A Copa na imprensa
Não é pequena a parcela da imprensa brasileira que cobre a Copa do Mundo de maneira dócil no que se refere à seleção "canarinho, como disse Eduardo Tironi no Linha de Passe da ESPN Brasil. Tite e seus comandados são pouco questionados. E quando o time não vence, sobram vozes a ofuscar a má atuação ao eleger a arbitragem como única e grande vilã.
Também não faltam discussões sobre temas diversos, com abordagens mil. Algumas mergulham na irrelevância. Penteado de jogador, VAR, o que publicam em redes sociais, craque de time que não faz o mesmo em seleção... São debates e mais debates sobre muitos assuntos, às vezes aparentemente bobos, mas que têm importância. Tudo depende de como são analisados.
Por que não discutir o comportamento de Messi na Copa? Sim, sabemos bem que, como equipe, a seleção argentina é desorganizada e reflete a pífia administração do futebol no país. Mas se o craque do Barcelona costuma resolver problemas gigantescos em campo, é evidente que o mundo dele esperará grandes feitos. Como se fosse um super-herói da pelota.
A aventura russa do circunspecto camisa 10 é o verdadeiro drama deste Mundial. Algo bem argentino. Como ignorar seus conflitos e analisa-lo apenas pelo olhar da tática, da estratégia? E por que fazer isso? Qual o motivo para que deixemos de lado o aspecto humano que envolve um astro, seus desafios e seus fantasmas, limitando a resenha a estatísticas e mapas de calor?
Obviamente há maneiras e maneiras de se tocar neste e em outros temas que circundam o jogo. E com tantos programas, tantos espaços, tanta gente falando e escrevendo sobre o Mundial, tem pra todo gosto. Da bravata na linha "Messi é pipoqueiro", à análise mais profunda sobre seu comportamento, o que o cerca e suas atitudes. Tema rico como o futebol de "La Pulga".
O futebol jamais se resumiu a que acontece nas quatro linhas. Nosso esporte é rico, de beleza, de sensações, pautado pelo trabalho, treino, estudo. Finalizado, na teoria, pelo que se desenha na prancheta, mas executado, na prática, a partir de reações humanas. Que nem sempre seguem a receita pré-estabelecida. E essa é a parte mais rica, instigante, que fascina milhões de nós.
O drama de Messi. As prioridades de Neymar, voltando de lesão diante de um desafio imenso e preocupado com o penteado. A festinha dos mexicanos com as moças e o impacto que poderia causar. Os desentendimentos entre alemães. A troca de técnico na Espanha. Isso sem falar no uso do vídeo pela arbitragem, algo pouco testado, sem padrão universal e que mexe com os placares.
São muitos os temas além do campo de jogo. E que podem, sim, se refletir no que acontece lá dentro. O futebol não é só prancheta. Ainda bem.
Fonte: Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN
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