase que explícito de reforços. Para Mancini, o baixo rendimento do time está relacionado à ausência de mais opções no elenco. Um contrassenso, se forem levadas em consideração as contratações feitas pelo clube desde o início do ano.

Elias; Lucas (Jeferson), Walisson Maia, Aderllan, Pedro Botelho (Bryan); Lucas Marques, Rodrigo Andrade; Guilherme (Baumjohann), Rhayner, Wallyson (Lucas Fernandes); Denilson (Jonatas Belusso). Mais de um time foi contratado pelo Vitória em 2018, e praticamente todos foram avalizados pelo treinador rubro-negro. Entre lesionados e atletas disponíveis, são 39 jogadores no grupo vermelho e preto. O desempenho irregular da equipe não é por falta de opção, seguramente.

Diante disso, o que fica bem claro é que o Vitória não soube montar o seu elenco para disputar as principais competições do ano. Na teoria, o técnico também participa da construção do plantel e dá o aval para potenciais contratações. É uma responsabilidade dividida, mas que tem sido colocada em apenas um lado da balança.

É lógico que o poder da caneta é do presidente. Ricardo David, aliás, é um dirigente com pouca experiência no futebol. Delegou funções a outro inexperiente, Erasmo Damiani, que fracassou como diretor do principal departamento de um clube. Hoje, o Vitória tem o vice-presidente, Francisco Salles, como responsável por contratar atletas – outro dirigente que nunca exerceu a função. Porém, também existem decisões técnicas que influenciam diretamente no desempenho do rubro-negro no Campeonato Brasileiro.

Identidade confusa

O Vitória começou o ano apostando num modelo diferente de jogo. Saiu da ideia do modo reativo para tentar ser propositivo, mas em pouco tempo percebeu que os jogadores não se encaixavam nas características que exige o jogo de posse de bola. Em seu melhor momento na temporada, o rubro-negro resgatou seu jeito vertical de jogar e dominava o Campeonato Baiano – até perder o famigerado Ba-Vi das expulsões e do episódio da saída de campo deliberada.

Neilton segue como única esperança de bom futebol no Vitória
Neilton segue como única esperança de bom futebol no Vitória Maurícia da Mata/EC Vitória/Divulgação

Com quatro jogadores suspensos pelos tribunais após a confusão, Vagner Mancini se viu na necessidade de tentar reinventar a equipe. O Vitória transitou entre o 4-3-3 e o 4-4-2, com duas linhas bastante compactas, mas não conseguiu ter regularidade. Estourava para o torcedor as carências técnicas do elenco. O rubro-negro passou a ser um time que mantinha uma aplicação tática acima da média, mas dependente dos bons momentos de Neilton, içado a protagonista de maneira forçada, justamente por ser o único capaz de transformar o jogo no último terço do campo. Perdeu o título baiano e foi eliminado das copas do Brasil e do Nordeste. Daí a transformação no “time que lutou, que brigou, que correu atrás”.

O Vitória ainda contratará mais jogadores para o Campeonato Brasileiro. Não se sabe, ao certo, se serão jogadores acima da média dos que já integram o elenco. O grupo ficará maior, repleto de opções, como quer seu treinador. Porém, o rubro-negro precisa encontrar uma identidade para seguir na temporada. Confuso, tem vivido da luta, da briga, da corrida atrás dos resultados.

Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Dentro e fora de campo, o descompasso do Vitória na temporada

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Bahia completará dois anos de ‘bipolaridade’

Elton Serra
Elton Serra

Zé Rafael comemora gol contra o Vasco, na Arena Fonte Nova
Zé Rafael comemora gol contra o Vasco, na Arena Fonte Nova Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação

Os últimos jogos do Bahia na Arena Fonte Nova, por três competições distintas, trazem com fidelidade um recorte do desempenho do time nas últimas duas temporadas. A constatação parece estranha quando analisamos a irregular campanha do tricolor na Série A, mas ajuda a entender o trabalho de Guto Ferreira à frente da equipe baiana.

A lógica é bem simples: o Bahia é um time que tem como principal característica o jogo de posse de bola no campo ofensivo. Nos jogos que venceu até a sétima rodada do Campeonato Brasileiro, teve média de 55% de posse contra seus adversários. O volume de jogo depende muito da troca de passes entre a intermediária ofensiva e o último terço do campo. Quando falhou no propósito, tropeçou em casa – empatou com Atlético-PR e São Paulo tendo 41% e 49% de posse de bola, respectivamente.

Os números não trazem uma opinião definitiva, mas colaboram para o entendimento dos métodos de Guto Ferreira. Desde que chegou ao Bahia, em junho de 2016, refuta o jogo reativo e busca ter a bola nos pés. Foi campeão do Nordeste ano passado com um time leve e de bastante movimentação. Deixou a herança para seus sucessores, Jorginho e Carpegiani, que investiram na leveza de Mendoza para fazer o tricolor surpreender no Campeonato Brasileiro.

O treinador tentou, ao retornar à Salvador no início da atual temporada, o 4-1-4-1 como a formação tática inicial de sua equipe, mas logo percebeu que precisava novamente reforçar o meio-campo para dar liberdade aos leves Zé Rafael, Marco Antônio (ou Élber) e Edigar Junio. O volante Elton entrou na equipe e hoje forma dupla com Gregore. Vinícius, testado como um meia mais recuado, voltou a ser utilizado como meia armador na linha de três do 4-2-3-1. Guto resolveu retornar às suas origens.

Por gostar da bola, o Bahia tem um problema crônico desde 2016: é uma equipe frágil longe de Salvador. O time mostra uma incapacidade de jogar recuado, marcando a partir da intermediária. Dar a bola para o adversário é algo estranho para um grupo que está acostumado com o jogo de posse. Em sua trajetória no tricolor, Guto Ferreira venceu 13 jogos como visitante, mas apenas dois em competições nacionais – ambos na Série B de 2016, contra Avaí e Vila Nova. A maioria absoluta das vitórias fora da Arena Fonte Nova foi construída no frágil Campeonato Baiano.

O ‘fator Régis’

No jogo contra o Vasco, domingo passado, Guto Ferreira surpreendeu a torcida quando, na metade do segundo tempo, tirou o centroavante Júnior Brumado para colocar o meia-atacante Régis. O time ficou sem uma referência no ataque, mas deslanchou no jogo e marcou três gols na sequência. A ideia, apesar de não ter sido assimilava pela maioria que assistia ao confronto, era de confundir a defesa vascaína e abrir espaços para as infiltrações de Élber, Zé Rafael e do próprio Régis. Deu muito certo.

Mesmo reserva, Régis tem sido decisivo para o Bahia na temporada
Mesmo reserva, Régis tem sido decisivo para o Bahia na temporada Felipe Oliveira/EC Bahia

Régis já havia sido um fator de desequilíbrio na partida contra o Blooming, quatro dias antes, pela Copa Sul-Americana. Entrou no intervalo como um extremo direito, mas sua intensa movimentação no último terço do campo foi fundamental para que a goleada de 4 a 0 contra os bolivianos fosse construída. Na atual temporada, Régis entrou em campo em 23 jogos, mas foi titular em apenas seis. Vindo do banco de reservas, o meia tem sido mais útil, o que traz um grande dilema para Guto Ferreira: escalá-lo como titular, ou não?

É possível que a boa fase de Vinícius no primeiro trimestre tenha ajudado Guto a manter Régis no banco de reservas. Mesmo com a queda de rendimento do atual titular, o treinador o mantém no time, entendendo que Vinícius contribui defensivamente em muitos momentos do jogo. A solidez da defesa do Bahia, sexta melhor entre os clubes da Série A na temporada, também contribui para que o ataque tenha números expressivos – a participação de Régis na fase defensiva é mínima.

Ter um jogador de qualidade no banco, capaz ser decisivo quando escalado no segundo tempo, não é uma ideia tão ruim. Lógico que a titularidade também está atrelada ao nível de desempenho daquele que começa entre os 11, mas Régis já mostrou ser o atleta ideal para desmontar estratégias adversárias durante os jogos. 

Com ou sem Régis, o Bahia ainda não encontrou o seu equilíbrio em 2018. Ao mesmo tempo em que consegue ser quase imbatível na Arena Fonte Nova, não oferece tanta resistência quando atua longe de Salvador. Um problema crônico, e que não é de hoje. No fiel da balança, Guto Ferreira faz um bom trabalho no tricolor, mas ainda precisa fazer seu time ser mais ousado como visitante. Desta forma, quem sabe, dê o salto que todos esperam há tempos.

Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Bahia completará dois anos de ‘bipolaridade’

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Diego Souza, Jean, David e uma nova postura dos grandes clubes do Nordeste

Elton Serra
Elton Serra

Diego Souza foi vendido ao São Paulo por R$ 10 milhões
Diego Souza foi vendido ao São Paulo por R$ 10 milhões Gazeta Press

Quando o Sport anunciou a transferência de Diego Souza para o São Paulo, a torcida do rubro-negro pernambucano se dividiu. Enquanto alguns lamentaram a saída de sua grande referência técnica nos últimos anos, outros comemoraram as cifras conseguidas pelo Leão da Ilha: R$ 10 milhões, a maior venda da história do clube.

