1972- JOGOS OLÍMPICOS DE MUNICH/ALEMANHA (02)
No final do texto anterior deixei explicito o meu arrependimento em deixar os treinamentos da seleção brasileira. Por motivos particulares não dei prosseguimento aos trabalhos de assistente técnico e atleta. Isso é o que eu pensava naqueles tempos, mas como já disse, hoje eu me arrependo.
Voltei para a faculdade causando espanto aos meus colegas de classe quando me viram entrar na sala de aula. A direção também sentiu-se surpresa com o meu retorno às aulas, pois ostentavam o seu orgulho em ter-me como aluno participando de uma 5ª Olimpíada.
Infelizmente a participação da seleção brasileira foi sem brilho, sendo muito criticada pela mídia esportiva do país devido à sua péssima classificação, 7º lugar. Era uma seleção renovada, mesclada com jogadores antigos e outros ainda inexperientes para tanta responsabilidade.
O técnico Kanela enfrentou um certo descontentamento de alguns atletas devido ao seu temperamento explosivo, ocasionando baixo rendimento nas suas apresentações. Com certeza a minha ida prendia-se ao fato de eu servir de para raios e atenuar as possíveis desavenças.
A péssima participação também chamou a atenção do governo brasileiro, quando o então Ministro da Educação Jarbas Passarinho chamou todos os componentes da seleção para prestarem esclarecimentos sobre àquele inesperado fracasso. O encontro serviu para sanar os ânimos.
No ano de 1972 o profissionalismo contratual começou a tomar conta da cabeça dos jogadores brasileiros, causando certos transtornos levados à seleção brasileira que era ainda puramente amadora. Ninguém recebia ajudas de custos da CBB e isso gerava desconfortos nas convocações.
Essa foi a ultima participação do técnico Kanela à frente de uma seleção brasileira. Entretanto deixou um legado jamais repetido, sendo considerado o maior técnico do basquete brasileiro em todos os tempos. Os tempos mudaram e ele já não era tão respeitado como foi nas gerações anteriores.
Também foi a minha ultima participação, embora incompleta. Até um certo ponto sinto-me responsável por não ter contribuído de forma mais atuante como sempre fiz em toda a minha carreira. Apenas por vaidade aceitei o convite feito pelo técnico Kanela, mas o meu pensamento era outro.
Queria e precisava me formar professor de educação física, pois ali estava o meu futuro, sem precisar depender das quadras em forma de atleta. Estava com 35 anos e pronto para exercer uma profissão que me levou para a sala de aula por mais de 40 anos. "A vida continua".
1972- JOGOS OLÍMPICOS DE MUNICH/ALEMANHA (02)
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