Ela descobriu um dos grandes jogadores dos Jets; a 1ª scouter e seu amor pelo futebol americano

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo
Connie Carberg
Connie Carberg Redes Sociais

Uma tomboy, é assim que Connie Carberg se definia quando criança! Tomboy é o termo utilizado quando uma menina apresenta características e comportamentos considerados tipicamente masculinos, que surgiu na década de 20 quando a estilista Chanel começou a introduzir a alfaiataria nas produções femininas.

Carberg, nascida na década de 50 - uma época em que as mulheres não tinham tanto espaço -  adorava esportes de uma forma geral, e o futebol sempre foi sua maior paixão! Quando tinha 12 anos, seu pai começou a trabalhar como médico do New York Jets (que era New York Titans na época). Era tudo o que ela precisava! Começou a ir a todos os jogos com sua família, cresceu rodeada por jogadores, técnicos, e todos os assuntos que envolviam futebol, e sempre ficava atenta para aprender o máximo que podia.

Ela costumava fazer seus próprios mock drafts, com informações retiradas de revistas, jornais e programas de televisão. Durante 5 anos, sentava com o treinador de sua escola durante os jogos e perguntava sobre tudo que ele estava vendo, não apenas a jogada de uma maneira geral.

Depois de alguns anos, já na fase da faculdade, foi estudar em outra cidade devido a uma bolsa que conseguiu, em uma escola só de meninas, onde acabou jogando basquete por dois anos, mas sentia que estava faltando algo em sua vida, e então decidiu se transferir para Ohio State e passou a acompanhar todos os jogos e treinos da Ohio State Football.

Woody Hayes era o técnico na época, e não só permitiu, como incentivou que Connie participasse de todos os treinos, fossem eles abertos ou fechados, pois via a paixão pelo esporte nos olhos dessa jovem garota!

Connie vestindo seu presente de 7 anos de Jets
Connie vestindo seu presente de 7 anos de Jets Arquivo pessoal

Mesmo com todas as portas abertas, a princípio Connie não acreditou em sua paixão e acabou cursando faculdade em uma área completamente diferente da esportiva, algo equivalente a Ciências Sociais. 

Depois de formada, voltou para Nova York, e foi então que o técnico dos Jets, Charley Winner a convidou para ser secretária do novo complexo que estava sendo construído em Long Island. Eles queriam alguém que conhecesse sobre futebol, e Connie era a pessoa perfeita.

Ela não pensou duas vezes, era o trabalho dos sonhos. Logo se tornou a favorita entre os funcionários, jogadores e fãs. Além de recepcionista e das funções relacionadas ao time que desempenhava, ela cozinhava tortas para a equipe, e fazia com que os jogadores fossem até o telefone falar com os torcedores que ligavam. Connie entrava no vestiário e já gritava “Garota de volta – Girl back” tantas vezes que acabou virando seu apelido.

Depois de tanto tempo envolvida, seu chefe Mike Hollaback, junto com Walt Michaels (técnico na época) e o General Manager Al Ward, a convidaram para fazer parte da equipe de scouting e se tornar a primeira mulher a ter essa função na história da liga!

Connie prontamente aceitou, e o que lhe deixa mais orgulhosa até hoje, é o fato de que eles foram até ela, e não o contrário. Diz ainda que pode soar estranho, mas nunca se sentiu uma “mulher tentando invadir o território masculino”. Futebol era apenas algo que ela amava e se sentia confortável a respeito. Sempre achou que as coisas deveriam acontecer por merecimento, e não apenas por ela ser mulher, e o fato de acharem que ela poderia dar conta do recado (e deu), é algo do qual tem extremo orgulho!

O grande touchdown da sua carreira aconteceu entre 1978-79, com o Senior Bowl, um confronto entre o Norte e o Sul, em que técnicos de equipes profissionais treinariam os atletas. Um dos jogadores da linha defensiva (Mike Stennes) se machucou, e o técnico Walt Michaels pediu para Coonie encontrar alguém para substituí-lo. Vale lembrar que o trabalho de scouter na época não era muito fácil, afinal, não havia computadores ou qualquer ajuda tecnológica para análise de vídeos e estatísticas.

Connie com Mark Gastineau
Connie com Mark Gastineau Arquivo pessoal

E lá foi Connie, ler diversos relatórios e assistir muitos e muitos vídeos para identificar um jogador que tivesse as características necessárias para preencher a vaga de pass rusher da defesa, função tão importante. Ela separou 5 e começou a ligar para os candidatos.

Mark Gastineau era um deles, o mais rápido de todos, de East Central Oklahoma, escola bem pequena e estava pronto para jogar, apenas aguardando uma oportunidade, e Connie percebeu que ele tinha talento e estava de fato preparado e ele embarcou no próximo voo para fazer parte da equipe.

Gastineau acabou sendo MVP da defesa do Senior Bowl e foi escolha de 2ª rodada do draft dos Jets no ano seguinte e se tornou um dos grandes pass rushers da história da franquia!

Durante todo esse tempo, Connie diz que nunca se sentiu inferiorizada por ser a única mulher no meio, muito pelo contrário, era respeitada por ser a única com audácia suficiente por querer fazer parte do futebol!

Mas, depois de 2 anos como scouter, foi comunicada que o dono da franquia na época, Sr. Leon Hess não se sentia confortável com uma mulher no cargo, viajando com a equipe. Vale lembrar que isso aconteceu há quase 40 anos atrás, e as coisas eram muito diferentes.

Mesmo não podendo continuar fazendo seu trabalho da maneira que gostaria, por amor ao esporte e ao time, aceitou as novas condições: desempenhava basicamente as mesmas tarefas, mas sem viajar com a equipe. Continuou assistindo vídeos, dando notas, escrevendo relatórios para o draft (e inclusive, era uma das melhores nisso), comparecendo aos treinos e como não havia o Combine na época, entrevistava os mais de 200 jogadores que eram trazidos a cada temporada.

Carberg conhecia tanto de futebol que quando mudou para Flórida com seu marido, poderia ter tentado uma vaga no Miami Dolphins, mas sua lealdade aos Jets era tão grande, que jamais poderia trabalhar para outra equipe. Essa mesma lealdade continua fazendo com que Connie compareça ao training camp dos Jets, ano após ano.

No ano de 2017 Connie lançou o livro “X’e O’s não significam eu te amo: a história não contada da 1ª scouter feminina”, onde conta sua história de vida inspiradora e hora ou outra escreve para seu site.

Em uma época tão diferente, em um ambiente que teria tudo para ser hostil a uma mulher, Connie conquistou merecidamente seu espaço e provou que, se você tem paixão por algo, dedique-se para que quando a oportunidade aparecer, você esteja preparado para dar o seu melhor, independentemente de ser homem, mulher, apenas alguém que ama o que faz, e faz muito bem!

 

Fonte: Paula Ivoglo

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Carli Lloyd deu esperanças para que mulheres tenham uma chance inédita na NFL

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Há aproximadamente uma semana, viralizou um vídeo de Carli Lloyd chutando um field goal de 55 jardas, em um treino conjunto do Philadelphia Eagles e Baltimore Ravens.


Lloyd, atual campeã mundial de futebol com a seleção feminina dos Estados Unidos, que além desse, acertou outro de 40 jardas, começou a levantar questionamentos sobre se ela poderia assumir ou não a posição de um kicker da NFL.

O assunto escalou rápido, e Lloyd recebeu de fato uma oferta para se tornar a primeira mulher kicker da história da NFL!

De acordo com seu treinador, James Galanis, há sérios interesses na atleta depois de ela ter conseguido tal feito.

Galanis contou a Fox Sports que um time da NFL queria que ela jogasse uma partida no jogo de quinta-feira pela pré-temporada, mas a melhor jogadora do mundo de 2015 não poderá, pois participará uma partida com a seleção americana de futebol feminino (USWNT) contra Portugal na mesma data.

“Um time está disposto a colocá-la no roster. Disseram que ela poderia jogar na quinta”, disse Galanis. “Eu não quero falar qual foi o time, mas ela joga pela seleção nessa quinta, então há um conflito de agendas. ”

Todos os 32 times da NFL jogam seu último jogo da pré-temporada nessa quinta-feira, então fica difícil descobrir qual deles fez a oferta.

