Gigante da Colina

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Tem muito o que se falar sobre o caso do sócio torcedor do Vasco da Gama. Podemos questionar muitas coisas, como por exemplo a capacidade de continuação do engajamento dos torcedores ou o fluxo financeiro continuo ao longo dos próximos meses. Mas a verdade é uma só neste momento:

O orgulho vascaíno está em alta e com toda razão

Se dentro de campo os times cariocas sofrem com a sensação Flamengo, fora dele a torcida vascaína pode encher o peito e se orgulhar dos 150 mil sócios torcedores e de, hoje, serem a líderes no ranking dos projetos de sócio torcedor no Brasil.

Parece pouco, mas não é…

Quando falamos de marketing nem sempre falamos de retorno financeiro direto. Claro que, neste caso, também temos um retorno financeiro. Antes da chamada black friday o programa arrecadava R$ 1,3 milhões por mês e agora passa arrecadar pouco mais de R$ 2,5 milhões. 

Mas, o grande ganho esta na mobilização da torcida e na sensação que o torcedor teve de se tornar parte de uma conquista importante do time. 

E se boa parte não voltar a pagar?

A campanha foi bem pensada. O plano foi realizado por um valor baixo, mas com pagamento semestral. Então.. até Junho do ano que vem o gigante da colina não terá problema neste quesito. 

Mas vamos supor que 50% dos torcedores resolvam não renovar seu plano. O que eu, pessoalmente, acho um número improvável. O Vasco manteria, ainda assim, cerca de 75 mil sócios torcedores. Mais do que o dobro dos 32 mil que o programa tinha cadastrado até o inicio de novembro. 

Ou seja, de qualquer forma o Vasco saí ganhando. 

Outra coisa importante foi a participação dos atletas. Leandro Castan e Talles Magno também se mobilizaram para engajar os torcedores na causa, por exemplo.

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Em suma, a ação pode render um bom dinheiro aos cofres do Vasco (R$ 12 milhões ano por baixo), mas o principal aspecto, como efeito de marketing é que colocou o Vasco de volta a vitrine, mostrou que seu torcedor, mesmo após anos tão duros ainda esta aí, vivo, e resgatou aquele sentimento de orgulho que todo torcedor gosta de sentir. 

O flamengo pode até levantar a taça, merecidamente diga-se de passagem, mas o torcedor do Vasco termina 2019 com uma sensação que não sentia já fazia muito tempo. 

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Falta discussão de marketing e sobra assuntos financeiros e comercial no Brasil

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Por mais que os clubes e a imprensa tentem as discussões que cerceiam o futebol brasileiro estão longe do centro do que por natureza se entendo por marketing. 

Podemos definir marketing como: 

“uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles de modo que beneficie a organização e seu público interessado”.

Apesar das características próprias, o marketing esportivo pouco difere do marketing a não ser nas peculiaridades do segmento esportivo, que envolvem aspectos como produto, demanda, desejo, necessidade, valor, satisfação, qualidade e mercado.

O marketing esportivo é uma extensão das estratégias de praça e promoção de empresas de bens e/ou serviços esportivos. Ao ampliar a análise para qualquer empresa de produtos e/ou serviço, é possível avaliar o marketing esportivo como sendo, também, ação promocional para divulgação da marca.

Em suma, podemos definir o marketing esportivo como: 

"um processo de elaboração e programação das atividades de produção, formação de  preço, promoção e distribuição de um produto esportivo para satisfazer a necessidades ou desejos  dos consumidores e atingir os objetivos das empresas.  É a função que auxilia o Negócio Esporte a aproximar os produtos esportivos e os consumidores por meio de estratégias promocionais, de preço e de praça”.

vendas e marketing
vendas e marketing []

Ao centrarmos as discussões atuais em balanços ou fechamentos de patrocínios não estamos falando de estratégias de marketing e sim e questões financeiras e comerciais no Brasil. São assuntos importantes, porém distintos da atuação de uma diretoria de marketing. 

De modo mais claro... os objetivos de um departamento de marketing não deveriam estar relacionados diretamente à trazer patrocínio para um time, por exemplo. Objetivos específicos de um departamento de marketing, de equipes esportivos, seriam: aumento de vendas de produtos relacionados; crescimento da torcida; fortalecimento da marca; aumento do público no estádio; divulgação de produtos e serviços; entre outros…

Já o patrocínio pode ser definido como um produto gerado pelo marketing que deverá ser trabalhado pelo departamento comercial para trazer receitas para o time. Que depois entrará no balanço da equipe e será analisado pelo departamento financeiro. 

Nas próximas colunas falaremos um pouco mais sobre as atividades de marketing das equipes esportivas e o que vem faltando aqui no Brasil.

Fonte: Fernando A. Fleury

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Falta discussão de marketing e sobra assuntos financeiros e comercial no Brasil

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Como número e padrões podem ajudar a mudar o esporte

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Quando falamos em números e padrões no esporte automaticamente as pessoas pensam em táticas, sistemas de jogos ou treinamentos. Mas, para nós que trabalhamos com Data Science isso nem sempre é verdade. Em nossos laboratórios passa longe de ser verdade.

Passamos 100% do tempo estudando números e padrões para entender você. Exatamente. Entender você que está lendo está coluna. Um clique seu, um olhar para o lado e assim por diante. São pequenas relações, que muitas vezes podem parecer insignificantes para você, mas que nós vamos achar pontos de ligação e significados e com isso identificar caminhos que levarão a resultados positivos para todos:

Times, patrocinadores e você, torcedor.

A campanha de lançamento da parceria Puma/Palmeiras é um modelo que mostra como analisar números funciona. A ideia de não usar a cor do rival não é algo que funciona para qualquer time, muito menos para qualquer cor.

Transformar o verde esperança em verde de inveja é uma ideia muito boa para a torcida do Palmeiras. Cria engajamento com a nova torcida, traz a torcida, cria simpatia, sem ofender ninguém. 

Em pesquisa realizada ano passado apenas 29% dos torcedores afirmaram que não usariam roupas com cores do time rival. Um índice que pode ser considerado baixo para se fazer uma campanha.

hábito dos torcedores brasileiros
hábito dos torcedores brasileiros www.armatorems.com

Porém vamos lembrar que a campanha é feita para os palmeirenses, não é uma campanha do Palmeiras. É uma homenagem. E aí vale ver o índice de torcedores do Palmeiras que deixariam de usar outras cores (bem baixo) e de torcedores rivais que deixam de usar o verde (bem acima da média).

torcedores que evitam usar as cores do rival
torcedores que evitam usar as cores do rival www.armatorems.com


A sabedoria do Data Science é essa. Usar números a favor de todos. 

A partir de hoje falaremos bastante disso por aqui. 

Fonte: Fernando A. Fleury

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Os estrangeiros pedem passagem

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Por Fernando A. Fleury, Sc.D in Sport Management & Pedro Corat

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Quem acompanha o noticiário esportivo percebe o espaço cada vez mais amplo de temas que fogem do Brasileirão, dos estaduais ou da Copa do Brasil. O futebol jogado fora daqui, sobretudo na Europa, bem como outras modalidades, como a NBA e a NFL, vêm crescendo em mídia e interesse do público brasileiro.

Esse interesse vem despertando uma série de análises que mostram que muitos dos adolescentes já começam a torcer por times estrangeiros ao invés dos tradicionais times nacionais. Duas pesquisas do IBOPE Repucom, uma de 2015 e outra de 2016, trazem informações que deveriam preocupar os departamentos de marketing dos times nacionais.

69% dos entrevistados entre 16 e 29 torcem por algum time europeu de futebol. E 21% dos internautas brasileiros leem a respeito da NFL diariamente.

Em cima disso resolvemos entender se esse desejo por esportes e times estrangeiros é real. Ou seja, será que podemos comparar a força com que nós brasileiros torcemos pelos times estrangeiros com a forma como torcemos para os times nacionais?

Esta indagação foi o objeto de estudo da pesquisa que realizamos. O foco da pesquisa não foi apenas o futebol, mas sim torcedores de times estrangeiros, independentemente da modalidade. Natural, portanto, que a amostra tivesse alcance em duas frentes: fãs de times estrangeiros e fãs das ligas norte-americanas...

Ao final, chegamos a algumas conclusões intrigantes: Entre elas a de que sim, existem brasileiros torcedores de times fora do futebol local. Torcedores no sentido real da palavra. Ou seja, existe um grupo de torcedores que demostram se identificarem com os times estrangeiros tanto ou quanto os que se identificam com os times nacionais.

Assim, existe uma geração de torcedores em formação que está sendo condicionada a preferir esportes que nunca fizeram parte do nosso dia-a-dia, por exemplo, NFL ou MLB. Se a modalidade continua sendo o futebol os times europeus também possuem espaço garantido na mente desta geração.

A partir da análise sociodemográfica dos respondentes, identificamos o perfil do tipo fã esportivo: o típico torcedor brasileiro é homem, tem entre 26 e 30 anos, possui renda familiar mensal entre R$ 3.000,00 e R$ 5.000,00, cursa ensino superior e possui TV por assinatura, mas não o pacote pay-per-view de esportes disponível na operadora.

