Bem-vindo ao Oeste, o lugar mais legal dos últimos tempos
Em agitada offseason, o Oeste roubou quatro All-Stars do Leste, perdeu apenas um, e a coisa ficou muito clara: é para o lado do Pacífico que estarão apontados todos os holofotes nesta temporada.
Começo pelo mais quente: Oklahoma! A cidade, que já teve três dos cinco melhores jogadores da atualidade, volta a ser o lugar para qual todos os olhos estão apontados. Sam Presti, GM do Thunder, é o nome do momento. O homem conseguiu, basicamente, dois All-Stars para a equipe que já tem o MVP da temporada passada. Em troca, cedeu Victor Oladipo, Domantas Sabonis, Enes Kanter, Doug McDermott e uma escolha de segunda rodada de draft. Sim, ele pode ser qualificado como um gênio!
Oklahoma foi, possivelmente, a equipe mais divertida da última temporada - talvez pela incessante perseguição de Russell Westbrook aos livros de recordes -, mas não há como questionar a diversão que eles traziam ao fã do esporte. Rapidez, dinamicidade, intensidade e uma pitada de burrice na medida certa. Agora, adicione a esse combo do atual MVP a inteligência e a versatilidade de Paul George e a infinita capacidade de pontuar de Carmelo Anthony. Pronto, temos um trio com um jogador uma média de triple-double na última temporada (e tudo indica que deve continuar tendo; talvez pontuando um pouco menos e passando mais), um dos jogadores mais subvalorizados da liga (como ele mesmo admitiu, provavelmente por ter jogado toda a carreira em uma cidade sem visibilidade) e um dos únicos quatro jogadores da história da NBA a ter de média pelo menos 20 pontos por jogo durante todas as temporadas da carreira, junto com Michael Jordan, LeBron James e Kevin Durant.
E já que citamos Durant e sua ex-cidade, vamos ao time do camisa 35.
Antes, apenas uma rápida digressão. Muitos estão falando da ‘quantidade de bolas’ que serão necessárias em Oklahoma para o trio jogar. Westbrook já mostrou que sabe passar e não é fominha; é, sim, peladeiro, e tem aquele ‘quê’ de protagonista, mas tanto quanto tem em ser um cara de grupo, aparentemente. Paul George sempre foi o dono da bola em Indiana, mas, convenhamos, era Indiana. Ele não pode esperar decidir todas as bolas nesse time, e parece ter cabeça para isso. E sobre Carmelo, apenas vendo seu sucesso jogando na seleção dos EUA já fico tranquilo em saber que ele vai ter postura para chutar menos do que chutou a carreira toda e continuar pontuando igual - afinal, as defesas adversárias terão que marcar outros jogadores no time.
Agora sim: Golden State. Os Warriors revolucionaram o basquete moderno, e não afirmar tal fato contém exageradas doses de saudosismo. Como o próprio Kobe Bryant narrou em ‘Golden Democracy’ (vejam esse vídeo!), seu jeito poético e coletivo de jogar basquete encanta. E ganha. O atual campeão e disparado melhor time da NBA tem de tudo para trazer mais um troféu para Oakland, e jogando muito bonito. Com Curry cada vez mais maduro, Klay definitivamente entendendo seu papel no time atual, Durant sem mais pressão pela troca, podendo apenas jogar, Green... bem, Green fazendo o que ele faz. E um fator novo: Nick Young! Ok, o Swaggy P não vai trazer médias alucinantes e atuações inacreditáveis para o time. Mas, em termos de diversão, não tenham dúvidas.
Seguindo as pontes, vamos à ex-terra de Nick! Los Angeles, a cidade dos Lakers, dos Clippers e, inevitavelmente, de Lonzo Ball. Não podemos negar que LaVar conseguiu todos os holofotes virados para seu filho, mas é fato que ele também faz por merecer. Teve um ótimo ano em UCLA, foi draftado com méritos (não se pode crer que ele foi a segunda escolha e aposta de Magic Johnson apenas pressão e indução), fez uma Summer League fenomenal (sim, eu sei que é apenas uma Summer League, mas é o que podemos avaliar até agora, certo?) e parece realmente ser fora da curva. Minimamente, já fez muita gente ter vontade de ver os Lakers jogando, incluindo quem aqui escreve! Além do camisa 2, os Lakers têm Julius Randle, Caldwell-Pope, Brook Lopez, Deng, Bogut e o promissor Brandon Ingram.
Agora, falar dos Clippers poderia ter um grave tom de desânimo, mas traz curiosidade. Blake Griffin - oremos para que saudável - renovou por muito dinheiro. DeAndre Jordan ainda domina o garrafão e nos garante boas risadas da linha do lance livre. Chegaram Danilo Gallinari e Milos Teodosic. Gallo é um bom pontuador que estava preso num mercado sem apelo, principalmente para quem não é um protagonista nato, como o italiano. Teodosic é provavelmente o jogador com mais mixtapes vistas no Youtube depois de Jason Williams, o famoso ‘White Chocolate’. O sérvio encanta os amantes de basquete há anos e, finalmente, terá sua chance na NBA.