O chute de Lloyd viralizou nas redes sociais e impressionou o Pro Football Hall of Famer Gil Brandt, que é o ex-vice-presidente de Player Personnel do Dallas Cowboys. Brandt escreveu em seu Twitter: “Honestamente, eu não acho que vai demorar muito para vermos uma mulher quebrando essa barreira na NFL. Eu a chamaria para um tryout, se eu fosse os Bears”.


O Chicago Bears teve um problema claro com o kicker durante os playoffs contra os Eagles na última temporada. Recentemente, o time dispensou Elliott Fry e parece que vão seguir com Eddy Pinero como titular para a posição.

Sabemos que treino é bem diferente de jogo, afinal, ela chutou sozinha, sem pressão da linha defensiva, sem toda a pressão do jogo em si, sem técnicas ou obedecendo regras, e são aspectos que fazem total diferença no resultado - Lloyd sabe disso. Mas pressão parece ser algo que motiva a jogadora: “Na verdade, eu faço um convite à pressão. Eu amo a pressão. Quando eu tenho que acertar alguma coisa - arremessar aros, arremessar machados, fazer um chute - é o momento em que vivo e quero. Tudo se resume à mente, treinando a mente.”

De acordo com seu treinador, Lloyd teria declinado a oferta de qualquer maneira, mesmo que não tivesse outra partida no mesmo dia, devido à falta de tempo para se preparar, mas é algo que ela está pensando para o futuro.

"Vale a pena ter algumas conversas sobre isso. Com a prática e alguém me mostrando, eu sei que posso fazer. Eu tenho um dos chutes mais precisos do nosso jogo. O mais difícil seria me acostumar com os grandalhões lá, mas nada me assusta. Você se boicota se tiver medo. Qual o pior que pode acontecer? Eu não fazer parte do time? Digamos que eu tentei. Talvez eu mude o panorama. ”

Se algum dia Lloyd vai tentar ou não, não sabemos, mas além dela, outras tantas mulheres sonham em ter uma chance na NFL, e quem sabe esse não seja um começo?

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A NBA tem trabalhado para aumentar a representatividade feminina na liga

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Assim como na NFL, a NBA está trabalhando para que a representatividade feminina na liga aumente, e nessa semana os Celtics anunciaram a contratação de Kara Lawson como técnica assistente, se tornando a primeira mulher da franquia a assumir essa posição.

Antes dela, os Spurs contrataram Becky Hammon em 2014, que foi a primeira mulher assistente em tempo integral. Ano passado os Mavericks contrataram Jenny Boucek e esse mês, os Cavaliers contratram Lindsay Gottlieb. Kristi Toliver trabalhou como assistente de técnico pelo Washington Wizards nessa temporada, e também joga pelo Mystics na NBA, da mesma cidade. Em dezembro, o Indiana Pacers tornou Kelly Krauskopf a primeira mulher a ter o título de assistente de general manager na NBA.

Além delas, em 2018, a NBA promoveu 5 novos juízes, e duas delas eram mulheres: Ashley Moyer-Gleich e Natalie Sago.

Kara Lawson no WNBA Draft de 2019
Kara Lawson no WNBA Draft de 2019 Getty Images

Mas, nunca houve uma técnica mulher na NBA.

Diferente da NFL, a NBA possui uma liga profissional apenas de mulheres, a WNBA, e teoricamente seria mais fácil e mais comum encontrar mulheres que praticam e se envolvem profissionalmente com o esporte, porém a quantidade de mulheres assumindo posições técnicas ou de gerência na liga ainda é muito pequena.

Realisticamente, a NBA e o basquete universitário masculino ainda não consideraram, até recentemente, que as mulheres faziam parte do grupo de talentos para treinadores (ou pessoal de front-office no lado profissional), salvo raras exceções. Isso é diferente dos meios de mulheres na faculdade e da WNBA, que sempre procuraram um grupo de talentos de mulheres e homens.

O comissário da NBA, Adam Silver quer mudar essa realidade, principalmente no que se refere a novos juízes, e pretende que haja uma divisão mais equilibrada: metade homens e metade mulheres, pois que entende que não há motivos para essa posição ser predominantemente masculina, visto que não existe nenhum impeditivo físico por exemplo.

Adam Silver, comissário da NBA
Adam Silver, comissário da NBA Getty Images

“O mesmo para técnicas inclusive, nós temos um programa também. Não há motivos para mulheres não serem técnicas de times de basquete masculino”, disse Silver em maio desse ano, no The Economic Club of Washington, em D.C.

Silver também emitiu um comunicado em Setembro de 2018, em que encoraja fortemente o aumento do número de mulheres em todos os níveis e a melhoria do processo de denúncia de conduta imprópria, depois do escândalo envolvendo o time do Mavericks em acusações de assédio sexual durante 20 anos que após uma investigação independente, foi constatado que a administração do Mavericks era ineficaz, incluindo falta de conformidade e controles internos, e que essas deficiências permitiram o crescimento de um ambiente no qual atos de má conduta e indivíduos que os cometeram puderam florescer.

O dono do time, Mark Cuban, concordou em doar US$ 10 milhões de dólares para "organizações que estão comprometidas em apoiar a liderança e o desenvolvimento de mulheres na indústria do esporte e no combate à violência doméstica" como resultado das investigações da NBA.

O técnico do San Antonio Spurs, Gregg Popovich também apoia a causa, e acredita que existem muitas mulheres como Becky ou Lawson que só precisam ser notadas e receber a oportunidade de pessoas que são sábias e corajosas o suficiente para fazer isso e não apenas sentar no velho paradigma.

Apesar do ceticismo, a NBA está se movendo na direção certa. A contratação de um front office e de um pessoal secundário mais diversificado pode - e esperançosamente irá - produzir uma estrutura de poder diferente e mais equitativa. Então, basquete pode ser basquete, onde as identidades, experiências e conhecimentos de todos são igualmente válidos e validados.

 

Fonte: Paula Ivoglo

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A MLB na luta pela diversidade e inclusão

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Aproveitando que ontem começou a temporada da MLB (Major League Baseball), vale mencionar uma mulher que tem feito a diferença na liga e tentado fazer com que mulheres façam parte desse mundo, assim como vem acontecendo na NFL, com contratações de mulheres para cargos de assistentes técnicas e outras posições importantes.

Renee Tirado, Diretora de Diversidade e Inclusão da MLB, está assumindo o desafio de não apenas tornar a sede da liga mais diversificada, mas também o campo. Através do programa 'Diversity Pipeline' da liga, 'Take the Field', estão começando o processo de seleção e contratação de diversas candidatas operações de beisebol, incluindo árbitros, rebatedores e treinadores.

Renee Tirado
Renee Tirado Getty Images

'Take The Field' lançado durante o 2018 Winter Baseball Meetings e é um evento anual em que representantes de todas as 30 equipes da Major League Baseball e suas 160 afiliadas menores se reúnem por quatro dias para discutir os negócios da liga. O programa aceitou 50 mulheres pré-selecionadas que estão seguindo papéis que tradicionalmente são ocupados por homens. “A parte de operações é o que você vê no campo”, explica Tirado. “Não havia uma plataforma de lançamento real para as mulheres conseguirem a exposição. Isso partiu de mim, quando participei de um programa que a NFL faz para ajudar as mulheres que querem se tornar treinadoras. Nós ajustamos para o beisebol. E anunciamos para EUA Softball, EUA Baseball, todas as organizações de mulheres e mídias sociais. A resposta foi tremenda. Tivemos sessões para as mulheres, dependendo de onde elas queriam entrar, como árbitros, etc. Elas fizeram parte de uma rede de contatos e algumas mulheres conseguiram alguns empregos.”

Mulheres participando no beisebol não é uma ciosa nova. O USA Baseball cita, desde 1867, que o African American Dolly Vardens, da Filadélfia, tornou-se o primeiro time de beisebol pago, dois anos antes do primeiro clube profissional de beisebol masculino. Então, em 1904, foi relatado que Amanda Clement foi a primeira mulher a arbitrar um jogo de beisebol, ganhando entre US $ 15 e US $ 25 por jogo. A era mais reconhecida para as mulheres no beisebol ocorreu há mais de 75 anos, durante a II Guerra Mundial. Com os homens lutando no exterior, havia uma escassez de mão de obra no campo. Naquela época, o proprietário de Chicago Cubs, Philip Wrigley, criou a All-American Girls Professional Baseball League (AAGPBL). Mais de 600 mulheres participaram do campeonato de 1943-1954. Estas mulheres foram imortalizadas no filme de 1992 A League Of Their Own. Eventualmente, em 1988 elas foram introduzidos no Baseball Hall Of Fame. Quando a guerra terminou e os homens voltaram, a AAGPBL tornou-se menos proeminente no mundo do beisebol.