A pesquisa não investigou os motivos que fazem um brasileiro, vivendo a milhares de quilômetros da sede do time, que talvez nunca o veja atuar de perto, se emocionar, consumir, interagir com os demais torcedores de clubes seja do futebol europeu, seja da NBA, da NFL ou da MLB. Nosso objetivo era entender se os sentimentos que os torcedores de times estrangeiros possuem ou demonstram possuir por seu times são iguais aos dos que se declaram torcedores de times brasileiros.

Porém podemos inferir uma série de razões para tal fato. Uma delas pode estar no próprio futebol brasileiro. Com a carência de conquistas recentes pela seleção e por boa parte dos clubes, o torcedor se viu carente de comemorações, procurando por êxitos em outras searas para não abandonar sua sensação de pertencimento a algum grupo esportivo. A falta de ídolos locais visto que nossos melhores atletas se encontram fora do país também pode ser uma das causas.

O centro da investigação foi verificar se o fenômeno é real do ponto de vista do amor e do envolvimento dos torcedores com os times. Entre os itens pesquisados, encontravam-se o amor ao time – conceito transposto do brand love (amor à marca, isto é, o envolvimento emocional de indivíduos com marcas), a identificação com o time (o quão envolvido, do ponto de vista psicossocial, o torcedor é com seu time), e a intenção de compra (o quão disposto o torcedor está em adquirir itens com a marca do seu time).

Para desespero dos times nacionais e dos defensores do futebol raiz uma péssima notícia. O esporte nutela vem ganhando terreno. Os resultados confirmaram não haver diferença no brand love e na identificação com o time entre os dois grupos (torcedores de times locais e de times estrangeiros). Tais conclusões permitiram atestar a existência de fãs dos estrangeiros, em igual grau de sentimento em comparação aos que preferem os nacionais. 

Identificação com o time
Identificação com o time Pedro Corat & Fernando A. Fleury
Amor ao time
Amor ao time Pedro Corat & Fernando A. Fleury

Em outras palavras estamos perdendo torcedores!


Já em relação à intenção de compra a notícia é ainda mais grave. Os números entre os simpatizantes dos estrangeiros se mostraram significativamente maiores. Ou seja, os torcedores de times estrangeiros demostram ter uma propensão maior a gastar dinheiro com seu time de coração do que os torcedores de times nacionais. Aqui vale uma ressalva: Não consideramos ir ao jogo como demonstração de intenção de compra. Já que seria impossível comparar essa questão entre os dois públicos analisados.

Intenção de Compra
Intenção de Compra Pedro Corat & Fernando A. Fleury

Uma possível explicação para essa maior intenção de compra é a sensação de proximidade que o consumo proporciona. Como para esse torcedor é mais difícil acompanhar seu time e encontrar outros simpatizantes, o uso de roupas e acessórios com o emblema do clube o faz se sentir mais perto da comunidade em torno deste. A violência também pode ser apontada como um balizador para essa questão. Torcedores de times nacionais tendem a se sentirem menos seguros em expor seu amor por meio de camisas e outros acessórios do que torcedores de times estrangeiros.

 É interessante notar que os torcedores dos times das ligas americanas são aqueles que possuem maior intenção de compra de produtos relacionados ao time. Uma evidência razoável de que as ações de marketing e ativação das principais ligas (NFL e NBA) exercem excelentes resultados no consumidor brasileiro.

Por fim, é possível afirmarmos que os times brasileiros precisam ficar atentos as mudanças comportamentais dos torcedores brasileiros. Se antes era certeza de que os pais garantiriam novos torcedores, hoje isso já não é mais certeza. O futebol brasileiro poderá, num curto período de tempo, pagar um preço muito alto pela falta de investimentos dos clubes naquele que é a fonte de receita mais importante de qualquer time: o torcedor.

E não adianta culpar os times estrangeiros, o torcedor nutela ou qualquer ou qualquer outra coisa. A culpa é exclusivamente dos times nacionais e do modelo de gestão que adotamos nos esportes nacionais.

 Os times estrangeiros já perceberam que possuem um mercado a ser explorado para ampliar sua marca e, consequentemente, suas receitas. Mercado este disposto a consumir, sofrer, vibrar, comentar, mesmo do outro lado do planeta.

Fonte: Fernando A. Fleury

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O modo como consumimos esportes na tevê irá mudar

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Enquanto muitos falam da chegada do Sportflix grandes players estão preparando a verdadeira revolução do que conhecemos das transmissões ao vivo. 

Esqueçam Sportflix... Abram suas janelas multimídias para plataformas que já lideram o mercado em seus segmentos e que irão brigar corpo a corpo para liderarem os novos modelos de transmissão. Netflix, Amazon, Facebook e Twitter são os meios da verdadeira revolução da transmissão digital. 

As líderes da tecnologia já fazem parte de nossas vidas de forma mais intensa do que imaginamos. A chance do facebook ou do google saber mais sobre você do que você mesmo é muito grande. Hoje nos comunicamos por meio do facebook. Usamos twitter para termos acesso as informações. Google e Apple prometem brigar para controlar os meios de transportes.

Assim, a pré-temporada europeia não serviu apenas para que os grandes times do velho continente se preparassem para 2017/18. Ao mesmo tempo as empresas do Vale do Silício estavam de olho nos direitos de transmissões espalhados por aí. 

Mas por que Esporte? 

Ora, primeiramente as big companies estavam de olho na música, depois cinema, televisão e agora o esporte. Parece-me um caminho mais do que natural. As pessoas estão mudando seus hábitos, seus comportamentos e isso reflete na forma como queremos consumir esporte. 

A tendência do mercado americano (meca do mercado mundial) mostra que a vida não está fácil para os grandes broadcasts mundiais. ESPN em 2016 perdeu algo próximo de 10 mil assinantes por mês. Ao mesmo tempo a Sky Sport abdicou do monopólio que tinha para transmissão da liga dos Campeões para a BT Consumer. 

Nesse processo a NBA foi uma das primeiras a incentivar o uso das novas mídias por parte de seus fãs. O compartilhamento de vídeos e dos highlights dos jogos ajudou a democratizar o esporte e, ao mesmo tempo, criou novos fluxos de receita baseados em uma audiência global. A NFL não ficou atrás. Para isso já negociou parte se seus direitos com Twitter e Amazon. A expectativa de receitas, com base em anunciantes, passa da casa de centenas de milhões de dólares. 

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As palavras-chaves para o esporte são distribuição ampla baseada em multi-plataformas. Esse é o foco das principais ligas americanas e europeias. Dentro do mercado europeu a expectativa gira em torno da Premier League. A jóia da coroa britânica está com as portas abertas, após anos de parceria com a Sky, para as big companies de Silicon Valley. 

O futuro aponta para algo que poderá deixar os fãs de esporte malucos. Os direitos de transmissão não são mais negociados apenas com os velhos broadcasts. As velhas mídias começam a sofrer concorrência direta das novas mídias. Mais orgânicas, dinâmicas e com alcance mundial. 

O que impede isso? 

Os critérios de distribuição, de forma garantir a disponibilidade nas mais variadas plataformas de forma correta, ainda estão sendo discutidos. As gigantes do Silicon Valley e as ligas esportivas já estão se juntando e estão de olho em você e em seus hábitos de consumo multi-plataformas. 

À medida que grandes plataformas sociais e digitais passam do processo de curadoria para o processo de criação/produção, ela deixa não somente as emissoras, mas todos os players de mídia tradicionais em uma posição em que a imobilização não é uma opção. 

Um modelo diversificado de como consumimos esporte é uma coisa boa para os fãs que querem uma experiência cada vez mais adaptada ao seu dia-a-dia. 

A revolução está chegando e passa longe da sportflix.

Fonte: Fernando A. Fleury

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Time empresa: o paradigma do futebol brasileiro

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Como a torcida do Figueira reagirá às novidades?
Como a torcida do Figueira reagirá às novidades? Divulgação

Por Fernando Fleury e Anderson Dias

Que o futebol brasileiro respira por aparelhos e sobrevive por meio de pequenos sopros ninguém mais duvida. Relatórios de empresas como Itaú BBA, BDO e Armatore a tempos já sinalizam que existe um grande gargalo no modelo de gestão do esporte no País.


Assim, muitos veem no clube empresa a solução perfeita. Não compartilho dessa opinião, mas gosto de ver novos ventos soprarem. Explico: gestão não se resolve por meio do processo de transformação de um clube em empresa, mas por meio de mudança de cultura. Muitas empresas no Brasil e no mundo são tão mal gerenciadas quantos os clubes de futebol.

Claro que uma mudança drástica, como passar de um clube social para um clube empresa, abre uma grande possibilidade para mudança de cultura.

E é esse ponto que me faz querer ficar de olho nas mudanças vindas do Sul.

Não vamos falar de terceirização, prefiro tratar como profissionalização. É isso que um grupo de investidores propôs ao Figueirense. Liderado por Alex Bourgeois, o grupo conta também com Claudio Vernalha e Luis Gustavo Mesquita, que prometem uma mudança de paradigmas no modelo de gestão.

Ainda que tal feito da equipe catarinense seja encarado com desconfiança por boa parte de torcedores, da mídia e de muitos que acompanham futebol, vale ficar de olho e ver onde isso pode chegar e, quem sabe possa esse ser um importante passo para mudanças na filosofia do futebol brasileiro.

