Líder do ranking mundial na faixa roxa e campeã do Grand Slam de jiu-jitsu: conheça Gabi Pessanha
História de campeonato mundial: meu maior amor!
Hoje vim falar sobre a Gabi Pessanha: ela tem 17 anos, acabou de completar um Grand Slam – foi campeã do Europeu, Pan Americano, Brasileiro e Mundial esse ano – e tudo isso em apenas seis meses como faixa roxa. O que mais ela faria nas competições nessa graduação? Foi aí que seus professores Márcio de Deus e Rogério Poggio, da Infight, decidiram graduá-la a faixa marrom logo após vencer peso e absoluto no Mundial da IBJJF, no último final de semana. Além de ser o seu primeiro ano como faixa roxa, também está sendo o primeiro na divisão adulto.
Gabi Pessanha treina num projeto social da equipe Infight, localizada na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Ela começou a treinar em 2011, sem muita vontade, ia todos os dias no projeto com um amigo para assistir os treinos, até que seu atual professor Márcio, a chamou para experimentar e ela decidiu tentar. Desde então, nunca parou.
Ela conta que nunca imaginou competir: “Comecei por diversão, estava na rua e não tinha nada para fazer, aí no lugar de ficar jogando bola ou brincando, encontrei um lugar para me divertir e com o tempo foi ficando mais sério”. Hoje, competindo fora do Brasil, ela também contou que achava que nunca conseguiria viajar porque achava muito caro: “eu via as pessoas viajando para os Estados Unidos e pensava ‘nossa, deve ser muito caro, uns cem mil reais’, até que um amigo foi para o mundial e disse que eu devia viajar. Perguntei para ele quanto ele tinha gastado e vi que com uns quatro mil reais eu conseguiria ir. Aí isso ficou na minha cabeça, toda hora pensava nisso e foi aí que comecei a me focar na competição”.
Em novembro do ano passado, Gabi recebeu sua faixa roxa e, depois de uma impressionante sequência de vitórias na faixa azul, ainda na categoria juvenil, começou a competir em 2018 na adulto. Ela finalizou com estilo seu estrelato na graduação. Além do Grand Slam, ela terminou no primeiro lugar do ranking da IBJJF, com 1012.5 pontos; enquanto a segunda colocada vem com 491. Invicta!
Perguntei a ela sobre sua preparação física e ela, com toda simplicidade, me respondeu: “Eu nunca fui de fazer a preparação física, não. Tipo assim, se eu estou sentindo a minha pegada fraca, eu vou e treino pegada. Se sinto que não estou flexível, chegou no treino mais cedo para alongar. Esse foi um jeito que adaptei para mim. Lá em casa subo desço escada várias vezes... A preparação para o jiu-jitsu é treinar bastante, quanto mais tu repete, passa a ser natural. É assim mesmo, a repetição leva a perfeição, melhor dizendo”.
E sobre o jiu-jitsu, ela conta que foi onde se encontrou e que é no tatame que esquece todos os problemas. Seu primeiro pensamento quando começou a competir, segundo ela, era que não queria ser apenas mais uma e por isso, se dedicou ao máximo.
“Sou doida por jiu-jitsu. Eu não queria ser apenas mais uma, eu não queria ser apenas mais uma menina de comunidade, apenas uma menina se inscrevendo nos campeonatos. Eu queria ser a melhor, mas para ser a melhor eu teria que fazer coisas que os melhores fazem. Tive abrir mão, me sacrificar para ser uma boa atleta. Porque sem isso eu seria apenas mais uma, eu estaria fazendo o que todos fazem. Eu gosto de pesquisar sobre jiu-jitsu 24 horas por dia, gosto de assistir vídeos... Eu sou doida, né, maluca (risos), não sei a palavra certa”.
Seu primeiro campeonato pela IBJJF na (até então) nova faixa e categoria, foi o Europeu, em janeiro. Lá, ela contou que estava com a cabeça muito boa: “Eu sabia que era uma nova experiência, eu lutaria com mulheres mais velhas, mais fortes e mais experientes que eu, talvez até com mães de família, com uma mente melhor. Mas eu estava tranquila” – e completou – “Sabia que tinha treinado bastante, a minha experiência na faixa azul ajudou, os erros e acertos me fizeram muito melhor. Estava me sentindo muito melhor como atleta e como pessoa”.
De lá para cá, sem perder nenhuma luta, ela confessa estar muito feliz e reconhece que abrir mão das coisas tem dado certo: “Eu sempre imaginava como seria ganhar. Mas quando acontece, é totalmente diferente”; e com isso, ela agradece seus parceiros: “Se não fossem meus companheiros de treino e professores, talvez não conseguiria. A galera sempre me dá uma palavra de incentivo e abre mão de ir embora do treino para fazerem drills comigo. Me sinto realizada, graças a Deus. Estou muito feliz, muito feliz mesmo”.
Com certeza seus companheiros têm muito a agradecer e a se orgulhar, já que sua torcida é alucinante. (Assistam ao vídeo, de verdade!)
Graduada a faixa marrom no pódio, depois de vencer o absoluto, ela e seus professores estão agora cuidando de sua documentação para poder competir na faixa marrom, já que o tempo mínimo entre a roxa e a marrom é de 1 ano e meio. A outra regra é ter 18 anos, que ela ainda completará esse ano.
Ao conquistar a faixa roxa, ela não pôde renovar sua filiação por conta da idade, que precisava ser 17 anos completos. “Agora precisamos enviar fotos e vídeos para a federação para ver se eles liberam” – completa Gabi, já ansiosa para competir pela nova graduação.
Já sobre seus planos, ela conta que quer continuar treinando, claro e, por incrível que pareça, começar a treinar balé para melhorar sua flexibilidade no pé. “Estou pensando mesmo no balé, é sério. Dança, alongamento... Preciso ser mais flexível, já tinha pensado nisso antes e agora na faixa marrom é mais uma motivação, creio que vá me ajudar” – conta Gabi.
E embora as coisas tenham acontecido rápido de um ano para o outro, ela reconhece que está só começando e ainda tem muito a aprender. “Tenho muito a aprender, muita coisa para evoluir, muitas experiências boas ou ruins. Tem uma matéria minha que saiu no ano passado com mais uma galera, que falava que alguns continuam e outros ficam pela estrada, não me lembro ao certo, mas isso me motivou muito a continuar. Eu li e me deu um impacto. Tudo é uma motivação para você chegar a faixa preta”.
Portanto, guardem esse nome: Gabi Pessanha já tem dado o que falar. Ao que tudo indica, dará muito trabalho na faixa marrom e chegará mais do que preparada para a faixa preta.
Fonte: Mayara Munhos
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