O Sport segue uma tendência que tem se tornado cada vez mais frequente no futebol do Nordeste. A negociação de Diego Souza somou-se a outros R$ 26 milhões arrecadados pelos grandes clubes da região na última semana. A dupla Ba-Vi, dias antes, também acumularam cifras significativas com vendas de atletas.

O Vitória negociou David com o Cruzeiro por aproximadamente R$ 10 milhões e diminuiu o enorme prejuízo financeiro registrado na última temporada. Já o Bahia faturou R$ 16 milhões com vendas de atletas da base – Jean foi cedido ao São Paulo por R$ 9 milhões; Juninho Capixaba chegou ao Corinthians após pagamento de R$ 6mi; e Rômulo ficou em definitivo no Busan IPark, da Coreia do Sul, pelo valor de R$ 1 milhão. Nunca o futebol baiano gerou tanta receita em tão pouco tempo.

Revelação do Vitória, David também rendeu R$ 10 milhões ao clube
Revelação do Vitória, David também rendeu R$ 10 milhões ao clube Maurícia da Matta / EC Vitória / Divulga

Além da grana, atletas também chegaram para fortalecer os elencos de Bahia e Vitória. As contratações fizeram parte do pacote de negociações e, indiretamente, também geraram receita. No caso do Vitória, além da manutenção de 23% dos direitos econômicos de David, dois jogadores do Cruzeiro foram envolvidos no negócio. Já o Bahia conseguiu adquirir os direitos federativos de Régis por mais três anos, e ainda terá mais um atleta cedido pelo São Paulo. Com relação à ida de Juninho Capixaba para o Corinthians, o clube paulista abriu mão do goleiro Douglas, que reforçará o tricolor em definitivo também por três temporadas.

A venda do goleiro Jean, de certa forma, também ajudou ao Sport. O clube pernambucano quitou uma dívida que tinha com São Paulo, relacionada ao atacante Rogério. Como detinha os direitos federativos de Régis, o Leão da Ilha, como pagamento da pendência, os repassou ao São Paulo, que transferiu o ativo para o Bahia.

As negociações ajudaram os clubes a buscar reforços mais qualificados, além de adquiri-los em definitivo, em muitos casos.

Jean foi vendido ao São Paulo por cifras recordes para o Bahia
Jean foi vendido ao São Paulo por cifras recordes para o Bahia ESPN

É lógico que os valores ainda estão abaixo do que o mercado pode pagar – Jô, 30 anos, sozinho, rendeu R$ 43 milhões ao Corinthians. Porém, é nítido o entendimento dos clubes com relação aos seus patrimônios. Em outras épocas, os clubes mais ricos chegavam ao Nordeste e levavam seus principais jogadores por migalhas. As últimas negociações mostram uma nova tendência, encabeçada pelos três clubes mais ricos da região. Se impor, mesmo que timidamente, num mercado voraz e avassalador, já uma espécie de pontapé inicial para uma inserção de maior destaque entre os grandes times do Brasil.

Reter os talentos ainda é um grande desafio. Vendê-los por valores justos, também.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Diego Souza, Jean, David e uma nova postura dos grandes clubes do Nordeste

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Guto Ferreira está de volta ao Bahia, mas terá que exorcizar alguns fantasmas

Elton Serra
Elton Serra

Guto Ferreira retorna ao Bahia após rápida passagem pelo Internacional
Guto Ferreira retorna ao Bahia após rápida passagem pelo Internacional Armando Paiva/Agif/Gazeta Press

O ex-presidente do Bahia, Marcelo Sant’Ana, certa vez me confidenciou que apenas dois treinadores deixaram um legado positivo na sua gestão: Sérgio Soares e Guto Ferreira. O primeiro, por ter trazido de volta ao tricolor um futebol ofensivo e destemido, enterrando o pensamento covarde que tomava conta de seus antecessores. O segundo, por ter cultivado um padrão tático que, mesmo contestado em diversas oportunidades, serviu de sustentação para que o time conquistasse resultados importantes nas duas últimas temporadas. 

É bem verdade que o novo presidente, Guilherme Bellintani, hesitou em aceitar o nome de Guto Ferreira como o seu primeiro técnico à frente do Bahia. Desenhou em sua cabeça o perfil de um treinador vencedor, mas caiu na real quando olhou para o mercado do futebol brasileiro. Guto, dentro das possibilidades do tricolor, é o nome que se vê disponível sem inúmeras ressalvas.

Na sua primeira passagem pelo Fazendão, Guto Ferreira mostrou defeitos. Aliás, teimosias. Não dá para negar que o Bahia poderia ter sido mais destemido, como pregava Sérgio Soares, sobretudo na Série B do ano passado. O time, longe de Salvador, era um esboço inacabado da equipe que jogava na Arena Fonte Nova. Com raros momentos, pareciam dois esquadrões distintos. Todos esses “poréns” são levados em consideração, mas não são maiores que as virtudes deixadas antes da saída de Gordiola para o Internacional.

Volto a falar do padrão tático. Por ter ficado um ano no Fazendão, Guto Ferreira teve tempo para amadurecer o time taticamente. Uma vantagem que faz dele o treinador mais bem-sucedido dos últimos anos no Bahia. O jeito de jogar do time foi moldado ao longo dos meses e facilitou o encaixe da equipe, gerando resultados. O padrão tático possibilitou ao treinador buscar também aprimorar detalhes do jogo, como bolas paradas defensiva e ofensiva, transições por dentro (o Bahia procurava sempre as transições ofensivas com laterais e pontas), além de determinadas variações táticas. O tempo ajudou Guto Ferreira. O legado é inegável, mas inacabado. 

Guto volta ao Bahia com a missão de seguir o que não conseguiu terminar. Terá a desvantagem de recomeçar um trabalho com passos atrás, já que boa parte dos jogadores que ele ajudou a amadurecer deixaram o clube, mas já sabe o caminho das pedras. Sabe também que não pode mais repetir os mesmos erros do passado. O Bahia, pela boa campanha na Série A de 2017, subiu o seu sarrafo de exigências. O padrão tático terá que se aliar a atitudes mais ousadas em momentos cruciais da temporada. Só assim o velho-novo treinador tricolor se desprenderá da desconfiança da torcida.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Guto Ferreira está de volta ao Bahia, mas terá que exorcizar alguns fantasmas

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O grande desafio do novo presidente do Vitória

Elton Serra
Elton Serra

Ricardo David foi eleito com mais de 52% dos votos válidos
Ricardo David foi eleito com mais de 52% dos votos válidos Maurícia da Matta/EC Vitória

Ricardo David será o quarto presidente do Vitória nos últimos dois anos e meio. Vivendo instabilidade política que parece não ter fim, o rubro-negro terá mais uma chance de fincar os pés no chão e se reestruturar para as próximas temporadas. Essa é a grande missão de novo mandatário. 

David tem a experiência de já ter trabalhado no Vitória. Foi diretor de marketing na gestões de Carlos Falcão e Raimundo Viana, entre 2014 e 2015. Na última eleição, perdeu por poucos votos para Ivã de Almeida, que renunciou ao cargo durante o Campeonato Brasileiro deste ano. Se diz preparado para mudar a mentalidade do clube e colocar o Leão na rota do progresso.

Pesa a favor de Ricardo David ser o primeiro presidente eleito pelos sócios do Vitória. Com a mudança do estatuto rubro-negro, os conselheiros passaram a dividir a responsabilidade com a maioria da torcida. Se continuar com o discurso de renovação de mentalidade, pode casar suas ideias com o momento de mudança política no clube. O Vitória, sobretudo no último ano, se arrastou em busca de gestão profissional e sofreu com a falta de capacidade de lidar com as exigências do mercado do futebol. Negociou mal, contratou com alto risco, tomou decisões precipitadas e comprometeu seu planejamento, quase levando o time à Série B. 

Novo presidente do Vitória terá mandato até setembro de 2019
Novo presidente do Vitória terá mandato até setembro de 2019 Maurícia da Matta/EC Vitória

O principal objetivo de Ricardo David é dar uniformidade aos processos dentro do Vitória. Para isso, contratou Erasmo Damiani, ex-coordenador das categorias de base da Seleção Brasileira, e que será o gestor de futebol do rubro-negro. A ideia é reformular a o Departamento de Inteligência, responsável pela avaliação de atletas; integração com as categorias inferiores; e implantação de uma filosofia de trabalho no futebol profissional, que vai desde a criação de uma filosofia de jogo até a identificação perfil do jogador que vestirá a camisa do clube. Damiani encabeçar um setor que terá a participação de dois gerentes: um para a base e outro para a equipe principal.

Por mais que o Vitória precise de um choque de gestão no futebol, é necessário que o clube se estabilize politicamente. Ricardo David, ao delegar funções para Erasmo Damiani, pode se preocupar em fazer com que o rubro-negro deixe de ser uma bomba-relógio prestes a explodir. Terá o trabalho de aparar as arestas criadas no conselho deliberativo, além de blindar o clube dos velhos “perus” (aqueles que puxam o saco da diretoria com o objetivo de obter privilégios). Mais do que um presidente, Davi precisará ser um excepcional político. Só assim, poderá durar bem mais que seus últimos antecessores.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Os desafios do novo presidente do Bahia

Elton Serra
Elton Serra

Guilherme Bellintani foi eleito novo presidente do Bahia para o triênio 2018-2020
Guilherme Bellintani foi eleito novo presidente do Bahia para o triênio 2018-2020 Felipe Oliveira/EC Bahia

O Bahia terá um novo presidente a partir dos próximos dias. Guilherme Bellintani, candidato apoiado pela situação, foi eleito pelos torcedores como o sucessor de Marcelo Sant’Ana no próximo triênio. Uma bola que já era cantada desde as prévias, sobretudo com o relativo sucesso do tricolor na temporada. 

