Não precisava disso, Pep!
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Pep Guardiola é, dentre os técnicos em atividade no planeta, o maior deles. E isso não significa que Jurgen Klopp não possa ter tido, nesta e na passada, temporadas superiores às de Guardiola, um veredito difícil e subjetivo, que variará de acordo com os critérios que se escolhe para determinar “o melhor” de um determinado ano.
Acontece que, somados o passado e o presente, embora tenhamos nomes de técnicos em atividade muito respeitados como o próprio Klopp ou o italiano Carlo Ancelotti, se todos parassem hoje, ninguém deixaria legado de um trabalho tão autoral e tão pretensamente copiado como Pep Guardiola – para não mencionar sua absurda quantidade de títulos.
Guardiola é o cara cujos detratores tentaram minimizar, por uma eliminação nos detalhes na Champions League passada, na mesma temporada em que ele venceu os três (todos, portanto!) títulos disputados no poderoso futebol inglês contra adversários como Liverpool, Manchester United, Chelsea, Arsenal e Tottenham.
Um personagem desse tamanho e com importante histórico de trabalho em prol do futebol, portanto, não tinha necessidade de sair em defesa de seu clube atual, o Manchester City, após a controversa decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS) de reverter a decisão da Uefa, que optara pela punição do clube com suspensão por duas temporadas nas competições europeias.
Porque foi quase unânime: entre dirigentes, técnicos e jornalistas, a reação geral, após a reversão da decisão, causou evidente e pesada desmoralização do Fair-Play Financeiro da Uefa.
Jurgen Klopp classificou o dia da decisão como “ruim para o futebol”; Mourinho falou que “a porta do circo está aberta” e classificou o FPF como “morto”. Na Espanha, o presidente da Liga colocou em dúvida a capacidade da CAS para julgar esse tipo de recurso. Jornalistas em quase todos os principais diários esportivos do mundo criticaram a decisão, como fez Stefano Barigelli, da Gazzetta dello Sport, ao reconhecer méritos do FPF, mas afirmar que clubes como PSG e City puderam comprar jogadores por cifras absurdas graças apenas a “patrocínios amigos”.
Até mesmo as raras manifestações de compreensão em relação à absolvição do Manchester City se deram por razões técnicas, processuais e jurídicas, como uso de provas obtidas irregularmente ou tempo de denúncia expirado, mas nunca por motivos éticos e morais. E o fato de o City ter sido obrigado a pagar uma multa por "não ter colaborado com as investigações" ainda deixou a dúvida: por que alguém se recusa a ajudar nas investigações de acusações das quais não é culpado?
Diante desse cenário, Pep Guardiola, que quase sempre presta um serviço ao futebol quando resolve falar sobre o esporte, seja no aspecto do campo ou dos bastidores, poderia ter evitado a entrevista em que exigiu “desculpas” de todos aqueles que criticaram a conduta do Manchester City fora de campo e a decisão final da Corte Arbitral.
Até porque, mesmo que o Manchester City tenha de fato mascarado a entrada de dinheiro para montar o time que montou, os méritos de Guardiola nas conquistas do City não diminuem. Ou alguém acha mesmo que, só para citar um exemplo, um lateral como Walker valia os 57 milhões de euros que o Manchester City pagou para contratá-lo? A eventual incompetência do City para montar uma equipe pagando por ela apenas o que ela vale não diminui a competência de Pep Guardiola ao fazer seu trabalho.
Afinal, o caminhão de dinheiro gasto pelo clube, embora tenha dado a Guardiola um ótimo elenco, não lhe deu um time infinitamente superior aos adversários para que ele conquistasse os títulos que conquistou do jeito que conquistou. Seu trabalho é excepcional de qualquer forma e seus méritos como técnico, inegáveis. Por isso mesmo, Pep deveria apenas comemorar o fato de poder jogar a próxima Champions.
E deixar com a diretoria do City essa suposta revolta que, para a maior parte dos que amam futebol, nem parece fazer muito sentido.
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Não precisava disso, Pep!
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