Silêncio do Flamengo é uma tragédia para imagem do clube (e isso para quem entende do assunto)
Poucas horas depois da tragédia de Brumadinho, que já deixou quase 200 mortos em Minas Gerais, o presidente da Vale, dono da barragem rompida, estava diante de dezenas de microfones e jornalistas para tentar explicar o que aconteceu. Obviamente não tinha respostas para muitas perguntas e em outras não convenceu ninguém.
Mas, ao se colocar à disposição para responder dezenas de perguntas, o que voltou a fazer nos dias seguintes, e sem rodeios pedir desculpas pelo que aconteceu, fez o que especialistas em crises de grandes empresas recomendam em momentos como este.
Bem diferente do que o Flamengo fez até agora com o incêndio em seu CT que deixou dez jovens jogadores das suas categorias de base mortos.
Recentemente, a revista americana "Forbes", uma das bíblias dos negócios (e afinal o Flamengo é sim uma empresa grande), ouviu especialistas para relatar o que essas corporações precisam fazer para enfrentar momentos de crise aguda para suas imagens (incluindo acidentes que resultaram em mortes de seus clientes).
São 13 'mandamentos', e em muitos deles a gestão de Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, está reprovada (e não adianta dizer que na comunicação da tragédia a culpa é da gestão anterior).
A primeira dica da Forbes é "assumir a responsabilidade". "Não tente encobrir a crise, isso só vai piorar as coisas", diz a revista. O Flamengo aponta o dedo para uma sobrecarga de energia gerada após as fortes chuvas que castigaram o Rio dia antes do incêndio como provável motivo para o início do fogo.
No segundo conselho, a publicação afirma que os executivos de empresas em crise sejam "transparentes". Desde que o acidente aconteceu, nenhum dirigente da diretoria flamenguista teve coragem de responder qualquer questionamento da imprensa, falando apenas com comunicados curtos e pouco esclarecedores.
Outro especialista ouvido pela "Forbes" aponta que a instituição em crise deve ficar à frente da história. "Chegar à frente da história é a estratégia. Faça no fim de semana os detalhes do que fazer. Mas comece a se comunicar, pedir desculpas, reembolsar (os afetados pela crise) imediatamente". O Flamengo demorou horas até para colocar em suas redes sociais o que aconteceu no CT.
O quinto item da revista é tão importante para o Flamengo que aqui ele vai de forma literal. "Dizer 'você vai investigar' não faz ninguém se sentir melhor. Dizer que você está profundamente entristecido com o que aconteceu e vai fazer as coisas melhores é importante. Em seguida, compartilhe imediatamente como políticas serão implementadas para que isso não aconteça novamente. Aja rápido antes que as pessoas percam a fé em sua marca". Essa Landim deveria anotar o quanto antes.
A falta de desculpas publicas consistentes do Flamengo é um grande pecado no mundo dos negócios em casos de crise. "Estender um pedido sincero de desculpas é a chave para seguir em frente. Não fazê-lo adiciona combustível ao fogo e muda a narrativa.", aponta a revista americana.
Sem permitir perguntas da mídia, o clube carioca comete outra falha. "Quando perguntado sobre o assunto, nunca diga 'sem comentários'. Se você não tem voz no assunto, as pessoas imediatamente assumem a culpa da empresa ou assumem suas próprias suposições".
Será que dá tempo do Flamengo mudar seu desastre na comunicação no capítulo mais trágico da sua história?
Fonte: Paulo Cobos, blogueiro do ESPN.com.br
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