Com 40 anos, Bellintani deixou a carreira pública para se tornar administrador do Bahia. Secretário de Desenvolvimento no mandato do prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), o novo presidente do clube terá a missão de mantê-lo na rota do progresso, algo exaltado pela torcida nos últimos anos.

Lógico que o grande foco da nova administração será o departamento de futebol, que foi bastante criticado pelo torcedor na gestão de Marcelo Sant’Ana. A administração anterior adotou o slogan “A Vez do Futebol” e pagou o preço, principalmente em 2015, quando não conseguiu o acesso à elite do futebol brasileiro. Evoluiu nas duas últimas temporadas, mas ainda sofre com as críticas. Segundo Guilherme Bellintani, qualquer nova receita será aplicada no futebol, e o foco será contratações de jogadores que cheguem ao Fazendão em condições de serem titulares. Além disso, a ideia é manter a política de contratação de atletas emergentes, evitando o investimento nos profissionais em fim de carreira.

Meta do Bahia para 2018 é brigar pelo G-8 na Série A
Meta do Bahia para 2018 é brigar pelo G-8 na Série A Marcelo Malaquias/EC Bahia

Outro grande desafio de Bellintani é dar utilidade à Cidade Tricolor, centro de treinamentos construído em 2013, mas que nunca foi utilizado pelo Bahia. O imóvel se tornou objeto de brigas na Justiça, e o clube só conseguiu ter a sua posse em 2017. O novo presidente quer fazer da Cidade Tricolor um centro de referência na revelação de novos atletas para o Nordeste, aumentando o patrimônio, diminuindo o custo com contratações e potencializando receitas futuras com a venda de jogadores.

Bellintani encontra o Bahia numa situação financeira ainda desequilibrada, mas longe de ser caótica. O clube, nos últimos dois anos, subiu suas receitas de R$ 85 milhões para R$ 121 milhões, sobretudo com o acordo feito com o Esporte Interativo, que comprou os direitos de transmissão dos jogos do tricolor na Série A a partir de 2019. No entanto, o endividamento segue alto – segundo o último balanço, o passivo supera os R$ 190 milhões, e mais de 80% das dívidas são fiscais e trabalhistas. Mesmo com os inúmeros acordos feitos pelo Departamento Jurídico (que, aliás, foi comandado por Vitor Ferraz, atual vice-presidente de Bellintani), o número é preocupante. O atenuante é que o Bahia conseguiu amortizar a dívida fiscal através do Profut, e prolongou o passivo trabalhista com parcelas suaves. Elas, no entanto, seguem comprometendo o orçamento.

O Bahia deve seguir seu planejamento de reestruturação a longo prazo. Com a meta de subir um degrau a cada ano, a meta é brigar entre os oito melhores na Série A, disputando sempre uma vaga na Libertadores. Com times sem grandes estrelas, mas competitivo. Fora de campo, buscar o tão almejando equilíbrio financeiro, tornando o clube mais sustentável. O cenário, apesar de ainda estar muito longe do ideal, é bastante animador.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Os desafios do novo presidente do Bahia

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Rubro-negros e o futuro do Nordeste no Brasileirão

Elton Serra
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Vitória e Sport lutam contra o rebaixamento na reta final do Brasileirão
Vitória e Sport lutam contra o rebaixamento na reta final do Brasileirão Mauricia da Matta/EC Vitória/Divulgação

A rodada 36 do Campeonato Brasileiro deixou apenas cinco times na disputa contra o rebaixamento, e o cenário para Vitória e Sport não é tão animador. O futebol do Nordeste, muito provavelmente, terá um time degolado ao final da competição. A manutenção de um dos dois, porém, é algo bem provável. A queda dos rubro-negros seria uma catástrofe para a região.

Para escaparem juntos, Vitória, com 40 pontos, e Sport, 39, precisam terminar o Brasileirão à frente do Coritba, 15º colocado com 43 pontos. O time paranaense teria que perder os dois jogos, o Vitória somar quatro pontos e o Sport vencer seus próximos compromissos. Uma combinação que, pelo futebol de ambos, não traz confiança.

O rubro-negro baiano segue com sua sina de pior mandante da Série A. Oscila desempenho quando joga no Barradão, e se mantém com resultados negativos dentro de seu estádio. A instabilidade emocional do grupo, somada à falta que qualidade técnica no elenco, deixam o Vitória dependente de bons resultados longe de Salvador. A última cartada será contra a Ponte Preta, em Campinas, no jogo mais importante da 37ª rodada – ele pode determinar o segundo rebaixado da competição em caso de derrota da Macaca.

Veja os gols de Vitória 1 x 1 Cruzeiro

Contra o Cruzeiro, no último domingo, a equipe de Vagner Mancini não soube jogar defensivamente, algo que está acostumado a fazer como visitante. Quando tinha o resultado de 1 a 0 favorável, recuou e sofreu o empate no segundo tempo. Mesmo procurando jogar, esbarrou-se em suas limitações técnicas.

Já o Leão pernambucano, que venceu apenas três jogos dos últimos 19 (coincidentemente dois contra o Bahia e um diante do Vitória), decide o seu futuro contra o Fluminense, no Rio de Janeiro. Caso seja derrotado e haja um vencedor no confronto entre Ponte e o rubro-negro baiano, será rebaixado precocemente. Se empatar com o Flu, dependerá de uma combinação de resultados na última rodada. Em caso de vitória, pode até deixar o Z-4 se não houver um vencedor em Campinas. Uma montanha-russa de emoções que combina com o momento do Sport no Campeonato Brasileiro.

Daniel Paulista, que colocou o resultado contra o Bahia acima do desempenho, já não tem coelhos para tirar da cartola. A equipe, no domingo, sofreu por boa parte do primeiro tempo, chegou ao gol e tentou controlar a partida. Sem confiança, deixou a responsabilidade nas costas dos experientes Magrão, Diego Souza e André. São os três que mantém as esperanças do torcedor leonino viva.

Veja o gol de Sport 1 x 0 Bahia

A possibilidade do Brasileirão de 2018 contar com 20% de nordestinos, com Vitória e Sport se juntando a Bahia e Ceará, ainda existe. É difícil, mas existe. Torcedores baianos e pernambucanos estão olhando para seus próprios umbigos, certamente. Porém, o restante da região tem torcido fervorosamente por uma maior representatividade na elite do futebol nacional. 

Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Rubro-negros e o futuro do Nordeste no Brasileirão

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Bahia, Vitória e suas ‘identidades’ na reta final da Série A

Elton Serra
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Bahia venceu a Ponte Preta na Fonte Nova e se aproximou do G-7
Bahia venceu a Ponte Preta na Fonte Nova e se aproximou do G-7 Marcelo Malaquias/EC Bahia/Divulgação

Paulo Cézar Carpegiani já tem seis jogos como técnico do Bahia, e já é possível entender como o time atua sob seu comando. A busca pelo jogo ofensivo e pela posse de bola no campo do adversário é quase uma obsessão do treinador. Diante da Ponte Preta, na Fonte Nova, uma prova: apenas um volante escalado no meio-campo, com quatro meio-campistas flutuando atrás de um atacante.  É bem verdade que o tricolor teve menos de 50% de posse na partida, mas chutou 16 vezes ao gol de Aranha e não deixou a equipe de Campinas finalizar contra o goleiro Jean.

Se os números não acrescentarão muito no desempenho do Bahia, a movimentação do time determina os conceitos de Carpegiani. O primeiro gol surgiu de um passe vertical de Allione, encontrando Mendoza no último terço do campo. O colombiano, ao contrário de seus primeiros jogos no tricolor, tem atuado como um segundo atacante, buscando muito mais o centro do que os lados do campo. Como o Bahia não conta com um centroavante fixo, as tramas entre Mendoza e Edigar Júnio têm funcionado – o segundo gol, inclusive, sai de uma jogada entre os dois e é finalizada por Edigar.

O Bahia, mesmo ainda precisando de pontos para confirmar sua permanência na Série A, já pode começar a ver o campeonato como um copo meio cheio. Entre os dez melhores, tem confrontos que podem colocar a equipe numa posição ainda mais confortável. O destino é capaz de, inclusive, deixar os tricolores sonharem com a Libertadores. O G-9, algo factível até o fim do ano, alimenta as esperanças de boa parte dos times na faixa intermediária da tabela.

Vitória arrancou empate nos minutos finais no Maracanã
Vitória arrancou empate nos minutos finais no Maracanã ESPN

Tentativas

O torcedor do Vitória já está acostumado com as atuações do time longe de Salvador no Campeonato Brasileiro. Basicamente, o time de Vagner Mancini se sente mais à vontade quando o adversário precisa tomar a iniciativa do jogo. Algo, porém, tem mudado na postura do rubro-negro baiano.

