Impedimento: o jogador deve ser punido por estar com 'um cabelo' à frente ou deixar seguir o lance seria o ideal?
Após Atlético-MG x São Paulo, Renata Ruel explica em detalhes como VAR traça linhas e diz: 'No impedimento, não é uma ferramenta 100%'
Aquele tal impedimento que se o atacante calçar 43 e o zagueiro 41 a infração ocorrerá, se a ponta do nariz do zagueiro estiver mais próximo da linha de fundo vai dar condições para o atacante.
Esse é o típico lance que se o árbitro assistente acertar no campo tem que ser exaltado e agradecer o cara lá de cima, que não é o da cabine do VAR. Por experiência própria digo que há lances dificílimos no campo para os bandeirinhas.
Entretanto, estamos na era do VAR, a ferramenta que traça as linhas para não haver dúvidas em relação a posição dos jogadores, correto?
O VAR é manipulado por seres humanos, que são passíveis de cometerem erros, até mesmo em lances de impedimentos, que são, na grande maioria, factuais, não precisando de interpretação.
Não estou dizendo que o VAR errou ou acertou no gol anulado do São Paulo contra o Atlético-MG, porém que erros podem ocorrer, sim, como já vimos, por exemplo, no gol anulado do Ceará contra o Palmeiras, pelo Brasileiro de 2019. Ali, foi possível ver que o frame escolhido para o primeiro toque na bola pelo jogador do Vozão foi equivocado, o que alterava a posição do atacante.
No gol anulado da equipe do Morumbi, a foto disponibilizada mostra a linha vermelha, que representa o atacante, sobreposta à azul, que pertence ao defensor, pelo protocolo isso significa que o atacante está em posição de impedimento, porém provavelmente por milímetros.
Ainda sobre imagem que veio à público, não é possível ver todo o corpo do jogador são-paulino, contudo é importante informar que o VAR possui mais câmeras, inclusive de ângulo invertido, a qual possibilita uma imagem do corpo todo.
O VAR vai analisar três pontos chaves para o impedimento da equipe do Morumbi: a batida na bola do atacante no momento do passe, a parte do corpo defensor que está mais próxima à linha de fundo e fazer exatamente o mesmo com o corpo do atacante.
E é aí que pode ou não ocorrer uma falha humana, principalmente em lances ajustados: se o frame na bola não for o correto; se o ponto traçado em um dos jogadores ou em ambos não for exatamente o local do corpo que estava mais próximo à linha de fundo. Isso pode alterar sim uma posição legal para uma infração ou vice-versa.
Está em estudo uma tecnologia semiautomática para ser utilizada pelo VAR no tracejo dessas linhas, porém não é tão simples assim, justamente pelo fato, por exemplo, de nem todos os jogadores calçarem o mesmo número. Enquanto isso o impedimento do VAR seguirá sendo feito pelos árbitros e técnicos da ferramenta e estará sim sujeito a erros mesmo em lances factuais, não gerando 100% de exatidão.
Se um árbitro pedir para o técnico traçar a linha no mesmo jogador na ponta do nariz e outro na ponta do joelho ou, até mesmo, ambos os árbitros enxergarem cada que a ponta do nariz é um local diferente tudo pode ser alterado em um mesmo lance.
Assim como não se pode crucificar um erro por poucos centímetros do assistente em campo, também não se pode fazê-lo com o VAR. Todavia, nos dois casos o equívoco pode ocorrer, tendo a ferramenta tecnológica uma margem menor de erro.
A regra do impedimento é, sim, factual em relação à posição, se uma parte do corpo do atacante, exceto os braços ou mãos, estiver à frente do penúltimo ou os dois últimos defensores ou da linha da bola (quando essa for a referência), mas nem sempre é fácil trazê-la para a realidade do jogo.
Mas qual decisão deve prevalecer em lances assim, do campo ou do VAR? O jogador deve realmente ser punido por estar com "cabelo" à frente ou deixar seguir o lance seria o ideal? A Internacional Board está estudando mudanças para essa regra, quem sabe teremos novidades.
Fonte: Renata Ruel
Impedimento: o jogador deve ser punido por estar com 'um cabelo' à frente ou deixar seguir o lance seria o ideal?
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