A expulsão de Rodinei e o cartão laranja - A arte de arbitrar um jogo de futebol
Rodinei, do Internacional, foi expulso na ‘final' do Campeonato Brasileiro contra o Flamengo em um típico lance para cartão laranja, na minha opinião. Ao disputar a bola, o lateral-direito pisou na altura do tornozelo direito de Filipe Luís, jogada que fica entre intensidade média à alta, cartão amarelo e vermelho, força média, porém o jogador não é impetuoso, e, desta forma, o árbitro vai analisar outros vários fatores para definir a cor do cartão, como explicarei abaixo.
Há elementos para segurar o cartão amarelo, sim, entretanto quando ocorre pisão que entorta o tornozelo do adversário os árbitros têm expulsado – até por isso, o árbitro de vídeo sugeriu a revisão.
Ou seja, em um eventual cartão laranja há fatores para defender o cartão amarelo e o vermelho, exatamente o que aconteceu neste lance do Rodinei. E como no futebol a interpretação reina, e critérios muitas vezes são um problema, alguns concordarão com a expulsão enquanto outros, não.
Você já viu um cartão laranja em algum jogo profissional? Ou já escutou alguém dizer: “Era lance para cartão laranja.”? Eu confesso que ao analisar alguns lances já usei esta frase.
Mas o cartão laranja realmente existe?
Não, o cartão laranja de forma física, como matéria, não existe no futebol. Assim como também não existe nas regras do jogo. Entretanto, nas orientações e na prática de arbitragem essa cor de cartão é avaliada pelo árbitro no momento de tomar decisão.
Rodinei acerta Filipe Luís e é expulso contra o Flamengo; veja
O que significa um cartão laranja?
É sabido que em muitos lances a interpretação reina. Contudo, o árbitro deve analisar cada jogada dentro das regras do jogo e das orientações e diretrizes recebidas através dos instrutores. São vários pontos a serem analisados, em pouquíssimo tempo, para uma tomada de decisão, entre eles: a regra; o tempo jogado; o controle de jogo; a leitura da partida - que pode mudar conforme o desenrolar do jogo; a ‘temperatura’ do jogo e dos envolvidos nele - jogadores, comissão técnica (calmos ou nervosos); estado do gramado - com chuva ou sol; critérios a serem adotados pela arbitragem; fase do campeonato; o próximo jogo daquela equipe; e não param por aí.
Em função disso, dentro das orientações recebidas pelos árbitros, alguns lances se tornam cartão laranja. Isso significa que a infração está entre um cartão amarelo e um cartão vermelho, intensidade e força de médias a altas, a impetuosidade do jogador no lance, o ponto de contato, o momento do jogo e os outros fatores citados acima. Ou seja, o árbitro analisará vários fatores para uma tomada de decisão na escolha do cartão entre o amarelo e o vermelho, já que o laranja não existe na prática.
Participei, em 2019, na França, de um curso da Fifa em que a entidade usou um exemplo de palheta de cores (que começava no branco, evoluía por vários tons de amarelo, passava pelo laranja e, finalmente, chegava ao vermelho) que sugere analisar as faltas entre: sem cartão; entre sem cartão e cartão amarelo; entre cartão amarelo e vermelho; aquele cartão vermelho unânime, ou seja, muito vermelho. Desta forma, ilustrando aos árbitros onde a decisão disciplinar se encaixava em relação aos vídeos-testes realizados.
Costumo dizer que nenhum árbitro consegue terminar um jogo "apitando com um livro de regras embaixo do braço". Arbitrar um jogo envolve muitas coisas, além de conhecer as regras, é preciso conhecer e entender de futebol, conhecer as equipes e os jogadores, entender o ambiente, fazer a leitura correta de cada momento da partida, mudar o estilo de arbitragem conforme o jogo pede.
Atuar em uma partida de futebol é quase uma arte, não é simples, não é fácil e, por isso, não é qualquer pessoa que chega próximo à excelência na arbitragem. Além de que, a interpretação é fato e, com isso, a uniformidade de critérios é um grande desafio.
Gol de Pedro anulado e o problema nas arbitragens de Raphael Claus
Pedro roubou a bola com falta e marcou mais um gol para o Flamengo que foi confirmado pela arbitragem no campo. Porém, esse lance é o chamado App pelo protocolo do VAR, quando há uma infração e sai o gol - neste caso, a recuperação de bola ocorreu através de uma falta não marcada em campo e que deu origem ao ataque resultando em gol.
O Raphael Claus é um ótimo árbitro, porém um dos problemas persistentes em sua arbitragem tem sido justamente a não marcação de faltas que tem dado origem a gols. Só recordar o lance do GreNal, ainda no Brasileirão, em que Thiago Galhardo sofreu falta no ataque, Claus não marcou, o Grêmio recuperou a bola e fez o gol.
Nas eliminatórias para a Copa do Mundo, Claus anulou o gol de Messi na partida entre Argentina e Paraguai, após o VAR sugerir revisão por falta na origem da fase de ataque no meio-campo.
O fato é que as polêmicas de arbitragem no futebol nunca terão um fim. Mesmo com o VAR.
A expulsão de Rodinei e o cartão laranja - A arte de arbitrar um jogo de futebol
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