Por que, há 20 anos, Real Madrid x Barcelona é também o superclássico Adidas x Nike

Francisco De Laurentiis, do ESPN.com.br
Há 20 anos, Real Madrid x Barcelona é o superclássico entre Adidas e Nike; veja evolução das camisas

Neste sábado, o Real Madrid recebe o Barcelona no jogo mais esperado da temporada no Campeonato Espanhol. A partida está marcada para 10h (horário de Brasília), e terá transmissão EXCLUSIVA da ESPN Brasil e do WatchESPN a partir de 9h, além de tempo real no ESPN.com.br com vídeos dos lances

Um jogaço que abre a SuperWeek nos canais ESPN, que entre os dias 22 e 31 de dezembro terá, além do El Clássico, rodada completa da Premier League, com direito a Arsenal x Liverpool, a maior rivalidade da NBA e confrontos decisivos na NFL. Tudo ao vivo e exclusivo!

E além de valer pontos decisivos na briga pelo título de La Liga (o Barça é o atual líder, enquanto os merengues estão em 4° lugar e precisam da vitória a qualquer custo para ainda sonharem com a taça), o dérbi entre os maiores rivais espanhóis também vale muito na questão do marketing.

Afinal, há 20 anos, quando se fala de Real x Barça, é impossível não fazer a associação com outro “clássico”: Adidas Nike.

A equipe catalã assinou com a fornecedora norte-americana há exatos 20 anos, em dezembro de 1997, após encerrar sua parceria com a Kappa, que originalmente iria até 1999.

Na época, um acordo inicial de 10 anos de duração foi feito com a Nike, que pagou 20 bilhões de pesetas.

Na cotação atual, seriam 120 milhões de euros (R$ 473 milhões), ou 12 milhões de euros (R$ 47,3 milhões) por temporada.

Também ficou acordado que, além da fabricação dos uniformes, a empresa organizaria também amistoso para o Barça com outros times patrocinados por ela. 

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Um exemplo disso foi o histórico Barcelona 2 x 2 Brasil, em 28 de abril de 1999, no Camp Nou lotado com 80 mil pessoas – gols de Ronaldo e Rivaldo para a seleção, e de Luis Enrique e Cocu para os catalães.

Meses depois da assinatura entre Barcelona e Nike, o Real Madrid “respondeu” acertando com a Adidas em 1º de julho de 1998. A empresa alemã substituiu a Kelme, que foi parceira dos merengues entre 1994 e 1998.

O primeiro contrato entre Real e Adidas foi de 10 anos, com pagamento de US$ 140 milhões (R$ 467 milhões, na cotação atual), ou seja, US$ 14 milhões (R$ 46,7 milhões) por ano.

Essa parceria acabaria marcando também o início da era “galáctica” os blancos, já que, nas temporadas seguintes, chegariam diversos jogadores de renome ao clube, como Zinedine Zidane, Ronaldo “Fenômeno”, Luís Figo e David Beckham.

O francês e o inglês, aliás, também eram patrocinados pela Adidas.

Nestas duas décadas, ao mesmo tempo em que duelaram pelos títulos mais importantes da Espanha, do continente e do mundo, Real Madrid e Barcelona também “brigaram” palmo a palmo para ver quem ganhava mais de sua fornecedora e para ver quem vendia mais camisas.

Além disso, receberam uma série de tentadoras ofertas para mudarem de fabricante de uniformes, mas preferiram seguir fiéis às velhas parceiras.

  • A evolução dos acordos
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20 anos se passaram desde que o Barcelona acertou com a Nike. Nestas duas décadas, o time catalão subiu muitos degraus e alcançou outro patamar.

Afinal, quando iniciou a parceria, a equipe possuía só um título da Liga dos Campeões da Europa (1991/92). Hoje, tem cinco (ganhou em 2005/06, 2008/09, 2010/11 e 2014/15), além de ter conquistado três Mundiais de Clubes (2009, 2011 e 2015), contra nenhum da era pré-Nike.

Não à toa, a empresa americana também teve que aumentar seus valores para seguir parceira do Barça. E, na última renovação, acertada em 21 de maio de 2016 até 2026, a prova disso foi vista.

Na ocasião, Barça e Nike assinaram um incrível acordo de 105 milhões de euros (R$ 413,77 milhões) fixos por ano, mas que podem subir até 155 milhões de euros (R$ 610,81 milhões) anuais de acordo com metas. 

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Esse é simplesmente o melhor contrato de fornecimento do mundo, superando os 96 milhões de euros (R$ 378,31 milhões) que a Adidas paga por temporada ao Manchester United.

Nike, aliás, fez esse esforço descomunal para “segurar” o Barça justamente por ter perdido os Red Devils, que eram o time mais rentável patrocinado pelos norte-americanos em todo o planeta. Portanto, ficar sem os blaugrana, que agora são que mais vendem camisas Nike no planeta, seria catastrófico.

Do lado do Real Madrid, a realidade é parecida.

