Argentina campeã: bastidores de uma Copa América diferente

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

A expectativa era enorme na recepção do Windsor Brasília, na capital federal, bem próximo à Esplanada dos Ministérios. Crianças e adultos, camisas da Argentina e do Barcelona no corpo e nas mãos, olhavam para o vazio esperando Lionel Messi. Os argentinos chegariam apenas à noite, mas desde a manhã a guarda já estava montada.

À medida que as horas passavam, a ansiedade de todos aumentava, assim como os aparatos de segurança exigidos pela AFA. O desejo de todos se tornou frustração, com pedidos da segurança do hotel para não fotografarem, além de biombos colocados no caminho dos atletas para evitar qualquer contato. Esse foi o padrão das passagens da seleção argentina por Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia e Cuiabá durante a Copa América.

Recepção do hotel onde a Argentina se hospedou em Brasília
Recepção do hotel onde a Argentina se hospedou em Brasília Gustavo Hofman/ESPN

A pandemia exige protocolos mais rígidos, mas a maior preocupação sempre foi o camisa 10. Se muitos ali, que eram hóspedes apenas porque sabiam que a Argentina ficaria no hotel, se frustravam, do lado de fora um simples aceno dos jogadores nas chegadas e saídas dos ônibus geravam euforia. Messi foi sempre simpático, assim como Ángel di María. Já Sergio Agüero não se importava tanto assim. Eram os três que mais provocavam gritos e pedidos de um simples olhar.

Essa relação foi uma marca da passagem da seleção argentina pelo Brasil, na vitoriosa campanha da Copa América 2021. Relatos de seguranças contratados pela Conmebol e espalhados pelos hotéis onde os argentinos ficaram, confirmam a simpatia da maioria dos jogadores. No Rio de Janeiro, no hotel da mesma rede na Barra da Tijuca e última hospedagem antes da final, Lionel Messi ficou no décimo andar, quarto 1012, de frente para o mar. Cumprimentava a todos no corredor e chegou a tirar uma foto com um segurança mais ousado, que descumpriu a ordem expressa passada a todos eles de não incomodar qualquer pessoa das delegações.

Copa América: Argentina vence o Brasil com golaço de Di María e é campeã no Maracanã




Já as atitudes de membros da parte administrativa e de segurança da AFA, totalmente ao contrário dos jogadores, desagradaram muita gente. A reportagem da ESPN ouviu de dois gerentes desses hotéis relatos de antipatia e pedidos exagerados na estadia, principalmente na comparação com as demandas de outras seleções. Os uruguaios, por exemplo, costumavam tirar fotos com todos nas recepções e chegaram a usar as piscinas de onde estavam. 

Dia a dia

A pandemia impediu que dezenas de jornalistas, como seria habitual em uma grande cobertura, saíssem da Argentina e viessem para o Brasil. Assim, além da equipe da ESPN Brasil, apenas mais duas emissoras de televisão estavam desde o início da cobertura argentina, ambas de fora, além de um jornal espanhol. Em uma Copa América marcada pela desistência de Argentina e Colômbia em sediá-la, a corrida contra o tempo exigida pela decisão brasileira de trazer a competição para cá teve um preço na organização.

Arena Cuiabá foi um dos palcos de jogos da seleção argentina
Arena Cuiabá foi um dos palcos de jogos da seleção argentina Gustavo Hofman/ESPN

Nos primeiros jogos, os funcionários contratados para trabalhar nos estádios ainda estavam muito confusos quanto às informações. Os jornalistas se acostumaram a perambular de um portão para o outro, sempre com orientações incorretas. As próprias chegadas e partidas da seleção argentina nos hotéis estavam desorganizadas no início, sem qualquer preocupação com os jornalistas que ali estavam para transmitir as imagens para os torcedores. À medida que a competição avançou, tudo melhorou. Os periodistas, por exemplo, ganharam cercadinhos nas portas dos hotéis para não precisarem "brigar" por espaço com os torcedores.

Curioso que, em um torneio que recebeu torcedores apenas na final, muitos deles se tornaram grandes personagens. O principal deles foi Igor Magalhães, um apaixonado por Lionel Messi e que surpreendeu uma TV argentina, que fazia uma entrada ao vivo, com enorme tatuagem do jogador do Barcelona nas costas. A imagem chegou até Messi, que disse desejar conhecê-lo. A assinatura foi o complemento necessário na tattoo.

