A relação da atividade física com o câncer de mama

Tathiana Parmigiano
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Etiene Medeiros promoveu a campanha 'Touca Rosa'
Etiene Medeiros promoveu a campanha 'Touca Rosa' Reprodução

Apesar das pessoas no mundo inteiro estudarem o assunto o ano todo, é outubro (e com o Outubro Rosa) que nos lembramos da importância da prevenção conta o câncer de mama. Pedi para que um querido amigo e grande médico escrevesse esse mês, com propriedade científica, sobre a importância do exercício e prevenção. Porque prevenção é o que nos garante longevidade e a possibilidade de realizar o que desejamos ao longo de nossas vidas. Com vocês, Dr. Rodrigo Santa Cruz Guindalini, Oncologista Clínico da CLION e Coordenador do Centro de Genética e Prevenção de Câncer do GRUPO CAM de Salvador, Bahia.

Qual a relação entre atividade física e câncer de mama? 

“A atividade física pode impactar positivamente o risco e desfechos do câncer de mama. Muitos estudos mostram que mulheres fisicamente ativas têm um risco menor de desenvolvimento de câncer de mama do que mulheres inativas, principalmente em mulheres na pós-menopausa. Em um grande estudo publicado em 2013, a redução do risco médio de câncer de mama associado à atividade física foi de 12%. Para mulheres que já desenvolveram a doença, evidências relacionam a atividade física após o diagnóstico com melhores resultados de câncer de mama. Por exemplo, um grande estudo descobriu que as mulheres que se exercitavam moderadamente (o equivalente a caminhar de 3 a 5 horas por semana a um ritmo médio) após um diagnóstico de câncer de mama tinham aproximadamente 40% a 50% menos riscos de recorrência do câncer de mama, morte por câncer de mama e morte por qualquer causa em comparação com mulheres mais sedentárias. O potencial benefício da atividade física em relação à morte por câncer de mama foi mais aparente em mulheres com tumores com receptores hormonais positivos. Além disso, alguns tratamentos para o câncer de mama podem fazer a paciente se sentir muito cansada ou doente. Neste cenário, o exercício pode influenciar positivamente certos efeitos colaterais relacionados ao câncer, como fadiga, neuropatia periférica induzida por quimioterapia, comprometimento cognitivo relacionado ao câncer, artralgia e linfedema. Recomenda-se que as mulheres façam pelo menos 150 minutos (2 horas e 30 minutos) de atividade de intensidade moderada por semana. Atividade de intensidade moderada deve fazer seu coração bater mais rápido. Você se sentirá mais quente e respirará um pouco mais, mas ainda poderá manter uma conversa. Você pode dividir isso como quiser. Por exemplo, você poderia fazer 30 minutos de atividade em cinco dias por semana. Se você quiser fazer períodos mais curtos de atividade, você pode fazer 10 minutos três vezes por dia em cada um desses dias. Qualquer quantidade de atividade é melhor que nenhuma; se você se esforçar para fazer 150 minutos, comece tentando reduzir o tempo que você passa sentado ou inativo e aumente gradualmente ao longo do tempo”.

Maria Portela vestiu a camisa - literalmente!
Maria Portela vestiu a camisa - literalmente! Reprodução

Como disse e comprovou Dr Rodrigo Guindalini, o exercício físico previne e diminui recorrência de câncer de mama.

A atitude faz a diferença, como nos ensinaram as atletas olímpicas Maria Portela do judô e Etiene Medeiros da natação. Fiz 40 anos esse ano. Farei minha mamografia anual por muitos anos, se Deus quiser. Porque o exame não dói. O que dói é perder um parente ou amigo querido por falta de prevenção. Procure seu ginecogista. Peça orientação. Faça seus exames. 

Fonte: Tathiana Parmigiano

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Uma pecinha que muda nossa vida

Tathiana Parmigiano
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Meus bebês
Meus bebês Arquivo Pessoal

Um filho é uma pecinha que muda nossa vida. Sem dúvidas. E a história se repete quando o segundo chega!

A experiência nos ajuda, é verdade, mas abre-se uma nova série de situações nem sempre possíveis de serem previstas.

Por isso, queria pedir desculpas pela ausência por aqui. Apesar de ter voltado a atender um mês após o parto, foram quatro meses intensos desde a chegada da minha Pequena e precisei abrir mão de certas coisas para "dar conta". 

