A polêmica do machismo no jiu-jitsu voltou a assombrar e vem ganhando vozes fortes
Entre tantas mensagens sobre o machismo no meio do jiu-jitsu, fica até difícil ‘escolher’ uma ou até dar a opinião sobre o caso.
Eu não vou contextualizar de novo o que vem acontecendo desde a semana passada no ambiente do jiu-jitsu porque acho que a maioria que acompanha já sabe, então o que eu quero é apenas destacar uma grande mensagem.
Michael Musumeci.
Ele praticamente dispensa apresentações, mas nunca é demais lembrar que ele é o 4º norte-americano a conquistar um título mundial da IBJJF e mais que isso, o primeiro a conquistar duas vezes – e com a conquista de 2019, atualmente ele é tricampeão.
Neste ano, sua irmã Tammi Musumeci também se tornou campeã mundial da IBJJF pela primeira vez na carreira. Além da vida do jiu-jitsu, eles não são o que chamamos de ‘full time athlete’.
Tammi é estudante integral de Direito. Mikey é formado em Administração de Empresas e ainda pensa em estudar Direito também. Para ele, é importante se distrair com alguma outra coisa além do jiu-jitsu para não cansar a mente.
A questão é que Mikey não escondeu a emoção quando a irmã venceu o primeiro título mundial na faixa preta, dizendo que ficou muito mais feliz com o dela do que com o dele, já que treinaram muitos anos para que ela realizasse esse sonho.
Nesta terça-feira, Mikey fez uma publicação em seu Instagram falando sobre o jiu-jitsu feminino e o quanto para ele é enriquecedor treinar com a irmã.
No post, ele escreveu que desde pequeno, sua principal parceira de treino e que mais o batia era a irmã e que, embora o tempo tenha passado, ela ainda é um dos melhores e mais difíceis treinos que ele tem. “Eu sempre digo as pessoas às pessoas, o que é verdade: ela é muito mais dura e técnica do que a maioria dos caras que já lutei ou treinei até hoje”.
Ele ainda ressaltou sentir que muitas vezes, os caras ficam irritados com as mulheres e, por medo de perder, acabam colocando muita força durante os treinos, o que pode machucar. E por outro lado, também relembrou que muitos deles acabam treinando leve por medo de machucar.
Uma linha tênue, diga-se de passagem.
Sou e sempre serei eterna defensora da igualdade no esporte. Meu primeiro post aqui no blog foi justamente sobre machismo no jiu-jitsu e o assunto parece ainda continuar. Tenho certeza de que, aos poucos, estamos alcançando o nosso espaço, mas se ganhamos é porque falamos e levamos para frente.
Eu demorei muito para escrever algo aqui sobre minha opinião. E na verdade, nem quero me estender. Por isso, gravei uma série de vídeos com Luanna Alzuguir e Ana Carolina “Baby” um bate-papo e publiquei no meu canal, Jiu-Jitsu in Frames.
#OpenMat é um quadro semanal (que estreou domingo, por sinal haha) e eu sempre vou convidar um atleta ou alguém do meio do jiu-jitsu para papear. No final de tudo, vai ter uma entrevista na íntegra disponível no Spotify! Espero sempre trazer assuntos legais e achei que não haveria melhor forma de começar.
Estamos juntas!
Post do Musumeci na íntegra:
Há algo que eu gostaria de falar e muita gente não fala é sobre mulheres no jiu-jitsu. Desde quando eu era criança, minha principal parceira de treina que sempre me bateu e me puxou para cima todos os dias foi minha irmã Tammi, que é atualmente campeã mundial na faixa preta. Ela continua sendo um dos meus melhores e mais difíceis treinos hoje em dia e eu sempre falo para as pessoas, o que é verdade, ela é um treino mais duro para mim do que muitos dos caras que já competi. Eu sinto que muitos caras se sentem incomodados treinando com garotas ou não as respeitam muito como outros garotos no tatame, e eu acho que isso tá completamente errado. Atualmente, as garotas são uma das melhores oportunidades de treino. Por quê? Porque ao contrário dos caras que na maioria das vezes, sem que eles saibam, confiam na força, as garotas não podem depender da força e então elas precisam depender mais da técnica. É assim que treino com garotas! Eu já vi duas diferentes abordagens de caras treinando com meninas: 1) eles vão super forte, usam muita força com medo de perder para a menina, algo que não somente pode machucá-la, mas faz com que não seja um bom treino nem para ele e nem para ela ou 2) eles vão super leve, com medo de machucar a menina ou então porque eles estão com medo de perder para ela, devido ao ego, eles literalmente não tentam e se fingem de mortos, o que novamente faz com que o garoto e a garota tenham um treinamento horrível. A maneira de treinar com as meninas é como você deve treinar com todos, e é ir forte tecnicamente, não tentando dominar, mas seguindo técnica por técnica. Você ficará surpreso com o excelente treinamento recebido e com o quanto pode melhorar tecnicamente. Como eu disse antes, minha irmã é o treino mais difícil para mim, mais do que a maioria dos caras com quem luto e treino, e eu realmente tenho muito respeito pelo jiu jitsu feminino!
A polêmica do machismo no jiu-jitsu voltou a assombrar e vem ganhando vozes fortes
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