Precisamos falar sobre transtorno alimentar!
Não podemos tapar o sol com a peneira! Sim, o mundo do fisiculturismo pode ser cruel com suas dietas megarrestritas e uma cobrança monstruosa, para que tenhamos o corpo perfeito.
E, infelizmente, muitas vezes, esta pressão imposta pela sociedade, pela comunidade do esporte e, principalmente, por nós mesmos pode acabar levando a transtornos alimentares.
Foi exatamente o que aconteceu com Sarita Federle, que tomou a decisão de abandonar as competições exatamente por conta deste problema.
Atleta Pro WBFF, Sarita competiu de 2011 a 2018, mas, em seus dois últimos anos como atleta, passou a ter problemas com as dietas megarrestritivas do esporte.
“Geralmente quando terminava uma competição, eu passava alguns dias me permitindo ingerir alimentos que eu ficara meses sem comer. Sempre fui muito disciplinada e levava sempre 100 % o protocolo que meu treinador passava durante a preparação. Não saía por nada da dieta, mas, quando acabava a competição, eu não conseguia ter o controle e comia compulsivamente, porque sabia que logo teria que restringir novamente minha alimentação. Não conseguia ter um equilíbrio. No início, durava poucos dias e logo passava... E já entrava em uma próxima preparação. Mas, nas duas últimas competições, uma aqui no Brasil e outra em Los Angeles, percebi que essa compulsão se estendeu por meses e eu já não estava feliz. Meu psicológico não estava legal. Fora isso, vários outros problemas foram me preocupando e me deixando ansiosa, o que piorou ainda mais.Descontava tudo na comida’’, confessa Sarita.
Além disso, sua própria cobrança por um corpo perfeito atrapalhava bastante, conforme explica. “Ao me olhar no espelho e não ver mais aquele corpo ‘seco’ e com músculos, eu sofria. Eu me cobrando, as pessoas me olhando com olhares diferentes, porque queriam ver um corpo de atleta e não um corpo saudável fora de competição, tudo isso me incomodava muito. Foi quando decidi que precisava mudar minha cabeça e me afastar das competições para melhorar.”
Após algumas sessões de terapia e fortalecimento da fé, Sarita entrou em um processo de autoconhecimento e autoaceitação, e hoje, se sente muito melhor com a nova situação em sua vida.
“Ser atleta me ensinou a não questionar Deus, quando as coisas não acontecem como se espera. Tudo tem um propósito maior, e ele sabe a hora certa. Sempre fui muito grata pelas minhas vitórias, mas, muitas vezes, me pegava questionando minhas derrotas. Hoje, entendo que tudo tinha um motivo para acontecer da forma como foi. Estar fortalecida na fé e oração faz muito diferença para um atleta”, professa.
Mais do que um problema do esporte, Sarita acredita que os transtornos alimentares têm a ver com a nossa cobrança sobre nós mesmos e pela busca por um corpo perfeito inatingível. “As pessoas se cobram e se comparam demais, e essa comparação constante com os outros diminui a autoestima e faz com que uma pessoa se sinta mal consigo mesma. Acho que devemos procurar melhorar e evoluir sempre, mas não precisamos nos machucar para isso. Precisamos levar em conta nossas limitações e prioridades.”
Atualmente, Sarita atua como influenciadora e tem uma loja de acessórios femininos em sua cidade natal, Guarapuava.“Eu já conquistei e realizei muitas coisas que, quando adolescente, eram apenas sonhos... sempre quis ser independente e ter minhas coisas por méritos meus. Hoje tenho uma loja de acessórios femininos que é referência na cidade, tive a oportunidade de trabalhar com moda que é outro ramo que adoro, sonhei em me tornar atleta profissional e conquistei. Meu sonho sempre foi morar fora do Brasil, quando era pequena. Então, esperei ter idade, planejei e fui... morei na Inglaterra em 2004, EUA, em 2015, e estou mudando novamente de país. Estou sempre estudando, me reciclando e buscando novas oportunidades... O céu é o limite! Motivação para mudar, para querer o novo, sair da zona de conforto e não parar nunca, isso nos mantém vivos e motivados. Esse é o meu legado, provar para as pessoas que elas podem obter tudo o que quiserem”, explica.
Embora ela afirme que está muito mais feliz com sua nova fase, não descarta voltar ao mundo das competições. “Nunca digo nunca. Se um dia sentir que estou preparada pra voltar a competir, voltarei. Mas hoje isso não faz parte dos meus planos, consigo aproveitar muito mais meu tempo para a empresa, família e amigos. Sempre fui de curtir muito a vida, e as competições me limitaram, então, agora quero aproveitar e me dedicar ao máximo àquilo que amo e em que acredito.”
Para quem pensa em começar no esporte ela aconselha: “Como qualquer esporte o fisiculturismo precisa de muita dedicação. Você deve ter em mente que vai precisar seguir dietas na maioria das vezes bem rigorosas, por longos períodos, e que precisará adaptar toda sua rotina diária às suas necessidades alimentares, aos treinos e abrir mão de muitas coisas . É necessário muito esforço, muito trabalho duro, foco e dedicação.O desafio é você com você mesmo! O importante é o seu esforço e superação de cada dia. Não crie muitas expectativas com federações e competições , não tenha medo do fracasso e acredite em você”, finaliza.
Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci
Precisamos falar sobre transtorno alimentar!
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.