Trata-se de um projeto de 20 anos prorrogáveis por mais 15, sendo o novo grupo responsável direto pelo futebol do Figueira. Atualmente, o clube tem dívida de R$ 70 milhões e déficit mensal de R$ 500 mil. O novo grupo assume as pendências e deve investir cerca de R$ 20 milhões a curto prazo.

O que há de diferente do Figueirense para outras equipes brasileiras que tiveram parcerias e algumas iniciativas similares não é apenas o tempo. Por mais que o Conselho Deliberativo do Figueira tenha aprovado que o futebol seja administrado pelo grupo nas próximas duas décadas – e tempo é justamente o que não existe no futebol brasileiro – as mudanças mais profundas são oriundas da mudança na gestão.

O grupo promete uma administração profissional. Ou seja, mais do que pagar para as pessoas trabalharem, devemos ver no Figueira profissionais qualificados executando suas funções.

É preciso avaliar este ato do Figueirense muito além dos resultados dentro do campo. Claro que esse deve ser o foco de qualquer time de futebol, no entanto, devemos olhar com mais atenção a gestão como um todo, ou seja, padrões para contratações, demissões, definição de estilo de jogo, investimentos de acordo com a realidade econômica do clube, enfim, modernizar a administração do futebol brasileiro é algo urgente.

No geral, os clubes brasucas são instituições amadoras, comandadas por pessoas com pouco ou nenhum conhecimento em gestão (muito menos em gestão esportiva) que são fiscalizadas por conselhos deliberativos também com as mesmas limitações e, pior, apaixonados pelas carteirinhas, vagas em estacionamento e benesses muitas vezes oferecidas para manutenção do status quo.

Nessa relação puramente política, os interesses esportivos, no geral, ficam relegados ao segundo plano. A eleição, reeleição e consequente troca de favores são as preocupações absolutas. Se a situação em campo se complica, as soluções são conhecidas: mudar o treinador ou contratar jogadores por valores muitas vezes irresponsáveis, descabidos para a realidade da instituição.

Justamente por tentar remar contra a maré é que o Figueirense merece os parabéns e também ser acompanhado de perto. Em 20 anos, esperamos, seus torcedores terão uma equipe mais sustentável economicamente, organizada e, claro, com resultados dentro e fora do campo. Afinal, qualquer boa gestão tem como foco o resultado e, no caso do futebol, boas práticas administrativas e a condução adequada do esporte, com um planejamento de curto, médio e longo prazo, têm tudo para dar certo.

Há pessoas capacitadas neste novo grupo e todas as condições para um grande trabalho. É importante que os novos dirigentes do Figueira tenham a real noção de que podem fazer história muito além dos muros do estádio Orlando Scarpelli.

 

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A expectativa do torcedor com relação ao seu time

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Chegamos ao fim do primeiro turno do Brasileirão. Um turno que se mostrou, até certo ponto, bastante surpreendente para alguns times. Enquanto boa parte da imprensa apostava alto em Palmeiras e Flamengo, Corinthians era predominante descartado. 

Mas você lembra qual era sua expectativa, no início do campeonato, para com seu time?

Pensando nisso, nas primeiras cinco rodada do Brasileirão entrevistei 822 torcedores, dos mais variados times, com um único propósito: analisar as expetativas das torcidas com relação ao desempenho do time no Campeonato. Medir essa expectativa no começo é fundamental para poder, ao final do Campeonato, entendermos como o desempenho do time pode alterar o comportamento do torcedor dentro e fora do campo.

Dos 20 times da Série A apenas três não fizeram parte da pesquisa: Atlético-GO, Avaí e Vitória. O motivo foi a falta de respondentes destes times. Essa primeira parte do levantamento permitiu identificarmos algumas coisas interessantes:

Expectativa dos torcedores nas cinco primeiras rodadas
Expectativa dos torcedores nas cinco primeiras rodadas Fernando A. Fleury

Nenhuma torcida começa o campeonato esperando que seu time seja rebaixado. Porém, apenas a torcida do Vasco acreditava que seu time ficará numa posição intermediária da tabela (entre o 13º e 16º lugar) ao final do campeonato. Todas as demais acreditavam que, no mínimo, seus times terminarão o campeonato na zona de classificação para a Sul-Americana.

Não foi só imprensa que apostou alto em Palmeiras e Flamengo. 71,7% dos torcedores palmeirenses também apontaram acreditar que seu time será campeão do Brasileirão. 37,5% dos flamenguistas tinham até a quinta rodada a mesma expectativa.

Se por um lado a diretoria do São Paulo demonstrava confiança no time, no técnico e na situação do clube, por outro, seus torcedores mostravam-se bastante críticos quanto ao desempenho do time. Apenas 6,3% acreditavam que o time será campeão. 45,8% do são paulinos apostavam que o time estará na zona da pré-libertadores.

Se você quiser participar da pesquisa clique aqui e conte qual sua expectativa com relação ao desempenho do seu time nesse segundo turno.

Fonte: Fernando A. Fleury

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Não é apenas futebol. Nunca foi...

Fernando Fleury
Fernando Fleury
SuperEsportes/PE
Quem não gosta de viver a emoção de um estádio lotado?
Quem não gosta de viver a emoção de um estádio lotado?

Por Fernando Fleury e Anderson Dias

Vamos começar pelo fim: futebol é aquilo que jogamos entre amigos, que nossas filhas e filhos praticam na escola. É a pelada do final de semana, a diversão da praia. O jogo que assistimos no estádio, na TV, pelo qual torcemos por um time realmente não é apenas futebol.
É negócio. Já faz tempo, mas muitos, no Brasil, estão com dificuldades para enxergar esse fato.

Recentemente vêm circulando pela internet brincadeiras a respeito do torcedor nutella ou torcedor raiz, ou seja, o que alguns chamam de torcedor modinha e torcedores "de verdade". São aqueles que acreditam que o futebol precisa ser alimentado por polêmicas, que ganhar roubado é mais gostoso.

A cereja do bolo desses torcedores foi a matéria a respeito do torcedor do Angra dos Reis que viajou horas para ser o único torcedor no estádio a torcer pelo seu time. Quantos não vibraram e escreveram: "o futebol respira".

Muitos. E estão certos. Só se esqueceram de mencionar que a respiração é por aparelhos.
Em resumo, no último dia 7 de junho, a história curiosa de um torcedor do Tubarão (apelido do Angra dos Reis) ganhou as redes sociais. O fanático Daniel Oliveira, de 19 anos, viajou mais de sete horas (de Angra dos Reis até o Rio de Janeiro) e, como visitante, foi o único torcedor de seu time no estádio da Rua Bariri, testemunhando uma vitória por 4 a 0 sobre o Ceres, fazendo a festa sobre os outros 275 presentes (todos torcendo, claro, para a equipe mandante).

Ao invés de ficarmos indignados por ter apenas um torcedor adversário (275 do time da casa), numa arquibancada de jogo de várzea, mas que tecnicamente corresponde à terceira divisão do Campeonato Carioca, as pessoas vibravam. Como se fosse esse torcedor o último arauto do verdadeiro futebol.

Esse "sobrevivente" é a prova de que ali se jogava tudo, menos o que desejamos que seja o futebol. Sei que muitos começarão a criticar a postura da coluna, mas calma. Não quero faltar com respeito aos times da terceira divisão do carioca, mas temos que pensar do ponto de vista da Gestão do Esporte se devemos tratar essa divisão como componente do futebol profissional.

Afinal, quantos não reclamam que os estádios estão vazios nos campeonatos principais? Por que é bonito um torcedor, num jogo da terceira divisão, mas é feio 1 mil num jogo da primeira? Ou esses 1 mil também não se esforçaram para ir ao estádio?

Eu até entendo o ódio ao futebol moderno por parte de alguns. Mas, não compreendo quando esses mesmos "alguns" idolatram a final da Champions League e que não param de reclamar que o futebol brasileiro nunca terá uma festa como a de lá.

Verdade! Será difícil. Precisamos, antes, definir o que queremos:

- O futebol nutella ou o futebol raiz?

O problema do futebol brasileiro é que realmente estamos tratando-o como uma grande pelada. Já faz tempo. E está na hora de gerirmos e administrá-lo como um produto importante, grandioso, com todas as suas peculiaridades (e não são poucas).

Não, não estou dizendo que o futebol deve ser feito para um público x ou y, mas que ele deve ser gerenciado com um negócio. E, com isso, permitir ao clube o melhor custo benefício possível. Isso envolve a parte financeira e a parte técnica (time).

Tratemos o futebol como pelada e os torcedores serão tratados sempre como gado. Se queremos ser tratados como consumidores, está na hora de ver o futebol como produto.

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O futebol profissional tem seu preço

Fernando Fleury
Fernando Fleury
Divulgação
Arenas modernas requerem altos custos de manutenção
Arenas modernas requerem altos custos de manutenção

Por Fernando Fleury e Anderson Dias

Recentemente participando da Conferência Nacional do Futebol (Conafut), moderando uma mesa com grandes nomes do mercado (Thiago de Rose, Arena Corinthians; Marcone Barbosa, Cruzeiro EC; e Guilherme Figueiredo, Estádio TV), onde debatemos o perfil do torcedor brasileiro de futebol.