Se na minha profissão eu repito que "cada gestação é diferente da outra", agora era a hora de eu vivenciar que "cada filho é diferente do outro", jargões que têm seu valor. Cólica, babá, sexo feminino... tudo novidade por aqui!

Com isso, fui tirada da estabilidade da minha agenda e compromissos. Mas, aos poucos, tenho tentado me organizar para conseguir conciliar tudo o que eu faço. Por isso volto a escrever só hoje. 

Mas vamos que vamos. Isso é vida real e está aí pra ser vivida.

Gabriela nasceu saudável, parto cesárea, com 4250g(!) e tem alegrado nossa casa.

Pedro manteve as atividades dele, enlouqueceu com a Copa e tem sido um irmão muito carinhoso com ela. (A "gagueira" do pré-parto passou. rs) 

No meio disso, todo o pacote que eu, e todas as mulheres do mundo que optam por ser mães, ganhamos à chegada de um bebê...

Contem comigo por aqui.

Estou feliz e pronta pra viver uma nova fase da minha vida.

Fonte: Tathiana Parmigiano

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Uma pecinha que muda nossa vida

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40 anos. Grávida. Feliz

Tathiana Parmigiano
Tathiana Parmigiano

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É verdade, sim, que na teoria o ideal é que “tenhamos nosso último filho até os 35 anos”. Tanto a fertilidade quanto o risco de doenças associadas às mães e bebês aumentam consideravelmente após essa idade e, principalmente, após os 40.

 Após os 35 anos, os tratamentos para engravidar se tornam mais comuns. Infelizmente, os abortamentos podem ser mais frequentes e,  regados por uma dose muito maior de ansiedade, muito casais procuram por ajuda. Nada de mal nisso, claro. Importante apenas que saibam e façam suas opções, porque o tratamento não é garantia de sucesso. 

Além disso, o risco de diabetes e hipertensão gestacionais também aumentam, o que exige uma programação adequada para o ganho de peso e o não sedentarismo materno. 

 E o que dizer de uma obstetra que vai ter seu filho aos 40?

Digo a vocês que essa é minha história. Foi assim que minha vida se moldou. Foi assim que, também num ciclo olímpico, consegui constituir minha família.

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Se pudesse ter sido diferente, eu o teria feito porque eu também tive medo de não conseguir. E é isso que digo às minhas pacientes... projetos profissionais/esportivos sempre vão existir, mas nosso período para engravidar nem sempre pode esperar. Então, considere as possibilidades sempre!A segunda gravidez parece, também, exigir mais da gente, pois a carreira profissional geralmente está mais engrenada e, nos momentos de “teórico” descanso, há alguém em casa já te esperando. 

Mas eu não poderia estar mais feliz. Valeu a pena. Muito.

Usando da maturidade para hábitos de dieta e exercício ainda mais saudáveis, tentando ter um sono adequado e contando com a ajuda de amigos e familiares... minha Gabriela chegará logo mais.

 Se a vida começa aos 40? Sem dúvidas!

Chego aos 40 na minha “melhor” forma e com meu melhor presente, pronta para a segunda fase da minha vida.

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DIU de cobre e Mirena são iguais? Qual o melhor método contraceptivo para mulheres atletas?

Tathiana Parmigiano
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DIU é um dos métodos contraceptivos opcionais à pílula
DIU é um dos métodos contraceptivos opcionais à pílula Divulgação

Quando falamos em 'DIU' muitas são as opiniões...

Mas antes, deixa eu explicar que há dois tipos de 'DIU'.

O DIU (dispositivo intra-uterino) de cobre é um método não hormonal conhecido por muitas mulheres. Foi, por muito tempo, a única opção de método de longa duração reversível. Seu uso garantia o planejamento familiar por cinco ou 10 anos.

O Mirena é, na verdade, chamado de SIU (sistema intra-uterino): possui levonogestrel – um hormônio feminino do grupo das 'progesteronas'.  Também é um método de longa duração (5 anos) e reversível, ou seja, se você tirar, pode engravidar espontaneamente.

Muitas mulheres não querem usar hormônios. E muitos profissionais, médicos ou não, também não querem que elas usem. 

