1969 - A vida como ela é!

BASQUETE E TRABALHO
Terminado os Jogos Olímpicos do México, voltei para o Brasil tendo pela frente muito trabalho e a disputa de mais um campeonato paulista com o Corinthians. Continuava residindo no Parque São Jorge e, pela proximidade com o clube, era um assíduo frequentador da sua sede.
No ano de 1969, eu estava com 32 anos e em plena forma física e técnica. Também estava completando mais de 20 anos de quadras, adquirindo nesse tempo muita experiência e o aprimoramento sempre necessário para os grandes confrontos nacionais e internacionais.
Deixei para trás a minha atividade técnica em Jundiai para me dedicar na implementação de uma escolinha de basquete no centro esportivo da prefeitura de São Paulo, Thomaz Mazzoni, na Vila Maria. Meus objetivos eram específicos, enfatizar a modalidade a um convívio social.
Aos poucos trouxe para a quadra meninos e meninas, tirando-os da rua e levando-os à pratica esportiva. Gostava muito daquele trabalho sem fins competitivos, até porque a prefeitura não se dispunha a participar de campeonatos, era apenas uma função social.
Também iniciei um trabalho no Corinthians como técnico das equipes mini e mirim. Foi a forma que o clube encontrou a fim de melhorar meu salário. Com isso evitava o meu afastamento do clube em atividades externas, incompatíveis com a minha condição de atleta militante.
No ano de 1969 não houve nenhuma competição internacional que me levasse à seleção brasileira. Meu trabalho ficou restrito às atividades técnicas e atléticas no Corinthians, além da prefeitura. Não pensava em parar de jogar, me sentia ainda em plena forma física e técnica.
Lembro que nesse tempo eu já tinha me desligado dos correios e telégrafos. Sendo assim me sobrava mais tempo para seguir jogando sem prejuízo de qualquer ordem. Esse ano de 1969 foi muito tranquilo em minhas atividades atléticas, mas muito pesado no trabalho.
Alguém pode estranhar eu estar falando em trabalho. Mas naqueles tempos não havia o profissionalismo de hoje, onde o atleta se dedica unica e exclusivamente às suas atividades atléticas. O basquete me dava recursos financeiros, mas não o suficiente para manter minha família.
Esse é o motivo desse texto, mostrar que mesmo eu sendo um atleta de ponta, medalhista olímpico e bi campeão mundial, foi à custa do trabalho que eu amparei a minha família. Nada foi fácil, sempre corri atrás da sobrevivência. Até hoje, aos 82 anos, ainda é essa a minha vida.
1969 - A vida como ela é!
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