Agora, sob a liderança de Tirado, a liga está começando a ser mais inclusiva em todas as áreas de beisebol e operações . Além do programa Take The Field, ela iniciou o Katie Feeney Leadership Symposium, um evento básico dentro da liga. "É um simpósio de desenvolvimento profissional", ela explica, "onde fazemos parceria com a Universidade de Stanford para Mulheres no Beisebol. Cinquenta mulheres de toda a liga são indicadas por suas organizações".

“Se conseguirmos de 10% a 15% das pessoas dos programas que ainda estão no beisebol em 5 a 10 anos com alta taxa de desempenho, é aí que a verdade está. Você pode fazer esses programas, mas se não houver intenção real e apoio contínuo para desenvolver essas pessoas nesses espaços e garantir que eles permaneçam no radar, se essas pessoas não continuarem a ascender na organização, então qual é a vantagem? Leva tempo. Essas não são coisas que acontecem da noite para o dia. É um esforço de equipe.

A jornada de Tirado começou no tribunal. “Minha base é como advogada, pratiquei a advocacia por muitos anos”, afirma ela. "Eu não tinha paixão por isso. Eu entrei no setor público e trabalhei para a cidade onde acabei trabalhando para a NBA Retired Players Association.”

Ela então se voltou para a Associação de Tênis dos Estados Unidos. “Comecei essa jornada de diversidade e inclusão sem saber para onde ia me levar, o que significava e, para ser bem franca, vendi como eu sabia. Esse foi o primeiro grande ponto para mim. Foi na USTA onde eu realmente tive um mentor; tinha campeões para auxiliar no meu desenvolvimento ”.

Drake Bulldogs left fielder Abby Buie
Drake Bulldogs left fielder Abby Buie Getty Image

 Então, a pessoa que a contratou saiu da USTA e foi para a AIG. “Cerca de um ano depois”, continua ela, “ele me procurou para trabalhar com ele novamente em diversidade [e inclusão] para toda a América do Sul e Central e, eventualmente, para todas as Américas. Isso mudou toda a minha perspectiva sobre diversidade e inclusão quando você começa a falar sobre isso globalmente. Foi uma ferramenta inestimável para mim seguir em frente. Forçar-me a sair de Nova York foi a melhor coisa que poderia ter acontecido porque me forçou a sair da minha zona de conforto. Essa situação provou ser a mais difícil para Tirado. Não só foi a primeira vez que profissionalmente ela se mudou da área de Nova York, mas sua mãe faleceu logo após a mudança.

“Minha mãe sempre arriscou”, declarou Tirado. “Ela me disse que se eu não tentasse a posição da AIG, eu me arrependeria. Eu acredito que essa experiência me preparou para minha transição para a MLB. ”

À medida que Tirado evolui com o cenário de diversidade e inclusão em constante mudança, ela se concentra nesses passos para ajudá-la em suas transições:

- Esteja preparado, não comece o processo se você não estiver preparado para dar o salto.

- Solidifique seu esquadrão. Cerque-se de pessoas que serão campeões no seu canto.

- Realize pesquisas para entender em que você está se metendo; para ver se é realmente algo que você quer fazer.

"Há uma frase em espanhol pa’lante", conclui Tirado, "significa basicamente avançar. Quando estou em uma encruzilhada ou tenho dificuldades, ouço a minha mãe dizendo pa'lante; apenas continue seguindo em frente.”

A temporada da MLB já começou e hoje, você acompanha a partir das 20h o jogo entre Houston Astros e Tampa Bay Rays AO VIVO, na ESPN Extra e no WatchESPN.

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Jogadora de futebol australiano sofre assédio nas redes sociais por conta de foto jogando

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

O futebol é outro, o australiano – ou o footy como é chamado por eles - , mas como tantas vezes, mais uma mulher foi vítima de assédio.

O caso é da atleta Tayla Harris, 21 anos, boxeadora e jogadora do Carlton Football Club pela Australian Football League. Na página do Facebook da Channel Seven’s AFL  (7AFL) uma foto da atleta foi postada com a seguinte descrição: “Grande atleta em sua força máxima”. A foto é essa:

Foto de Tayla Harris durante a partida que gerou toda a polêmica
Foto de Tayla Harris durante a partida que gerou toda a polêmica Getty Images

Uma imagem que retrata bem a força, energia, flexibilidade, habilidade e o timing dessa atleta, não é? Infelizmente não foram esses os tipos de comentários que a foto recebeu. Pelo contrário: diversos comentários agressivos, sexistas e repulsivos, objetificando mais uma vez o corpo feminino, o que fez com que o canal retirasse a foto do ar.

Isso mesmo, ao invés de no mínimo, banir ou deletar os comentários que foram feitos na página, eles preferiram deletar a foto da jogadora!

Porém, o problema não é a foto, nunca foi a foto! Fazendo isso, a emissora cedeu às palavras misóginas e desprezíveis de seus seguidores. A página teve a oportunidade de tomar uma posição, para mostrar que apoia e respeita as mulheres e acredita que as atletas merecem ter suas realizações transmitidas e apreciadas. E a 7AFL não fez isso, tomaram uma decisão errada, porque claramente a questão aqui não é a foto.


O canal se retratou no Twitter, depois da enxurrada de mensagens recebidas, reconhecendo que foi um erro deletar a foto, e sim, que deveriam tomar providências contra os usuários que fazem comentários pejorativos em suas redes.


Com uma atitude dessas, podemos perceber que um veículo de informação, que deveria primeiramente conscientizar seu público e passar uma mensagem de respeito, prefere o caminho mais fácil, “varrer para debaixo do tapete”, deletando as fotos e provas, como se nada tivesse acontecido, sem lidar com a situação. Uma atitude tão repulsiva quanto os próprios comentários em si, em pleno século XXI.

A própria atleta, em contrapartida, resolveu ela mesma postar sua foto no Twitter e deixar fixada com a seguinte legenda: “Essa é uma foto minha no trabalho... pense sobre isso antes de fazer seus comentários depreciativos, animais. ”


Harris acionou a AFL – liga de futebol australiano - e a polícia para tomarem uma ação, pois considerou ter sido vítima de abuso sexual nas redes sociais: “Se essas pessoas estão dizendo coisas como essas para pessoas que não conhecem em plataforma públicas, o que estariam fazendo atrás de portas fechadas?”, disse a jogadora.

Além disso, Harris está preocupada com sua própria segurança, afinal, como pode identificar se uma dessas pessoas que fez tais comentários estará ou não presente no estádio em dia de jogo?

“Eu realmente acho que eles poderão estar lá. Eu vi os perfis dessas pessoas, eles têm filhos, filhas ou mulheres em suas fotos, e essas são as coisas que me preocupam. Então, talvez essa seja uma questão de ir além e investigar. Se pensam dessa maneira e são capazes de escrever coisas tão absurdas, o que eles vão fazer quando eu estiver na lateral do campo com algumas crianças? Esse é o tipo de coisa que terei que me preocupar agora. Fico desconfortável no meu local de trabalho. Eu sei que não deveria pensar assim, mas é a realidade”, diz Harris.

A atleta recebeu total apoio de toda a comunidade do esporte, assim como do primeiro ministro Scott Morrison e da ministra para as mulheres, Kelly O'Dwyer, que consideraram a atitude repulsiva, feita por um bando de covardes.

O seu empresário, Alex Saundry, disse que tweets ofensivos são apenas a ponta do iceberg, sendo que boa parte do abuso que as jogadoras da AFLW sofrem são fora do conhecimento público.

As mulheres sofrem preconceito em diversas áreas de atuação, e em esportes considerados masculinos é ainda pior. Felizmente, da mesma maneira que a internet é aberta para comentários repulsivos como esses, também é o espaço que dá voz as mulheres. Não devemos nos calar diante de situações como essas, e sim, usá-las como combustível para combater o desrespeito e a desvalorização.

Fonte: Paula Ivoglo

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Jogadora de futebol australiano sofre assédio nas redes sociais por conta de foto jogando

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Tampa Bay Buccaneers contrata duas mulheres para fazerem parte de sua equipe técnica

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Mais mulheres fazendo história na NFL! Como eu gosto de escrever sobre isso! 