Os  dois dispositivos agem dentro do útero de maneira semelhante, já que ambos preservam a produção hormonal ovariana, permitindo que a mulher ovule na maioria de seus ciclos. Além disso, têm como fator contraceptivo a ação deletéria sobre os espermatozoides e não estão associados à trombose, podendo até mesmo serem usados em mulheres que já passaram por isso. 

Apesar de tudo isso,  a repercussão deles sobre o organismo feminino é oposta.

O DIU de cobre aumenta a camada interna do útero (endométrio) e está  associado a sangramentos intensos e volumosos. Por vezes, a consequência disso são crises de cólica e anemia na persistência do fluxo aumentado. Obviamente, a escolha cabe à mulher mas, na busca do método “sem hormônio”, muitas vezes essa informação é omitida quando referida por não ginecologistas.

Já o Mirena aparece como uma oportunidade de um método com 95% de ação intra-uterina, que manterá a função ovariana de produção hormonal (estrogênio, progesterona e testosterona) praticamente inalterada, como desejado por muitas mulheres atualmente. Além disso,  levará à atrofia (diminuição) do endométrio. Com isso, 70% mulheres tendem a ter a menstruação interrompida e as que permanecem menstruando, provavelmente, terão seus ciclos com menor perda sanguínea.

Para mulheres esportistas e atletas, a perda de células vermelhas prejudica o 'transporte' do oxigênio, prejudicando principalmente os esportes de endurance. Por isso, apesar de 'hormonal', as vantagens do Mirena devem ser realmente consideradas, sobretudo, na mulher atleta. É um método contraceptivo seguro (comparado à laqueadura) e com benefícios que vão além da contracepção em si.

No entanto, o Mirena pode causar acne em mulheres predispostas e cistos ovarianos transitórios. E também não poderemos programar o ciclo menstrual como fazemos com pílulas, adesivos e anel vaginal.

Como todo método, há prós e contras. Aquele que mais benefícios trouxer a você, é aquele que deve ser o seu escolhido. Sei que, atualmente, muitos profissionais se preocupam com o método contraceptivo de suas clientes. Mas o  ginecologista ainda é o melhor profissional para te informar sobre riscos, benefícios e mitos de cada um. 

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Entre um parto e outro, tirei férias e visitei a sede da 1ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna

Tathiana Parmigiano
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Brinquei em um post no ano passado que nós, obstetras, viajamos de acordo com a nossa agenda de partos. Minha brecha ocorreu há uma semana e foi sensacional.

Não só por viajar, comer coisas diferentes e sentir o vento de outra cultura. Mas especificamente, tive a oportunidade de voltar no tempo e me emocionar com o que amo fazer: viver o esporte e sua história!

Nada como a Grécia para isso. Nada como Atenas. E, arrepiando a todo momento, nada como conhecer o Estádio Panatenaico, sede da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, disputados em 1896.

Em uma mistura de amor e “ódio”, admirei Pierre de Coubertin, sentei na cadeira que lhe era reservada e agradeci por sua insistência no sucesso dos Jogos, mesmo que tenha compactuado com a exclusão da participação feminina naquele ano.

Ponto interessante para todos, imperdível para amantes do esporte. Me emocionei, comprei quase toda a lojinha e agradeci por pisar naquele local.

Fora isso, teve praia, com um mar que lembra piscina... maravilhoso!!

E, na hora que bate aquela tristeza de saber que está acabando, a gente lembra que está chegando a hora de ver o Pedro... e não tem melhor motivo para voltar para casa!

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Entre um parto e outro, tirei férias e visitei a sede da 1ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna

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Outubro Rosa – Vamos prevenir?

Tathiana Parmigiano
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Mais um ano se passou e o “Outubro Rosa” está aí para nos lembrar da importância da prevenção ao câncer de mama. Uma doença que acomete mulheres jovens, principalmente a partir dos 40 anos, mas que pode ser prevenida e, por meio de exames como a mamografia, ter seu diagnóstico feito de maneira precoce, permitindo sua cura.