Conversei com Mancini na última semana, e tivemos um debate interessante sobre a forma de jogo do Vitória. Contra o Atlético-GO, no Barradão, o time teve a posse de bola, mas não conseguia infiltrar na área rival. Eu afirmei que o Vitória ainda não se acostumou a jogar com a pelota nos pés. O treinador discorda e diz que a equipe, sim, gosta da posse de bola. Independentemente de estar em casa ou fora, a busca é quase sempre pelo controle do jogo.

A postura inicial do Vitória contra o Vasco, no Maracanã, de esperar o adversário para definir o jogo nos contra-ataques, era quase uma certeza. Porém, o gol sofrido nos primeiros minutos da partida fez o rubro-negro subir as linhas e buscar o jogo de posse, como defende Mancini. No fim das contas, o time baiano teve 55,6% de posse e 16 finalizações – o gol de empate só saiu na última, em chute de André Lima. Indiscutivelmente, jogou melhor do que a equipe carioca.

Na ausência de bons resultados na segunda parte do returno, o que se observa é um Vitória que não consegue ser letal quando tem a posse de bola. O time até cria oportunidades, mas é efetivo quando tem campo livre para jogar. Fruto de um elenco com problemas de montagem, mas com um técnico que tenta buscar alternativas para a equipe sair da previsibilidade. A luta do Vitória contra o rebaixamento ainda é fruto de um esforço de um grupo que tenta superar seus próprios limites, apesar de eu não ter certeza se eles têm consciência de suas limitações.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Bahia, Vitória e suas ‘identidades’ na reta final da Série A

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Luxemburgo temia mais um fracasso na carreira. Ele veio...

Elton Serra
Elton Serra
Luxemburgo foi demitido após derrota na Copa Sul-Americana
Luxemburgo foi demitido após derrota na Copa Sul-Americana Getty

Vanderlei Luxemburgo chegou à sala de imprensa da Ilha do Retiro com cara de poucos amigos. Natural, pois sempre foi um técnico que odeia que explicar derrotas e desempenhos ruins. Porém, ao sentar na cadeira, surpreendeu ao comunicar que estava demitido do Sport. Uma história que tem se repetido em sua carreira na última década.

O trabalho de Luxa no rubro-negro pernambucano passou bem longe de ser aquele que o ‘pofexô’ pregava em seus discursos. Sempre elogioso ao grupo e à estrutura do Sport, chegou a declarar que ficaria por muitos anos no clube, como parte de um projeto que visava colocar o Leão da Ilha entre os gigantes do futebol brasileiro. Com um orçamento capaz de colocar o Sport num patamar acima, Luxemburgo falhou.

O que se viu na prática foi um time sem novidades. Aliás, o que já era esperado, pois Vanderlei repete exaustivamente que o futebol brasileiro é o mesmo desde que ele iniciou a carreira de treinador – e, é claro, as maiores inovações foram trazidas por ele. O Sport, com exceção à boa sequência de seis vitórias consecutivas entre junho e julho, que garantiu a equipe na zona de classificação à Copa Libertadores por um bom tempo, não apresentou um futebol consistente. Quando tentou reforçar o time, Luxemburgo contratou Wesley, meio-campista que pouco acrescentou até então. O Sport venceu apenas dois dos últimos 10 jogos, e não vence na Ilha do Retiro pelo Campeonato Brasileiro desde 20 de julho, quando goleou o Atlético-GO por 4 a 0.

Neste período de jejum, Luxemburgo comprou uma briga com parte do grupo rubro-negro. Após ser goleado pelo Grêmio, dia 2 de setembro, disparou contra a sua própria equipe ao afirmar que faltava comprometimento. Curiosamente, dias após a declaração, teve seu vínculo renovado até o final de 2018.

Luxemburgo diz que demissão é parte do jogo: 'Tinha certeza que isso ia acontecer'

A derrota para o Júnior Barranquilla, pela Copa Sul-Americana, foi somente a ponta do iceberg de problemas que o Sport vive dentro de campo. Sem identidade tática e nenhuma variação de jogo, o time pernambucano foi engolido pelos colombianos. Luxemburgo deu o motivo que a diretoria precisava para demiti-lo – apesar dos cartolas leoninos estarem longe do perfeito profissionalismo. O vice-presidente Gustavo Dubeux, ao justificar a demissão de Luxa, afirmou que o Sport perdeu para uma equipe melhor que a dele e decretou o Júnior Barranquilla campeão da Sul-Americana, mesmo tendo a partida de volta das quartas de final para disputar.

As palavras de Dubeux mostram uma desconexão com as metas ousadas do Sport, que agora focará apenas na sobrevivência dentro da Série A.

Luxemburgo temia mais um fracasso em sua carreira, mas ele veio. O ‘pofexô’ não teve como evitar. Apoiado no currículo que o consagrou como um dos melhores técnicos da história do futebol brasileiro, Vanderlei não buscou evolução. Talvez, acreditando que no Nordeste teria mais facilidade de colocar seus métodos em prática, manteve seus ortodoxos conceitos e foi traído por eles. A expectativa é saber se, desta vez, o técnico vai compreender que precisa deixar a arrogância de lado para voltar a figurar entre os grandes treinadores do país.

Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Luxemburgo temia mais um fracasso na carreira. Ele veio...

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O Ba-Vi das lições técnicas, táticas e sociais

Elton Serra
Elton Serra

Bahia venceu o último Ba-Vi de 2017 por 2 a 1, na Arena Fonte Nova
Bahia venceu o último Ba-Vi de 2017 por 2 a 1, na Arena Fonte Nova Marcelo Malaquias/EC Bahia/Divulgação

A primeira metade do clássico Ba-Vi refletiu o que as duas equipes tem feito no Campeonato Brasileiro, mesmo que o segundo tempo não me dê razão. Enquanto o Bahia tentou jogar com a bola nos pés, como gosta Paulo Cézar Carpegiani, o Vitória apostou no jogo reativo, como o grupo se sente confortável e Vagner Mancini teve que se adaptar.

Parte dos números do jogo ajuda a explicar as posturas. Na primeira etapa, o Bahia teve pouco mais de 67% de posse de bola, mas apenas duas finalizações – mesmo número do Vitória, que ficou um terço do tempo com a pelota em seus domínios.

Carpegiani optou por começar o jogo com Allione, meia armador com características diferentes de Régis, um meia-atacante com poder de infiltração na área. O argentino se encarregou de dar apoio ofensivo a Edigar Júnio, usado novamente como atacante de referência. O Bahia, por muitas vezes, espelhou o esquema tático do Vitória e jogou no 4-4-2, formando duas linhas de quatro e dando liberdade para Mendoza flutuar no último terço do campo. Criou volume, mas pouco incomodou o goleiro Caíque.

O Vitória não soube jogar com a bola nos pés. Com Ramon no meio-campo, ao lado de Uillian Correia, somente Yago tentava o jogo de posse. Neilton e David, verticais, buscava o confronto um contra um o tempo inteiro. Uma identidade do rubro-negro de Vagner Mancini, sobretudo como visitante.

O Vitória até melhorou no segundo tempo. Sem espaço para contra-ataques, o time buscou a compactação e tentou a troca de passes. Porém, ainda tivesse 58% de posse de bola, sofreu o primeiro gol oferecendo espaços na defesa e contando com a falha individual de Wallace, que rebateu a bola nos pés do inquieto Stiven Mendoza.

Veja os gols de Bahia 2 x 1 Vitória

Com o Bahia se fechando após o 1 a 0, principalmente com a entrada de Matheus Sales em lugar de Zé Rafael, Carpegiani abriu mão de atacar para fazer algo que diz odiar: se defender. Ele diz, inclusive, que não sabe jogar na defensiva. Provou isso ao sofrer o gol de empate, mesmo em bola parada. Fez a Fonte Nova vir abaixo graças a uma substituição que havia feito minutos antes, quando colocou Régis em campo e deu um pouco de verticalidade ao time. Foi dele o passe para a finalização de Edigar Júnio, bem defendida por Caíque. No escanteio, desvio de Edson e gol de Edigar.

A posse de bola e o controle do jogo voltaram ao Bahia. É uma evolução. O Vitória segue com o jogo reativo e tem dificuldades para jogar com a posse da bola. Precisa criar alternativas. Na gangorra do Brasileirão, o tricolor voltou a viver tranquilo justamente por retomar suas origens.

Insultos e suas consequências

Antes do apito final do árbitro, Renê Júnior e Santiago Tréllez se desentenderam. O volante do Bahia acusou o atacante do Vitória de chamá-lo de “macaco” – uma injúria racial que, infeliz e absurdamente, tem virado rotina no futebol brasileiro. Renê saiu de campo chorando e Tréllez foi embora do estádio sem dar declarações, se pronunciando apenas horas depois, através de vídeo divulgado pela assessoria rubro-negra.

O que se viu na Arena Fonte Nova foi um despreparo de muitos personagens ao tratar do tema. Por viverem num mundo fechado, onde o futebol é prioridade quase que 24 horas por dia, a maioria dos profissionais do esporte não sabem lidar com situações que interferem diretamente na sociedade. Ao chamar Renê Júnior de “macaco”, a intenção de Tréllez era desestabilizar o atleta, mas esqueceu de que atingiu o ser humano. Não dá para aceitar tudo o que acontece dentro de campo como algo que “faz parte do jogo”. Não, mesmo.