Nesta quarta-feira (20), o Tampa Bay Buccaneers anunciou a contratação de Lori Locust e Maral Javadifar, sendo o primeiro time com duas mulheres na equipe técnica da liga, e fazendo delas as duas primeiras mulheres na história da franquia!

O novo técnico dos Buccaneers, Bruce Arians, disse durante o Combine deste ano que planejava contratar uma mulher, pois sabe o quão difícil é conseguir uma oportunidade para compor a equipe técnica em um time na NFL, mas acredita que é preciso apenas que a organização certa ofereça a oportunidade. Arians afirmou que a família Glazer (dona da franquia) e o General Manager Jason Licht apoiaram totalmente sua decisão.

Bruce Arians já tem histórico na contratação de mulheres na liga: em 2015, quando era técnico do Arizona Cardinals, fez de Jen Welter, durante a pré temporada, a primeira mulher da história a ter um cargo de técnica período integral.

Bruce Arians e Jen Welter na coletiva de imprensa 28/07/2015 que ela foi apresentada como técnica
Bruce Arians e Jen Welter na coletiva de imprensa 28/07/2015 que ela foi apresentada como técnica Getty Images

Locust será assistente da linha defensiva e Javadifar será assistente de condicionamento físico e força, de acordo com o anúncio da equipe. Locust era  técnica da linha defensiva do Birminghan Iron, na Alliance of American Football league, e já foi estagiária dos Ravens durante o training camp do ano passado.

Javadifar recebeu uma bolsa para jogar basquete pela Pace University em New York, onde seu time foi para o torneio da NCAA três das quatro vezes que disputou. Tem doutorado em terapia física na New York Medical College e completou sua residência de Terapia Física de Esportes na VCU em agosto. Tem trabalhado como terapeuta física e treinadora de desempenho na Avant Physical Therapy em Seattle e em Virginia.

Maral se interessou por terapia física depois de romper seu ligamento cruzado anterior no colégio, lesão que atormenta muitos atletas. O programa de condicionamento físico, força e terapia fez com que sua recuperação fosse um sucesso e continuasse ativa nos esportes, surgindo assim o interesse pela terapia física como carreira.

Maral Javadifar jogando basquete (à esquerda) e como terapeuta física (direita) Getty Images e Buccaneers
Maral Javadifar jogando basquete (à esquerda) e como terapeuta física (direita) Getty Images e Buccaneers Getty Images e Buccanneers

Independente de como aconteceu essa oportunidade de ingressar na NFL, uma coisa é certa, elas não pegaram nenhum atalho para chegar até aqui!

Locust conhece Arian desde que seu ex-marido Andrew Locust jogou para ele na Temple University, mas o futebol faz parte da sua vida muito antes disso. Costumava ir com sua família a jogos de high school no Thanksgiving e seguia os Steelers desde os 5 anos de idade.

“Ninguém amava mais futebol na minha família do que eu. Jack Lambert (ex-linebacker dos Steelers) era meu herói, e se tornou parte de tudo que eu fazia”, diz Locust.

Depois de se formar na universidade de Temple, Lori decidiu fazer parte do time de mulheres de Harrisburg, mesmo já estando com 40 anos. Jogou por quatro temporadas antes de se machucar e acabar na sideline como técnica. Foi aí que tudo começou.

Primeiro trabalhou como assistente da Township High School de 2010-2018, depois no semiprofissional de Central Penn por três anos, e mais dois na DMV Elite. Recebeu a ligação da AAF (Alliance American of Football) após dois anos com o Keystone Assault da Women’s Football League (que falei a respeito dessa liga aqui), e em 2018 recebeu o convite para participar do programa de estágio Bill Walsh Diversity Coaching Fellowship no Baltimore Ravens, onde lá também foi a primeira mulher da franquia.

Lori Locust no treino do Baltimore Ravens ano passado
Lori Locust no treino do Baltimore Ravens ano passado Baltimore Ravens

“Foi incrível. Eu trabalhei primeiro com a linha defensiva e linebackers, mas quando você entra na sala, percebe que cada um dos técnicos tem muita experiência. Era uma sala cheia de coordenadores defensivos, e eu tentei me inteirar sobre os novos termos, esquemas e responsabilidades”, conta.

Obviamente a pergunta que ela sempre ouve é: “Como os jogadores profissionais reagem ao serem treinados por uma mulher?”

“Nunca tive problema com nenhum deles. Ninguém nunca me tratou diferente do que sou, uma técnica. Os jogadores são capazes de perceber quando alguém não está sendo autêntico. Eu converso com eles sobre o esquema de jogo, não faço nada diferente de qualquer outro técnico”, responde Locust.

O convite para trabalhar no Buccaneers teve ajuda de uma outra mulher, Katie Sowers, assistente ofensivo do San Francisco 49ers: Joe Pendry, General Manager do Birmingham Iron (até então, time que Locust treinava), já tinha trabalhado com Arians, quando o contratou para o Kansas City Chiefs. Ele sabia que Arians queria uma assistente mulher na equipe, foi quando Katie ligou para Locust e disse a ela para entregar seu currículo a Arians, pois ela soube que tinha uma oportunidade em Tampa.

Lori Locust no treino do Iron Birmingham
Lori Locust no treino do Iron Birmingham Birmingham Iron/AAF

Sendo assim, Lori enviou um email a Arians – soube que ele estava em Birmingham para um camp de técnicos na Universidade do Alabama/Birmingham – e então recebeu a ligação esperada.

“Eu fui muito abençoada, essa organização é impressionante, eles são tão abertos à diversidade, dá para perceber pelos programas que têm para garotas, como o flag football league. Darcie Glazer Kassewitz (dona da franquia) é muito autêntica, sou muito grata! Tive um caminho diferente no começo, mas eu sabia que trabalho duro me faria chegar lá. Eu sinto uma certa responsabilidade de ser um exemplo e mostrar que pode ser feito”, conta Locust.

Em um ambiente tão masculino quanto a NFL, cada conquista dessas mulheres deve sempre ser comemorada e aplaudida. É extremamente gratificante perceber que a porta está se abrindo, seja com uma representatividade tão pequena ainda, mas ainda assim, sendo uma representatividade tão importante, que certamente moldará o futuro de tantas outras garotas que sonham em trabalhar com futebol. É possível, e já está sendo feito, e como bastante trabalho, nosso espaço tende a aumentar cada vez mais!

Fonte: Paula Ivoglo

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Tampa Bay Buccaneers contrata duas mulheres para fazerem parte de sua equipe técnica

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Futebol americano profissional feminino existe, mas custa caro para as atletas

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

As mulheres que jogam futebol americano são movidas única e exclusivamente pela paixão, não pelo dinheiro. Elas vestem seus equipamentos, capacetes e se submetem a pancadas brutais porque não se imaginam fazendo outra coisa, mesmo arriscando seu corpo e saúde, mesmo sem nenhuma compensação monetária. Na verdade, a maioria das mulheres que joga, têm que pagar do próprio bolso para praticar a modalidade.

As ligas de futebol americano femininas de tackle football (com contato físico e equipamentos de proteção) estão ganhando visibilidade e credibilidade. Uma das principais ligas nos EUA, a Women’s Football Alliance tem 68 times que jogarão na temporada de 2019.

Portland Fighting Wave v Los Angeles Warriors LOS ANGELES, CA - 30 Junho: Jogadoras do LA Warriors erguem seus capacetes para o hino nacional.
Portland Fighting Wave v Los Angeles Warriors LOS ANGELES, CA - 30 Junho: Jogadoras do LA Warriors erguem seus capacetes para o hino nacional. Foto Meg Oliphant/Getty Images)

As regras são similares ao futebol masculino, adaptadas do livro de regras da NCAA. A maioria dos times treina 3 vezes na semana, começando em janeiro e a temporada regular tem 8 jogos, que acontecem de abril a junho, e a pós temporada em Julho.

De acordo com Lisa King, a comissária da liga, cada time trabalha com orçamento de US$ 20mil por ano, e cada jogadora tem que pagar uma anuidade para fazer parte da WFA, que custa em torno de US$1 mil á US$2 mil por temporada. A filiação inclui seguro, bolas, filmagem dos jogos para os times poderem estudar e se preparar para as partidas, custos de viagem para os playoffs e campeonatos nacionais. Cabe aos próprios times arcarem com os custos durante a temporada regular.

“A maioria dos equipamentos que utilizamos foram doados ou comprados no tamanho extra grande de criança para economizar dinheiro”, conta uma das jogadoras.