Isso fez com que os argentinos começassem a se interessar pelo tema "brasileiros torcendo para a Argentina" - que se tornou a principal pauta no Brasil nos últimos dias, enquanto a final da Copa América era tratada como decisão de Copa do Mundo na Argentina. Encontramos o sósia (mais ou menos) do craque em Goiânia, assim como um  Lionel Messi Gomes Ciqueira, de apenas três anos. Mais tatuagens e homenagens apareceram e encantavam a imprensa argentina, boquiaberta pela admiração de brasileiros.

Duas variantes brasileiras de Lionel Messi
Duas variantes brasileiras de Lionel Messi Gustavo Hofman/ESPN

Enquanto o pequeno Messi não entendia o que estava acontecendo ali, apenas se divertia com o microfone da ESPN, as incontáveis crianças em todas cidades por onde passou a Argentina, com camisas principalmente do Barça, mas muitas também de Manchester City e Paris Saint-Germain, evidenciavam - para quem ainda não aceita - a presença do futebol europeu entre os fãs brasileiros. Essa é uma realidade pouco debatida entre os clubes nacionais, que perdem espaço nas camadas jovens.

A própria torcida a favor da seleção argentina tem muito a ver, também, com a idolatria por jogadores de clubes europeus. Obviamente não é o único fator, e as questões políticas envolvendo o Brasil atual, o distanciamento dos torcedores da seleção que acontece há anos e as críticas ao estilo de jogo da seleção brasileira e ao técnico Tite fizeram parte do contexto explicado aos argentinos.

Garotos no aguardo da seleção argentina em Cuiabá
Garotos no aguardo da seleção argentina em Cuiabá Gustavo Hofman/ESPN

Protocolos e pandemia

Foi possível ver, também, como a pandemia é tratada de maneira muito distinta em capitais brasileiras. A Conmebol aplicou seus protocolos e exigiu testes RT-PCR negativos de todos jornalistas. Inicialmente, se acontecesse na Colômbia e na Argentina, a própria competição ofereceria estrutura de testagem a todos. Com a mudança repentina para o Brasil, a entidade decidiu que cada jornalista teria que fazer o teste por conta e subir o resultado no site resultados.copaamerica.com, 48 horas antes de cada partida.

Esse controle foi bem feito. Havia uma equipe, Covid Control, que cuidava apenas disso durante toda Copa América e, caso houvesse algum problema no arquivo, a pessoa precisava apresentar o resultado na porta do estádio para conseguir entrar. A boa organização apresentada nesse controle não foi repetida no acesso dos torcedores no dia da final. A Conmebol lavou as mãos na distribuição das entradas para Argentina x Brasil, no Maracanã, em 10 de julho. Argentinos e brasileiros se aglomeraram no portão 7 do estádio, sem qualquer orientação de pessoas da entidade, seguranças ou stewards. Ninguém se importou com a bagunça que acontecia do lado de fora.

Questionada pela ESPN, a assessoria de imprensa da entidade informou que assim que entravam no estádio, os torcedores ficavam em filas bem organizadas. Além disso, informou que as pessoas sabem que não podem se aglomerar. Todos os torcedores precisavam apresentar teste negativo, além do convite distribuído por AFA e CBF para conseguirem as credenciais.

Faltou organização para a retirada dos ingressos para a final
Faltou organização para a retirada dos ingressos para a final Gustavo Hofman/ESPN

Um episódio isolado de descontrole do protocolo aconteceu com a seleção argentina em um treino no estádio Ciro Machado, em Brasília, no dia 19 de junho. O motorista do ônibus que levou os jogadores, após o início do treinamento, deixou o local e se dirigiu a uma lanchonete ao lado para beber um cafézinho.

Foi cercado por curiosos e passou a mostrar, no celular, fotos dos jogadores. Sem qualquer constrangimento, tirou a máscara e passou a conversar com todos, alguns sem máscara também. A reportagem da ESPN alertou os seguranças que estavam na porta do estádio, e uma funcionária informou seus superiores sobre o que estava acontecendo. No dia seguinte, véspera da vitória sobre o Paraguai por 1 a 0, a cena se repetiu.