Diversos trabalhos que realizei recentemente, sejam acadêmicos ou consultorias para alguns estádios e times, apontam que preço é um dos fatores tidos como barreiras ao consumo do jogo in loco, ou seja, fatores que influenciam a não ida ao estádio.

Se as análises apontam isso, por outro lado, as críticas ao preço, por parte da imprensa, se juntam ao coro do torcedor. A questão a ser debatida é: será que são justas?

Arenas como o Mineirão contam com ingressos a partir dos R$ 20, do Corinthians a partir de R$ 21, R$ 20 no Estádio Nilton Santos e R$ 30 no Maracanã. Tratam-se de valores próximos e até menores que de um simples cinema.

Não dá para querer um churrasco com picanha, pagando o preço do quilo de acém! Cobramos e exigimos gestão profissional em nossos times, mas parece que não estamos dispostos, como torcedores, a pagar por ela. Porém, gestão profissional é, entre outras coisas: trabalhar para equilibrar oferta e demanda e pagar as contas. Não dá mais para fazer conta de padaria e achar que cobrar metade irá dobrar o público e a receita. Isso é chute, não é gestão!

E como disse Marcone Barbosa: "ninguém faz promoção de chocolate na Páscoa." Então por que pedimos isso para nossos times? Queremos estádios confortáveis e modernos, times recheados de craques, centros de treinamento bem equipados, mas pagar ingressos a R$ 10?

 

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Como Rogério Ceni está cuidando de sua imagem?

Fernando Fleury
Fernando Fleury
ESPN Brasil/UOL
Chamado de M1to, treinador tem se envolvido em temas espinhosos
Chamado de M1to, treinador tem se envolvido em temas espinhosos

Por Fernando Fleury e Anderson Dias

O anúncio da diretoria do São Paulo de que Rogério Ceni seria seu novo treinador, no fim de 2016, causou imensa repercussão. Muitas opiniões favoráveis, outras nem tanto, o fato é que um dos maiores ídolos da história do clube seria o responsável pela equipe.

Após um início de certa forma empolgante, vieram alguns resultados negativos e uma queda na qualidade do futebol apresentado. Alguns problemas de relacionamento (como no episódio do cartão de Jô, do Corinthians, retirado após ato de honestidade de Rodrigo Caio e na famosa prancheta que acertou Cícero) também apareceram, mas a diretoria, a princípio, mantém a confiança em seu técnico.

O ponto, no entanto, passa a ser a imagem de Rogério junto à torcida são-paulina. Como jogador, o ex-goleiro é quase unanimidade, já como técnico, começa a entrar em um cenário perigoso (independentemente dos resultados), podendo até por em risco sua imagem de ídolo incontestável.

Na última segunda-feira (22/5), logo após a vitória por 2 a 0 contra o Avaí no Morumbi, no programa Bem Amigos!, da Sportv, o técnico disparou contra a imprensa e foi, no mínimo, deselegante com o zagueiro Rodrigo Caio e com o técnico da Seleção Brasileira, Tite.

Ao lado de seu zagueiro e ao vivo para todo o País, Rogério Ceni discordou da atitude de Rodrigo no fatídico jogo contra o Corinthians. "Perguntei se ele sabia que Jô estaria suspenso com aquele cartão", disse o treinador. Ora, Rogério, na mesma entrevista você disse que pede para seus jogadores falarem a verdade. Rodrigo Caio não apenas disse, como praticou a verdade em um momento em que muitos não o fariam. E quanto à ética e a verdade, Rogério, não deveria haver meio termo.

E sobre Tite, Rogério disparou. "Eu convocaria o Rodrigo Caio não pelo ato (do famoso cartão no clássico), mas por seu futebol. Daqui a pouco todos que admitirem algo igual deverão ser convocado também". Rogério,vale lembrar, Rodrigo Caio já foi chamado em outras ocasiões pelo mesmo Tite.

Esse tipo de atitude (pouco ou nada repercutido pela diretoria do clube, o que demonstra certa exacerbação no "poder" de Rogério) apenas contribui para comprometer a idolatria de muitos torcedores nutrem pelo ex-goleiro, mas que talvez não nutram pelo técnico.

Cabe ressaltar que Rogério Ceni não é reverenciado por ser mais "esperto" e "malandro". Enquanto atleta, seu comportamento sempre foi exemplar, com dedicação e aplicação ao trabalho, o que acabou por ser recompensado com títulos e um justo reconhecimento da torcida. Resumindo, o ídolo tricolor não precisa destas polêmicas para absolutamente nada.

Enfim, o trabalho de Rogério como técnico pode ter sucesso ou não, até porque sabemos que, no futebol brasileiro, sem os resultados esperados, o restante do trabalho quase nunca é considerado. O grande problema, neste caso, é como o treinador tem tratado sua imagem, principalmente junto a aqueles que o tem como ídolo.

Concedendo longas entrevistas após todos os jogos e uma vez por semana no CT, Rogério está demonstrando mais o que pensa, quais são seus conceitos e não estamos falando apenas de futebol.

O ex-dono da camisa 01 é um influenciador e, neste papel, precisa repensar alguns pontos para, quando sair do clube, não estar menor do que quando encerrou sua carreira de atleta. A imagem de um ídolo não pode ser tratada com desdém, apesar, claro, de tratarmos aqui de cargos absolutamente diferentes. Se Ceni se segurou até aqui por conta de seu "tamanho" junto ao São Paulo, então é impossível simplesmente desvincular a história do ídolo atleta com o treinador iniciante.

E você, fã do esporte, o que tem achado da postura de Rogério Ceni como treinador?

 

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Como Rogério Ceni está cuidando de sua imagem?

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Futebol: manifestação popular e amor. Será?

Fernando Fleury
Fernando Fleury
ESPN Brasil/UOL
Nem sempre ingresso barato (ou até entrada franca) é sinônimo de estádio lotado
Nem sempre ingresso barato (ou até entrada franca) é sinônimo de estádio lotado

Nesta semana foi realizada a Conferência Nacional do Futebol (ConaFut) e tive o prazer de moderar uma mesa onde um dos pontos discutidos foi, conforme escreveu um fã de esporte: "Futebol é uma manifestação popular, futebol é amor. Qual é o intuito de se ter uma enorme arena, com excelente estrutura e grandes jogadores se o valor menor do ingresso é R$ 80, por exemplo, afastando o torcedor mais pobre do estádio? E quando se tem filho(s) essa conta fica ainda maior, mesmo sem contar alimentação".

A pergunta já tráz em si mesmo a resposta, mesmo que o autor não perceba. Assim, responder essa questão é fácil:

O preço do ingresso ser R$ 80 ocorre exatamente para custear arenas com grande estrutura, atletas renomados e tudo mais que os torcedores tanto cobram dos times quando assumem seu papel de consumidor.

Mas vamos seguir com a lógica apresentada pelo torcedor. Futebol por ser popular e "amor" deveria ser mais barato.

Nesse sentido o mesmo raciocínio deveria ser usado para grandes eventos e espetáculos. Música, teatro e cinema, por exemplo, não são manifestações populares? É justo cobrarem R$ 200, R$ 300 ou mais para assistirmos um show de um super artista internacional?

Claro que é justo!

Mas isso não significa que não existam shows populares, peças de teatro mais baratas e assim por diante. E o mesmo se aplica ao futebol.

Fosse o futebol algo tão popular e de tanto amor, por quê jogos de times menores e divisões inferiores, com ingressos baratos e até de graça, estão tão vazios?

Será que esse tal amor e essa manifestação popular ao esporte é verdadeira?

Ou será que só sabemos prestigiar os produtos de "luxo" que o esporte nos entrega?

É a elitização do futebol?

Não se trata de elitização. O ponto é que o produto futebol não pode ser visto apenas pela ótica dos grandes times. Erra a imprensa, e erra feio, quando culpa os clubes pela elitização.

A mídia tem muita, mas muita culpa nesse processo. Ela foi o primeiro meio a elitizar o futebol ao só trabalhar com produtos de luxo.

Por que não ajudar na divulgação e no crescimento de produtos menos nobres, como divisões e campeonatos menos populares como forma de incentivar torcedores a frequentarem esses jogos também?

Simples: por que não dá audiência e, ao não dar audiência, não tráz dinheiro.

No fundo todos querem equilibrar as contas, mas parece que os times de futebol têm a obrigação de entregar seu principal produto de graça, ou a um valor que nem de longe fecha a conta no fim do mês.

 

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A hora certa para demitir um treinador

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Por Fernando Fleury e Anderson Dias

ESPN Brasil/UOL
Eduardo Baptista nunca foi unanimidade no Palmeiras
Eduardo Baptista sempre foi vítima de questionamentos no Palmeiras

De modo geral, quando um técnico de futebol é despedido, as reações são previsíveis. Como a decisão se dá (em 99,8%) dos casos por conta de maus resultados, o quadro vai sempre na seguinte direção: os torcedores concordam (insatisfeitos com as derrotas, desclassificações, rebaixamentos...), a mídia discorda (cobrando planejamento e confiança numa ideia contínua de jogo) e os dirigentes tomam a decisão no centro deste cenário. No entanto, como saber qual a hora certa de mandar um técnica embora?