Para ajudar a arrecadar dinheiro, os times devem pagar uma taxa para jogar, que varia de acordo com a equipe, mas a maioria fica entre US$250 e US$800.  Adicionando custos de viagem e de equipamento e mais o preço que as mulheres têm que pagar para jogar, o custo aumenta ainda mais. Dependendo de onde o time joga, alugar um ônibus e hotel para todo mundo pode chegar a custos de muitos mil dólares.  Alguns times conseguem trabalhar de maneiras diferentes, conseguindo patrocinadores e fazendo eventos para levantar fundos, mas nenhuma jogadora ganha qualquer tipo de ajuda de custo das equipes. 

Em um mundo ideal, as jogadoras deviam focar apenas em treinar, mas nesse cenário, elas devem se preocupar em conseguir dinheiro para jogar e a maioria das atletas tem um trabalho regular e/ou estudam. Além de todos esses gastos, tem o risco de potenciais lesões, que podem acabar com uma carreira e atrapalhar bastante a vida pessoal e profissional das atletas fora de campo.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, isso não significa que o futebol americano feminino nunca será profissionalizado e monetizado, afinal no começo da própria NFL, em 1920, não havia lucro nem salários. As ligas de futebol americano femininos estão ativas por no máximo duas décadas, e nem sempre de maneira estruturada, então há muito o que evoluir.

Na Europa, o crescimento de mulheres que jogam futebol americano é de impressionar: atualmente, 21 países com mais de 200 times apenas de mulheres jogam a modalidade, todas sem qualquer tipo de ajuda monetária.


Já no Brasil, o próprio futebol americano masculino ainda engatinha e tem pouco patrocínio e investimento. Os times e atletas daqui (seja masculino ou feminino) custeiam suas viagens para poder jogar, e isso por muitas vezes inviabiliza tentar algo mais profissional, afinal, o investimento é muito alto, não só de dinheiro, mas também de tempo. Alguns jogadores de alguns times mais estruturados já são pagos para jogar, mas a grande maioria é amadora.

Em se tratando do futebol americano feminino, o país conta com aproximadamente 10 times full pads, que jogam tackle football. A modalidade que mais faz sucesso entre as mulheres é o flag football, já que demanda um nível de investimento bem mais baixo, afinal não precisa de equipamentos para jogar. 

Como tudo tem que ter um início, esse é o começo da representatividade feminina no futebol americano. Alguns países estão mais avançados nessas iniciativas que outros, mas é importante manter o foco e se estruturar, com o objetivo de crescer e ganhar mais visibilidade, para atrair público e investidores, alavancando assim a carreira de tantas atletas que amam e dedicam suas vidas ao esporte.

Fonte: Paula Ivoglo

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Futebol americano profissional feminino existe, mas custa caro para as atletas

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Conheça Toni Harris, a primeira mulher a receber uma bolsa de estudos para jogar futebol americano nos EUA

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

“Seja tão boa que eles não vão poder te ignorar”, é o lema de vida dessa garota, Toni Harris, que se tornou a primeira mulher (sem ser kicker) a ter uma bolsa de estudos em uma universidade dos Estados Unidos para jogar futebol americano.

Toni ficou em evidência no último mês após estrelar uma campanha da Toyota que foi exibida durante o Super Bowl (veja abaixo), e teve quatro propostas de bolsa de estudos de diferentes universidades.


A free safety tomou sua decisão essa semana e vai jogar pela Central Methodist University, em um programa chamado NAIA*.

Toni Harris assinando sua bolsa de estudos
Toni Harris assinando sua bolsa de estudos Twitter @_toniharris

Orginalmente nascida em Detroit, Toni morou em orfanato dos 4 anos de idade até os 9, quando foi adotada. Aos 18 anos foi diagnosticada com câncer de ovário e pensou em desistir de sua carreira de atleta, afinal, tinha perdido praticamente metade do seu peso devido a doença. Mas com o apoio da família e amigos, continuou na luta e seguiu em frente, e tem a certeza que pode superar todos os obstáculos que aparecerem no caminho.

Harris começou a jogar futebol com 6 anos em Detroit, já jogou como wide receiver e cornerbarck na Redford Union High School em Michigan. Ela perdeu a temporada de 2017, mas teve 3 tackles e 1 tackle for loss em 2018.

Enfrentou dificuldades para encontrar um colégio que a deixasse jogar futebol, mas a East Los Angeles College lhe deu essa oportunidade. Até então, tinha ouvido de vários técnicos que ninguém iria colocá-la em campo, ninguém acreditava nela.

Toni Harris no comercial da Toyota
Toni Harris no comercial da Toyota Toyota

Eu adoro provar que as pessoas estão erradas. Fui expulsa de um time quando era mais nova pois era uma garota. Mas a medida que fui crescendo, apesar de continuar enfrentando dificuldades, trilhei meu caminho sem me importar com o que diziam. É meu sonho e eu vou protegê-lo a qualquer custo”, diz Toni.

E ela sonha alto: planeja ser a primeira mulher a jogar na NFL, draftada ou não, e mesmo que isso não aconteça, Toni tem certeza que está abrindo caminho para que outras mulheres sigam seu exemplo e não tenham medo de fazer o que amam.

Veja alguns destaques da carreira dessa garota inspiradora:



* A Associação Nacional de Atletismo Intercolegial (NAIA), sediada em Kansas City, Missouri, é um órgão que rege os pequenos programas de atletismo dedicados ao atletismo intercolegial. Desde 1937, o NAIA administra programas dedicados a campeonatos em equilíbrio com a experiência educacional universitária em geral. A cada ano, mais de 65.000 alunos-atletas do NAIA têm a oportunidade de praticar esportes universitários, ganhar mais de US $ 600 milhões em bolsas de estudo e concorrer a uma chance de participar de 26 campeonatos nacionais.

Fonte: Paula Ivoglo

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Super Bowl exibe comercial em que Sam Gordon aparece ao lado de lendas do esporte

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Sam Gordon no comercial do Super Bowl
Sam Gordon no comercial do Super Bowl Youtube: NFL

Você se lembra da Sam Gordon? Contei a história dela aqui no blog.

Pois bem, além de tudo que essa menina já fez e tem feito pelo futebol americano nos Estados Unidos e de todo reconhecimento recebido, dessa vez ela conseguiu ainda mais: fazer parte de um comercial que foi exibido nesse último domingo dia 4, durante o Super Bowl, com diversos jogadores e lendas do futebol americano.


Para quem não sabe, os comerciais durante o Super Bowl são um evento a parte, e tão aguardados pelo público quanto o jogo. Afinal, os anunciantes pagam a bagatela de US$ 5 milhões de dólares por 30 segundos de comercial, ou seja, eles capricham nas ideias para fazer valer todo esse investimento!

Sam Gordon foi convidada para participar de um comercial de 2 minutos que incluía gerações dos melhores jogadores de todos os tempos da NFL, chamado “O jogo de 100 anos”.

A propaganda reuniu 44 dos melhores atletas do passado e presente, e trata de uma cerimônia de gala que celebra a 100ª temporada a NFL, mas acaba se tornando um jogo depois que uma bola dourada cai de cima do bolo, derrubada por ninguém mais ninguém menos que Marshall Lynch, atual running back do Oakland Raiders.

Gordon aparece quase no final, com a bola na mão, quando o cornerback do San Francisco 49ers pede a bola, e ela diz: “Você quer a bola? Então vem pegar!”, quebrando tackles do jogador e passando para Saquon Barkley.

Veja você mesmo que fantástico:


O comercial tem como objetivo celebrar 100 anos dos grandes jogadores e contou com nomes como Marshawn Lynch, Peyton Manning, Joe Montana, Deion Sanders, Emmith Smith, Tom Brady, Von Miller, JJ Watt, Odell Beckham Jr e muitos mais.

“É incrível pensar que estou em um comercial do Super Bowl com todos essas lendas do futebol, e ter esse momento onde eu pego a bola, e falo com essas outras estrelas, é maravilhoso me ver entre eles!”, diz Gordon.

O comercial ficou em primeiro lugar no USA Today’s Ad Meter, que classifica os anúncios do Super Bowl baseado na avaliação do público. Recebeu nota 7.69 de 10.

Como disse Sam: “Sabe, chega uma hora que você pensa, como serão os próximos 100 anos de futebol? E eles focam em uma garota e em um rookie. Ok, nos próximos 100 anos, vamos ver o crescimento da participação de garotas no futebol”.