As declarações do técnico Vagner Mancini e do presidente em exercício, Agenor Godilho, deixam claro o despreparo. Apesar de o treinador ponderar que a atitude de seu atacante é errada, tentou justificar alegando falta de fair play de Renê, que não havia devolvido uma bola. O dirigente classificou o caso como um “mal entendido”. Lógico que ambos defenderam o seu comandado, mas faltou bom senso ao tratar de um tema tão delicado.

A comunidade futebolística precisa ultrapassar as fronteiras do campo e se arriscar a respirar o ar rarefeito das questões sociais no Brasil.

'Tenho muito orgulho da minha raça e sou maior que isso', afirma Renê Júnior sobre Tréllez tê-lo chamado de macaco


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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O Ba-Vi das lições técnicas, táticas e sociais

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Carpegiani, o eterno vanguardista, usa do óbvio para fazer o Bahia evoluir no Brasileirão

Elton Serra
Elton Serra

Paulo César Carpegiani é o quarto treinador do Bahia em 2017
Paulo César Carpegiani é o quarto treinador do Bahia em 2017 Felipe Oliveira/EC Bahia

O Bahia conquistou quatro pontos em duas partidas sob o comando de Paulo César Carpegiani, e é lógico que quase todos fazem relação dos resultados com o trabalho do novo técnico do tricolor. É cedo para dizer que o gaúcho mudou a cara do time, mas algo não se pode negar: Carpegiani não pode ser colocado na galeria dos ‘ultrapassados’ do futebol brasileiro.

A discussão sobre o nível de conhecimento dos treinadores em nosso país já dura um bom tempo. Quando aparece um novo nome no mercado, a esperança é de que ele revolucione e traga novas ideias, sobretudo táticas. Porém, a cada fracasso, a frustração toma conta da maioria dos analistas. Foi assim com Roger Machado, Rogério Micale, Zé Ricardo, Rogério Ceni, dentre outros. Jair Ventura, com um bom trabalho no Botafogo, e Fábio Carille, líder do Brasileiro com o Corinthians, são as exceções. Sobram os chamados ‘medalhões’: Mano Menezes, campeão da Copa do Brasil com o Cruzeiro; Renato Gaúcho, o famoso ‘técnico boleiro’, que conquistou a mesma copa em 2016, com o Grêmio; Cuca, quase sempre ortodoxo, faturou o Brasileirão do ano passado.

Apesar de contestados, os técnicos de uma geração mais antiga seguem em alta no mercado. Não era o caso de Paulo César Carpegiani. A última vez em que Carpê treinou uma equipe do chamado G-12 foi entre 2010 e 2011, quando comandou o São Paulo. Seus últimos anos tem sido de trabalhos razoáveis, como nas passagens por Vitória, Ponte Preta e Coritiba. Desde 2009, quando foi campeão estadual com o rubro-negro baiano, não levanta uma taça. No Bahia, tem a chance de mostrar que não está superado.

Carpegiani sempre defendeu que futebol é jogo de imposição de estilos. Seus times tentam jogar de forma propositiva, independente do adversário. Paga caro, muitas vezes, por ceder espaços e sofrer com contragolpes rivais, mas não abre mão de atacar. O Bahia dois últimos dois jogos é prova disso.

Rafa Oliveira mostra como Bahia pressionou, surpreendeu e venceu o Corinthians

Mesmo sendo defensor da posse de bola, Paulo César Carpegiani teve que abrir mão de algumas convicções para encarar Palmeiras e Corinthians. Contra o alviverde, teve mais posse de bola no primeiro tempo (53,2%), mas jogou muito melhor na etapa final, quando teve “apenas” 46,8%. Diante do alvinegro, a história se repetiu: 58,9% de posse de bola nos primeiros 45 minutos e 43,3% na segunda metade do confronto. Dos quatro gols marcados nas duas partidas, três aconteceram nos períodos em que o tricolor teve a bola nos pés por menos tempo.

Carpegiani, em suas primeiras semanas treinando o Bahia, já mostrou que a prioridade é reorganizar taticamente a equipe, que já mostra uma compactação perdida durante a passagem de Preto Casagrande. O time oferece menos espaços aos adversários e, ao mesmo tempo, ataca em bloco. Mesmo criando poucas chances de gol contra Palmeiras e Corinthians (13 chutes, no total), foi eficiente graças ao seu posicionamento ofensivo.

O novo técnico do Bahia, óbvio, não está entre os mais badalados do país faz um bom tempo. No entanto, mostra conceitos de jogo que se encaixam perfeitamente na realidade do futebol brasileiro. Pelo seu conhecimento, poderia contribuir para a evolução tática do esporte no país, mas pode, ao menos, levar o Bahia a um patamar superior na atual edição do Brasileirão.

Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Carpegiani, o eterno vanguardista, usa do óbvio para fazer o Bahia evoluir no Brasileirão

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A autenticidade de Vanderlei Luxemburgo é também sua autodefesa

Elton Serra
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Treinador vê no Sport a oportunidade de dar a volta por cima na carreira
Treinador vê no Sport a oportunidade de dar a volta por cima na carreira Carlos Ezequiel Vannoni/Gazeta Press

As duras palavras de Vanderlei Luxemburgo, após a goleada sofrida contra o Grêmio, foram o assunto do fim de semana no futebol brasileiro. O técnico do Sport foi enfático ao dizer que o grupo não tem se esforçado o bastante nas últimas partidas do Campeonato Brasileiro, dando a entender que alguns atletas não estão comprometidos com o clube. Uma entrevista coletiva corajosa, e que mostrou que Luxa está muito bem respaldado.

Normalmente, quando um técnico de futebol expõe o grupo publicamente, a tendência é que o comando seja trocado. Quase nenhum dirigente gosta de bater de frente com um elenco de 30 jogadores, e a solução mais cômoda é contratar outro treinador. Além disso, os jogadores se sentem “traídos” pelo comandante, o que resulta em declínio técnico intencional e, consequentemente, na queda do comandante.

Luxemburgo, ao que parece, utilizou de sua experiência no futebol para antecipar um cenário negativo. O treinador está cansado de ser rotulado como um profissional em decadência, e sabe que não pode dar mais uma brecha para as críticas. Quando foi aos microfones para expor seu ponto de vista sobre o desempenho do Sport no Brasileirão, sabia que precisava se isentar da maior parte da culpa. Quando diz que os jogadores precisam ter mais comprometimento, inibe a possibilidade do time fazer “corpo mole” para derrubá-lo – uma indolência em campo seria facilmente detectada pelo torcedor, que acharia o verdadeiro culpado. Nenhum passo de Vanderlei foi aleatório.

Luxemburgo se diz envergonhado com goleada sofrida e detona 'jogadores que tiveram atuação pífia' no Sport

Neste caso específico, parece que a diretoria ficou do lado de Luxa. Alexandre Faria, executivo de futebol do Sport, defendeu o técnico e afirmou que o time viveu o seu melhor momento nas mãos do “pofexô”. No entanto, os cartolas terão que ter um pulso que jamais tiveram na temporada, buscando dissolver os pequenos grupos formados dentro do elenco. Luxemburgo, ao dizer que só vai trabalhar com ele “os jogadores que vão sofrer e se doar 100%”, deu também um recado às referências técnicas da equipe, como Rithely e Diego Souza. Criou uma zona de atrito na Ilha do Retiro e espera vencer a queda de braço com o apoio da direção.

É inegável que Vanderlei Luxemburgo tem a sua parcela de culpa na má fase do Sport. Na coletiva, ele se isenta dos resultados e, em momento nenhum, se coloca como parte da vergonha - talvez temendo mais um fracasso na carreira. Porém, ao fazer uma cobrança pública aos atletas, escancara a necessidade de um maior nível de profissionalismo e comprometimento nos grandes clubes do Nordeste. Muitos atletas se sentem maiores que as instituições e, por muitas vezes, se acham donos delas. Acreditam que qualquer clube que esteja fora dos grandes centros é menor que a sua carreira no futebol. O rubro-negro pernambucano tem a grande oportunidade de fazer seus profissionais entenderem quem é o gigante desta história.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Os ecos de Itaquera: do ‘bairrismo’ ao desabafo, méritos do Vitória... e do Corinthians

Elton Serra
Elton Serra

Vitória, de Vagner Mancini, impôs primeira derrota do Corinthians na Série A
Vitória, de Vagner Mancini, impôs primeira derrota do Corinthians na Série A Gazeta Press

Ao final do jogo entre Corinthians e Vitória, quando o time baiano derrubou uma invencibilidade de 34 jogos da equipe paulista, a grande discussão ficou em torno da coletiva de Vagner Mancini.  O técnico retrucou os argumentos de um jornalista que, ao tentar justificar o resultado, usou como argumento uma hipotética atuação ruim do time de Fábio Carille, se apegando aos números de posse de bola e finalizações. Mancini classificou como “bairrista” a postura do repórter e defendeu a igualdade de tratamento entre as equipes que não fazem parte do eixo Rio-São Paulo.

A discussão sobre bairrismo na imprensa esportiva é antiga. Muitos profissionais, talvez por conta da disparidade financeira entre os clubes do Sudeste e o restante dos times do país, acreditam que o resultado de uma partida, obrigatoriamente, precisa ser favorável ao mais rico. É inadmissível Corinthians e Flamengo perderem para o Vitória em suas casas, ainda mais quando o adversário está na zona de rebaixamento. O futebol, para muitos, segue a receita do basquete ou do automobilismo, certamente: é quase certo que quem tem mais investimento sairá vencedor de um confronto.

