Pior ranking da história, fiasco em Mundial e apanhando da Venezuela na base: com Marco Polo na CBF, futebol feminino do Brasil agoniza

Bianca Daga, do espnW.com.br

Marta, durante derrota do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016
Marta, durante derrota do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016 Getty

Os dados mostram: o futebol feminino do Brasil agoniza há cinco anos, desde que Marco Polo del Nero – inicialmente como homem forte da gestão José Maria Marin– começou a mandar na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De lá para cá, a seleção acumula eliminações precoces em Mundial e Olimpíada, derrota para a Venezuela na base e o pior ranking da história, como mostra a última atualização da Federação Internacional de Futebol (Fifa), em 1º de setembro.

Em 2012, José Maria Marin assumiu a presidência da CBF, mas era Del Nero, vice-presidente do Centro-Sul, quem dava as cartas, de fato. Em abril de 2014, Del Nero foi eleito presidente, para o mandato que começou em 2015 e termina em 2018.

O melhor posicionamento do Brasil no ranking feminino da Fifa, até hoje, foi em 2009, quando alcançou a terceira colocação. Em 2013, o País estava em quarto. No ano seguinte, caiu para oitavo. Em 2015, apareceu em sétimo na lista. De 2016 para cá, ocupa um lugar em que nunca esteve antes: nono.

O desempenho em Copa do Mundo e Olimpíada também se traduz em fiasco. Depois de conquistar bronze no Mundial dos Estados Unidos-1999, prata na China-2007 e chegar às quartas de final em EUA-2003 e Alemanha-2011, a seleção foi eliminada nas oitavas de final da edição de 2015, no Canadá. No Jogos Olímpicos, caiu das medalhas de prata em Atenas-2004 e Pequim-2008 para eliminação nas quartas de final em Londres-2012 e nas semifinais no Rio de Janeiro-2016.

E o pior: não é só a categoria adulta que vem sofrendo. A base também. 

Ju Cabral critica fortemente o 'futebol ultrapassado' de Vadão e seu retorno à seleção feminina

Cinco edições do Campeonato Sul-Americano sub-17 já foram disputadas até hoje. Nas três primeiras, o Brasil conquistou prata no Chile-2008 e ouro em casa, em 2010, e na Bolívia, em 2012. Nas duas últimas, 2013 e 2016, viu a Venezuela – 62ª colocada no ranking da Fifa – conquistar os títulos. Há três anos, as brasileiras não chegaram nem às semifinais. Na última edição, terminaram com a prata. E no Mundial da categoria, é ainda pior. A Venezuela terminou na quarta colocação em 2014 e 2016, enquanto o Brasil sequer participou há três três anos e parou na fase de grupos no ano passado.

Na base sub-20, a situação também não é das melhores. Apesar de manter seu domínio no Sul-Americano, com sete títulos em sete edições disputadas - a mais recente em 2015, padece na Copa do Mundo. Quarta colocada no Canadá-2002 e na Tailândia e medalha de bronze na Rússia-2006, a seleção brasileira não figura mais entre as melhores. De lá cara cá, acumula duas eliminações nas quartas de final (2008 e 2016) e três ainda na fase de grupos (2010, 2012 e 2014).


Emily Lima assumiu o comando da seleção principal em novembro, e a premissa de seu trabalho era, justamente, um planejamento em logo prazo, que retomasse a qualidade do futebol feminino no Brasil – e não mostrar resultados imediatos. No entanto, após quatro derrotas consecutivas, a treinadora foi demitida pela CBF na última sexta-feira.  Em entrevista ao espnW minutos após sua demissão, denotou o coordenador de futebol feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha.

"Eu já imaginava que isso fosse acontecer. Não pelos resultados em si, como alegaram, mas pela falta de respaldo da coordenação técnica. Num tive esse respaldo do Marco Aurélio. Já entrei com ele contra mim. Então, foi complicado. Busquei resultados do Vadão (ex-treinador)...foram vários negativos...3 a 0...4 a 0... mas no caso dele, isso nunca importou. O Marco Aurélio me falou várias vezes que eu trabalho demais e que trabalhar demais é errado."

Três dias após demitir Emily Lima, a CBF anunciou o retorno de Vadão, seu antecessor, que estava à frente da equipe na Olimpíada do Rio. O próximo compromisso importante da seleção feminina será a Copa América, em abril do ano que vem. A Copa do Mundo será em 2019, na França.

Comentários

Pior ranking da história, fiasco em Mundial e apanhando da Venezuela na base: com Marco Polo na CBF, futebol feminino do Brasil agoniza

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.