É urgente a regulamentação das apostas no Brasil

Nesta semana, a FA, federação de futebol da Inglaterra, anunciou uma investigação sobre um jogador do Arsenal que recebeu o cartão amarelo durante um jogo da Premier League. O motivo? As casas de apostas do país apontaram que houve um volume acima do usual de apostas para aquele jogador receber um cartão amarelo durante aquela partida.
O caso começou a levantar, mais uma vez, a discussão sobre até onde vai o limite para termos um jogo limpo dentro do complexo jogo das apostas.
É um costume cultural da Inglaterra apostar em qualquer coisa. Desde qual será o próximo escândalo do primeiro-ministro até quem vai tomar cartão amarelo num jogo. Isso faz com que, por lá, a discussão sobre estabelecer mecanismos de controle do mercado sempre esteja à frente de qualquer outro país no mundo.
Em 2006, a Itália foi alvo de um escândalo envolvendo jogadores e apostas. Desde 1981, quando estourou o primeiro escândalo da loteria local, envolvendo até o herói da Copa de 82 Paolo Rossi, que o país impede que atletas façam apostas. O veto, porém, não era estendido aos familiares dos atletas. Entre os estrelados envolvidos no escândalo estava Gianluigi Buffon, que viu seu irmão ganhar milhares de euros em gols sofridos por ele em jogos que já estavam ganhos pela Juventus. Na mesma época, o mundo do tênis foi abalado por diversos escândalos envolvendo atletas que entregavam jogos e apostadores de máfias de locais como Rússia e Hong Kong.
Desde então, diversas empresas começaram a surgir com uma única função: vigiar as apostas e os atletas. As próprias casas contratam os serviços de inteligência para mapear como estão sendo feitos os jogos, quais os comportamentos dos atletas durante o evento, a origem das apostas, etc. Foi por causa disso que os ingleses, agora, decidiram investigar um cartão amarelo recebido por um jogador do Arsenal durante uma partida da Premier League.
Aqui no Brasil, depois de Michel Temer apagar as luzes de seu governo-tampão com um decreto permitindo as apostas esportivas, o que fez com que pipocassem diversas marcas no patrocínio ao esporte, o governo de Jair Bolsonaro está deitado em berço esplêndido sobre a criação das regras do jogo das apostas no país.
Basicamente o que o Brasil fez foi permitir que as apostas aconteçam, mas não determinamos como atuarão essas empresas no país. Há três anos que essas empresas têm investido no esporte brasileiro. Agora, ao que tudo indica, o governo quer criar a regulamentação do jogo. Isso gerou uma corrida para abrir empresa e tentar abocanhar uma fatia do mercado antes que a farra acabe.
São diversas marcas que estão no Brasil com patrocínios esportivos, em especial relacionados ao futebol. São empresas de origem desconhecida e que aguardam a regulamentação para adaptar seus negócios no país às novas regras.
O problema é que, até isso acontecer, a aposta é feita no Brasil sem qualquer supervisão. Pior ainda, algumas dessas marcas têm entrado no mercado tendo jogadores em atividade como garoto-propaganda. É crônica de tragédia anunciada. Não entramos aqui nem na desconfiança sobre a idoneidade do atleta, mas é impossível não pensar que qualquer suspeita que possa aparecer vá gerar um enorme problema para o clube, o atleta, a competição que ele disputar e a empresa. Considerando que as apostas estão liberadas, mas não regulamentadas, para quem vai sobrar o problema?
É urgente que o Brasil crie a regulamentação para as apostas esportivas. Até porque isso deverá gerar ainda mais dinheiro para os clubes e o próprio governo. Com um mero cartão amarelo num jogo na Inglaterra percebemos quão perigoso pode ser esse mercado sem regras.
É urgente a regulamentação das apostas no Brasil
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