A arte de defender o que é seu também distorce fatos do jogo. Normalmente, é mais fácil apontar os erros do perdedor do que as virtudes do vencedor – e, por muitas vezes, ambos tiveram mais virtudes que defeitos. Essa defesa provoca fissuras nas relações entre as regiões do país, ao ponto de nordestinos, por exemplo, não aceitarem que seus conterrâneos elogiem ou até torçam por clubes de outra região, justamente por certa prepotência existente fora do Nordeste.

Vagner Mancini questiona números e discute com repórter em coletiva após vitória sobre o Corinthians

Ah! Sábado, em Itaquera, tivemos um jogo.

A estratégia do Vitória foi tentar deixar o Corinthians desconfortável em seu próprio campo. E como fazer isso? Dar a bola ao time de Carille. Os alvinegros, acostumados com um jogo reativo e rápida troca de passes, ficou com a posse da bola durante 65% do confronto. Além disso, Mancini negou todos os espaços possíveis ao time paulista, impedindo as fatais infiltrações dos meias na área defendida pelo goleiro Fernando Miguel. Uma estratégia arriscada, mas que deu certo. Num contra-ataque, o Vitória garantiu o resultado que queria.

A derrota em Itaquera não significa que o Corinthians jogou mal. Futebol também é um confronto de estratégias, e a rubro-negra foi mais eficiente. Não há demérito algum em perder uma partida em que seu adversário apresentou um plano de jogo quase perfeito. O time de Fábio Carille impôs ao Vitória o desafio de se superar técnica e taticamente – não foi o Corinthians que diminuiu o seu nível, e sim a equipe de Vagner Mancini que buscou, em 90 minutos, chegar ao nível alvinegro.

O desabafo do técnico do Vitória expõe novamente um bairrismo exagerado, mas também toca numa ferida aberta há um bom tempo na imprensa esportiva: precisamos evoluir nas análises, assim como o futebol evolui dentro e fora de campo. Conclusões superficiais, cheia de chavões, parciais, de cunho populista e baseada apenas em números só reforçam o quanto ainda estamos muito longe do ideal. 

Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Bahia age em silêncio na busca por um técnico. Medo de novo erro faz diretoria manter prudência

Elton Serra
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Preto Casagrande segue como interino do Bahia
Preto Casagrande segue como interino do Bahia Felipe Oliveira/ECB

Ao contrário do que fez após a saída de Guto Ferreira, quando acertou a contratação de Jorginho poucas horas depois, a diretoria não Bahia não tem se apressado para anunciar um novo treinador. Quando entrar em campo contra o Atlético-PR, no domingo, o clube completará duas semanas com técnico interino. Ações silenciosas, porém, têm sido feitas.

A direção tricolor entende que o atual mercado não entrega boas opções. Alguns técnicos foram oferecidos ao Bahia, mas nenhum convenceu os dirigentes, que buscam um perfil compatível com a filosofia do clube - Jorginho foi a "ideia perfeita" na cabeça da cúpula do clube, mas tornou-se uma decepção na prática não só pelo desempenho da equipe, mas também por não ter conseguido fazer com que o grupo se convencesse de que seus conceitos fariam o time evoluir no Campeonato Brasileiro.

Preto Casagrande, interino desde o jogo contra a Chapecoense, na 18ª rodada, conta com o apoio do grupo para ser efetivado. Ele, inclusive, já declarou publicamente o seu desejo de se tornar técnico do Bahia. Pesa ao seu favor o ótimo relacionamento que tem com todos dentro do Fazendão, mas a diretoria ainda não está convencida de que seu nome é o ideal para comandar o tricolor no segundo turno da Série A. O temor é que Preto se torne um segundo Charles Fabian, auxiliar técnico efetivado em 2015, mas que fracassou na tentativa de recolocar o Baha na Série A - saiu do clube, inclusive, deixando desafetos no elenco.

O fato é que, mesmo com a desconfiança, Preto Casagrande tem deixado a diretoria bem à vontade. Como o time se distanciou da zona de rebaixamento e o interino tem deixando o ambiente mais leve, o presidente Marcelo Sant'Ana ganhou tempo para tomar sua decisão. O Bahia tem esperado o mercado de treinadores aquecer novamente para, aí sim, encontrar um profissional que se encaixe no que o clube deseja. Esta decisão, no entanto, deverá ser tomada logo após o jogo contra o Atlético-PR. É o tempo limite. Caso fracasse na tentativa de um novo nome, Preto deverá ser efetivado, sobretudo se conquistar um bom resultado em Curitiba.

O medo de errar novamente tem feito o Bahia ser mais prudente. A diretoria tem sido favorecida pelos resultados, que têm soprado à favor do clube, dando mais tempo para que a decisão seja tomada. Mais uma lição que a temporada deixou aos gestores tricolores.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Bahia age em silêncio na busca por um técnico. Medo de novo erro faz diretoria manter prudência

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A demissão de Jorginho não é absurda, mas gestão do Bahia corre o risco do ‘mais do mesmo’

Elton Serra
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Jorginho durou 14 jogos à frente do comando técnico do Bahia
Jorginho durou 14 jogos à frente do comando técnico do Bahia Felipe Oliveira/EC Bahia

Numa conclusão rasa, poderíamos dizer que Jorginho, no Bahia, foi o técnico certo na hora errada. Com conceitos de jogo modernos e ampla visão do futebol, o tetracampeão mundial poderia ter encontrado no tricolor o lugar ideal para decolar novamente a sua carreira e, de quebra, ajudar o clube baiano a se reestabelecer entre os grandes do futebol brasileiro. Não foi o que aconteceu.

Escrevi aqui no blog, quando Jorginho foi contratado, que o Bahia agiu com correção. Buscou no mercado um treinador que daria continuidade ao trabalho de Guto Ferreira, procurando aprimorar elementos que ainda estavam crus na equipe tricolor. A convicção da diretoria era tão grande que não demorou mais que dois dias para anunciar o técnico. A tacada parecia perfeita.

O futebol, como já sabemos, é um esporte que conta muito com o imponderável. É muito difícil cravar que as coisas darão certo. Jorginho, quando foi apresentado, elogiou o trabalho de seu antecessor e falou até em “brigar por coisas grandes” dentro do Campeonato Brasileiro. Comprou a ideia de que o Bahia, com o elenco que tinha, era capaz de lutar por uma vaga na Copa Libertadores. Talvez, precipitado, não percebeu que existia ainda um caminho muito longo a percorrer – o time, apesar de jogar bem, ainda tinha problemas. O discurso é extremamente positivo e força o clube a pensar grande, mas o técnico precisava entender a sua realidade.

Guto Ferreira deixou um Bahia com padrão de jogo. Sólido defensivamente, com transições ofensivas rápidas e um ataque de intensa movimentação no último terço do campo. O tricolor, em casa, era quase imbatível; fora dela, mesmo quando jogava mal, vendia caro as derrotas. A saída de bola, basicamente feita com os laterais, gerava amplitude que obrigava os adversários a abrir o campo: momento ideal para o trio formado por Zé Rafael, Allione e Régis trabalharem por dentro e criarem estrago.

Jorginho tinha a missão de corrigir defeitos. O time de Guto não era perfeito – aliás, passava longe disso. A equipe pecava demais nas finalizações e, além disso, carecia de alternativas táticas. Viciado no 4-2-3-1 com um atacante móvel à frente de três meias, o Bahia não encontrava soluções quando os oponentes neutralizavam seus pontos fortes. O novo treinador, talvez tentando encontrar essas alternativas, mexeu demais no time. O tricolor se desmanchou e, consequentemente, perdeu sua identidade. Jorginho, inclusive, passou a odiar comparações com o trabalho de seu antecessor.

O Bahia trocou a posse bola no campo ofensivo e a intensa movimentação no último terço por um estilo de jogo mais reativo, esperando o adversário no campo de defesa e partindo para decidir o jogo nos contra-ataques. Para isso, Jorginho efetivou o veloz Mendoza como titular e, aos poucos, jogadores como Régis e Allione foram perdendo espaço, a despeito de ambos não viverem grande fase. Longe de Salvador as coisas até que funcionaram, mas na Fonte Nova a equipe já não conseguia assimilar os novos conceitos. Com cinco jogos sem vencer como mandante, despencou na tabela da Série A.

É importante salientar que o Bahia também sofre com a falta de atletas capazes de manter o bom nível da equipe quando os titulares caem de rendimento ou, por algum motivo, desfalcam o time. Põe na conta da diretoria.

Com sua demissão, Jorginho voltou a levantar a interminável discussão sobre o tempo de trabalho dado aos treinadores de futebol no Brasil. O companheiro Renato Rodrigues, em seu blog, analisa muito bem a questão e escreve algo que concordo muito: “Apesar do pouco tempo no cargo, Jorginho não conseguiu mostrar um horizonte melhor pela frente, uma tendência de crescimento. Então a questão aí não é o tempo de trabalho, e sim o trabalho”. As poucas virtudes consolidadas que o Bahia possuía foram se perdendo ao longo de 14 partidas.

