As ligas americanas têm um superatleta japonês, sim | Semana MLB
Pense em um superatleta. Duas vezes. Na primeira, concentre-se na imagem de um superatleta hipotético, como você imagina que deva ser um superatleta. Não importa a modalidade, apenas em uma visão quase idealizada. Na segunda, pense em um superatleta real, algum esportista que você veja como superatleta.
Sinto-me seguro em dizer que pouquíssimos dos leitores, se é que houve algum, visualizou um esportista oriental.
Entre os diversos estereótipos que são vinculados a japoneses, chineses e coreanos, entre outras nacionalidades, está a de menor capacidade atlética e de adaptação às circunstâncias. Tanto que, quando se vai elogiar um atleta oriental*, quase sempre isso está vinculado a “disciplina”, “dedicação” e “técnica” (normalmente misturando as três coisas em um conceito só, como “técnica afinada por disciplina e dedicação quase religiosa ao treinamento”). É raro ligar um esportista do leste da Ásia a “força”, “raça”, “vigor físico”, “talento natural”, "visão estratégica", “malandragem”, “capacidade de improviso”, “criatividade”, “liderança” ou “carisma”.
* Eu sei que o termo “oriental” é controverso dentro da comunidade (da qual faço parte, como neto de okinawanos), mas vou utilizá-lo por facilitar a compreensão e ser menos amplo que “asiático”, que pode incluir desde um libanês ou israelense até um filipino
Shohei Ohtani tem destruído esse estereótipo na atual temporada da Major League Baseball. O japonês é líder de home runs de toda a liga, além de ser o melhor arremessador da rotação e o líder em roubo de bases de sua equipe. O que ele faz exige força, explosão física, técnica, criatividade, disciplina e personalidade.
O público e a mídia reconhecem isso, tanto que seu desempenho é o grande assunto do beisebol -- e um dos grandes dos esportes nos Estados Unidos -- neste ano, com feitos inéditos nos mais de cem anos da liga. Sua participação no Home Run Derby na última segunda foi vista por 8,7 milhões de pessoas na TV americana, número quase igual ao jogo 3 das finais da NBA na noite anterior (9 milhões). Mas ainda se vê hesitação em chamá-lo de superatleta.
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Uma reportagem de Alex Sabino na Folha de São Paulo mostrou como, a oito dias do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o noticiário esportivo japonês só tem olhos para o que Ohtani faz do outro lado do Oceano Pacífico. Claro, atletas japoneses já tiveram sucesso em diversos esportes ao longo das últimas décadas. Mas nenhum da forma como Ohtani, e vê-lo (perdoe-me pelo clichê) “conquistar a América” tem um significado diferente para um asiático.
Isso se mostra especialmente relevante em um momento em que orientais são vítimas de xenofobia e racismo em diversos países do ocidente devido à pandemia de covid-19. Uma onda que atinge desde imigrantes até sino-britânicos ou nipo-americanos de terceira ou quarta geração que nem conhecem o idioma da terra de seus avós, bisavós ou tetravós. Ataques que vão desde xingamentos na rua até assassinatos, como o de cinco garotas coreanas em março em Atlanta.
Por isso, a temporada brilhante de Ohtani derruba estereótipos, mostra ao mundo que orientais podem ser admirados plenamente por sua capacidade atlética e celebrados como ídolos no ocidente. Não precisamos ter receio em falar isso. E em reconhecer que seus feitos são, de fato, coisa de um superatleta. Um superatleta oriental.
O Semana MLB é um post em forma de newsletter sobre os principais temas (e a programação de TV) da MLB. Toda sexta uma nova edição, mas o blogueiro sairá de férias por uma semana, então o próximo Semana MLB terá apenas a programação de TV dos dias seguintes
RELEMBRANDO
O ESPN App está transmitindo a Liga Mexicana de Beisebol, onde atuam os brasileiros André Rienzo (Tecolotes de los Dos Laredos), Paulo Orlando (Águila de Veracruz), Tiago da Silva (Generales de Durango) e Leonardo Reginatto (contratado nesta semana pelos Rieleros de Aguascalientes). Confira a programação completa toda sexta no Semana MLB.