Não espere desta coluna um julgamento simples baseado no "discordo porque acho ruim" ou vice-versa. A ideia é demonstrar todo o quadro que se pinta até ser revelado, geralmente, ao presidente do clube, que decide. O caso recente de Eduardo Baptista no Palmeiras é extremamente interessante para adentramos neste contexto.

Após ser campeão brasileiro em 2016, o Verdão termina o ano sem seu treinador, Cuca, que alega questões pessoais e pede demissão. No mesmo ano, portanto, ainda antes do início da pré-temporada, o clube anuncia Eduardo Baptista como seu novo comandante. Embora tenham havido alguns questionamentos (por conta do "tamanho" do profissional para um clube como o Palmeiras), era inegável o bom trabalho do filho de Nelsinho à frente da Ponte Preta.

Com uma realidade econômica muito aquém dos grandes clubes, o time campineiro terminou o Campeonato Brasileiro na oitava colocação, à frente de equipes como São Paulo, Grêmio, Cruzeiro, Fluminense e Internacional, todos multicampeões e com orçamentos infinitamente superiores à Macaca. Além da boa campanha, a equipe dirigida por Baptista demonstrava organização, compactação e intensidade.

Eduardo estava credenciado também com um bom trabalho no Sport, onde foi campeão pernambucano e da Copa do Nordeste em 2014, quando sua equipe também chamou atenção por conta do futebol organizado e bem jogado. Portanto, a decisão da diretoria palmeirense em contratar o técnico estava embasada por bons trabalhos recentes.

Ao técnico, foi entregue um elenco que terminou o Brasileirão nove pontos à frente do segundo colocado (Santos) e reforçado. O excelente Gabriel Jesus e o pouco utilizado Roger Carvalho saíram, mas atletas de qualidade como Borja, Michel Bastos, Willian e Guerra chegaram, ampliando as opções e a força do já decantado melhor elenco do Brasil.

A temporada 2017 começa e, embora os resultados sejam satisfatórios, o futebol alviverde não decola. Como é de se esperar, por não ser um nome "grande" no mercado de técnicos, Eduardo ouve as primeiras cornetas quando perde para o rival Corinthians na quinta rodada do Paulistão, por 1 a 0.

Com três derrotas e quase 70% de aproveitamento, o Palmeiras vai às quartas de final e atropela o Novo Horizontino, com 3 a 1 fora de casa e 3 a 0 no Allianz Parque. Enquanto isso, na Libertadores, sofre em um grupo composto por Peñarol, Atlético Tucumán e Jorge Wilstermann. Apesar dos bons resultados (o Palmeiras é o primeiro colocado, com 10 pontos e está classificado à segunda fase), o time sofreu em todas as partidas, ganhando com gols no apagar das luzes e com um futebol pouco convincente.

De volta ao Estadual, o time enfrenta a Ponte Preta e é totalmente anulado na primeira partida das semifinais: 3 a 0 em Campinas, na pior partida do Palmeiras em 2017. A vitória por 1 a 0 na volta foi apenas uma forma de tentar se animar para a Libertadores, sem grandes ameaças aos campineiros.

Ao sofrer dois gols do Peñarol em Montevidéu no primeiro tempo, grande parte da torcida palmeirense já perdeu a paciência. Com alterações e novo espírito, o treinador conseguiu levar a equipe brasileira à virada histórica, com todas as cenas deprimentes que se sucederam. Num misto de alegria, alívio, pressão e insatisfação com todos os acontecimentos no Uruguai, Eduardo se enerva após o jogo e dá uma coletiva que também já entrou para a história. Revoltado, batendo na mesa e protestando contra alguns repórteres (alguns nem presentes ao local), subiu o tom e até agradou grande parte de alviverdes.

Uma semana depois, veio a derrota para o Jorge Wilstermann na Bolívia por 3 a 2, em outra partida fraca e então a decisão da diretoria palmeirense de sacar Eduardo para promover o retorno de Cuca.

Portanto, eis o cenário: Eduardo Baptista é jovem, mas vinha de dois trabalhos recentes com bom futebol e resultados destacáveis. Assumiu um elenco numeroso e qualificado, ponto que se torna uma faca de dois gumes, já que nesse contexto, bons jogadores vão ficar de fora dos 11 titulares em algum momento e podem criar problemas.

A performance do time em campo em 2017, de fato, não agradou (salvas algumas exceções, como o atropelamento por 3 a 0 sobre o São Paulo). No entanto, se o técnico priorizasse um jogo esteticamente mais agradável e ofensivo (automaticamente, com maior exposição), teria respaldo para continuar, já que a justificativa oficial para sua demissão foi justamente desempenho e não os números (que são bons, quase 70% de aproveitamento)?

Tendo Cuca no mercado a demissão se justifica? Ou não teria sido hora de justificar a vinda de Eduardo, dar-lhe mais tempo e solucionar alguns problemas pontuais? Vale lembrar que após ser eliminado na chamada Pré-Libertadores para o então desconhecido (entre os brasileiros) Tolima, o Corinthians decidiu manter Tite e o restante todos já sabem.

Eduardo tinha potencial pra fazer o Verdão atuar melhor e levantar taças? Todas essas perguntas e ponderações servem para tentar ilustrar o tamanho do abacaxi que chegou ao presidente e à diretoria de futebol alviverde, que diga-se, não respaldou seu então treinador em momentos de instabilidade. Se fosse um técnico "tarimbado", como Luxemburgo, a pressão seria a mesma?

A hora certa de demitir, fãs do esporte, é difícil definir.

O ponto que talvez precise de reflexão é: estamos preparados para novos técnicos no futebol brasileiro?

A paciência é nitidamente menor entre torcedores, dirigentes e mídia quando se contrata um profissional fora da "panela", o que dificulta o profissionalismo tão solicitado e necessário.

Voltando ao Palmeiras, a opção por Cuca é um tiro de segurança. E a última pergunta: se os resultados vierem, mas com baixo desempenho, qual será o discurso da diretoria?

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Lição mineira

Fernando Fleury
Fernando Fleury
Reprodução/Twitter
Trazer novos públicos deve ser objetivo da gestão de qualquer espaço esportivo no mundo
Trazer novos públicos deve ser objetivo da gestão de qualquer espaço esportivo no mundo

Por Fernando Fleury e Anderson Dias

Já é de conhecimento público que as arenas construídas para a Copa do Mundo de 2014 se tornaram, em grande parte, um problema. O que muitos especialistas apontaram com antecedência infelizmente se confirmou: temos elefantes brancos em algumas cidades brasileiras. Pior, esses espaços são, majoritariamente, mantidos com dinheiro público, um total absurdo quando se pensa no momento financeiro vivido pelo País. Ainda assim, parece que temos um bom caminho sendo trilhado nesse setor: o Mineirão.

O tradicional estádio de Belo Horizonte passou por uma modernização visando o Mundial e teve um dos menores custos entre as 12 arenas: R$ 695 milhões (embora, como todos, tenha concluído as obras acima do valor planejado inicialmente, que neste caso era de R$ 400 milhões). Após litígios judiciais e problemas principalmente com Atlético Mineiro e Cruzeiro, a arena mineira começa a apresentar bons números e melhor compreensão do conceito multiuso, ainda mais quando comparado à maioria dos estádios brasileiros.

Sobre público total, em 2016, o Mineirão recebeu 1.067.150 pessoas, contra 1.037.086 da Arena Corinthians. Todos os outros ficaram abaixo de 1 milhão. Foram 54 partidas realizadas na arena de BH, o que, na média, significa mais de um jogo por semana. O estádio tem recebido diversos eventos culturais, gastronômicos, de entretenimento, além de utilizar sua esplanada de forma aberta, inclusiva e convidativa para a cidade. São mais de 80 mil metros² disponíveis diariamente das 7 às 22 horas. O espaço já se tornou ponto de encontro para praticantes de skate, bike, corridas e caminhadas.

A administração também tem tratado com atenção total o chamado match-day (dia do jogo), com diversas ações além da partida. No duelo da volta entre Cruzeiro e São Paulo pela Copa do Brasil (19 de abril) foi inaugurado um espaço para que torcedores levassem seus cães ao Mineirão, com capacidade para até 60 cachorros. Além de ter garantido retorno financeiro e sucesso de público, a ação gerou notícia até mesmo no jornal El País, da Espanha.

O Mineirão tem sido exemplo também na geração de conteúdo em seu site e redes sociais, com material exclusivo e de boa qualidade.

Enfim, o próprio espaço mineiro e todas as arenas brasileiras têm desafios e problemas, porém, o antigo estádio Governador Magalhães Pinto (nome oficial do Mineirão) demonstra um bom caminho: atração de cada vez mais jogos, foco no match-day muito além das partidas, interação com a cidade e região, além de eventos e empreendimentos dos mais variados setores.

É provável que o balanço de 2016 a ser publicado pela Minas Arena também confirme o bom exemplo vindo de Belo Horizonte. Enquanto isso, todos esperam soluções para arenas como as de Manaus, Brasília, Cuiabá e até mesmo para o Maracanã. A gestão de arenas (campo de atuação ainda novo no Brasil), quando bem feita, gera empregos, renda e transforma a realidade local.