É extremamente ruim ter que mudar de treinador após dois meses de trabalho. Olhando o copo meio vazio, a diretoria do Bahia, agora, será criticada pela atitude “intempestiva”. Analisando pelo copo meio cheio, conseguiu enxergar que o time não iria evoluir nas mãos de Jorginho, e que os resultados já não estavam compensando a falta de bons desempenhos. Na ciranda do futebol, onde ontem você foi bom e hoje você é ruim, cabe ao clube encontrar a solução mais eficaz: buscar um técnico capaz de trazer de volta as virtudes da equipe, sem criar um novo conceito no meio da temporada, dificultando a assimilação dos atletas e, ao mesmo tempo, capaz de consolidar a tão sonhada identidade tática que o Bahia busca há algumas temporadas.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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O ‘engenheiro’ Vagner Mancini

Elton Serra
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Mancini retornou ao Vitória após passagem pela Chapecoense
Mancini retornou ao Vitória após passagem pela Chapecoense Maurícia da Matta/EC Vitória

A Chapecoense, em janeiro, começou o maior processo de reconstrução de um clube de futebol no Brasil. A tragédia que devastou a Arena Condá fez com que uma verdadeira força-tarefa fosse montada em Chapecó, a fim de resgatar um dos times mais tradicionais do sul do país, e que ganhou projeção intercontinental após a excelente campanha na Copa Sul-Americana e, sobretudo pela história que envolveu o acidente na Colômbia, em novembro do ano passado.

Para comandar este processo dentro de campo, a Chape escolheu Vagner Mancini. O treinador, que definiu o desafio como o maior de sua vida, ajudou a escolher nome por nome, redefiniu conceitos táticos, construiu um elenco e começou uma batalha que quase não dava folga aos alviverdes. Uma reconstrução que resultou, em curto prazo, no título catarinense e numa boa campanha na Copa Libertadores – a Chapecoense só não avançou ao mata-mata por conta de um erro da diretoria, que avalizou a escalação de um atleta que deveria cumprir suspensão. Diretoria essa que resolveu demitir Mancini após heroico empate por 3 a 3 com o Fluminense, no Rio de Janeiro. O técnico saiu do clube com 45 partidas oficiais em menos de sete meses de trabalho.

Não vou entrar nos méritos das escolhas da diretoria, pois o futebol brasileiro é repleto de dirigentes com a mesma linha de pensamento. Focar numa sequência de resultados e esquecer todo o processo que envolve a construção de uma equipe é algo comum – e equivocado – no nosso país. A impressão que ficou para todos que acompanharam a reconstrução da Chapecoense é que seu treinador estava cumprindo o que se esperava, já que a equipe catarinense não fez feio nas competições que disputou, além de sequer flertar com a zona de rebaixamento no Brasileiro – algo que, para o objetivo do projeto, é totalmente aceitável. 

É justo e lícito discutir ideias de jogo, já que nenhum treinador é perfeito. A Chape, com Mancini, sofria muitos gols, é bem verdade. Porém, era natural que uma equipe totalmente nova oscilasse em busca do equilíbrio. Faltou paciência.

Vagner Mancini aceitou o desafio de treinar o Vitória. É óbvio que qualquer comparação com o projeto da Chapecoense será totalmente descabida, mas o rubro-negro baiano também vive um processo de reconstrução. Com presidente interino, diretor de futebol chegando ao clube esta semana, comissão técnica toda desfeita, jogadores sendo dispensados e o time na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, a missão é a mais ingrata possível. Às vezes, não é pecado imaginar o porquê de um profissional aceitar uma proposta tão arriscada, tendo em vista o período da temporada. Mancini parece ter colocado o lápis atrás da orelha, sacado uma prancheta cheia de projetos e encarnado um verdadeiro "engenheiro" em 2017.

Apresentado, Vagner Mancini fala sobre momento: 'O Vitória tem que entender que tem alguma coisa errada'

No Vitória, espera-se o que Mancini não conseguiu dar segmento na Chapecoense. Arrumar a defesa rubro-negra, a pior do Brasileirão, é uma das grandes prioridades. Estancar a sangria defensiva é o ponto de partida para um time que precisa encontrar o equilíbrio para voltar a vencer. O ataque, que marcou 16 gols – dois a menos que o Santos, terceiro colocado, por exemplo – precisa trabalhar sem a necessidade de compensar o prejuízo que dá a retaguarda do time baiano.

O time do Vitória, convenhamos, não é tão ruim, apesar de ser mal montado. Mancini terá 11 opções para criação e ataque, mas apenas um volante capaz de atuar como um marcador no meio-campo, que é Fillipe Soutto – Willian Farias e José Welison se recuperam de lesões. É um desequilíbrio enorme, tendo em conta os investimentos feitos pelo clube em 2017, mas não é o suficiente para decretar falência técnica. O Vitória tem grupo para fazer muito mais do que tem feito na Série A. Este é o grande desafio do seu “novo” treinador.

O processo de remontagem começou na Chapecoense e pode terminar no Vitória. Com pesos diferentes, níveis emocionais incomparáveis, mas com a mesma essência. No difícil, voraz e traiçoeiro mundo do futebol brasileiro, Vagner Mancini resolveu assumir o papel de reconstrutor. Uma atitude tão arriscada quanto louvável.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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O ‘engenheiro’ Vagner Mancini

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Petkovic é mais um personagem do 'efeito dominó' no Vitória

Elton Serra
Elton Serra

Ivã de Almeida, Petkovic e Sinval Vieira: os três fora do Vitória
Ivã de Almeida, Petkovic e Sinval Vieira: os três fora do Vitória Maurícia da Matta/EC Vitória

Os últimos dias de Dejan Petkovic no Vitória não foram dos mais tranquilos. Desde a demissão de Alexandre Gallo, na semana passada, seu telefone não parou. Na busca por um substituto para treinar o rubro-negro, ouviu alguns “nãos” – inclusive de Paulo César Carpegiani que, ao contrário do que foi divulgado, sequer quis abrir negociação para retornar à Toca do Leão. Coube a Petkovic negar, em entrevista coletiva, que o Vitória já havia contratado um técnico. Na verdade, o clube estava na estaca zero.

O sérvio, hoje ex-diretor de futebol do Vitória, sempre foi um profissional bem intencionado. Suas boas ideias de gestão impressionavam quem as ouvia. Porém, o discurso passou bem longe da prática, naturalmente pela impossibilidade de aplicar essas ideias num ambiente que ainda tenta se profissional. Vítima de um “efeito dominó”, que derrubou o presidente Ivã de Almeida, o antigo diretor de futebol Sinval Vieira e o próprio Alexandre Gallo, Petkovic não resistiu à pressão de um clube que, tradicionalmente, é pautado de fora para dentro.

É bem verdade, também, que Pet alcançou um cargo importante de uma maneira muito precoce. Não tinha experiência suficiente para conduzir um departamento vital num clube de futebol, que disputa um dos maiores campeonatos do mundo. É como se um jogador da equipe sub-20, com poucos jogos na equipe principal, recebesse a camisa 10 e a faixa de capitão. Petkovic não se preparou o suficiente para ser o líder de uma mudança organizacional no Vitória, além de não ter apoio de profissionais mais experientes na diretoria. Pagou caro por isso.

A decisão da diretoria em desligar Dejan Petkovic da direção de futebol do clube tem um motivo bem específico: criar terreno para a chegada de um novo técnico, capaz de motivar novamente o grupo e fazer a equipe jogar de maneira mais organizada. Por mais que o sérvio tenha melhorado a relação com os atletas após sua rápida passagem como treinador, o desgaste persistiu e não foi capaz de transformar o ambiente. Agora, porém, são três cargos vagos dentro do Vitória – além de um técnico e um diretor, o rubro-negro terá que buscar um gerente de futebol no mercado.

O Vitória, com Pet ocupando cargos executivos, contratou 11 jogadores em dois meses. Nem todos são titulares, e alguns sequer estrearam. Após sua chegada, o clube deixou de apostar em “medalhões” e se dedicou em buscar atletas menos notados no mercado, mas com certa experiência no futebol brasileiro, como os meias Carlos Eduardo e Danilinho. Apesar de não ser garantia de sucesso, a estratégia mudou. Era tarde demais.

Petkovic, digamos, foi um cara certo na hora errada. O erro em estar numa diretoria que vive constante processo de encontro da sua identidade, e o erro em ocupar um cargo que exigiria muito mais experiência pesaram bastante. Ficaram as lições, que ninguém sabe se serão aprendidas pelos dois lados. Só o tempo dirá.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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O sofrido Brasileirão de um Vitória sem ideias

Elton Serra
Elton Serra
Rubro-negro segue com pior campanha como mandante na Série A
Rubro-negro segue com pior campanha como mandante na Série A Maurícia da Matta/EC Vitória

As vaias entoadas pela torcida no Barradão nos últimos jogos ainda ecoam dentro do estádio. O Vitória, que perdeu mais um jogo em casa, desta vez para o Grêmio, é o pior mandante do Brasileirão e afunda cada vez mais na zona de rebaixamento. A revolta do torcedor é tão grande que a média de público despenca a cada partida do rubro-negro em Salvador. O time é reflexo de um clube cada vez mais perdidos em suas ideias – ou na falta delas.

