Pressão para quê? Como Belichick limitou Mahomes (de novo!), agora com estratégia diferente
Os Chiefs venceram os Patriots na última segunda-feira por 26 a 10, mas o resultado poderia ter sido diferente se New England contasse com um Cam Newton saudável. O que chama atenção é como Bill Belichick uma vez mais limitou a produção de Patrick Mahomes, algo que pouquíssimos técnicos conseguiram.
Aliás, esta é a terceira vez seguida que o treinador que mais venceu Super Bowls na história dificulta a vida de Mahomes. Na temporada regular de 2019, foram apenas 23 pontos, enquanto nos playoffs anteriores a equipe de Andy Reid chegou ao último quarto com só 7 pontos no placar. Tendo uma formação defensiva em sua carreira, Belichick mostrou todo seu repertório ao apostar numa estratégia diferente em 2020.
Mahomes completou menos de 20 passes, ficou abaixo das 250 jardas e teve 2 touchdowns aéreos (ambos em jogadas que são passes apenas na teoria, mas corridas na prática). Bons números, porém certamente abaixo de seu patamar habitual. Desta vez, grande parte da dificuldade do quarterback se deu pela ausência de pressão e aumento dos jogadores na cobertura.
É isso mesmo: pressionar Mahomes para quê? A surpreendente - e efetiva - tática dos Patriots foi mandar com boa frequência apenas três jogadores para pressionar o quarterback, deixando oito na cobertura (normalmente, se mandam quatro na pressão). Blitz? Nem pensar: New England mandou mais de quatro atletas para apressar o passe só duas vezes no jogo.
Nas situações em que New England reduziu a pressão e mandou só três jogadores, Mahomes acertou 3 de 8 passes para só 73 jardas, incluindo a infame interceptação-fumble que a arbitragem não marcou. A maior parte dessas chamadas foi em terceiras descidas e jogadas óbvias de passe, tirando o ataque de Kansas City de campo.
Os Chiefs converteram só 4 de 11 oportunidades em 3rd downs, sendo somente uma delas (uma!) num passe de Mahomes. As outras três foram as seguintes: uma corrida pelo meio, uma corrida improvisada de Mahomes e o touchdown de Tyreek Hill (que, na prática, não é um passe).
Nos momentos óbvios de passe, Belichick ocupou o campo com mais gente na cobertura e identificou uma certa impaciência de Mahomes. Mesmo sem pressão, o quarterback dos Chiefs por várias vezes ficou 'sambando' no pocket, errou passes por estar desequilibrado e se precipitou em lançamentos quando poderia tranquilamente aguardar na sua posição.
Os três homens de pressão também estavam bem instruídos a manter Mahomes 'quieto' no pocket, não tomar caminhos muito alternativos na perseguição ao quarterback e evitar que ele improvisasse como faz tão bem.
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Para que a estratégia funcionasse, claro, foi necessário um trabalho também bem feito nas outras descidas, nas quais os Patriots usaram os tradicionais quatro homens indo atrás do quarterback. Foi o suficiente para forçar 3rd downs e não deixar o plano de jogo óbvio, mas a produção de Mahomes claramente cresceu nessas situações: 16/19 para 163 jardas.
A genialidade não para por aí. Ao se analisar o que os oito homens faziam na cobertura, há uma imensa variedade de chamadas - certamente não são jogadas que qualquer um encontra no videogame. Combinações de marcação homem-a-homem com alguns jogadores em zona na mesma jogada, variando por vezes um, dois, três ou quatro jogadores no fundo do campo. Se viu de tudo e certamente não foi fácil para Mahomes identificá-las.
Estratégia diferente de confrontos anteriores
Na temporada regular de 2019, os Patriots também estiveram muito próximos de vencer os Chiefs. A derrota por 23 a 16 certamente ficou mais na conta do ataque, que teve diversas dificuldades naquele ano, do que da defesa, a melhor da liga na oportunidade.
Até aproveitando o sensacional talento de seus jogadores defensivos naquele ano, Belichick praticamente não usou chamadas nas quais mandava apenas três jogadores para pressionar o quarterback. A maior parte dos lances foi com marcações mais "tradicionais" em mano-a-mano ou em marcações mistas, nas quais os jogadores usam técnicas de mano-a-mano para perseguir os adversários que cruzam sua zona, com possibilidades de trocar seus marcadores.
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Ainda em 2019, mas em janeiro, nos playoffs referentes à temporada 2018, New England deu muito trabalho a Kansas City na final da AFC. Naquela oportunidade, o plano de jogo foi dobrar a marcação nos dois principais alvos de Mahomes (Tyreek Hill e Travis Kelce), anulando-os, e deixar seus melhores marcadores como Stephon Gilmore no mano-a-mano com o restante do ataque.
Funcionou perfeitamente por três quartos, limitando o ataque rival a só 7 pontos. Verdade, tudo ruiu nos últimos 15 minutos, mas foi suficiente para levar os Patriots ao Super Bowl, que culminaria no sexto título da franquia.
É possível limitar Patrick Mahomes - e de mais de uma maneira. Quando se tem uma lenda viva do esporte no comando, não dá para duvidar de nada. Os Patriots não são favoritos ao título - e nem mesmo à conquista de sua divisão -, mas mostram que nunca dá para descartar um grupo comandado por Bill Belichick.
Fonte: Matheus Sacramento
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