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Sem meio-termo

Fernando Fleury
Fernando Fleury
Gazeta Press
Rodrigo Caio teve uma atitude correta no clássico contra o Corinthians
Rodrigo Caio teve uma atitude correta no clássico contra o Corinthians

Eu realmente não ia escrever sobre o assunto, mas diante do que vi, li e ouvi, não consegui. Me surpreende a repercussão da atitude do Rodrigo Caio. Me surpreende por tantas pessoas demonstrarem surpresa com uma atitude correta. Me parece que a sociedade em que vivemos está com seus valores muito invertidos.

Me surpreende ver jornalistas criticando a atitude do atleta e usando como argumento que ele será perseguido pela torcida. Ora, que torcida? A dita organizada que publica nota de repudio?! Ah, dessa não esperamos nada. O que esperar de alguém que usa a imagem do clube e não paga royalties, que mancha a imagem da instituição, que acha legal o enfrentamento com adversários? Estranho seria se esses aplaudissem!

Mas me surpreende, repito, jornalista que prega ética e moral, dizer que ali, no campo, estão rivais, como se fossem inimigos jurados de morte. Não são!

Quando falamos de ética, moral, e honestidade não se pode ter meio-termo. Não dá para ter dois pesos. Ou se tem ou não tem. Não da para parabenizar uma atitude como a de Rodrigo Caio e em seguida dizer que vale tudo para ganhar.

Não, não vale!

Vivemos um momento de profunda crise ética e moral em nossa sociedade. Ensinar valores para as crianças hoje não tem sido fácil. Assim, atitudes como a do Rodrigo Caio deveriam ser aplaudidas de pé!

Alguns vão dizer: mas se fosse o contrário, os adversários poderiam agir diferente.
Pode ser, mas não se deve agir conforme as pessoas agiriam. Nós tomamos atitudes conforme esperamos que as pessoas ajam conosco!

No mais, talvez esse lance sirva para mostrar o por que de nossa sociedade viver dilemas morais tão contundentes hoje em dia!

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Desculpem o transtorno, precisamos falar sobre patrocínios esportivos

Fernando Fleury
Fernando Fleury
Esporte Interativo
Que tal essa camisa do Guarani?
Que tal essa camisa do Guarani?

Por Fernando Fleury e Anderson Dias

A discussão sobre patrocínios esportivos no Brasil, principalmente no futebol, costuma ter uma visão míope, inclusive na mídia especializada. É absolutamente ultrapassado tratar um parceiro simplesmente como um mero expositor. E justiça seja feita, muitas vezes as próprias empresas se contentam com o papel de utilizar a camisa de um clube como espaço de exposição e só.

A relação entre patrocinador e patrocinado deixou de se resumir ao ponto exclusivo da mera exposição no mundo desenvolvido a algumas décadas. Não é coincidência que grandes empresas (exceção feita à Crefisa no Palmeiras, declaradamente um parceiro emocional) não mais estejam estampadas nas camisas dos grandes clubes do País. Um investimento de R$ 20 a R$ 30 milhões anuais, para uma grande corporação, não significa nenhum valor absurdo. Ainda assim, elas perceberam que despejar esse dinheiro num clube de futebol para simplesmente expor suas marcas é um mau negócio.

Recentemente, alguns acontecimentos relacionados a este tema vieram à tona. Uma suposta saia justa no São Paulo por conta da recusa do técnico Rogério Ceni em utilizar a camisa da comissão técnica com a logomarca da Corr Plastik (acordo anterior à vinda do ex-goleiro ao posto de treinador, o que acabou levando o patrocínio ao espaço mais nobre da camisa como forma, talvez, de "compensação") e também uma entrevista do proprietário da Crefisa, José Roberto Lamacchia, concedida ao competente Mauro Cezar Pereira, onde o empresário afirma ter consciência que seus quase R$ 100 milhões anuais em patrocínio estão acima do valor de mercado. Sua justificativa é de que muitas pessoas passaram a conhecer a Crefisa após o patrocínio ao clube alviverde. E só.

É preciso pensar além da pura e simples exposição ou reconhecimento de uma marca junto ao público. O pensamento deve ser levado à exclusividade, a algo que só aquele time em específico pode oferecer, casando aí com a imagem da empresa. Isso sem falar, evidentemente, do valor envolvido nesta parceria.

O Manchester United, da Inglaterra, pôs no bolso só no primeiro semestre de 2016 mais de R$ 253 milhões em acordos comerciais e patrocínios. O time que mais recebe da Caixa Econômica Federal (disparado o maior patrocinador do futebol no Brasil, e vale lembrar, estatal) é o Corinthians, com R$ 30 milhões anuais. Não há argumentação sobre diferentes realidades econômicas, sociais, culturais ou até mesmo sobre a qualidade de jogo que expliquem essa diferença astronômica. O pulo do gato está na relação absolutamente profissional e voltada a resultados concretos, lucros, ou seja, no comprometimento do clube em entregar algo além do que era esperado pela patrocinadora.

Em diversos casos, a marca sequer aparece nos uniformes dos clubes europeus. São parcerias comerciais das mais diversas, como "transportadora oficial, lanchonete oficial, supermercado, telecomunicações", enfim, os principais clubes do mundo contam com uma inteligente setorização de suas marcas parceiras, isso sem contar com ações grandiosas de ativação, de redes sociais e tantas outras. 

O patrocinador passou a calcular o quanto ele realmente ganhou ao colocar seu dinheiro em um clube de futebol. E a julgar pelo que vemos no Brasil, essa conta não fecha. Passou da hora de os clubes trabalharem como marcas, que, por sua vez, se bem administradas, vão naturalmente atrair outras marcas de qualidade como parceiras. Dá trabalho, estamos atrasados em relação à grande parte do mundo, mas é preciso começar.

Fonte: Fernando Fleury e Anderson Dias

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Desculpem o transtorno, precisamos falar sobre patrocínios esportivos

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Para que time você torce?

Fernando Fleury
Fernando Fleury
Nortão Notícias/Reprodução
Temos a mesma
Temos a mesma "implicância" com a equipe de coração de atletas tanto quanto julgamos dirigentes e jornalistas? 

É comum em mesas de bar a velha discussão a respeito do time que cada jornalista torce. Mais comum ainda é a boa desculpa de citar algum time de uma cidade remota. Sempre me pareceu que os jornalistas, em geral, não gostam muito de dizer seu time e até acham que tal informação é irrelevante em sua atividade profissional.

Confesso que concordo com eles. Cada um torce para quem quer.

Vivemos um período em que muitos torcedores pedem a profissionalização da gestão de seus times. Mas será que estamos preparados para isso?

Recentemente li um texto em que um jornalista (realmente não me lembro quem) indagava o porque de um torcedor do flamengo querer ser CEO num time paulista. Se fosse conversa de mesa de bar eu até entenderia, mas me surpreende quando vejo algum jornalista escrevendo que fulano de tal, que torce para o time X, quer trabalhar no time Y.

O futebol brasileiro e sul-americano ainda sofre de um mal difícil de ser justificado: o de julgar, sempre negativamente, quem torce para um time rival. Principalmente quando se tratam de dirigentes e funcionários para o clube pelo qual se torce. Chovem na internet comentários maliciosos sobre funcionários que torcem para outras agremiações.

Seu time perdeu? Hora perfeita para lembrar do cara do marketing que torce pelo outro, do diretor que em 1983 foi visto com uma camisa daquela cor "proibida" ou para maldizer qualquer envolvimento com determinados clubes. Tudo muitas vezes para acobertar uma atuação ruim, um dia em que atletas e comissão técnica foram superados pelo adversário.

Em um universo que movimenta bilhões de dólares, é de se espantar que o simples fato de vestir uma camisa diferente inviabilize a contratação e permanência de profissionais, muitas vezes, brilhantes. E aqui abro parênteses para contar uma história. Anos atrás levei um grupo de estudantes de mestrado para uma temporada de estudos nos EUA. Entre as diversas atividades realizamos uma visita técnica ao Red Sox, tradicional time de baseball.

Fomos recebidos pelo Vice Presidente de Marketing e pudemos trocar excelentes ideias a respeito da estrutura que o time possui para que o marketing possa exercer suas atividades. No meio da conversa perguntei como ele via o fato de torcedores de outros times trabalharem no Red Sox. Expliquei que isso era algo que mexia bastante com o torcedor no Brasil.

A resposta dele foi me apresentar um de seus gerentes. Pasmem: torcedor fanático do Yankes, maior rival do Red Sox.

Sempre peço para meus alunos pensarem no seguinte: você recusaria um emprego num time rival ao seu? E caso aceitasse você cometeria um erro proposital para ajudar seu time de coração e se prejudicar profissionalmente?

A profissionalização é uma necessidade urgente do esporte nacional. Portanto, se há uma vaga a ser preenchida, que seja pelo melhor nome para aquela função. Quero ver grandes CEOs de multinacionais sendo contratados para gerenciar nossos times. Quero os grandes nomes do mercado a frente dos departamentos de marketing, finanças e outros.