Gordon continua inspirando e lutando por mais oportunidades para garotas no esporte. Com relação a seus objetivos no futuro, diz que quer continuar crescendo sua liga, a Utah Girls Tackle Football League, conseguir que sejam criados programas de futebol para garotas nas escolas de Utah (onde vive) e quem sabe, em todo o país!”.

Fonte: Paula Ivoglo

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Super Bowl exibe comercial em que Sam Gordon aparece ao lado de lendas do esporte

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New England Patriots presenteia quarterback que sofria bullying na escola por ser menina

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Dejah Rondeau com os ingressos do Super Bowl
Dejah Rondeau com os ingressos do Super Bowl Twitter New England Patriots

Dejah Rondeau só queria uma chance de provar em campo, que era tão forte quanto os garotos, mental e fisicamente.

Rondeau, uma aluna do 7º ano, ganhou a posição de quarterback na equipe – só de meninos – em sua escola Exeter Seahawks depois que o QB titular se machucou.

“Meu pai amava futebol americano e assistia sempre comigo, então eu sempre amei o esporte e implorei por anos para poder jogar”, disse Rondeau, que antes de poder jogar, tinha uma pessoa que precisava convencer: sua mãe, Nichole Brock.

“Eu pedi para ela me escrever uma carta explicando porque ela queria jogar”, disse Brock. “Ela disse que isso a faria ser a garota mais feliz do mundo, e que seria a primeira mulher quarterback a conseguir uma bolsa de estudos e jogar na NFL.”

Seu começo não foi dos melhores. No primeiro jogo, Deejah sofreu um fumble e um safety, além de ser sacada muitas vezes.

Seu técnico, Nick Graham, disse que depois desse jogo, a colocaria na formação shot-gun, deixando-a mais em profundidade para permitir que ela visse mais do campo, e então ela começou a ter mais sucesso, lançando três touchdowns e conseguindo cinco conversões de dois pontos, com seu passe mais longo sendo de 35 jardas.

Mas sua mãe comenta que não era fácil para sua filha ter que entrar em campo sendo a única menina da equipe. Sofria muito bullying por isso, pois ela simplesmente não era aceita. “Ela tem que dar 110% em campo, enquanto outros dão apenas 50%”, diz Brock. “Mas se tornar uma quarterback foi a melhor coisa que podia ter acontecido, ela se esforça muito!”.

Seu técnico concorda, afinal, a viu crescer e evoluir não apenas como jogadora, mas como líder e grande colega de equipe.

“Depois de um primeiro jogo muito difícil, eu disse a ela que quarterbacks não podem ter muitas emoções, nem para mais nem para menos, tem que saber equilibrar. Esqueça a última jogada e siga em frente. Ela me permitiu treiná-la.”

Rondeau usa a camisa 11 em homenagem a seu jogador favorito, Julian Edelman, wide receiver do New England Patriots, que também jogou como quarterback no colégio e na Universidade de Kent State.  Ela participou até do camp para jovens jogadores comandado por Edelman.

Depois de saberem que Rondeau sofria bullying na escola por jogar futebol, os Patriots quiseram encorajá-la a continuar seguindo seus sonhos.

Foi surpreendida com um tour na sala dos troféus com o dono da franquia, Robert Kraft, e teve a oportunidade de passar um tempo com Julian Edelman.

Mas a surpresa maior veio no final: diretamente das mãos de seu ídolo, ganhou dois ingressos para assistir o Super Bowl neste domingo.

Veja o vídeo publicado na página do New England Patriots, onde Edelman diz que tem um respeito enorme por ela, por ter enfrentando as adversidades, ignorando o barulho e seguindo em frente.


Certamente um momento que marcou a vida de Rondeau e que dará ainda mais força para continuar seguindo seus sonhos e fazendo o que ama: jogar futebol.

O Super Bowl entre o New England Patriots do veterano Tom BradyLos Angeles Rams, acontece neste domingo (3 de fevereiro), a partir das 21h (horário de Brasília), e terá transmissão exclusiva direto de Atlanta pelos canais ESPN e WatchESPN.


Fonte: Paula Ivoglo

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A Patrick Mahomes do futebol americano feminino

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Patrick Mahomes e Brooke Liebsch
Patrick Mahomes e Brooke Liebsch Redes Sociais


Já se foi a época em que acusar alguém de fazer algo “como uma garota” deixou de ser ofensa ou demérito, mas essa quarterback tem tido elogios para deixar qualquer um com inveja: dizem que ela lança como Patrick Mahomes. Brooke Liebsch tem 18 anos e joga como quarterback desde a escola. Ela está prestes a começar sua segunda temporada na liga de futebol feminina semiprofissional.

Brooke lança verdadeiras bombas desde o primário, e agora tem ganhado bastante notoriedade no mundo do futebol americano.

O quarterback dos Chiefs, Patrick Mahomes, é seu herói, e agora eles têm outra coisa em comum: os dois estrelaram uma propaganda da NFL. Se você tem assistido os playoffs da NFL, provavelmente viu Liebsch. Ela fez uma ponta no comercial que tem Patrick Mahomes e teve a chance de conhecer seu ídolo.

“É maravilhoso”, disse Liebsch. “É difícil de acreditar que sou eu na TV.”

O comercial, que começa com uma equipe de futebol americano do highschool nos vestiários cantando “We Ready” traz novas caras do futebol, além de Mahomes e também Liebsch, se aquecendo em campo com seu uniforme.


Tudo começou com um telefonema de Nova York três semanas atrás: “Temos uma vaga para um comercial de playoffs da NFL. Você gostaria de participar?". E ela respondeu: "Claro que sim”.

Brooke no comercial da NFL
Brooke no comercial da NFL Cortesia NFL

Desde que se inscreveu para o Pop Warner* em 2010, essa garota vem chamando atenção: “Na inscrição, me perguntaram se eu estava me candidatando para cheerleader, eu disse: 'não, eu vou joga futebol'”, conta.

Por três anos jogou como wide receiver e cornerback. Em 2013, quando estava jogando com seu treinador, ele percebeu que ela podia lançar a bola bem longe. Foi daquele momento em diante que virou a quarterback da equipe.

Desde o highschool, na Liberty North Highschool, sua posição é de quarterback, no time de garotos, e foi a única garota a ter esse feito em sua escola. Também foi a primeira garota a participar do US National Team Development Games com 350 garotos.


Desde os 10 anos, seus colegas de equipe sempre foram meninos e nunca recebeu qualquer tipo de tratamento especial ou diferente por jogar com eles, sempre foi tratada apenas como qualquer outra pessoa, tanto na hora do condicionamento físico, quanto de treinos e jogos.

Seu lema é “Nunca Desista”, que está tatuado em seu braço junto com o número 15, em vermelho (número de Mahomes e seu número esse ano). Liebsch entrou no time feminino semi-profissional ano passado e se tornou a jogadora mais jovem a estar na Women’s Football Alliance.

Quando encontrou Mahomes mês passado, conversou com ele sobre futebol e lhe mostrou um video com seus melhores momentos: “Foi a melhor experiência e eu não quero esquecer nunca”, assumiu.

Na temporada de 2019, que começa em abril, Liebsch jogará como quarterback pelo Denver Mile High Blaze, e está determinada a mostrar ao mundo porquê alguns a chamam de Mahomes do futebol feminino.


Enquanto isso, poderemos ver Patrick Mahomes brilhando em campo, disputando o título da Conferência Americana (AFC) nesse domingo à partir das 21h30, contra o New England Patriots, do quarterback veterano Tom Brady. Quem será que leva a melhor? Não perca essa partida fantástica com exclusividade nos canais ESPN e WatchESPN.

*Pop Warner Little Scholars (PWLS): é uma organização sem fins lucrativos que promove programas de futebol, torcida e dança para jovens em diversos estados e países ao redor do mundo. Com aproximadamente 325.000 jovens participantes com idades entre 5 e 16 anos, Pop Warner é o maior programa da modalidade no mundo.

Fonte: Paula Ivoglo

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Cabelo preso, parafusos no punho e maquiada, sim: saiba quem é Sarah Thomas, a 1ª árbitra dos playoffs da NFL

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Sarah Thomas
Sarah Thomas Getty Images

Mais de dez anos atrás, Sarah Thomas estava se sentindo sem perspectivas em sua carreira de árbitra. Apitava jogos no high school, e não havia nenhuma mulher nessa posição na liga profissional. Sempre lhe diziam que nunca contratariam uma mulher - nem para o college. 