E a possível causa de desânimo para os Clippers faz as coisas irem muito bem em Houston. Tendo sido sua última temporada uma das mais animadoras desde o título de 1995, o time de James Harden inspira ansiedade e dúvidas. Como que, após tão boa temporada do Barba, jogando na posição 1, Chris Paul, o armador mais armador efetivamente da liga, vai se encaixar no time? Quem vai levar a bola? Harden vai dar 10 assistências por jogo? Com quantos centímetros sua barba terminará a temporada? E Nenê, vai seguir jogando o fino da bola? Como jogará Zhou Qi, o novo chinês de 2,20m da franquia? É esperar para ver!
No Texas, ainda temos os comandados de Pop e a galera de Dirk. Os Spurs e seu jeito ímpar de jogar terão ainda Rudy Gay tentando ‘se provar’ nessa nova franquia. Dallas draftou Dennis Smith Jr., com quem LeBron James não vê a hora de jogar contra (então, quem somos nós para não termos vontade de ver o garoto na quadra?). Ah, é necessário lembrar: Dirk Nowitzki precisa de 1.159 pontos para passar Wilt Chamberlain e se tornar o 5º maior pontuador da história da NBA. Se o alemão jogar 60 partidas na temporada, ele precisa marcar 19 pontos por jogo para entrar no Top 5. Isso é história sendo escrita!
Em Minnesota, temos os já intrigantes Wolves que, com a chegada do All-Star Jimmy Butler, se tornaram efetivamente brilhantes (e não, não é só pelo novo uniforme alternativo do time). Ele saiu de Chicago e aterrissou como o líder que a equipe de Tom Thibodeau, seu antigo treinador, precisava. Além dele, os Timberwolves assinaram com Jeff Teague, bom armador, e Jamal Crawford, o eterno melhor 6º homem da temporada. Some a isso o potencial e a maturidade que Karl Anthony Towns e Andrew Wiggins têm adquirido com seus anos de liga, e o resultado é uma equipe pronta para dar muito trabalho – e por muito tempo.
Em Portland, teremos Damian Lillard e sua aparentemente interminável e incessante disputa contra o resto do mundo para provar o quão bom ele é, além de CJ McCollum, em busca de mais uma temporada dando show sem ser reconhecido. Que pelo menos nós os reconheçamos!
Em New Orleans, a dupla a ser admirada está no garrafão: DeMarcus Cousins e Anthony Davis agora tiveram tempo para se conhecerem e se entrosarem e prometem muito nesta temporada; e ainda vão tentar colocar a carreira de Rajon Rondo de volta aos trilhos!
Denver trouxe Paul Millsap, jogador completíssimo, All-Star e uma peça muito importante no desenvolvimento de Nikola Jokic, que nos presenteará com mais vários triple-doubles e assistências aparentemente impossíveis para um branquelo de 2,08m.
Memphis vai seguir não chamando tanta atenção, mas, com algumas ótimas atuações e game winners de Marc Gasol, vão aparecer brigando por uma vaga nos playoffs.
Phoenix terá Devin Booker vindo de uma temporada na qual protagonizou uma partida de 70 pontos, sendo consolidado como um dos jovens mais promissores da NBA. Ao lado dele, Eric Bledsoe e Josh Jackson, provavelmente o calouro mais físico desse draft, vindo da tradicional escola de Kansas.
Os Kings poderiam ser uma equipe universitária ainda, com seus grandes nomes sendo o forte Willie Cauley-Stein, De’Aaron Fox, armador que já será, em sua primeira temporada, um dos mais rápidos da liga; Buddy Hield, promissor ala-armador e mais alguns garotos que despertam curiosidade, como Justin Jackson e Harry Giles. A comissão técnica dessa fantasiosa equipe da NCAA seria formada por Vince Carter e Zach Randolph. Como isso é um time da NBA, todos esses nomes estarão juntos em quadra - ainda com o recém-chegado e interessante George Hill - em uma espécie de mistura louca que não deve chegar longe, mas pode trazer bons momentos.
Finalmente, o Jazz não empolga, mas Quin Snyder tirou leite de pedra já na última temporada (ok, essa pedra tinha Gordon Hayward), e levou um elenco limitado às semifinais de Conferência. A novidade por lá é Ricky Rubio, que poderia, finalmente, ‘se encontrar’ na NBA!
O melhor de tudo é que maneira como a liga organiza seu calendário só tende a deixar os fãs do esporte mais animados ainda. Jogando quatro vezes contra as equipes de sua divisão e três contra as outras da Conferência, temos garantidos quatro confrontos entre Minnesota e Oklahoma, Golden State e Los Angeles, San Antonio e Houston e pelo menos três entre todos os outros citados!
Como nos livros de história, com todos rumando ao Oeste, inclusive os holofotes, o que falta na terra dos bang-bangs? Um castelo, que parece estar sendo construído! Aparentemente, em um ano, o rei estará de mudança, e o reinado terá nova sede. Adivinhe onde?
Fonte: Pedro Suaide, especial para o ESPN.com.br
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