Um artigo de revisão (que se caracteriza por reunir artigos de credibilidade escritos sobre um determinado assunto nos últimos anos) foi publicado em agosto, em uma das mais renomadas revistas médicas, o “Lancet Oncology”. Eles estudaram novas e atuais evidências que relacionam atividade física,  sedentarismo e dieta ao câncer. Mas ressalto o que tem sido cada vez mais confirmado:

1. A prática de atividade física está associada de maneira positiva à prevenção, enquanto o sedentarismo aumenta o risco de vários tipos de câncer, incluindo o de colo-retal, do endométrio (camada interna do útero) e de mama;
2. Nas dietas, alguns estudos mostram que o maior vilão relacionado ao câncer de mama talvez seja o consumo crônico de álcool na vida adulta, mesmo que  em baixa dose;
3. Outros acreditam que o consumo de alimentos integrais, ricos em fibras, verduras, frutas e legumes minimize o risco da doença. Se esse hábito se iniciar na infância, antes dos oito anos, ainda melhor;
4. A obesidade aparece como fator de risco por acometer e manter o corpo em um estado inflamatório sistêmico, contribuindo para o aumento da mortalidade em casos de câncer de mama e de endométrio, assim como piorando o prognóstico do câncer de fígado;

Pode parecer repetitivo, mas um estilo de vida saudável, o que inclui dieta balanceada e exercício físico regular, são os maiores aliados da nossa saúde. 

Priorize seu tempo. Invista em prevenção. O “Outubro Rosa” está aí para nos lembrar disso.

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Uso de contraceptivos orais na mulher atleta é tema do 29º Congresso Brasileiro de Medicina Esportiva

Tathiana Parmigiano
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Olá, meninas.

Estou no Rio de Janeiro participando do 29º Congresso Brasileiro de Medicina Esportiva, que ocorre concomitantemente com o 26º Congresso Pan-Americano de Medicina Esportiva. O evento é uma realização da SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, em conjunto com a Diretoria Regional do Rio de Janeiro.


É uma oportunidade para os profissionais trocarem ideias sobre suas áreas, além de se atualizarem! Fui convidada, é claro, para falar sobre ginecologia no esporte. 

O tema da minha aula será 'o uso de contraceptivos orais na mulher atleta', assunto muito recorrente nos meus atendimentos, seja para as atletas profissionais, amadoras ou de fim de semana. Prometo, nos próximos posts, escrever mais sobre isso.

Congressos como esse apresentam também produtos nas áreas de nutrição, suplementação, exercício, aferição de composição corporal e muito mais.

Temos a chance, também, de ver trabalhos de medicina esportiva publicados e ampliar nosso conhecimento científico.

E, por falar nisso, tenho que ressaltar a importância de ter uma equipe médica multidisciplinar a serviço de um clube ou uma delegação, por exemplo. O judô vem fazendo isso muito bem, mesclando médicos do esporte, ortopedista e ginecologia. Os resultado são sempre positivos.

Aproveito para convidar vocês, leitoras do espnW, para acessar meu novo site.

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Uso de contraceptivos orais na mulher atleta é tema do 29º Congresso Brasileiro de Medicina Esportiva

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Você sabe o que é a Tríade da Mulher Atleta/RED-S?

Tathiana Parmigiano
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Alterações alimentares são o primeiro estágio da Tríade da Mulher Atleta
Alterações alimentares são o primeiro estágio da Tríade da Mulher Atleta Divulgação

A ideia de “disponibilidade energética” é algo muito importante para a saúde e para o rendimento esportivo de uma esportista/atleta mulher. Esse é o nome que damos para a quantidade de energia que você consome, menos (-) a que você gasta. 

O que a gente “consome” vem da alimentação e o que a gente “gasta” está relacionado a, basicamente, três coisas:

- a manutenção de nossas funções básicas (metabolismo basal) - comer, dormir, respirar, suar...
- o que o corpo necessita para nossa produção hormonal adequada
- o que usamos para treinar e competir

Poucos sabem, mas há um consenso muito bem estabelecido pelo American College of Sports Medicine, estipulando que uma mulher precisa consumir entre 30-45kcal por cada kg que tenha de massa magra para exercer bem todas essas funções. Ou seja, de maneira individualizada, baseado na sua composição corporal e gasto energético em treinos diários, uma nutricionista calcula sua dieta e seu peso ideal.

