Cansados de Carpegiani, jogadores do Fla veem Barbieri como ‘da escola de Zé Ricardo’ e o querem como técnico
O Flamengo não tem “panelas” no seu elenco. Na verdade há um grande “caldeirão” que abriga praticamente todos os jogadores. Até os recém-chegados têm se incorporado ao grupo e suas reuniões. Mas o que parece ser o ideal, toda essa união, tem efeitos colaterais. O grupo se transformou numa espécie de organismo com vida e pensamentos próprios. Elos difíceis de serem rompidos e que os fortalecem ante cobranças de fora.
Unidos, se encontram com com frequência nas horas vagas e até familiares dos atletas criaram relações de amizade. Não são raras postagens de grupos formados por mulheres dos jogadores rubro-negros em redes sociais. Amigos! Ou pelo menos companheiros. Próximos, uns mais dos que outros, evidentemente, mas todos são bem agregados.
Pouco antes de 1 hora da madrugada de sábado para domingo eles desembarcaram voltando do amistoso em Goiânia (3-1 no Atlético-GO). Horas depois, oito jogadores estiveram reunidos na casa de um dos líderes do grupo. Nos assuntos em pauta, o desejo geral pela manutenção de Mauricio Barbieri como técnico.
Entre os boleiros, o que se diz é que o interino vem da mesma escola de Zé Ricardo, com trabalhos melhores e orientações mais objetivas nos treinos. Havia um grande desgaste com Paulo César Carpegiani, visto como repetitivo nas atividades e com algumas manias. Além disso, dizem que o treinador costumava ignorar parte do que conversavam com ele sobre orientação tática, marcação, pressão, alerta pra algum buraco, etc.
Fato é que o Flamengo não foi capaz de vencer o Fluminense, perdendo a chance de decidir a Taça Rio. Seis dias depois, não conseguiu marcar no Botafogo, tomou um gol e foi eliminado na semifinal do Estadual quando precisava apenas de um empate. Com isso, não alcançou a decisão do campeonato. E Carpegiani foi demitido, juntamente com o diretor Rodrigo Caetano, este sim, parceiro de vários integrantes do elenco.
Dois dias depois da eliminação no Carioca, o elenco procurou o vice-presidente de futebol, Ricardo Lomba, para questionar suas reclamações públicas após a derrota para o Botafogo. O entendimento dos jogadores é de que o dirigente recuou, especialmente quanto à afirmação de que não correram. Para isso lhe mostraram os registros de quilometragem percorrida do GPS. Para o grupo, o dirigente foi enquadrado.
Fato, quem ousou enfrentar o “caldeirão” não se saiu bem até aqui. E o presidente do clube é claramente favorável ao elenco, que deseja Barbieri e o terá. Se isso é bom para o Flamengo, como diria o filósofo, só o tempo dirá. Até agora a combinação entre o cartola e seus jogadores protegidos só acumula fracassos. Que desafio colocam nas mãos do jovem treinador! Boa sorte a Maurício Barbieri. Ele vai precisar.
Fonte: Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN, de Buenos Aires (ARG)
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