PERSONAGEM DA SEMANA
Trey Mancini estava se preparando para a temporada 2020 da MLB quando descobriu que tinha câncer no cólon. Iniciou tratamento, fez quimioterapia até setembro. Claro, perdeu toda a temporada da MLB. Mas, em um exemplo inspirador de recuperação, em fevereiro já estava na preparação para a temporada 2021. Nesta semana, menos de um ano após sair da quimio, ele foi vice-campeão do Home Run Derby.
VÍDEO DA SEMANA
Pete Alonso foi o grande campeão do Home Run Derby. Seu desempenho foi tão admirável quanto o de Dave Jauss, treinador de banco do New York Mets e responsável pelos arremessos para Alonso no evento. Jauss teve uma incrível capacidade de colocar as bolas no ponto certo para swings perfeitos. O Twitter do Pitching Ninja fez uma sobreposição de quatro arremessos seguidos de Jauss no Home Run Derby. Impressionante a consistência.
O QUE VEM POR AÍ
A briga pela Liga Nacional Oeste promete ser a mais espetacular da segunda metade da temporada. O Los Angeles Dodgers, atual campeão, persegue o surpreendente San Francisco Giants, seu maior rival. Até agora, foram nove confrontos entre as equipes na temporada, com vantagem dos angelenos por 6 a 3. Nas próximas duas semanas, serão mais sete confrontos, quatro deles em LA. Essa sequência pode mudar o panorama dessa disputa para qualquer um dos lados. Ou mesmo para um terceiro: o San Diego Padres, que corre por fora neste momento e pode se aproximar dos adversários californianos.
E, NO PRÓXIMO SUNDAY NIGHT...
A briga na Califórnia é espetacular, mas a Liga Americana Leste também merece atenção. O Boston Red Sox é o Giants da Costa Leste, um time com experiência de campeão, enorme tradição e lidera seu grupo, mas que não era cotado para uma grande temporada. O New York Yankees é a decepção da vez, com um beisebol inconsistente no ataque e no bullpen. No entanto, vencer uma série fora de casa contra o Houston Astros e a pausa do All-Star Game podem ajudar a dar novo impulso aos nova-iorquinos para a retomada da temporada, justamente em uma série de quatro jogos encerrada no Sunday Night Baseball. É uma ótima oportunidade de reabrir a disputa, ou consolidar de vez os Meias Vermelhas diante de seu maior rival.
Atenção que essa série será afetada pelos casos de covid-19 dos Yankees, que já provocaram o adiamento da partida que abria a série, nesta quinta.
PROGRAMAÇÃO: MLB NOS CANAIS DISNEY
Sexta, 16/jul
20h - Boston Red Sox x New York Yankees (ESPN)
Domingo, 18/jul
20h - Boston Red Sox x New York Yankees (ESPN)
Segunda, 19/jul
21h - Chicago Cubs x St. Louis Cardinals (ESPN)
Terça, 20/jul
21h - Chicago Cubs x St. Louis Cardinals (ESPN 2)
Quarta, 21/jul
21h - Chicago Cubs x St. Louis Cardinals (ESPN)
Sexta, 23/jul
20h - New York Yankees x Boston Red Sox (ESPN)
MAIS BEISEBOL NO ESPN APP
Sexta, 16/jul
21h - LMB: Acereros de Monclova x Mariachis de Guadalajara
21h30 - LMB: Tecolotes de los Dos Laredos x Algodoneros de Unión Laguna
Sábado, 17/jul
19h - Saraperos de Saltillo x Sultanes de Monterrey
21h - Olmecas de Tabasco x Tigres de Quintana Roo
Domingo, 18/jul
15h - Acereros de Monclova x Diablos Rojos de México
20h - Piratas de Campeche x Leones de Yucatán
Terça, 20/jul
21h30 - Generales de Durango x Saraperos de Saltillo
22h - Tigres de Quintana Roo x Piratas de Campeche
23h - Diablos Rojos de México x Toros de Tijuana
Quarta, 21/jul
21h - Bravos de León x Guerreros de Oaxaca
21h30 - Pericos de Puebla x Águila de Veracruz
Quinta, 22/jul
22h - Leones de Yucatán x Olmecas de Tabasco
23h - Diablos Rojos de México x Toros de Tijuana
Sexta, 23/jul
21h - Acereros de Monclova x Tecolotes de los Dos Laredos
22h - Leones de Yucatán x Tigres de Quintana Roo
Obs.: Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração
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