Mas em um jogo, tudo mudou!

Era uma final de campeonato, e o scout da NFL Joe Haynes estava lá. Ele gostou do que Sarah fez em campo e a colocou em contato com o árbitro aposentado, Gerald Austin, que a contratou para o college e mudou sua carreira. 

Muitos anos e muito trabalho depois, Thomas se tornou a primeira mulher a trabalhar como árbitra da NFL. Seu jogo de estreia foi entre Kansas City Chiefs e Houston Texans, em setembro de 2015.

Sarah Thomas com o treinador do Pittsburgh Steelers, Mike Tomlin Getty Images
Sarah Thomas com o treinador do Pittsburgh Steelers, Mike Tomlin Getty Images Getty Images

Após fazer história em 2015, agora Sarah Thomas será a primeira mulher a fazer parte da equipe de arbitragem em um jogo de playoffs. A equipe será de Ron Torbert, na partida entre Los Angeles Chargers e New England Patriots neste domingo (13), no Gillette Stadium, em Boston, por uma das duas semifinais da Conferência Americana (AFC), que você acompanha na ESPN e no WatchESPN, AO VIVO, a partir das 16h (horário de Brasília).

Thomas começou sua carreira em 1996, quando foi com seu irmão em um curso para árbitros e, atualmente, está em sua quarta temporada na liga, na qual trabalha como down judge*, depois de começar como line judge.

Casada e mãe de três filhos, tem muito apoio da família e compreensão, afinal sua profissão demanda que viaje muito durante a temporada, mas consegue conciliar sua vida profissional e pessoal sem problemas.

Sarah Thomas em um jogo do Detroit Lions Getty Images
Sarah Thomas em um jogo do Detroit Lions Getty Images Getty Images

Apesar de ser a primeira mulher exercendo essa função, Sarah diz que não teve muitos problemas em campo por ser uma mulher: “Todos são muito profissionais e olham para mim como qualquer outro juiz”, disse. 

Ainda em 2007, seu “mentor”, Gerald Austin, sugeriu que Sarah escondesse o rabo de cavalo que faz no cabelo embaixo do boné e não usasse maquiagem. Apesar de não aceitar o conselho sobre a maquiagem, ela entendeu o motivo pelo qual ele disse isso: “Você quer ser reconhecida como qualquer outro árbitro, e não como uma 'árbitra feminina', pois isso te coloca em uma categoria separada”, disse Sarah. “Não quero fazer nada que exalte isso, então, quando um técnico me olhar, ele vai ver apenas um 'árbitro' e nada mais”, completou a árbitra.

Mesmo tendo que esconder seu cabelo e moderar na maquiagem, diz que nunca sentiu nenhuma resistência: “Cresci com irmãos [homens], joguei na liga de basquete masculina, nunca permiti que meu gênero fosse motivo para que as pessoas agissem ou me tratassem de maneira diferente. Se eles têm algum problema comigo, é um problema deles, não meu”, diz Sarah.

Sarah Thomas
Sarah Thomas Getty Images

Sarah sempre passa muito tempo estudando e aprendendo. Assiste diversas vezes as jogadas para continuar melhorando, tem cuidados especiais com sua alimentação e pratica exercícios físicos com regularidade, afinal um down judge tem que se movimentar muito em campo para acompanhar as jogadas. Ela tem objetivos grandes na carreira, como ser árbitra de um Super Bowl, mas, enquanto isso, procura garantir a longevidade de sua atividade na NFL.

Apesar de ser a única mulher como árbitra na liga, várias outras mulheres já estão seguindo seu caminho: “O que eu aprendi nesse tempo todo é que você deve fazer algo porque ama, sem esperar reconhecimento. Se você trabalhar duro, o reconhecimento virá. Você tem que acreditar em si mesmo”, afirmou.

Tanta personalidade e persistência refletem em campo, até de maneira física: na semana 15 da temporada 2016/2017, no jogo entre Minnesota Vikings e Green Bay Packers, o tight end Kyle Rudolph recebeu um passe na sideline, levou um tackle do safety Morgan Burnett e acabou colidindo com Sarah, que caiu e quebrou um dos punhos. Foi para os vestiários, fez um raio-x, colocou uma tala e voltou a campo para terminar a partida. Após o incidente, teve que colocar uma placa e 8 parafusos para consertar o estrago.

Sarah sempre tentou fazer seu trabalho da mesma maneira que os árbitros faziam, com muita dedicação, sem tentar provar nada para ninguém, afinal, essa lista não acabaria nunca: “Sempre terá alguém dizendo ‘ela não é boa o suficiente’, ‘só está aqui por causa disso ou daquilo’, e por aí vai. Só estou aqui para fazer meu trabalho e fazê-lo bem. Eu me esforço para conseguir a perfeição, assim como todos os árbitros que dão seu melhor em campo, e não para se provarem. Assim como os outros, faço meu trabalho para não me envergonhar ou envergonhar a liga ou, mais importante ainda, ser fator determinante em um jogo”.

Com tanta experiência e dedicação, Sarah vem quebrando paradigmas e sendo um exemplo de determinação.  Ficamos na torcida para que ela escreva mais um capítulo de sua história na NFL, atingindo seu maior objetivo como árbitra de uma partida de Super Bowl, afinal, não devemos limitar nossos desafios, mas, sim, desafiar nossos limites!

Sarah na frente do ginásio do colégio em sua cidade natal, Pascagoula, MS, que foi renomeado em sua homenagem.
Sarah na frente do ginásio do colégio em sua cidade natal, Pascagoula, MS, que foi renomeado em sua homenagem. Pinterest

*Down Judge:

Posicionamento dos árbitros em campo da NFL
Posicionamento dos árbitros em campo da NFL NFL Operations

Down judge e line judge são os dois juízes que ficam nas extremidades da linha de scrimmage, um do lado oposto ao outro.

Um down judge tem a função de observar a linha de scrimmage, direcionar a equipe que faz a marcação de jardas, verificar se houve offside ou encroachment, julgar jogadas na sideline próximas a ele, contar jogadores ofensivos em campo, informar o juiz da descida em questão, determinar quando e se um jogador está fora de campo, marcar avanço do corredor, observar o recebedor mais próximo por 7 jardas até o jogador já esteja livre para contato legal dos defensive backs, observar interferência do passe, regras de faltas envolvendo bloqueadores e defensores em trick plays.

Fonte: Paula Ivoglo

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Cabelo preso, parafusos no punho e maquiada, sim: saiba quem é Sarah Thomas, a 1ª árbitra dos playoffs da NFL

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Sam Gordon, a garota do futebol americano que mudou o jogo

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo

Sam Gordon uniformizada jogando futebol
Sam Gordon uniformizada jogando futebol Reprodução

Para começar minha coluna oficialmente, resolvi falar de uma garota que eu admiro muito e tive o privilégio de entrevistar: Samantha Gordon!

Gordon ficou famosa há 6 anos devido a um vídeo seu que viralizou na internet, no qual ela jogava futebol americano contra garotos e não só jogava, como dava e quebrava tackles e conseguia longas corridas por entre as defesas, de maneira espetacular!

Antes de continuar, dá uma olhada nesse vídeo para entender do que eu estou falando.


Impressionante né? E o mais impressionante ainda, é que na grande maioria das vezes, ela até jogava com meninos mais velhos!

Depois disso ela ficou tão famosa que foi convidada para assistir um Super Bowl, criou uma liga feminina de futebol americano para meninas do high school americano e ainda foi a primeira mulher a ganhar um prêmio da própria NFL! E detalhe, tudo isso com apenas 15 anos.

Sam Gordon contou que costumava ir aos treinos do seu irmão mais velho, e no final de cada treino, fazia alguns exercícios de corrida, nos quais acabava ganhando de quase todos os meninos do time, mesmo eles sendo 3 anos mais velhos que ela. Depois de um tempo, o técnico começou a fazer disso uma competição, estimulando os garotos a “vencerem a garota”, até que um dia, esse mesmo técnico lhe disse: “Sam, eu realmente acho que você poderia se dar muito bem jogando futebol”, e foi então que ela começou!

Mesmo sendo a melhor nos treinos de agilidade e velocidade, 80 garotos foram escolhidos antes dela para os times principais, mas como Sam mesma disse, sempre acreditou que poderia fazer as mesmas coisas que os garotos, portanto isso nunca a desmotivou: marcou 35 touchdowns, correu para mais de 2.000 jardas e fez 65 tackles.