Na época em que assinou com a Adidas, os merengues já eram um dos times mais vitoriosos da história, com sete títulos de Champions (1955/56, 1956/57, 1957/58, 1958/59, 1959/60, 1965/66 e 1997/98) e um Mundial (1960), sendo que ganharia seu segundo Mundial de Clubes, em cima do Vasco, poucos meses depois de assinar com os alemães. 

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Ao longo de quase duas décadas, os blancos conseguiram manter o status de “papa-títulos”, conquistando a Liga dos Campeões mais cinco vezes (1999/2000, 2001/02, 2013/14, 2015/16 e 2016/17), além de mais três Mundiais (2002, 2014 e 2016).

Portanto, a Adidas já se mexe nos bastidores para ampliar seu vínculo com o Real, que no momento vai até a temporada 2019/20 e vale 40 milhões de euros (R$ 157,62 milhões) por temporada.

E para convencer os merengues a assinarem, a oferta é mais que grandiosa, segundo vazou o site Football Leaks em maio deste ano: 70 milhões de euros (R$ 275,85 milhões) por ano fixos, mais uma série de variáveis, até 2023/24. 

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O principal bônus seria a participação do time de Madri em 22,5% dos lucros da venda de produtos com o símbolo do clube em todo mundo, com uma comissão anual mínima de 30 milhões de euros (R$ 118,22 milhões).

Além disso, há prêmios por títulos, como 3,5 milhões de euros (R$ 13,8 milhões) por La Liga e 7 milhões de euros (R$ 27,6 milhões) pela Champions League.

  • Quem vende mais?

Apesar de hoje receber mais dinheiro que o Real Madrid, o Barcelona atualmente está atrás do rival no número de camisas vendidas ao redor do mundo.

Segundo levantamento da agência alemã PR Marketing, a Adidas deu um verdadeiro “banho” na Nike no ranking das 10 camisas mais vendidas do mundo em 2016.

Para começar, o Manchester United (Adidas) foi o líder mundial, com 1,75 milhão de peças comercializadas. 

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Depois, aparece em 2º lugar o Real Madrid (Adidas), com 1,65 milhão de uniformes vendidos.

O Barcelona (Nike) fica apenas na 3ª posição, com 1,278 milhão de vendas.

Na sequência, aparece o Bayern de Munique (Adidas), com 1,2 milhão de peças adquiridas. 

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top 5 é fechado pelo Chelsea (que até 2016/17 ainda vestia Adidas, mas hoje é Nike), com 899 mil uniformes.

No Brasil, porém, os blaugranas levam vantagem. Segundo levantamento da Netshoes, maior e-commerce de artigos esportivos da América Latina, em maio deste ano, o Barça vende 23% mais produtos que os merengues.

Além disso, o termo "Barcelona" é pesquisado 35% mais vezes do que "Real Madrid".

  • Tentativas de trocas
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Com o domínio de Barcelona e Real Madrid nos últimos anos no futebol europeu, não foram poucas as vezes que outras fornecedoras tentaram explorar possíveis insatisfações de merengues blaugranas com Adidas Nike para tentar convencê-los a trocarem o fabricante de uniforme.

No Real, por exemplo, isso aconteceu duas vezes bem recentemente.

Depois do anúncio do acordo recorde entre Barcelona e Nike, e também devido ao acertos recentes entre Adidas e Manchester United e Bayern de Munique, os blancos se sentiram desprestigiados e em 2º plano pela empresa alemã, e abriram o escritório para ouvirem propostas.

A, de maneira surpreendente, a primeira se aproximar foi a Nike. Segundo noticiou a imprensa espanhola em setembro do ano passado, a companhia americana apontou com uma proposta de 120 milhões de euros (R$ 469,5 milhões) fixos por temporada. 

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Segundo jornais divulgaram à época, seria também uma estratégia para fortalecer a marca da Nike na Espanha, já que a empresa passaria a controlar não só o time mais vencedor do país como também o atual melhor jogador do mundo nos últimos dois anos: Cristiano Ronaldo.

Depois, a mídia local ainda divulgou que a americana Under Armour chegou a oferecer 150 milhões de euros (R$ 586,85 milhões) para fechar com os merengues.

No entanto, a Adidas acabou reagindo e ofereceu atualizações no contrato em maio deste ano, satisfazendo o Real Madrid e deixando uma renovação até 2024 encaminhada. Pesou também a enorme identificação entre clube e fornecedora.

O anúncio oficial, porém, ainda não foi feito.

No Barcelona, uma situação parecida ocorreu antes da última renovação. 

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Até a assinatura do contrato de 2016, o time catalão recebia “apenas” 30 milhões de euros (R$ 117,37 milhões) por ano da Nike, o que deixava os blaugranas enfurecidos, principalmente depois da assinatura do Manchester United, que vive má fase há alguns anos, com a Adidas pelos incríveis 96 milhões de euros/ano.