A menstruação regular está totalmente associada a sua disponibilidade energética. Se não houver essa quantidade de energia (calculada pra você e seu gasto
pessoal), a primeira coisa que seu corpo vai fazer é poupar a energia que ele destina para a menstruação: seu ciclo fica mais longo, sangra menos, até parar mesmo de vir.
Se a ingesta se mantiver insuficiente, os problemas não vão parar por aí, pois se inicia uma progressão de alterações que tendem a seguir a seguinte ordem:
alteração menstrual, queda de rendimento, perda de vitalidade e risco de vida.

Isso porque, diante de um balanço energético negativo (quando você consome menos do que gasta), seu corpo tem que abrir mão de algumas funções, como menstruar, inicialmente. (Lembrando que isso pode estar mascarado no caso de uso de contraceptivos hormonais). Em seguida, a queda de rendimento e perda de performance: sinais de “overtraining” e perda de rendimento. Vejam o post anterior...

Com balanço energético negativo, o corpo tem que abrir mão de algumas funções?
Com balanço energético negativo, o corpo tem que abrir mão de algumas funções? Divulgação

Mas aina mais perigoso é pensar que o quadro pode evoluir... se o balanço energético não for restabelecido (e isso pode vir da associação de dieta e readequação de volume de treino), a progressão é o acometimento do seu “metabolismo basal”, ou seja, sua vida! Isso ocorre pois pode-se instalar um distúrbio alimentar verdadeiro – como anorexia ou bulimia. 

As alterações alimentares são o primeiro estágio da Tríade da Mulher Atleta. Essa falta de energia desencadeia as alterações hormonais relacionadas à menstruação e também às alterações ósseas. A Tríade está descrita desde 1992 e está relacionada à mulher esportista, de qualquer idade ou nível competitivo. Em um conceito mais atual, o RED-S (Relative Energy Deficiency in Sports) acredita que a deficiência energética pode acometer um número ainda maior de sistemas e prejudicar gravemente a saúde da mulher atleta.

Por isso, fiquem atentas. A busca de um peso qualquer, um “número”, pode ser algo perigoso. Existem ferramentas adequadas para serem usadas. Essa
calculadora é a principal delas e pode ser manuseada por um profissional bem capacitado. Acredito que toda atleta tenha que ter o acompanhamento de uma
nutricionista que entenda da prática esportiva e, principalmente, que entenda que a alimentação é a base do seu rendimento esportivo com saúde e longevidade.

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‘Overtraining’ pode resultar em alterações no ciclo menstrual

Tathiana Parmigiano
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O overtraining é uma alteração que inclui sintomas físicos e psíquicos.
O overtraining é uma alteração que inclui sintomas físicos e psíquicos. Divulgação

O “overtraining” é uma alteração que inclui sintomas físicos e psíquicos. Pode aparecer durante um ciclo de treinamento e prejudicar o atleta/esportista tanto em relação a sua saúde como ao seu rendimento esportivo (como falamos no post anterior).

Uma das manifestações do “overtraining” feminino são as alterações do ciclo menstrual. Muitos acham “normal” que a mulher-atleta não menstrue, mas entendam que  apesar de não menstruar ser um fato comum entre elas, isso não é normal.

A mulher deve menstruar todo mês. Isso é fisiológico. Isso reflete que seus hormônios estão ok e que a energia consumida (alimentação) e a que ela gasta (no seu dia a dia e treinos) estão em equilíbrio.

A exceção está naquelas que usam dos contraceptivos hormonais para não menstruarem: isso é possível e seguro e uma opção muito comum atualmente.

Vamos deixar claro, primeiro, que não há problema nenhum em inibir a menstruação, desde que isso tenha sido feito de maneira adequada, ou seja:

  1. Você só deve iniciar esse processo se estiver menstruando regularmente. Se não estiver, procure um ginecologista e investigue: avaliação hormonal e nutricional são essenciais. Após três ciclos normais, você está autorizada a não querer mais menstruar e planejar adequadamente isso com seu médico.
  2. Quando você usa contraceptivo hormonal – pílula, anel vaginal, injeção mensal ou adesivo (o DIU e o Implante têm suas particularidades) –, você não está “menstruando”, você está “sangrando” todo mês. É diferente deixar seu corpo fazer todo o processo e deixar com que o contraceptivo faça.

Mas por que isso é importante?

Quando você não está usando anticoncepcional e para “sem querer” de menstruar, seu corpo está sinalizando que algo não está “normal” e, ao invés de ficar “feliz” como muitas ficam por “não gostarem” de menstruar, entenda que você deve ir a um ginecologista e ver o que está acontecendo. E não aceite que ele culpe seu treino!