Motorista de ônibus da Argentina, sem máscara, conversa com pessoas fora do treino da seleção
Motorista de ônibus da Argentina, sem máscara, conversa com pessoas fora do treino da seleção Gustavo Hofman/ESPN

Felizmente, a delegação argentina, diferentemente de outras nesta Copa América, não apresentou casos positivos de coronavírus durante a competição. Justamente por causa da pandemia, a Argentina adotou estratégia pouco usual em grandes torneios. Ao invés de permanecer em território brasileiro, optou por retornar a Buenos Aires nos intervalos maiores entre os jogos e seguir os treinamentos em Ezeiza. Já nos hotéis, reservavam entre três e cinco andares, quartos individuais, e não dividiam o elevador com os hóspedes - neste caso, mais uma vez, postura diferente de jogadores e integrantes da deleção, já que alguns atletas não se preocupavam com essa determinação.

Foi, de maneira  geral, uma Copa América fria, que se transformou na última semana. Com as semifinais definidas e a real possibilidade de Argentina e Brasil na final, o próprio interesse das pessoas nas ruas surgiu. No início da Copa América, nos arredores dos estádios, era comum pedestres e motoristas de carro interpelarem a equipe da ESPN sobre qual jogo iria acontecer. Foi também um torneio que rendeu boas lembranças, como por exemplo a passagem de Diego Armando Maradona por Goiânia durante a Copa América de 1989. Isso porque os argentinos, agora em 2021, se hospedaram no mesmo hotel.

A próxima Copa América acontecerá em 2024, caso a Conmebol não crie uma edição extraordinária por qualquer motivo aleatório. Se isso realmente não acontecer, o Equador deve receber a 48a edição do torneio de seleções sul-americanas. Antes disso, no final de 2022, a Copa do Mundo já nos brindará com grandes histórias no campo e também nos bastidores de uma cobertura jornalística.

Comentários

Argentina campeã: bastidores de uma Copa América diferente

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Tensão alta, protagonismo de Vini, decisivo De Bruyne e decisão em Manchester

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

É muito difícil colocar em palavras a pressão que cerca um jogo como esse. São os dois melhores times do mundo, se enfrentando novamente em semifinais de Champions League, após a extraordinária história da temporada passada.

Os primeiros 20 minutos, para os madridistas, foram de absoluta tensão. Pelo domínio da equipe de Pep Guardiola, com 70% de posse de bola e seis finalizações, a impressão era de que o gol do Manchester City sairia a qualquer momento. 

A arquibancada do Santiago Bernabéu parecia encolher a cada arrancada de Erling Haaland. A imagem do norueguês, para o torcedor adversário, partindo em direção ao gol com o corpo curvado, cabeça à frente como se estivesse em uma linha de chegada, é assustadora.

GOLAÇO DO REAL MADRID! Vinicius Jr. solta pancada, vence Ederson e faz 1 a 0 contra o City na Champions          

     




A famigerada expressão "saber sofrer" é bem chata, mas real. Porque foi isso que fez o Real Madrid nessa parte inicial da partida. Os únicos respiros aconteceram justamente com Vinicius Júnior pelo lado esquerdo.

Vini é atualmente o maior ídolo madridista. Não significa que seja maior do que Luka Modric, Toni Kroos ou Karim Benzema na história do clube. A atual idolatria tem a ver com o momento espetacular do brasileiro e todas as adversidades que ele tem enfrentado em campos espanhóis.

O roteiro da partida começou a ser reescrito quando Eduardo Camavinga tabelou rápido com Modric no campo de defesa e partiu para o ataque, deslocando Vini para a faixa central. O golaço, na primeira finalização madridista, fez a arquibancada se expandir em emoção. Ali o "Modo Champions" do Real Madrid foi ligado.

O próprio ambiente no estádio mudou, se tornou praticamente palpável como o pólen que voa pelos céus de Madri nessa época do ano e torna a vida dos alérgicos um inferno na Terra.

Tanto é que, no segundo tempo, o Real Madrid conseguiu se impor mais com a bola, deixando a partida mais franca. O City continuou atacando, o que evidenciou o nível altíssimo de todo lado esquerdo dos donos da casa até então, com David Alaba, Camavinga e Modric, além é claro de Vini.

No entanto, foi a partir de uma recuperação de bola pelo setor, seguida de outra pelo centro em passe cortado do francês, que surgiu a construção da jogada no belo gol de Kevin de Bruyne.