Em alguns casos, não torcer para a equipe onde se atua profissionalmente pode ser positivo. Imaginemos um diretor financeiro, por exemplo. Seu clube apresenta graves problemas financeiros, enquanto o time precisa desesperadamente contratar um atleta para determinada deficiência do elenco. O torcedor, nesse caso, priorizaria a vinda do jogador, enquanto o profissional, com olhar técnico, vai cuidar da saúde financeira do clube, ou pelo menos, recomendar tal opção a quem vai decidir (geralmente, o presidente).

Desde que o profissional em questão não permita que a paixão impacte em seu trabalho, qual é o problema? Ainda há quem acredite que uma pessoa devidamente selecionada e contratada vai trabalhar para ver sua empresa (no caso, clube) se dar mal? E a credibilidade junto ao mercado? E o salário recebido, como justificar?

Lamentável também é perceber que não só torcedores, mas também uma parte da mídia esportiva cai nesse lugar comum. A mesma mídia que cobra profissionalismo de dirigentes e clubes e, em sua esmagadora maioria, é composta por torcedores apaixonados que se julgam imparciais para opinar e informar sobre qualquer agremiação.

Como em toda instituição séria, trabalhadores devem ser contratados de acordo com sua competência, experiência e sucesso comprovado. Assim como acontece com os jogadores. Ou achamos que todos os atletas do seu clube são torcedores como nós?

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O marasmo das arenas (e estádios) brasileiros precisa ser discutido

Fernando Fleury
Fernando Fleury
Arena Corinthians
Esquenta da Fiel, realizado no sábado (4/3) demonstra boa iniciativa do Corinthians para movimentar sua arena
Esquenta da Fiel, realizado no sábado (4/3) demonstra boa iniciativa do Corinthians para movimentar sua arena 

A CBF anunciou recentemente que já a partir deste ano os clubes da série A do Campeonato Brasileiro não poderão mandar jogos fora de seus estados de origem. Com isso, Arena da Amazônia, em Manaus; Arena das Dunas, em Natal; Arena Pantanal, em Cuiabá; e Mané Garrincha, em Brasília, por meio de seus gestores, já demonstram preocupação e prometem protestos, pois os clubes locais não têm condições de pagar aluguel para atuar nesses estádios, tampouco alcançam uma média de público aceitável para que a conta comece a fechar minimamente.

A decisão da CBF é ruim para estas arenas, que ganham algum dinheiro recebendo partidas de clubes grandes de São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente. No entanto, o problema é muito mais amplo, complexo e de difícil solução. Se todas estas arenas dependem tão sensivelmente do mando esporádico de partidas de equipes distantes, o sinal vermelho já foi aceso há muito tempo.

Uma arena (ou estádio, como queiram) deve ser administrada como um empreendimento muito além de um mero campo com arquibancadas para receber jogos de futebol. Espaço para shows e eventos em geral, lojas, restaurantes, escolas, bares, museu, salão de festas, anfiteatro, camarotes, espaços vip, enfim, há uma infinidade de atividades que devem compor o dia a dia de um espaço como esses para que exista um mínimo equilíbrio financeiro.

Olhando para o exterior, a Amsterdam Arena, na Holanda, talvez seja o maior referencial nesta área. O local recebe eventos e atividades nos 365 dias do ano. Com custo de construção de aproximadamente R$ 300 milhões (inaugurada em 1996), o local tem atualmente lucros (não faturamento) superiores a R$ 80 milhões por ano, sendo que apenas 26% de sua receita vem de bilheteria, tour e museu, enquanto mais de 60% da renda da Amsterdam Arena vem de aluguéis (lojas, camarotes, escolas e mais uma infinidade de estabelecimentos, além de eventos, 58% sem nenhuma relação com o futebol).

O que os holandeses conseguiram nos mostra um caminho, mas não uma receita pronta. Um estádio tem altos custos de manutenção, portanto, antes de sua construção, é fundamental verificar a viabilidade financeira do empreendimento, como integrá-lo à região onde será construído, qual a vocação econômica, cultural, costumes e como esta arena pode ser um espaço comercial e de entretenimento absolutamente integrado ao local onde está instalada.

Neste quesito, os Estados Unidos também caminham muito bem, até porque os norte-americanos têm enraizada a cultura de aproveitar as arenas muito além de um palco esportivo, mas como um ponto que recebe desde o churrasco no estacionamento até a compra desenfreada de cerveja, lanches, pôsteres, materiais esportivos e produtos dos mais variados, além de eventos antes, durante e após o jogo em si.

Portanto, antes de qualquer justificativa simplória, é preciso admitir que o Brasil tem sérios problemas, principalmente nas arenas de Manaus, Cuiabá, Brasília e Natal. Isso sem citar o imbróglio do abandonado Maracanã e a dívida estratosférica da Arena Corinthians. Meia dúzia de jogos do Campeonato Brasileiro estão longe de ser a solução.

O Corinthians realizou no último sábado (4/3) o "Esquenta da Fiel", com food trucks, cerveja, bandeirões, enfim, uma série de atrações além do jogo (início às 13 horas, com bola rolando só às 18h30) antes do clássico contra o Santos, ação que merece aplausos para a administração da Arena Corinthians e ao clube.

É preciso avançar, estudar, planejar e fazer com que esses espaços pertençam às suas regiões muito além do futebol.

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Imagem é tudo. Ou deveria ser...

Fernando Fleury
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SPFC
A exposição de produtos e ativações em geral precisam ser pensadas com muito cuidado
A exposição de produtos e ativações em geral precisam ser pensadas com muito cuidado

Já estava para escrever esta coluna há algumas semanas. Um debate que vem acontecendo em sala de aula e que, na apresentação de Rogério Ceni e, recentemente numa coletiva do peruano Cueva, se tornou evidente: a imagem dos patrocinadores.

É verdade que os times de futebol, em geral, encontram-se numa pindaíba danada. Na maioria dos casos, por pura incompetência dos gestores, ou melhor, da falta de gestores E, por mais que nos últimos anos as receitas tenham subido, poucos souberam equalizar e aproveitar esse momento. Exceção talvez feita ao Flamengo que, a partir de agora, tem tudo para colher ótimos resultados. O Palmeiras também tem demonstrado progressos interessantes.

Evidente que o viés político das gestões amadoras dos times de futebol, que são entidades associativas e, em sua maioria, sem fins lucrativos, prejudica. Poucos são os times que possuem em seus quadros profissionais gabaritados do mercado exercendo um papel importante.

Nesse modelo de ver o esporte como entretenimento, o marketing vem ganhando força. Para o bem ou para o mal. Mas os gestores estão se esquecendo de um passo importante que deve ser dado antes: Governança. Não apenas dentro dos times, mas também a chamada Governança Corporativa.

Este modelo permite que os times sejam autônomos nas decisões que lhes são individuais. Por outro lado, quando analisamos a produção do campeonato, por exemplo, os clubes, como proprietários da competição, passam a pensar no todo, visando ganhos oriundos de um campeonato mais vantajoso para todos.

Neste cenário do esporte como entretenimento, onde o marketing predomina, os clubes parecem estar se esquecendo de algo fundamental: o torcedor. Enxergar o torcedor como consumidor obriga os times a alterar a postura com relação aos fãs. Estes, por mais apaixonados que sejam, naturalmente se tornam mais exigentes. Em tudo!

Essa relação entre a exigência do torcedor e a necessidade financeira do clube se torna um dos pontos mais complicados de se encontrar equilíbrio. Mundo afora percebemos como o esporte não vive sem patrocínio. E, que fique claro, não se trata de demoniza-lo. Pelo contrário. Trate-se de tratar o patrocinador como ele merece.

Assim, as decisões a respeito destes parceiros não podem ser tomadas apenas do ponto de vista financeiro, e sim, analisando o impacto nos torcedores, na percepção do mercado e como isso afetará a própria imagem do time patrocinado.

Não à toa, a pergunta que mais me tem sido feita é a respeito das marcas que estão patrocinando o São Paulo. Marcas como Guaraná Poty e Urbano têm muito a ganhar ao atrelarem suas marcas ao clube do Morumbi, porém, além do dinheiro, (necessário) o que ganha o clube?

O Arroz Urbano é novo no futebol. E isso é excelente. O futebol brasileiro precisa de novos patrocinadores. Já as Bebidas Poty vêm atuando, com foco no interior paulista, patrocinando diversos times como Mirassol, Botafogo-SP, Rio Claro e Noroeste. No site da Urbano e da Poty não existe, até o momento, nenhuma demonstração deste patrocínio. No caso da Poty causa estranheza o fato de, na área destinada a mostrar os investimentos nos times de futebol, constem 11 times do interior paulista, mas não o time da capital (serve de alerta para eles alterarem). O site do São Paulo, por sua vez, expõe a logomarca dos dois patrocinadores.

Ambas empresas vêm buscando aumentar sua participação de mercado na cidade de São Paulo e no próprio Estado. Além da exposição, as duas marcas buscam atrelar a imagem vitoriosa do time às suas, mostrando para os consumidores que não são, nos dois casos, quaisquer marcas. Isso é o que chamamos transferência de imagem. E elas estão perfeitas em suas estratégias.