Muitas vezes, ocorre um desequilíbrio energético no seu dia a dia
Muitas vezes, ocorre um desequilíbrio energético no seu dia a dia Divulgação

A primeira medida a descartar são alterações hormonais – tireóide, diabetes, aumento de prolactina, falência ovariana, síndrome dos ovários policísticos e gravidez!! – pois estes estão entre os principais diagnósticos. Mas se tudo isso der normal e você for atleta/esportista, vamos ter que prosseguir.

Muitas vezes, no caso de mulheres que treinam, ocorre um desequilíbrio energético no seu dia a dia – pessoal e treino. Seu corpo passa a trabalhar com uma disponibilidade energética negativa e passa a economizar a energia que seria destinada ao ciclo menstrual: ele se torna irregular, o fluxo diminui progressivamente, até que você para de menstruar. A “amenorreia” é o nome que damos quando a mulher fica trêsmeses sem menstruar. Mas o ideal é que ela procure um médico antes que isso aconteça.

O próximo passo é a queda de rendimento. E aí, o título do texto: você pode estar entrando em “over” e a sua menstruação irregular é um sinal disso.

Quem usa contraceptivo hormonal pode, sim, ter esse quadro mascarado, pois está “sangrando” pelo uso dos contraceptivos. Suspender o uso para diagnóstico correto muitas vezes é necessário.

Exercício com equilíbrio resulta em performance e longevidade. Isso inclui alimentação, sono e menstruação!

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‘Burn Out’ e ‘Overtraining’: o que o 8º título de Federer em Wimbledon nos ensina?

Tathiana Parmigiano
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Federer comemora conquista do 8º título em Wimbledon
Federer comemora conquista do 8º título em Wimbledon Julian Finney/Getty Images Sport

Cada um conhece de um jeito… Mas essas duas são síndromes (conjunto de sintomas) semelhantes aos quais todos nós estamos suscetíveis… Então, vale a pena estar atento…

O “burn out” é um  distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. Ele é caracterizado pelo esgotamento físico e mental, principalmente entre profissionais que se envolvem diretamente com o convívio pessoa-pessoa, como nós médicos.

Pode se refletir em atitudes negativas, vontade de ficar sozinho, alterações  de humor (irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração), baixa autoestima…

Mas pode também apresentar sintomas físicos como dor de cabeça, cansaço, sudorese, palpitação, dores musculares, alteração do sono, diarreia…

Tudo isso culmina com a queda de rendimento profissional.

No atleta, a gente também tem uma espécie de “burn out”: o “overtraining”.

O “overtraining” pode ser caracterizado pela fadiga prematura, rigidez muscular, mudanças do estado de humor, queda de motivação, coordenação, concentração e redução da tolerância ao estresse. É mais frequente no esportes de “endurance” – corrida, natação e triathlon, que associam treinos com alto volume e intensidade também alta.

Como vocês podem prever, isso também culmina com a queda do rendimento profissional…

Só que no, “burn out”, o exercício é remédio. No “overtraining”, o descanso é.

Aquela “provinha” fora dos planos que você quer fazer, pode roubar energia que mina seu principal foco e também sua longevidade esportiva.

Quando Federer chega a seu 8o título em Wimbledon após 6 meses “off”, algo podemos e temos que aprender com isso. Descanso faz parte do rendimento esportivo. Sono, alimentação trazem resultado e devem ser aliados de um correto planejamento de treino – senão, você “quebra” antes.

O diagnóstico é clínico, ou seja, na maioria das vezes nem precisa de exames: mudança de atitudes, falta de motivação, tristeza no que te faz feliz, queda de rendimento, cansaço!

Já foram propostos inúmeros exames e correlação entre eles (testo, cortisol, CPK, controle dos níveis de ureia…) para se tentar um diagnóstico preciso. Claro que eles podem ter seu valor, principalmente quando existem exames “de base” para serem comparados. Mas medidas isoladas podem vir normais e não caracterizarem a realidade (e o inverso também).

Por isso se respeite, se conheça cada vez mais! Faz toda a diferença… Converse com seu técnico a tempo, crie esse vínculo.

