Filhos de ex-craque e campeão mundial colorado trilham trajetória de sucesso no futebol
Quando o Léo nasceu, a Fernanda já estava para cima e para baixo com 6 anos. Até ali, os dois eram apenas os filhos do Ortiz. Pai conhecido no esporte, de uma geração que pelo futsal, colocou o Brasil em evidência. Além dos diversos títulos com a Seleção, Ortiz foi campeão mundial pelo Internacional e não há um único colorado que não reconheça a história e a entrega dele, que aliás continua trabalhando com o que há de mais valioso no clube- a base.
Hoje quem estampa as manchetes não é mais aquele craque dos anos 90, mas o filho: cria do Internacional, prata dessa casa que um dia foi a mesma do pai (talvez por isso um filho muito mais cobrado).
Da saída da “asa” colorada para voos maiores no Sport em Recife, e atualmente no time sensação do campeonato Paulista, Red Bull Brasil, Léo Ortiz teve seus passos guiados por um pai exigente, um ex atleta que nunca deu moleza, mas teve também, desde sempre, uma irmã com função determinante. Um braço direito. Uma protagonista que hoje é quem inspira esse texto: Fernanda Ortiz.
Ela é um daqueles exemplos que nos conforta, que soma forças e que mostra como estamos caminhando rumo a uma participação mais efetiva, mais consistente e em múltiplas funções no futebol. Estamos falando de uma mulher que gere a carreira de um jogador profissional.
Aliás, costumo dizer que esse é caminho: não sermos mais tratadas apenas como exceções. Que muitas mulheres possam desempenhar papéis relevantes dentro do esporte, no feminino e no masculino, que possamos nos desenvolver para assumir a função de treinadora, de presidente de clube, de diretora de futebol, do que nos sentirmos preparadas e capazes.
“Quando ele estreou na zaga do Inter (2017) e assumiu a titularidade do time principal, realizamos que ele precisava de alguém pensando nele 24 horas por dia, na trajetória dele! Sou a manager dele, gerencio toda equipe que trabalha pra ele, como o empresário, advogada, assessor de imprensa, contador e etc. Então, todos os dias eu fico atenta ao que tá sendo feito em relação a ele em todos os assuntos: negociações, contratos, patrocínio esportivo, o que está sendo falado na imprensa ou o que podemos motivar a imprensa a falar dele, as postagens nas redes sociais”, conta a manager.
Em quase cinco anos atuando de forma direta com tudo que envolve a carreira do irmão (na base já participava), a missão foi justamente desconstruir esse rótulo que tanto orgulha, mas que provoca desafios:
“O maior desafio de ser uma mulher nesse mercado ainda é mostrar ou ‘provar’ que você entende de futebol. E sendo da família, é um pouco mais difícil, porque sempre parece que você está opinando e não administrando. Tenho jogo de cintura e me cerquei de pessoas que respeitem minha posição. Temos outros exemplos no mercado de líderes mulheres, como a Pellegrino (na FPF). Ter mulheres ocupando esses cargos e qualificadas para estarem onde estão faz toda diferença, ter referências que fazem a gente se identificar e ver que é possível chegar lá é muito importante”.
Para o irmão, o receio de ver a Fernanda convivendo em um ambiente machista foi convertido em admiração e confiança:
“Para mim é uma situação cultural que tem que mudar. Mas espaços estão se abrindo em comparação ao passado, não só no futebol, mas no esporte em geral. Hoje nós vemos, por exemplo, mais jornalistas mulheres, tem também uma assistente técnica no Santo Antonio Spurs na NBA. Então acredito que estão sendo quebradas muitas barreiras em relação a isso. A Fernanda é parte disso, me orgulha!”, conta o zagueiro do Red Bull.
As funções de cada um são bem delimitadas no dia-a-dia, quem conhece a Fernanda logo percebe o empenho e profissionalismo que ela conduz as situações, mas no apito inicial...
A verdade é que tem horas que emoção e função também se confudem, em qualquer estádio que o time do Léo estiver jogando, com certeza haverá uma Fernanda ansiosa na arquibacada. E nessa hora, nesses 90 minutos, ela é só a irmã do Leonardo. Que sofre a cada lance. Que sente na pele cada jogada. Nesses momentos, a apaixonada por futebol nos lembra o recado mais importante: precisamos também amar aquilo que fazemos para termos sucesso.
“O mais legal é que estamos crescendo juntos. Eu, dentro de campo, dentro da minha função e ela fora, acompanhando e crescendo junto na função dela. A cada nova situação, é algo diferente, um desafio cada vez maior e vai dando experiência tanto pra ela quanto pra mim”, completa o zagueiro.
Nesta segunda-feira, no Estádio Moisés Lucarelli, o Red Bull Brasil busca o título inédito de campeão do interior do Paulista diante da Ponte Preta. Haverá um jovem zagueiro em busca de mais um sonho nos gramados. Uma manager talentosa que vira torcedora e irmã na arquibancada. E claro, quase que dentro de campo, com o peito cheio de orgulho, um campeão mundial realizado pelo legado que deixou para os dois filhos. Afinal, amar o futebol é também hereditário! Sucesso família, Ortiz!
Filhos de ex-craque e campeão mundial colorado trilham trajetória de sucesso no futebol
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.