Eu técnico, eu jogador e a minha quarta Olimpíada

LOCAL: México/Cidade do México
PERÍODO: 12/10/1968 a 27/10/1968
Entrei no ano de 1968 cheio de expectativa pelo que pudesse acontecer. Deixei de ser técnico da equipe feminina do XV de Piracicaba devido às dificuldades em conciliar as minhas atividades como jogador e técnico. Em 1º lugar sempre priorizei o lado do atleta, era o mais importante.
Devo lembrar que o basquetebol era considerado uma modalidade rigidamente amadora e sem qualquer cunho profissional. Naqueles tempos, recebíamos apenas ajudas de custos, considerado amadorismo marrom. Isso representava 40% das minhas necessidades.
O resto era extraído dos meus trabalhos como técnico e das minhas atividades nos Correios e Telégrafos, função esta que vinha exercendo desde 1956 em Piracicaba (interior de São Paulo). Enquanto isso, o Corinthians era imbatível em âmbito nacional e com grandes conquistas internacionais.
Tínhamos em São Paulo grandes adversários, citando por exemplo as equipes de Sírio e Palmeiras, na capital, e Franca, no interior. As competições eram sempre carregadas de muito interesse, com jogos acirrados e quase sempre televisionados ao vivo.
A década de 1960 é considerada até os dias de hoje os anos dourados do basquetebol brasileiro. A participação da mídia esportiva era enorme, sempre enaltecendo os nossos grandes feitos. Ginásios lotados davam ao basquetebol nacional total reconhecimento mundial.
Na metade do ano de 1968, fui convidado para ser técnico da equipe masculina da cidade de Jundiaí (também interior paulista). De pronto aceitei o convite, mas deixando em primeiro lugar a minha condição de atleta. Estabeleci que seria técnico dentro das minhas reais possibilidades de tempo.
Jundiaí é uma cidade próxima à capital e viajava com meu próprio carro. Voltei à rotina anterior: às 2ªs, 4ªs e 6ªs feiras, treinava no Corinthians e nas 3ªs, 5ªs e sábados, em Jundiaí. Confesso que nunca gostei de ser técnico, mas a necessidade financeira me levava a assumir essa função.
No mês de Julho, o técnico Renato Brito Cunha me procurou para uma conversa. Ele seria o técnico do Brasil para as Olimpíadas do México e queria saber se eu aceitaria a convocação. Na mesma hora aceitei, era a minha 4ª participação olímpica, não queria ficar de fora.
Diante disso, comecei a me preparar fisicamente e mentalmente para assumir essa enorme responsabilidade. Eu era o capitão da seleção e com uma forte ascendência junto aos meus companheiros. Logo em seguida saiu a convocação e, mais uma vez, meu nome constava da lista.
Eu técnico, eu jogador e a minha quarta Olimpíada
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