Após passagem difícil pelo Flamengo, atacante vira máquina de gols e ídolo na Tailândia

Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br

Jajá Coelho é um dos artilheiros do Buriram, da Tailãndia
Jajá Coelho é um dos artilheiros do Buriram, da Tailãndia Divulgação / Buriram

Mesmo não sendo um centro tradicional do futebol mundial, a Tailândia virou um destino atrativo para os jogadores brasileiros nos últimos anos por causa dos bons salários e condições de vida. 

O experiente atacante Jajá, que teve passagens por Flamengo e Internacional, virou ídolo no país asiático.

Ele é um dos artilheiros do Buriram United-TAI, com 23 gols no Campeonato Tailandês e outros quatro na Copa da Tailândia, e virou ídolo da torcida.

“No começo não tinha tanto assédio, mas agora que faço gols toda hora têm autógrafos e fotos. Eles batem umas cinco fotos contigo pelo menos, só muda a posição (risos). Eu estou curtindo muito esse carinho”, disse ao ESPN.com.br.

O futebol no país tem crescido nos últimos anos com forte investimento local.

“Eles adoram futebol e estão gostando muito de mim. Estou me dando bem. Achei bem parecido com o Brasil”, relatou.

Apesar disso, as barreiras culturais ainda atrapalham um pouco a convivência do brasileiro no país.

“Eles têm um pouco de dificuldade em falar inglês. Algumas vezes a gente tenta falar com eles, mas ninguém se entende. Então, precisamos ir na mímica mesmo (risos)”, relatou.

  • Ida para Europa com 17 anos

Jackson Avelino Coelho começou em escolinhas em Ipatinga-MG e aos 14 anos foi para as categorias de base do América-MG.

"Fiquei por lá até os 17 anos e atuei ao lado do Fred [atacante do Atlético-MG] e do Wagner [meia do Vasco]. Joguei apenas seis meses no profissional e fui para o Feyenoord-HOL por causa da parceria", falou.

O brasileiro, porém, pouco permaneceu na Holanda e foi cedido para uma equipe belga.

"Joguei ao lado de Salomon Kalou [ex-Chelsea], mas como não tinha feito 18 anos e tinha complicação burocrática para entrar no país. Eles queriam me dar mais experiência e me emprestaram para o Westerlo-BEL por seis meses", contou.

Jajá morava em um apartamento alugado pelo clube, mas passou alguns apuros por causa do idioma, já falava somente português. 

Jajá Coelho jogou no Getafe-ESP
Jajá Coelho jogou no Getafe-ESP Getty Images

"Os caras sempre ficavam brincando comigo. Eu saí de férias para o Brasil e quando eu voltei para a Bélgica os caras do time falavam ‘Welcome back’. Eu pensi: 'Caralho, esses caras branquelos estão zoando comigo' (risos).  E fui descobrir que eles estavam falando ‘bem vindo de volta’ (risos)".

Dentro de campo, porém, o brasileiro fez muito sucesso.

"Nós ficamos em terceiro lugar no Campeonato Belga. Eu fiz uns 15 gols em apenas seis meses. Por causa disso eu fui comprado pelo Getafe-ESP", contou. 

Jajá gostou do ambiente que encontrou na Espanha

"Por lá foi bem tranquilo por causa do idioma e os jogadores eram bem gente boa. Eles me ajudaram a me adaptar. Tinha assinado por cinco anos, mas fiquei somente seis meses”.

“Eu era muito novo, mas o treinador disse que era para eu ficar tranquilo porque ia me colocar em todos os jogos para entrar no ritmo do Campeonato Espanhol".  

Após passar as férias no Brasil, Jajá voltou para a pré-temporada no Getafe, mas as coisas não aconteceram conforme o prometido.

 "Estava muito bem e fazendo gols. Tinha um amistoso que vencemos o Real Madrid por 2 a 1 e eu sofri um pênalti e ainda dei uma assistência. No jogo seguinte, eu não sei o que deu na cabeça do treinador que nem fui convocado”, recordou.

“Liguei para o meu empresário e disse que estavam fazendo sacanagem comigo. Não estava acostumado com esse sistema. Eu preferi sair", confessou.

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  • Passagem pelo Flamengo

Jajá foi emprestado para o Flamengo, em setembro de 2006.  Ele chegou junto com o goleiro Bruno Fernandes. A equipe comandada pelo treinador Ney Franco vivia uma forte crise, mesmo após a conquista da Copa do Brasil. 

"O time estava em uma situação bastante complicada e lutando contra o rebaixamento. O Ney Franco disse que ia me colocar aos poucos nas partidas. Tinha dado muito problema porque os jogadores que ele tinha trazido não estavam dando resultado”, analisou.

“Quando deu seis meses eu pedi para ir embora. Estava difícil para jogar por causa dessa situação e os torcedores estavam invadindo o CT. Os caras não estavam pagando, apesar de eu receber uma parte do Getafe-ESP”, relatou.

Mesmo assim, ele não guarda qualquer tipo de mágoa do período no qual atuou na equipe rubro-negra.

"Joguei alguns jogos, Flamengo é Flamengo. Conheci o Maracanã e foi maravilhoso. Eu conversei com a diretoria e pedi para sair e foi bem tranquilo. Não tive qualquer tipo de problema, foi tudo conversado", garantiu.

Contratado pelo Metalist, da Ucrânia, Jajá e viveu uma das melhores fases da carreira.  Apesar do frio, ele não teve muitas dificuldades na adaptação ao país.

"Foi bem tranquilo. Lá era muito diferente e cheguei a pegar 20 graus negativos. Como tinha o Edmar, jogador brasileiro que fala russo, eu não tive problemas, Depois, chegamos a ter cinco argentinos e sete brasileiros. Isso facilitou", contou. 

Em três temporadas seguidas pelo clube ucraniano, ele fez 31 gols.

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"A gente disputou a Liga Europa e fomos até as oitavas de final. Fiz muitos jogos e em 2009 eu fui considerado o melhor jogador do país", analisou. 

Jajá ainda passou por Trabzonspor-TUR, Internacional, Metalist-UCR, Kayserispor-TUR, Coritiba, Chongqing Lifan-CHI e Lokeren-BEL antes de chegar à Tailândia. 

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