Orçamento modesto, mais torcida que Santos e Vasco, dois clássicos e rivais nanicos: o que Ceni vai encontrar no Fortaleza

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Rogério Ceni será treinador do Fortaleza no ano do centenário do clube
Rogério Ceni será treinador do Fortaleza no ano do centenário do clube Levi Bianco/Getty Images

Na última sexta-feira, o Fortaleza acertou a contratação do técnico Rogério Ceni, que comandará a tradicional equipe no ano de seu centenário. 

O contrato é de um ano, e o ídolo do São Paulo terá sua 2ª experiência na profissão de treinador, depois de ter comandado o próprio clube paulista do começo deste ano até julho, quando foi demitido.

Na equipe da capital do Ceará, que disputará a Série B em 2018, Ceni encontrará um cenário muito diferente do qual ficou acostumado durante a maior parte de sua carreira no Morumbi. Enfrentará orçamentos enxutos, estádios acanhados e muitos times pequenos, principalmente no Estadual.

No entanto, o ex-goleiro contará com o apoio da apaixonada torcida do Fortaleza, que há anos sempre enche estádios, e também com o desafio de encarar (e tentar superar) o rival Ceará, que está na Série B há mais tempo e, portanto, está mais estabelecido financeiramente. 

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Confira o que Ceni vai encontrar no novo clube:

  • Orçamento muito inferior ao do São Paulo
No Fortaleza, Ceni trabalhará com orçamento menor do que R$ 30 milhões
No Fortaleza, Ceni trabalhará com orçamento menor do que R$ 30 milhões Gazeta Press

No São Paulo, Rogério Ceni trabalhava em um clube com uma receita anual de aproximadamente R$ 300 milhões. Agora, porém, terá que se virar com praticamente 1/12 disso.

Segundo o balanço oficial de 2016, o Fortaleza teve receita de R$ 24 milhões no ano, com uma folha salarial de quase R$ 500 mil/mês (foram gastos R$ 6.389.372,65 com salários ao longo do ano).

de acordo com o jornal O Povo, neste ano a equipe trabalhou com folha salarial de R$ 850 mil/mês, que depois foi reduzida para R$ 700 mil/mês.

No São Paulo, a folha salarial era absurdamente maior: cerca de R$ 9,5 milhões por mês.

Ceni terá que montar um elenco para atender às expectativas da torcida no ano do centenário, mas ao mesmo tempo deve ligar com as limitações financeiras do "Leão". 

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Em 2016, por exemplo, a equipe cearense lançou no seu balanço R$ 2.243.639,01 para saldar processos trabalhistas (sendo R$ 491.239,00 só para o técnico Hélio dos Anjos, que passou quatro vezes pelo time).

Além disso, foram quase R$ 800 mil em processos cíveis.

Um fator animador é que a chegada à Série B irá reforçar os cofres tricolores. 

A TV Globo deve pagar uma cota de ao menos R$ 4,1 milhões milhões pela participação na Série B - foi esse o valor recebido pelas quatro equipes que conseguiram o acesso da Série C em 2016.

Resta agora saber se Ceni irá aplicar bem o dinheiro que lhe será confiado para montar o elenco.

  • Times nanicos, estádios acanhados
Ceará e Uniclinic: dois dos adversários do Fortaleza no Cearense
Ceará e Uniclinic: dois dos adversários do Fortaleza no Cearense Divulgação/Ceará

A primeira competição do novo treinador à frente do Fortaleza será o Campeonato Cearense, no qual o "Leão" terá pela frente muitos times pequenos, que jogam em estádios acanhados, com gramados nem sempre tão bons, e com direito a muita pressão da torcida.

Para o ano que vem, os clubes confirmados no Estadual são Ferroviário, Uniclinic, Tiradentes, Floresta, Guarani de Juazeiro, Iguatu, Horizonte e Maranguape - além, é claro, do rival Ceará.

Quando for enfrentar o Iguatu, recém-promovido da Série B cearense, por exemplo, Ceni terá que encarar o estádio Agenor Gomes de Araújo, que tem capacidade para apenas 8 mil torcedores. 

Já contra Guarani, Horizonte e Maranguape, estará em arenas que comportam cerca de 10 mil fãs. 

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Algumas equipes, porém, não possuem nem torcida. Caso do Uniclinic, que foi fundado há apenas 20 anos por Vanor Cruz, médico dono do Hospital de Clínicas do Ceará - e que curiosamente é conselheiro e já foi membro da diretoria do Fortaleza.

Os clubes pequenos, porém, não costumam representar muita ameaça aos grandes da capital. A última vez que um time que não fosse Ceará ou Fortaleza venceu o Estadual foi em 1995, quando o Ferroviário, considerada a 3ª força do Estado, foi campeão.

No ano passado, porém, o Fortaleza deu vexame e ficou apenas em 3º lugar no Cearense, o que já eleva a expectativa da torcida desse ano, e de cara já coloca pressão sobre Rogério Ceni, que terá que se virar e se adaptar o mais rápido possível aos novos desafios.

Depois, na Série B, o sonho da diretoria é conseguir o acesso, apesar do histórico mostrar que é muito difícil um time que veio da Série C subir logo de cara para a Série A. Os destaques da competição serão os dois clássicos contra o Ceará, no Castelão lotado.

  • Força da torcida
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Ceni sabe que vai encarar muita pressão no Fortaleza, mas pode contar com a fanática torcida como aliada.

No Cearense do ano passado, por exemplo, o "Leão" teve 2ª melhor média de público do campeonato, apesar da campanha irregular e o péssimo desfecho (não chegou nem à final, após ser eliminado pelo Ferroviário na semifinal).

Ao todo, foram 5.966 torcedores/jogo, ficando só atrás do Ceará, que teve média de 7.099 torcedores/jogo.

Mas foi na Série C que a torcida tricolor deu seu maior show.

O clube fechou o calendário nacional com média de 12.953 torcedores/jogo, o 13º melhor número do país, à frente de muitos clubes de Séries A e B. 

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O Fortaleza bateu, por exemplo, Vasco (12.502 pagantes/jogo) e Santos (12.139 pagantes/jogo) entre clubes da elite. Coritiba, Vitória, Sport, Chapecoense e Ponte Preta também ficaram atrás.

Já na Série B, o Fortaleza bateu o rival Ceará por pouco: 12.862 pagantes/jogo para o "Vovô" até o momento. Nenhum time da Segundona, aliás, conseguiu superar a equipe tricolor no quesito público.

Durante a Série C, os torcedores ajudaram o "Leão" a arrecadar R$ 5.020.362,00 em bilheterias, o que dá um ticket médio de R$ 16 por partida.

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