Porém, essa transferência é uma via de mão dupla. Se o São Paulo transfere sua imagem para Urbano e Poty é natural esperar que ambas também transfiram suas imagens para o Tricolor. E é aqui que mora o perigo de se analisar um patrocínio apenas pelo valor financeiro. Quanto ganha ou perde o time ao ter sua imagem amarrada com essas duas marcas?

O São Paulo tem dois patrimônios que devem ser muito bem cuidados: sua marca como time de futebol e sua torcida. Quando marcas "quase" desconhecidas investem no time com intenção de se beneficiar destes dois patrimônios, além, claro, da exposição gerada, corre-se o risco de uma repercussão negativa caso a parceria não seja muito bem gerenciada.

Explico: O que é mais atrativo para o torcedor são paulino e o que valoriza mais a marca do time: ser patrocinado por uma AMBEV, Coca-Cola ou Poty? O mesmo pensamento vale para a Urbano. Patrocinadores de peso ajudam a transferir valor para seus patrocinados. Por isso o cuidado em aceitar "qualquer" patrocínio.

Então isso significa que marcas desconhecidas ou de menor expressão não deveriam ser aceitas pelos times?

Não. Os clubes devem ter uma estratégia clara de posicionamento de sua marca para que com isso em mente possam definir quais marcas agregam valor a sua. E, principalmente, como será feito o processo de ativação do patrocínio.

E é aqui que mora o grande problema do futebol brasileiro. Apesar de os times acreditarem ser grandes marcas, não são.
E não são pelo simples fato de não serem gerenciados como tal. Não existe uma estratégia de identidade de marca, um trabalho de Brand Equity (valor adicional atribuído às marcas) e, por consequência, uma definição de posicionamento.

Por isso os uniformes, que deveriam ser extremamente valorizados pelos times, pois são a essência de seu produto principal (o futebol), hoje parecem verdadeiras fantasias de escola de samba. Perdem o pouco que tinham de identidade e se desvalorizam ao canibalizar o espaço, que deveria ser nobre. Prejudicando não somente sua "marca", mas a marca do patrocinador que, por consequência do modelo perde aquilo que mais busca no uniforme: visibilidade.

O preço médio do patrocínio máster no Brasil é baixo. Em outras palavras, o valor pedido pelos clubes é barato se comparado a outras fontes onde esse valor poderia ser investido pelo marketing do patrocinador. E mesmo assim os times estão com dificuldades de conseguir fechar patrocínios que tragam retorno além da grana.

O motivo é simples: os times brasileiros estão perdendo valor.

E na situação em que o mercado se encontra, a entrada de marcas novas como Poty e Urbano deve ser muito comemorada e o marketing dos patrocinados deve tratar com muito mais respeito e cuidado estes novos investidores. O resultado tem de ser excelente. Não só para que estes fiquem, mas para que atraiam outros.

 

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Imagem é tudo. Ou deveria ser...

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As correntes revolucionárias e a contra-revolução

Fernando Fleury
Fernando Fleury

Em pleno 2017 nossos times continuam sofrendo com a falta de gestão e profissionalização daquele que é nosso maior esporte: o Futebol.

Inegável a importância dos direitos de TV nas finanças dos clubes. Seja no Brasil ou no exterior, nas mais variadas ligas europeias ou nas idolatradas ligas americanas, o dinheiro oriundo desses direitos é fundamental.

Porém, o modelo de transmissão passa por uma grande transformação. Nós temos a oportunidade de presenciar essas mudanças. Se antigamente a questão era qual melhor dia e horário passar os jogos, tendo em vista a audiência da TV aberta, hoje, a grande questão paira sobre as melhores plataformas para transmitirmos.

É boa a sensação de estar de frente a um momento marcante, histórico e de possível transformação. O que se viu no último domingo (19/3), - quando Atlético Paranaense e Coritiba se recusaram a jogar pelo Campeonato Paranaense - pode representar uma faísca fundamental para o futebol brasileiro.

Se os dois clubes não chegaram a um acordo com a TV Globo para que suas partidas fossem transmitidas no torneio estadual, a transmissão via YouTube (streaming) poderia ter representado uma experiência fantástica até em termos de teste, de verificação do potencial de uma ferramenta como essas no futebol brasileiro.

O streaming, já presente na NFL, NBA, MLB e muitas outras, esta aí. Não é mais uma questão de será que vai funcionar. É uma questão de quando vai rolar. Com o cenário positivo para inovação, eis que surge então uma figura que, convenientemente, não é grande incentivadora de novidades: a federação estadual, no caso, a Federação Paranaense de Futebol. "Dona" do campeonato, a instituição fez o que pôde para tumultuar a partida e evitar que a transmissão fosse realizada via streaming.

É preciso, claro, levar em conta o erro cometido pelas duas equipes. Houve o credenciamento de uma produtora que faria a transmissão do clássico e, no domingo, outros profissionais apareceram para cobrir o duelo. Foi o pretexto perfeito para que a Federação então proibisse tais pessoas de adentrar a Arena da Baixada. Como não houve, claro, a menor boa vontade em resolver o problema, Atlético e Coritiba então tomaram a decisão histórica de não jogar, atitude apoiada e comemorada pelos torcedores nas arquibancadas.

O desenrolar dos próximos capítulos será interessante. Muita coisa em jogo. De um lado a questão do jogo em si. Torcedores irão processar a federação? O jogo será remarcado? Entre outras. Mas do outro lado as questões que, para mim, são as mais importantes: Será transmitido pelo YouTube? Qual será a postura da TV Globo daqui para frente? Há muitos entraves curiosos causados pela decisão dos rivais curitibanos.

O grito que pode ser ouvido nessas circunstâncias, de novo, é para que os clubes finalmente se imponham e tomem conta das competições em que são os protagonistas. O Campeonato Paranaense é esfacelado sem Coxa e Furacão, o Carioca da mesma forma sem Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, o Paulista se esvai sem Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, e assim sucessivamente.

Os clubes têm poder e influência para organizar competições muito mais atrativas, rentáveis e que de fato valorizem o futebol brasileiro, desde que consigam se organizar dentro de um processo correto de Governança. Mas é necessário romper com os modelos tradicionais e encontrar fórmulas que sejam compatíveis com o público brasileiro.

Não adianta buscar culpados pelo fracasso da ação. Demonizar emissoras, clubes ou federações não leva a lugar nenhum. O momento pede que, aqueles que têm muito a ganhar com a melhora do futebol, se unam e criem o novo.

Mas é preciso ter uma certeza: o streaming veio para ficar e, para times que não são tão atrativos para as grandes emissoras, pode ser uma saída fantástica.

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Todos em campo pela Chape

Fernando Fleury
Fernando Fleury
#todosemcampopelachape
#todosemcampopelachape
#todosemcampopelachape

O acidente aéreo que vitimou 71 pessoas na última segunda-feira chocou todos nós. Mas nada se compara ao choque sofrido pelas famílias das vítimas. Um choque enorme, cujo efeito será sentido para sempre.

Nossa consternação e luto não podem nos deixar inertes. Os eternos campeões perderam suas vidas em busca do sonho, da emoção, da missão de emocionar. Eles merecem todas as nossas homenagens e suas famílias todo o nosso apoio.

Nós somos os torcedores apaixonados, os torcedores ocasionais, os profissionais do esporte, da imprensa, os clubes, os palcos, as arenas, os gritos, os gols, os aplausos e o choro. Todos nós somos o futebol, muito mais que um jogo.

O luto deve ser respeitado, mas há muitas maneiras de respeitar aqueles que se foram. E, para nós, a melhor forma de mostrar respeito e homenageá-los é estar em campo.

Mas não é só estar em campo. É fazer dessa rodada uma rodada histórica!!!

Estádios cheios. Todas as torcidas juntas, sem divisões, barreiras, muros, grades. Poucos jogos valem algo. Claro que os que valem devem ter seu foco nisso, mas os demais poderiam simplesmente destacar uma mensagem que todos nós, que amamos o futebol, podemos passar ao mundo:

#todosemcampopelachape

Que a última rodada desse campeonato seja um momento único e inesquecível de homenagem, apoio, respeito e solidariedade.

Que essa rodada veja, pela primeira vez, todos os nossos estádios 100% ocupados.

Propomos aos clubes e organizadores do campeonato que juntos abracemos essa campanha.

#todosemcampopelachape envolve:

1. Toda renda de todos os jogos revertidos para famílias das vítimas via chape ou fundo social criado para isso;

2. Preço único para todos os ingressos: R$ 71,00; (R$1,00 para cada família);

3. Sinal aberto para todos os canais de TV, radio, etc, para que o maior número de jornalistas que quiser possa participar e homenagear seus companheiros também.

4. Governos locais isentem as referidas doações de impostos, possibilitando o repasse integral de valores às famílias.

5. Criação uma linha 0800 para doação de R$ 74,00 por pessoas que não querem, ou não possam ir aos jogos.

6. Todos os times em campo vestindo as cores da Chape; e que aqueles que desejarem e puderem, joguem por essas cores nesse dia.

Nas piores situações, a humanidade revela o seu melhor.
Vamos todos mostrar nosso melhor lado nesse dia e aplaudir, mais uma vez, os eternos campeões.

#todosemcampopelachape

Fonte: Fernando A Fleury, blogueiro do ESPN.com.br

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