Em fevereiro de 2013, depois de tanta notoriedade recebida, Sam foi convidada pelo próprio comissário da NFL, Roger Goodell, para assistir o Super Bowl XLVII, e acabou virando celebridade, participando de diversos programas de televisão, comerciais e virando até capa de cereal americano!

Sam Gordon na capa do cereal americano
Sam Gordon na capa do cereal americano Fonte:Reprodução


Certa vez, Sam estava dando uma palestra em uma assembleia escolar e perguntou quantas meninas gostariam de jogar futebol, foi então que praticamente todas levantaram a mão e ela percebeu que sim, garotas também gostam e querem jogar futebol! Foi aí que teve a ideia de criar a Utah Girls Tackle Football League. Conversou com seu pai, que também é técnico, e depois de alguns contatos, fundaram a liga!

Só na primeira temporada, 50 meninas se inscreveram. Atualmente a liga está na sua 5ª temporada e continua crescendo. Para a temporada de 2018, foram 6 distritos, cada distrito com 3 divisões, uma da 5ª/6ª série, outra 7ª/8ª e outra do High School.

Em junho de 2017, Sam e seu pai, junto com outras jogadoras da liga e respectivos pais, entraram com um processo contra 3 escolas locais para exigir que ofereçam programas para garotas jogarem futebol em Salt Lake Valley, baseados na Lei "Title IX" que diz: “Nenhuma pessoa nos EUA, baseado no sexo, pode ser excluída da participação, ser negado o benefício de, ou sujeito a discriminação sob qualquer programa educacional ou atividade de receber assistência financeira federal.” O processo ainda está andamento e teve cobertura nacional.

Em fevereiro de 2018, Sam Gordon foi a primeira mulher a ganhar um prêmio da própria NFL, o NFL Game Changer, em reconhecimento a todo seu trabalho para incluir futebol americano nas escolas americanas, e por mostrar ao mundo que as mulheres também querem jogar futebol.  A premiação ocorreu no evento NFL Honors, que acontece todos os anos antes do Super Bowl e premia os melhores da NFL.

Sam Gordon no NFL Honors
Sam Gordon no NFL Honors AP Images

Atualmente Sam pratica as duas modalidades de futebol: americano e o da bola redonda. Não joga mais contra os meninos, afinal seu tamanho seria muito desproporcional e poderia causar algum risco a sua saúde, mas de qualquer maneira, levantou e carrega até hoje essa bandeira de igualdade nos esportes, e vem fazendo muito mais do que poderia imaginar, quando começou pequenininha, a fazer algo que amava!

Veja a entrevista completa aqui.

Fonte: Paula Ivoglo

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Futebol Americano é coisa de mulher sim!

Paula Ivoglo
Paula Ivoglo
Torcedora do Seattle
Torcedora do Seattle Getty Images

Que a mulherada vem conquistando cada vez mais espaço em áreas normalmente consideradas fora de sua zona, não é novidade para ninguém, certo? E no esporte não é diferente! O que muita gente não sabe é que, apesar de não fazer parte da tradição cultural brasileira, o futebol americano vem crescendo exponencialmente no Brasil. Um estudo realizado pela NFL (liga de futebol americano profissional dos Estados Unidos) afirma que o país possui um público de quase 20 milhões de pessoas que gostam do esporte, ficando atrás apenas do México e do próprio Estados Unidos.

O mais impressionante disso tudo? Aproximadamente, 40% desse público é feminino! Isso mesmo, aproximadamente 8 milhões de mulheres acompanham a liga aqui no Brasil. Números muito expressivos, visto que, no dia a dia, não é tão comum encontrar alguém que acompanhe o esporte. Além disso, muitos ainda têm aquela visão que futebol americano é um bando de brutamontes se batendo ou um jogo que para toda hora.

Primeiro, vamos desmistificar essa ideia. O futebol americano é um dos esportes mais completos e democráticos que existem. Além de exigir uma estratégia absurda para alcançar o objetivo do jogo (que é a conquista de território), o esporte ainda requer habilidades especiais e variadas dos jogadores. Cada equipe possui três times (ataque, defesa e especialistas) e cada um desses times, 11 jogadores de posições específicas. A posição de um jogador varia de acordo com seus atributos, como força, velocidade, agilidade, rapidez, perspicácia, inteligência, capacidade de análise de comportamento. Enfim, muitas informações e variantes que resultam num perfeito quebra cabeças que, quando colocado em prática, propicia um jogo emocionante, até se você não torce para nenhuma equipe.

Torcedoras Patriots e Dolphins
Torcedoras Patriots e Dolphins Getty Images

A emoção do jogo se dá pelo fato de ser algo muito mais complexo do que apenas colocar a bola dentro do gol adversário ou no chão da quadra, por exemplo. E quando eu digo "complexo", não é de uma maneira ruim, mas sim, interessante. Essa complexidade te faz querer entender cada vez mais como as coisas funcionam e se encaixam, já que em campo são apenas 22 jogadores, mas no banco tem mais um monte que se revezam.

Sabemos que nós mulheres temos uma capacidade multi-tarefa incrível de fazer e prestar atenção em N coisas ao mesmo tempo. Isso nos ajuda muito a compreender o futebol americano pois sempre tem muita coisa acontecendo nos dois lados do campo: decisão da jogada do time de ataque, posicionamento das duas equipes, análise dos posicionamentos, momento do snap (que é início da jogada), marcação dos jogadores, movimentação do quarterback (que é o principal jogador do time, responsável por lançar a bola), entre tantas outras.

Quando comecei a acompanhar o esporte, há mais de 10 anos, confesso que demorei um pouquinho para entender todas as regras e principalmente as exceções, mas a base e a dinâmica do jogo são bem simples. Depois, é só ir aprendendo uma regra de cada vez. Uma coisa é certa: Quando você entende, ah... Daí é amor eterno!

Eu particularmente sempre fui muito fã de esporte de uma forma geral, principalmente o futebol convencional. Ainda assim, sentia que precisava ir além, conhecer modalidades diferentes do que predominava aqui, e foi quando o futebol americano surgiu. Jogadores com garra, equipes dando o sangue pela camisa. Um esporte completo. E uma caixinha de surpresas... Afinal, muitos jogos são decididos com o cronômetro já zerado. Haja coração!

Torcedoras Steelers
Torcedoras Steelers Getty Images

Nesse início de relacionamento com o futebol americano, durante muito tempo, me senti uma estranha no ninho ao tentar falar com alguém sobre NFL. Além de pouca gente conhecer o esporte, eu ouvia sempre a mesma pergunta em tom duvidoso: “VOCÊ curte futebol americano? ” Como se, por ser mulher, eu não tivesse “capacidade” para tal.

Por ter trabalhado minha vida toda na área de tecnologia (sou Engenheira de Sistemas), já estava acostumada com certas posturas em ambientes quase 100% masculinos, e o futebol americano acabou sendo mais uma coisa que eu gostava/fazia que era “de homem”.

Com isso, a vontade de criar um espaço para mulheres falarem sobre o esporte sem paradigmas e com conforto, foi crescendo à medida que o amor pelo esporte se intensificava. Mudanças abruptas aconteceram na minha vida e na minha carreira. Depois de um intercâmbio de um ano fora do país, voltei renovada! Tão renovada que não queria mais a minha antiga vida e resolvi fazer o que eu amava de verdade: me dedicar a esse esporte tão incrível. Foi então que criei o NFL de Bolsa, veículo dedicado a abordar e informar tudo sobre futebol americano através dos olhos de uma mulher e com o objetivo de prover acesso rápido e fácil - que se adeque entre as mil e uma tarefas da mulher moderna -  a notícias relevantes sobre a NFL.

Quando fazemos algo que amamos, com toda paixão e dedicação, o reconhecimento vem! Hoje, como a primeira mulher comentarista de futebol americano da TV Brasileira, sou a prova viva de que os clichês são reais: trabalhe com o que você ama, e não precisará trabalhar um dia sequer na sua vida!

E para dividir um pouco mais dessa minha paixão com tantas outras mulheres (e homens também, afinal, amor por esporte não tem gênero), começo aqui meu blog no espnW, onde tratarei dos mais diferentes temas sobre Mulher e NFL!

Seja bem vindo!

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Fonte: Paula Ivoglo

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Futebol Americano é coisa de mulher sim!

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