Por que o MVP da NBA neste ano não será aquele que deveria ser
Antes de mais nada, precisamos dizer que o prêmio de MVP da NBA é um dos mais estranhos de todos os esportes. Nunca sabemos quem vai ganhar simplesmente porque não há critério. No máximo, temos um palpite. Mas, certeza, nunca. Por exemplo, ano passado, todos diziam que Westbrook deveria vencer por conta do triplo-duplo de média. Mesmo não sendo o melhor jogador da liga e nem sendo o mais valioso para o seu time, ele venceu.
Repito, precisamos definir o que é o prêmio de MVP. Ele será dado ao melhor jogador do ano? Ao jogador mais valioso? Ou àquele que estará fora da curva estatisticamente? Pois bem. Neste ano, as três perguntas têm apenas uma resposta. E, no fundo, vocês sabem qual ela é.
Vamos jogar um jogo. Ele se chama “resumo cego”. É muito eficaz quando queremos escolher entre duas coisas sem deixar a parcialidade nos afetar. Porque todo mundo gosta mais de um jogador do que de outro. E isso é normal. Nós, que escrevemos, também temos. Jornalista também torce. Mas é aí que entra o resumo cego. E se você chegou até aqui sem fechar a página, fique conosco até o fim. Valerá a pena.
Não precisa ser nenhum gênio para perceber que, nesse resumo cego, o Jogador A teve uma temporada, pelo menos estatisticamente, melhor que a do Jogador B.
“Mas Ricardo, Pedro, não dá pra levar apenas números em consideração!! Tem que ver tudo que o cara passou na temporada, quem são os companheiros, o técnico, tudo isso!!”
Nós concordamos plenamente com essa ponderação, fã de esportes. E, acredite, é aí que as coisas começam a ficar mais interessantes.
O Jogador A perdeu, no começo da temporada, o seu Robin. Seu fiel escudeiro de batalha que, por mais talentoso que fosse, nunca conseguiria tomar controle do time. Esse Robin se cansou de ser a segunda opção e quis deixar o Jogador A. Nessa altura do campeonato, vocês sabem que o nosso Robin é Kyrie Irving. Ou seja, nosso Jogador A é LeBron James.
Sabendo que uma resposta teria de ser dada após a saída de Kyrie, LeBron James teve, nada mais, nada menos, que sua melhor temporada da carreira. No décimo-quinto ano de NBA, ele teve o melhor ano da carreira.
Mas, calma. Se você acha que foi apenas a saída de Kyrie que “atrapalhou” LBJ nesta temporada, você está enganado. Até porque se Kyrie saiu, alguém deve ter vindo em troca. Foi Isaiah Thomas, o segundo maior pontuador da última temporada da NBA. Mas não deu certo. Isaiah reclamou publicamente de estar tendo menos toques na bola, brigou com Kevin Love e foi trocado para os Lakers.
Ah, é. Tem o Kevin Love. Esse aí se machucou e jogou menos de 60 jogos nesta temporada. Ou seja, na maior parte do tempo, LeBron James esteve com jogadores nota C. Jordan Clarkson, Larry Nance, JR Smith... todos okay, mas nada de especial. E mesmo assim o cara teve o melhor ano da carreira.
Fazendo uma analogia, LeBron James é um piloto de corrida. Os Cavaliers são seu carro. A temporada da NBA é uma prova. Durante os 82 jogos dessa temporada, LeBron pilotou o carro - ao mesmo tempo em que as peças dele eram trocadas. Em muitos momentos teve que, na marra, compensar falhas que o carro apresentava. Segurando os problemas mecânicos, e muitas vezes sem ninguém se comunicando com ele no rádio, ele carregou o carro e nunca deixou as chances de vencer a prova morrerem.
Você já deve ter percebido, também, pela discussão, que o jogador B é James Harden, o grande favorito a vencer o prêmio de MVP.
Aquele Harden, que tem a grande mente ofensiva da liga chamando as jogadas (enquanto LeBron, nem técnico tem direito, rs), um pivô absurdamente útil, um dos melhores armadores da história da NBA e vários ótimos chutadores, todos à disposição.
Imaginem se o Harden perdesse o Chris Paul, e o Capela se machucasse no meio da temporada. Ah, e os Eric Gordons e Ryan Andersons da vida fossem trocados. O resultado seria o mesmo? Não, não seria.
Não nos leve a mal, James Harden teve um ano absurdo. Ele é o cabeça do time de melhor campanha da NBA. Isso deveria bastar para o prêmio de MVP, como já bastou em diversas ocasiões. Só que esse ano é diferente, assim como o ano passado foi. Diferente porque temos um monstro em Ohio fazendo o que ninguém jamais havia visto: ter seu melhor ano quinze anos depois de entrar na liga. E estamos falando de um cara que já teve anos de 30/7/7, 27/6/6, etc.
Fã do esporte, o exercício aqui é simples. Todo ano a NBA arruma um motivo diferente para dar o prêmio de MVP a alguém. Neste ano, os três que nós citamos no começo do texto são o mesmo cara!
Ou alguém aí acha que Kevin Durant ultrapassou LeBron James como melhor da liga? É, esse Kevin Durant que mal consegue ganhar metade dos seus jogos se não tiver Steph Curry do lado.
Alguém acha, porventura, que LeBron James não é o jogador mais valioso para o seu time, entre todos os times da liga? Esse time dos Cavs não ganharia nem 30 jogos se não tivesse o LeBron.
E o último argumento: vocês não diziam que o tal do triplo-duplo era importante ano passado? LeBron tem 18, Harden tem 4. Aliás, vocês perceberam que o Westbrook conseguiu os trocentos rebotes que precisava para terminar a temporada com média de triplo-duplo de novo? É... mas ninguém quer dar o MVP pra ele, eu espero. Mas isso é assunto para outro post. LeBron James deveria ser o MVP desta temporada, como em todas as outras. Ele só não é o melhor e mais importante jogador na quadra quando está de terno, nas cadeiras. E nem isso, neste ano, ele fez. Jogou todos. Sem descanso. LeBron não ser MVP é uma injustiça absurda. E, infelizmente, vai acontecer.
Fonte: Pedro Suaide e Ricardo Pincigher
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