Como entender o endividamento do Internacional?
O Internacional apareceu no ranking das dívidas dos clubes brasileiros de futebol como segundo colocado após as publicações dos balanços de 2017. Como o clube chegou a essa situação? O blog entrou em contato com o clube. O 2º vice-presidente, Alexandre Barcellos, que integra o Conselho de Gestão; e o Diretor Executivo de Finanças do Internacional (CFO, sigla para Chief Financial Officer), Giovane Zanardo dos Santos, responderam às perguntas. E elas são, certamente, as de muitos colorados.
Como explicar o crescimento do endividamento do Internacional?
O principal motivo de crescimento do passivo do Internacional ocorreu em função do lançamento das benfeitorias oriundas da reforma do Complexo Beira Rio, concluídas em 2014 e que até então, por orientação das antigas empresas de auditoria, receberam outro tratamento. Foram lançados aproximadamente R$ 350 milhões que aumentaram o passivo, mas também aumentaram o ativo permanente do clube, hoje superior a R$ 1 bilhão. Importante ressaltar que estes valores lançados no passivo não serão pagos com desembolso financeiro, mas com a cessão de alguns espaços do Complexo Beira Rio para a BRIO para a exploração comercial pelo período do contrato (20 anos).
O que é a BRIO?
É a SPE (Sociedade de Propósito Específico) da AG e do Pactual que administra os espaços cedidos pelo Internacional em troca das benfeitorias realizadas.
Poderia detalhar as benfeitorias?
Neste ponto é tudo que foi feito no Beira Rio na reforma da Andrade Gutierrez, difícil descrever. É “praticamente” um novo estádio.
Em que ponto do balanço recente tais benfeitorias estão especificadas?
No imobilizado, na conta do estádio.
O que foi feito na gestão atual para minimizar esse quadro?
A gestão atual tem trabalhado fortemente na redução de custos e despesas, bem como no incremento de receitas. Nas despesas, os reflexos já foram sentidos em 2017, com uma redução de aproximadamente 20% das despesas gerais e administrativas. Nos custos, pelas características específicas da legislação do segmento, os reflexos são sentidos no médio e longo prazos. Para as receitas, as ações implementadas deverão também trazer reflexos já a partir de 2018. De qualquer forma, importante ressaltar que o incremento referido no passivo não trará nenhum desembolso de caixa para o Internacional.
Poderia explicar como "não trará nenhum desembolso de caixa para o Internacional"?
Isto se refere ao passivo novo que foi lançado, na conta de cessão por direito de exploração. Não trará desembolso porque não pagamos nada para a BRIO financeiramente. Todo o pagamento se dará com a cessão de alguns espaços pelo período de 20 anos.
O Internacional passou a última temporada na segunda divisão, e a dívida cresceu. Como justificar isso ao torcedor?
Conforme referido na primeira resposta, o aumento no passivo ocorreu em grande parte pelo lançamento das benfeitorias do Complexo Beira Rio, com contrapartida no ativo do clube. Com este lançamento foi necessário inclusive reapresentar o balanço de 2016, uma vez que as benfeitorias foram concluídas em 2014. Se considerarmos este efeito nos dois anos, o passivo do Internacional em 2017 é menor que em 2016. Além disso, perdemos muito na valorização do grupo de jogadores e eventual negociação de atletas para o exterior. Modificamos praticamente todo o grupo de jogadores que foi rebaixado no ano de 2016 e isso, por óbvio, também teve um custo.
Qual o planejamento para sair dessa situação?
A gestão do clube continua trabalhando fortemente na redução de custos e despesas. Além disso, tem trabalhado em novas ações de marketing que permitirão trazer para o Internacional novas receitas, sobretudo no que diz com aumento do quadro social e novos patrocinadores.
Quantos anos projetam para que o Inter reequilibre suas finanças?
É difícil falar em prazo, mas se as ações que estamos implementando tiverem o efeito imaginado e o clube alcançar seus objetivos dentro de campo, teremos uma evolução constante e um cenário mais confortável em quatro ou cinco anos.
Por que o Internacional, e outros clubes, consideram como endividamento os itens receitas a realizar e adiantamentos de contratos?
As receitas a realizar no passivo têm contrapartida também no ativo do clube. Este é um critério que permite o reconhecimento do contrato contabilmente, ou seja, no caso do televisionamento, por exemplo, o contrato prevê que o Internacional receba alguns valores da televisão pela exposição de sua marca e jogos. O lançamento no ativo registra este direito que o clube tem a receber e o passivo a "obrigação" com a exposição da marca. A medida em que o clube recebe os valores e tem seus jogos transmitidos, a receita é reconhecida no resultado do clube pela sua competência.
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Fonte: Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN
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