Ao final da partida contra a equipe gaúcha, o presidente do Conselho Deliberativo, Paulo Catharino, convocou entrevista coletiva. Nela, anunciou que o presidente do Vitória, Ivã de Almeida, havia entregado uma carta de licença e ficaria afastado por 90 dias. Quem assume o clube, então, é o vice-presidente, que curiosamente também declarou, horas antes, que estava abandonando suas funções por incompatibilidade com o gestor-mor. Atitudes que mostram que o rubro-negro baiano tem copiado com fidelidade a receita do rebaixamento. A política se sobrepõe ao futebol, como tem sido de costume.

O Vitória se manteve na Série A com muito sacrifício. Garantiu permanência apenas no penúltimo jogo de 2016, contra o Coritiba, no Couto Pereira, graças ao inspirado atacante Marinho – jogador que, aliás, carregou o time nas costas durante boa parte do Brasileiro. Com nova diretoria, o clube começou 2017 buscando causar impacto e contratando jogadores conhecidos do futebol brasileiro. Os reforços anunciados contrastavam com o estilo de jogo do seu treinador, Argel Fucks, o que já caracterizava uma falta de ideias por parte dos cartolas: eles sequer sabiam qual filosofia de jogo queriam implantar na Toca do Leão.

Assista aos gols do triunfo por 3 a 1 do Grêmio sobre o Vitória

Depois de vencer um estadual de nível técnico fraco e ser eliminado da Copa do Brasil e do Nordestão, o Vitória vem fazendo um Campeonato Brasileiro muito abaixo do que se espera, sobretudo pelo alto investimento feito. Argel deu lugar ao interino Wesley Carvalho, que foi substituído por Petkovic, que abriu mão da vaga de técnico para contratar Alexandre Gallo. Quatro treinadores, quatro ideias diferentes, nenhum conceito impregnado no time.

A preocupação do torcedor rubro-negro é totalmente compreensível, afinal, lhe venderam a ideia de um time campeão em 2017. Com tantas contratações no meio da temporada, mudanças de técnico, de diretor de futebol e até de presidente, permanecer na Série A torna-se um lucro enorme. De briga por grandes conquistas à briga contra o rebaixamento, a frustração é do tamanho do vexame que o Vitória proporciona na Série A até agora.

O futebol não tem mais espaço para amadores. Sem planejamento, sem conceito, sem ideias, a tendência é se perder num mar de tubarões. Com um ambiente político turbulento, a insegurança dos jogadores aumenta ainda méis dentro do Vitória. A equipe pode até reagir na Série A, iniciar uma arrancada espetacular e terminar o campeonato de uma maneira mais tranquila. Porém, 2017 já fica marcado na história do rubro-negro como um ano onde sua diretoria vendeu gato por lebre.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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Qual será o Bahia de Jorginho de agora em diante?

Elton Serra
Elton Serra
Com atuação defensiva sólida, Bahia venceu a Ponte em Campinas
Com atuação defensiva sólida, Bahia venceu a Ponte em Campinas Fábio Leoni/PontePress

O Bahia venceu a primeira fora de casa na Série A e quebrou um jejum de sete jogos sem vencer na competição. Ficava evidente que, para sair da fase ruim, o time teria que se reinventar. Contra a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, o tricolor apresentou uma faceta já ensaiada pelo técnico Jorginho há algumas partidas, e bateu com autoridade os donos da casa.

Um time acostumado a ter a bola nos pés abriu mão de tê-la em boa parte do confronto em Campinas. O Bahia terminou a partida com 45% de posse, mas chegou a ter apenas 31% nos primeiros 20 minutos e 27% até os 10’ do segundo tempo. Na etapa inicial, inclusive, suportou forte pressão da Ponte Preta quando o jogo estava 1 a 0, pois optou por jogar de maneira reativa na casa do adversário. Foram 15 finalizações da Macaca só na primeira metade do jogo. Com um 4-2-3-1 tradicional, Jorginho optou em baixar suas linhas e marcar em seu campo defensivo, abrindo mão da posse de bola no campo rival.

Mapas de calor de Ponte e Bahia: tricolor jogou de maneira reativa
Mapas de calor de Ponte e Bahia: tricolor jogou de maneira reativa Footstats

Um dos personagens que ilustra a ideia de Jorginho é o colombiano Stiven Mendoza. O técnico do Bahia manteve o meia-atacante na equipe titular e colocou Allione, líder de assistências do tricolor na Série A, no banco de reservas. Mendoza, durante boa parte da partida, atuou no campo de defesa e auxiliou o lateral-esquerdo Matheus Reis na marcação. Com mais velocidade que o argentino Allione, era constantemente acionado nos contra-ataques do time baiano no Moisés Lucarelli. Jogar de maneira reativa foi a solução que Jorginho encontrou para reencontrar os trilhos dos triunfos.

Outro aspecto que beneficiou o jogo do Bahia foi a entrada de Rodrigão no time titular. Sem um centroavante de ofício na equipe desde a lesão de Hernane (Gustavo foi pouco utilizado neste período), o tricolor encontrou uma alternativa de jogar que deu certo: com Edigar Junio fazendo o papel de referência, o tricolor ganhou intensa movimentação e constante infiltrações dos meias, mas passou a ser estudado pelos adversários e perdeu o fator surpresa. Com Rodrigão na equipe, o Bahia ganhou profundidade, um jogador com força para segurar zagueiros e proporcionar interações com o trio de meias, além de gols. Em Campinas, foram dois.

Ainda é cedo para dizer se o Bahia mudou sua forma de jogar, implantada ainda nos tempos de Guto Ferreira, ou apenas encontrou uma alternativa tática para sair da previsibilidade. O fato é que Jorginho voltou a respirar tranquilo. A expectativa é saber se o tricolor passará mudará o seu rótulo daqui em diante: o time da valorização da bola, ou o time do contra-ataque?

Brasileiro: Gols de Ponte Preta 0 x 3 Bahia


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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As preocupantes e controversas saídas de Sport e Náutico da Liga do Nordeste

Elton Serra
Elton Serra

Rubro-negros e alvirrubros não disputarão a Copa do Nordeste em 2018
Rubro-negros e alvirrubros não disputarão a Copa do Nordeste em 2018 Gazeta Press

“Pagamos para jogar a Copa do Nordeste”. Com esta frase, o presidente do Sport, Arnaldo Barros, sintetizou a saída do clube da Liga de Clubes do Nordeste, responsável pela organização da competição. Ao lado do Náutico, o rubro-negro pernambucano anunciou sua desfiliação e não disputará o Nordestão a partir de 2018.

A decisão de dois dos grandes clubes da região aparenta, também, ter um tom político. O presidente da Federação Pernambucana, Evandro Carvalho, afirmou que o modelo de disputa da Copa do Nordeste não atende o interesse dos seus filiados, nem da FPF. O curioso é que as cotas pagas aos clubes no estadual são menores que as recebidas pelos integrantes do Nordestão – além disso, o Sport, por exemplo, faturou muito mais com bilheteria na competição regional: R$ 1,1 milhão contra aproximadamente R$ 850 mil no Campeonato Pernambucano. Carvalho, inclusive, participou da coletiva ao lado os presidentes do Leão e do Timbu.

O intrigante, também, é que o único argumento concreto dos clubes para a saída da Liga do Nordeste é a divisão das cotas de TV. Durante todo o discurso de Arnaldo Barros, o que se ouviu foram ideias vazias. Não há um projeto para se criar uma liga independente, nem uma ideia do que se fazer com o “tempo livre”, já que a Copa do Nordeste sai do calendário do Sport. O intuito foi apenas o de comunicar o desligamento do grupo. Ao invés de buscar o fortalecimento da competição, a decisão foi de romper com a Liga – a atitude mais extrema possível, por mais que o presidente rubro-negro tenha afirmado que buscou diálogo.

Sport deve disputar apenas o Pernambucano; estadual terminou semana passada
Sport deve disputar apenas o Pernambucano; estadual terminou semana passada Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Sport e Náutico fazem parte do grupo de fundadores da Liga do Nordeste, composto por mais 14 clubes. Desde a sua fundação, em 2000, o Leão da Ilha foi campeão em 2015 e vice em 2001 e 2016. O Timbu foi terceiro em 2001 e 2002, e já estava fora da próxima edição, justamente por ter fracassado no Campeonato Pernambucano. O Sport também já teve seu ex-presidente, Luciano Bivar, como vice-presidente da Liga.

Os outros fundadores da Liga do Nordeste, com exceção do Santa Cruz, não se manifestaram oficialmente.  O clube coral irá reunir seu Conselho Deliberativo para tomar uma decisão.

Qualquer clube de futebol tem direito de defender suas ideias. É justo e lícito. Porém, fica claro que existe certa hipocrisia no discurso de muitos. Os grandes clubes do Nordeste, ao longo dos anos, têm reclamado da disparidade entre os valores das cotas de TV pagas aos clubes da Série A, mas querem aplicar este mesmo abismo no Nordestão. Com a mudança da fórmula de disputa do torneio, que agora privilegia os mais bem rankeados na lista anual da CBF, os clubes menores perderão cada vez mais espaço, estancando o crescimento do futebol na região.

A expectativa é saber se os posicionamentos de Sport e Náutico serão mantidos, ou a Liga do Nordeste irá contornar a situação. Enquanto isso, a região observa mais uma rachadura numa ideia que trouxe esperanças de dias melhores para o futebol nordestino.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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