Seleção sem clubismo
Andreas Pereira foi convocado por Tite para os amistosos da seleção brasileira contra Estados Unidos e El Salvador. É bom ver caras novas nesse ciclo que se inicia rumo à Copa de 2022.
Logo também estarão na lista Vinicius Júnior, Rodrygo, Paulinho e Richarlison. Junte-se a eles craques consagrados e jovens como Marquinhos, Neymar, Coutinho e Casemiro, entre outros, e têm-se um ótimo material humano para Tite trabalhar visando o próximo Mundial.
Mas Andreas não é um jogador qualquer. O meio-campo do Manchester United nasceu em Duffel, na Bélgica, fez a base no PSV Eidhoven, da Holanda, e depois no próprio United. Filho de brasileiros, seu pai, Marcos Pereira, é um ex-jogador da Inter de Limeira que fez carreira no futebol belga.
Após frequentar as seleções de base da Bélgica, Andreas, que tem nome de gringo, optou por jogar pelo Brasil no Mundial Sub-20. Tem jeito de brasileiro, se sente brasileiro.
Na história, houve apenas outros três estrangeiros que vestiram a camisa da seleção, todos no início do século passado: o meia italiano Police, o goleiro português Casemiro e o atacante inglês Pullen. Isso tem mais de 100 anos, então Andreas é o “gringo” pioneiro na seleção brasileira na era do futebol profissionalizado.
É um sinal inequívoco dos tempos. O torcedor vai se acostumando a conviver na seleção com jogadores dos quais pouco ouviu falar, e isso, claro, é mais forte entre aqueles que não acompanham os campeonatos europeus, onde jogam os melhores.
Se Andreas tem sido, aos 22 anos, figura constante em campo neste início de Campeonato Inglês em um time recheado de craques e que tem José Mourinho como treinador, evidentemente é um selecionável. Mas nem todo mundo sabe.
E Andreas, por não ter jogado no Brasil, vai enfrentar alguma desconfiança, típica de mentalidades tacanhas. Outros sofreram com isso, como Élber, David Luiz e, mais recentemente, Roberto Firmino. Por serem jogadores que saíram cedo do Brasil sem deixarem aqui uma marca, não foram poucos os que desconfiaram deles, simplesmente por não acompanharem seu brilho lá fora.
Esse movimento inevitável, posto que os valores brasileiros saem cada vez mais cedo para o exterior, vai minando os últimos resquícios de clubismo na seleção brasileira e em sua relação com a torcida. Cansamos de ver, ao longo da história, torcedores pedindo a presença em campo de jogadores de seu time ou mesmo de seu estado quando a seleção jogava em suas cidades.
Havia inclusive vaias para os atletas que, eventualmente, deixavam os “queridinhos” no banco. Mudou tudo. Excetuando amistosos que não valem nada e, por isso mesmo, são chamados atletas de “segundo escalão” que atuam no Brasil, nos torneios que importam cada vez tem menos espaço para jogadores de clubes nacionais.
Serão comuns atletas na seleção que sequer chegaram a jogar um Brasileirão, sem identidade com time nenhum daqui. Em tempo: Andreas fala um português perfeito, sem nenhum sotaque. Mas isso é apenas um detalhe.
Fonte: Maurício Barros
Seleção sem clubismo
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