Com isso, a equipe presidida por Josep Maria Bartomeu também abriu a mesa para negociações, e chegou até a ser aproximada pela Adidas, que queria unir a marca do Barça à de Lionel Messi, seu principal patrocinado pessoal, num plano semelhante ao da Nike com CR7 no Real Madrid.

No entanto, a Nike agiu rápido e acertou a renovação até 2016 com o Barcelona, no maior contrato de fornecimento de material esportivo do mundo.

  • Controvérsias
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No final do ano passado, Adidas resolveu entrar com uma ação contra o Barcelona e a Nike por suposto plágio na camisa do time da Catalunha.

À época, a fabricante alemã entrou com reclamação junto à USPTO (Agência Reguladora de Marcas e Patentes dos Estados Unidos) reclamando das listras utilizadas no uniforme principal do time catalão.

Para 2016/17, o Barça voltou a utilizar faixas verticais em vez de horizontais. Na parte da frente da camisa há três listras azuis intercaladas por duas grenás.

No entanto, a parte que causou a discórdia, do ponto de vista da Adidas, está dentro de cada uma dessas faixas maiores: sete pequenas listras horizontais em relevo. 

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"A companhia alemã considera que a nova camiseta do clube catalão, que recentemente assinou uma ampliação do contrato que o vincula à Nike por mais 10 anos, inclui sete listras verticais em seu desenho para serem utilizadas em artigos de papel, roupas, calçados e outros artigos que podem dar lugar a confusão geral no consumidor, ao entender que existe uma grande similaridade com suas conhecidas três faixas", explicou o jornal Mundo Deportivo, em 9 de setembro do ano passado.

O caso, porém, não deu em nada.

No Barcelona, a Nike também é famosa pela relação com Sandro Rosell. O ex-cartola era executivo da marca americana e inclusive foi o responsável pela assinatura tanto do Barça quanto da seleção brasileira com a grife.

Anos depois, ele se tornaria presidente do clube blaugrana por um longo período, sendo responsável por muitos títulos e grandes contratações, como a do atacante Neymar. No entanto, também se envolveu em uma série de problemas jurídicos, e acabou sendo preso em maio deste ano. 

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Segundo contou seu advogado recentemente, Rosell teve todas as suas contas bloqueadas e vê sua família passar dificuldades financeiras.

“Bloquearam todas as contas. Também levaram os carros deles. A família dele está vivendo de caridade de outros familiares. Se dependesse só deles, não teriam nada para comer”, disse o representante do ex-cartola.

A relação entre Real Madrid e Adidas, por sua vez, não tem muitas controvérsias. Em maio do ano passado, porém, um episódio acabou causando mal-estar entre as partes. 

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Na ocasião, logo após o atacante Cristiano Ronaldo bater o pênalti que definiu a vitória dos blancos sobre o Atlético de Madri, na final da Uefa Champions League, ele arrancou a camisa e atirou a peça no chão. Portanto, bem no momento de maior exibição da marca, a Adidas viu seu logo ser excluído.

No entanto, a situação foi contornada e as partes se reaproximaram, deixando próximo um acordo de renovação até 2024, como descrito acima.

  • Cristiano Ronaldo x Lionel Messi

Curiosamente, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, os maiores astros de Real Madrid e Barcelona, vestem roupas do "inimigo": o português tem patrocínio pessoal da Nike, enquanto o Real veste Adidas; e o argentino é homem-forte da Adidas, sendo que o Barça usa Nike.

O "gajo" é parceiro de longa data da empresa americana (o primeiro acordo data de 2003, quando ele foi para o Manchester United), e seu último contrato, assinado no ano passado de maneira vitalícia, vale US$ 1 bilhão (R$ 3,3 bilhões) até o fim da vida. 

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Suas redes sociais foram o principal motivo deste acordo: no ano passado, ele fez 1.703 posts e gerou 2,25 bilhões de interações com seus 260 milhões de seguidores no FacebookTwitter Instagram.

O post mais valioso foi no Instagram, logo após a conquista da Euro-2016. Usando a hashtag "Just do it", famoso slogan da Nike, além de ter exibido o emblema da marca, ele ganhou 1,75 milhão de likes e recebeu mais de 13 mil comentários.

Segundo analistas, isso representou US$ 5,8 milhões (R$ 19 milhões) em valor de mídia para a fornecedora.

Messi, por sua vez, não é tão midiático, mas também tem um valioso acordo com a Adidas

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Na última renovação, assinada em fevereiro deste ano, ele, assim como CR7, foi contratado pelo resto da vida pela empresa alemã, que lhe pagava US$ 10 milhões (R$ 33 milhões) por temporada.

O novo vínculo, porém, deve ter valor semelhante ao do português: US$ 1 bilhão distribuído ao longo do resto da vida.

Tanto Messi quando Cristiano possuem uma linha própria de produtos, que vão de chuteiras a camisetas, e são os dois maiores responsáveis por vendas das gigantes de Estados Unidos e Alemanha em produtos relacionados ao futebol.

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