Auditor quer Schmitt investigado por 'falta de independência' e mordomias
O auditor do STJD Washington Rodrigues pediu à corregedoria do Tribunal abertura de processo disciplinar contra o procurador, Paulo Schmitt, por uso indevido do cargo, falta de independência, parcialidade, e obtenção de vantagens pessoais. No pedido, Rodrigues diz que caso a averiguação não seja levada adiante, ele renunciará ao cargo que ocupa na 1ª Câmara Disciplinar. Ele se defende das acusações de ser tendencioso aos atletas, dizendo que sua indicação é "pública e notória".
Rodrigues é o auditor que foi alvo de conversas entre Schmitt, Marco Polo Del Nero (ex-presidente da CBF) e Carlos Eugênio Lopes (diretor-jurídico da CBF) por não ter condenado o Atlético-MG após protesto de torcedores do clube contra a CBF, em 2012. Nos emails, os três lamentavam a absolvição e sob a iniciativa do procurador traçavam estratégias para condenar o clube no Pleno, a segunda instância do Tribunal, o que acabou ocorrendo.
"Vamos ver uma forma de anular pq ele faz mal ao esporte, a meu ver...", disse o procurador após mostrar-se indignado pela absolvição do clube.
No pedido de providências, Rodrigues diz que:
"os interesses do Procurador Geral desta casa, encontram-se alinhados com a CBF".
Ele afirma que Schmitt utiliza seu cargo para recebimento de passagens e jantares pagos pela CBF e pela Confederação Brasileira de Basquete, e cita reportagens do jornalista Lúcio de Castro, no portal UOL, que podem ser lidas aqui e também neste link.
"Decepção, por contatar que o Procurador Geral envolto em acusações de cambismo durante a Copa do Mundo de 2014, conforme gravações obtidas pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, bem como, de utilização indevida do seu cargo para recebimento de passagens e jantares pela Confederação Brasileira de Futebol e Basquete, ganhando milhões, é a pessoa que pode iniciar um processo contra mim, ou contra qualquer outro membro dessa casa, quando entender que algum preceito ético ou moral desportivo seja violado"
As gravações às quais se refere o auditor foram publicadas pela ESPN em junho do ano passado. A reportagem mostrou como membros do Tribunal, em especial o procurador, foram beneficiados com ingressos durante a Copa.
Penas aos atletas são decididas sob "conforto do ar-condicionado"
Nesta quarta-feira, em resposta à matéria exclusiva que revelou as mensagens entre ele e a cúpula da CBF, Schmitt afirmou que não defende interesses da CBF e acusou o auditor de tender a defender os atletas nos julgamentos, lembrando que Rodrigues está no Tribunal por indicação do Sindicato dos Atletas.
Nos emails aos quais a reportagem teve acesso, Carlos Eugênio Lopes, diretor-jurídico da CBF, chama o auditor de "fazedor de média".
O tema também é abordado no pedido de providências:
"NUNCA tive a intenção de proteção paternalista e indevida aos atletas, apenas e tão somente, sempre tive a intenção de trazer a visão do atleta ao lance em julgamento, na qual, as penalizações deveriam ser sopesadas no apenamento, tendo em vista que a mais das vezes, julgávamos no conforto do ar- condicionado, enquanto os atletas tinham suas condutas avaliadas após um lance com 40 graus de temperatura sob sua cabeça, e, ainda sob vaias e críticas da torcida adversária, ou de seu próprio clube".
Rodrigues disse que sua indicação é pública e que ele não esconde essa ligação.
Os emails retratados na reportagem foram apreendidos em computador do ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero, em operação da Polícia Federal que investigava quadrilha de espionagem e crimes financeiros. Por decisão da Justiça Federal, atendendo a pedido da CPI do Futebol, o conteúdo apreendido foi enviado à Brasília. Del Nero não foi processado nesta operação.
Nesta quarta-feira, a CPI disse que vai convidar membros do STJD para prestar esclarecimentos sobre a relação do Tribunal com a CBF. Advogados de Marco Polo Del Nero ingressaram com pedido no STF para impedir a divulgação do conteúdo apreendido na casa do ex-dirigente.
A reportagem enviou pedido de resposta à CBF. "Ainda não recebemos o documento, vi apenas as solicitações da imprensa, mas até agora o documento ainda não foi entregue. Vamos aguardar", escreveu a entidade ao ESPN.com.br.
O STJD também foi procurado e disse que vai se manifestar.
Fonte: Gabriela Moreira, blogueira do ESPN.com.br
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