1970 - Minha despedida da seleção brasileira, parte 3: Lesão durante o Mundial
Como já foi dito anteriormente, vencemos a Espanha dentro da sua casa com um ginásio completamente lotado. Foi um jogo muito difícil. A seleção espanhola já era naquela época uma das melhores da Europa. Aquela vitória trouxe à seleção brasileira muita moral e tranquilidade.
Pernoitamos em Madri. No dia seguinte partimos para Liubliana/Eslovênia. Em seguida para Split/Croácia. Já dava para perceber que o ânimo era outro, e que a minha presença em quadra trouxe confiança ao grupo. Mesmo não estando em plena forma, contribuí muito para aquela vitória.
No primeiro momento, minha esposa Cecilia não viajou com a delegação. Ela viajou dois dias após com um diretor do Corinthians que a levou para Split, onde disputaríamos a fase de classificação. Conseguimos a classificação saindo em 1º lugar do grupo.

Split é uma linda cidade balneária situada à beira do Mar Adriático. O nosso hotel não era 5 estrelas, mas possuía vistas maravilhosas, situado também às margens do Adriático. Como sempre acontecia, pouco usufruímos daquela cidade, foram três dias de jogos e treinos, sem folga.
A partir da fase de classificação, comecei a sentir dores no tendão patelar do meu joelho direito. Voltar à quadra sem qualquer preparação adequada motivou o problema. Com o esforço dispendido nos treinos e jogos, ganhei uma tendinite que me incomodou durante todo o Mundial.
Muitas vezes ao dia e com a ajuda da Cecilia, fazia compressas de água quente a fim de aliviar as dores. Até a fase de classificação deu para suportar, mas, na fase final, em Liubliana, joguei sempre na base do sacrifício. Era normal naqueles tempos o autotratamento.
Procurava me tratar do jeito que aprendi na minha carreira. Naqueles tempos não havia aparelhos e muito menos fisioterapeutas à disposição. Por questões econômicas, no máximo levavam massagistas que muitas vezes também exerciam a função de roupeiros.
Mesmo com dores, jamais deixei de entrar em quadra. Com exceção do último jogo contra os EUA, quando nem mesmo consegui realizar o aquecimento. Comuniquei ao técnico Kanela sobre o meu problema horas antes no hotel. Não quis dramatizar ainda mais a minha ausência.
Se aquele momento foi de muita tristeza por não poder participar daquele jogo, ao mesmo tempo foi de imensa alegria quando vencemos a forte seleção dos EUA e nos tornamos vice-campeões mundiais. Dessa vez, a Iugoslavia, merecidamente, levou o título.
1970 - Minha despedida da seleção brasileira, parte 3: Lesão durante o Mundial
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.