Na mulher atleta, o ciclo menstrual é um parâmetro importante de “overtraining”. Pode refletir a fadiga, a alimentação inadequada ou insuficiente que levam à queda de performance.

Vamos falar disso!

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Semana Mundial do Aleitamento Materno: amamentação não impede volta aos treinos, e algumas dicas podem ajudar

Tathiana Parmigiano
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Está sendo comemorada a “Semana Mundial do Aleitamento Materno” (SMAM). E quando alguém fala sobre o aleitamento materno, o que vem à mente é a importância dele. A nutrição do bebê, a formação da sua musculatura oral, os anticorpos que passam e que servem de proteção nesse início de vida, a composição perfeita para sua boa absorção num intestino ainda tão novinho e um tanto imaturo… tudo isso é inegável. Além de tudo, o contato com a mãe: aquela cena de cinema que não tem como não se emocionar.

Tudo isso é verdade. Mas quem já passou por isso ou acompanhou de perto quem amamenta de maneira exclusiva, sabe que a mãe demanda de apoio, paciência e persistência para conseguir o que muitos acham “óbvio”. Eu admiro todas as minhas pacientes que amamentam de maneira exclusiva. Algumas conseguem com mais facilidade, é verdade, mas outras realmente superam a dor, o cansaço, o sono por aquele momento. São merecedoras do reconhecimento de todos. Sempre!!

Por outro lado, a gente não deve julgar quem não conseguiu. Às vezes, a tentativa existiu mas algo não permitiu que as coisas acontecessem como esperado.

Relactador auxilia aleitamento materno
Relactador auxilia aleitamento materno Divulgação

Eu aprendi, na faculdade, que “toda mulher tem leite” e que “nenhum leite é fraco”. Mas na prática nem sempre é assim. Eu não consegui. Por uma cirurgia de mama anterior, minha produção era insuficiente e meu filho perdeu peso por 2 semanas consecutivas. E olha que eu tentei. Mas não dava, não tinha leite suficiente. Eu ia ter que ter outra estratégia…

Aprendi no pós parto, com um amiga fonoaudióloga, que existia um aparelhinho chamado “relactador”. Ele permitiu que eu passasse o “complemento” via uma sonda, e o Pedro mamava pelo meu mamilo. Não foi exclusivo… mas ele estimulava minha produção, fortalecia sua musculatura oral e recebia meu carinho. Mudou minha vida e me livrou de qualquer frustração.

Por mais que quem vá acompanhar efetivamente o aleitamento seja o pediatra, o estímulo deve se iniciar no pré natal com o obstetra. O preparo do mamilo, a orientação de que o mais importante é a “pega” adequada (como a boquinha do bebê se encaixa) e, acima de tudo, informações reais de que o começo pode ser difícil, mas que o esforço trará grandes benefícios a mãe e filho.

Aos dois, pois o aleitamento aumenta em 600 kcal o gasto energético diário da mãe e a ajuda a recuperar o peso adquirido na gestação. Além disso, inibe sua ovulação, pois o corpo entende que ela não está preparada para outra gestação no momento e, ainda, leva a mama a um grau final de desenvolvimento, sendo isso um fator protetor contra o câncer.


A Camila Brait, jogadora de vôlei que está gestante de 23 semanas, lançou uma campanha sensacional nesta semana: “Atletas amamentam”. A ideia é incentivar o aleitamento materno e dizer que isso não impedirá o retorno ao exercício no pós parto.

Os treinos não diminuem a quantidade e não interferem na qualidade do leite, se feitos de maneira moderada. Amamente ou tire o leite para armazenamento antes de treinar, treine com um top firme, de alças largas que sustentem bem as mamas. Hidrate-se ainda mais.

A produção de leite só diminuirá se estiver desidratada ou se houver a produção de ácido lático, o que pode ocorrer em um treino muito intenso. Nesses casos, quando excretado, o ácido lático pode mudar o gosto do leite. Aí o bebê suga menos, e isso diminui a produção. Se seu treino for mais intenso, tente tirar um pouco de leite antes para a próxima mamada ou faça um intervalo maior para oferecer o peito quando voltar.

O mais importante: paciência. Não só o bebê, mas também a mãe está aprendendo todo o processo. E tudo será muito mais fácil e prazeroso se a mãe tiver calma, o que pode ser feito com o apoio de quem está por perto.
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