Tanto se falou nos últimos dias da nova fase de Pep Guardiola, teoricamente mais pragmático, pois vimos um pouco desse City diferente no segundo tempo, quando entendeu o que a partida pedia.

O jogo, no geral, foi tão equilibrado dentro das características das duas equipes, que a primeira alteração feita por um treinador aconteceu somente aos 36 minutos do segundo tempo, quando Marco Asensio entrou no lugar de Rodrygo; Guardiola sequer trocou a equipe. 

Isso porque não havia um time mal em campo e todos ali sabiam que a decisão acontecerá em Manchester. Pode não haver dúvidas sobre qual clube é maior historicamente, mas esta é a terceira semifinal seguida do City na Champions.

Sobre Haaland? Entre os 22 titulares, foi quem menos tocou na bola, somente 22 vezes, mas com três finalizações. Difícil imaginar a máquina norueguesa de gols com dois jogos apagados nestas semifinais.

Santiago Bernabéu em noite de Real Madrid x Manchester City pelas semifinais da Champions
Santiago Bernabéu em noite de Real Madrid x Manchester City pelas semifinais da Champions Real Madrid

Comentários

Tensão alta, protagonismo de Vini, decisivo De Bruyne e decisão em Manchester

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Sobre fracasso e respeito no esporte

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman
Giannis Anteokounmpo em ação na temporada 2022-23 da NBA
Giannis Anteokounmpo em ação na temporada 2022-23 da NBA Getty Images

Falta de êxito ou vitória; derrota, malogro.

A definição literal de fracasso não deveria gerar tantos ruídos. Na prática, porém, e principalmente no esporte, carrega mais significados.

Derrotas se tornam vexames, malogros criam fracassados. Julgamentos são feitos pela falta de êxito. Muita vezes nem mesmo a vitória do adversário é lembrada.

Estamos, acima de tudo, discutindo terminologias e comportamentos sociais. A eliminação na primeira rodada dos playoffs da NBA do Milwaukee Bucks, primeiro colocado na Conferência Leste, para o Miami Heat, apenas oitavo, foi uma grande decepção.

Essas palavras, talvez, não ofendessem Giannis Antetokounmpo como aconteceu quando questionado se fora um fracasso o que acabara de acontecer em quadra. A resposta do grego rodou o mundo e ultrapassou os limites do basquete.

Nesta segunda-feira, Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, foi questionado sobre o tema. "O que Antetokounmpo disse foi fantástico. Penso 100% da mesma forma que ele. No esporte você não pode falar sobre fracasso, e na vida você não pode falar sobre fracasso. Fracasso é quando você não tenta fazer algo tão bem quanto pode. Quando você tenta fazer o seu melhor, você tem a consciência limpa, e isso nunca é um fracasso, não apenas no esporte, mas na vida".


Dependendo da carreira, atletas podem ter mais vitórias do que derrotas ao longo dela. Certamente, no entanto, perderão mais competições do que vencerão. O esporte, diferentemente de qualquer outra área profissional, obriga a conviver com vitórias e derrotas rotineiramente.

O entretenimento ligado ao esporte o transformou em espetáculos televisivos, com enorme faturamento e audiência, como são os casos da NBA, de LaLiga e da Champions League - para citarmos competições dos personagens acima mencionados.

"Não foi um fracasso, na verdade foi um passo rumo ao sucesso", explicou Antetokounmpo. "Não existe fracasso no esporte. Existem dias bons e dias ruins. Em alguns dias você terá sucesso, em outros, não. Em alguns dias será a sua vez, em outras vezes, não. É disso que os esportes são feitos. Você não ganha sempre. Algumas vezes, as outras pessoas vencem. E, neste ano, outro time vai ganhar. É simples assim".




Ancelotti usou o exemplo da própria carreira, assim como fizera o grego ao citar Michael Jordan e o número de temporadas em que o camisa 23 do Chicago Bulls não foi campeão. "No esporte, você perde com muito mais frequência do que ganha. Tenho um grande armário com muitos troféus, mas se tivesse que incluir todos os que perdi, não seria um armário, seria uma casa".

Os tempos atuais, de redes sociais e busca incessante por cliques, gera extremos. Querem heróis e vilões, gloriosos e fracassados. Se alguém não opina de acordo com os extremos, está "passando pano".

A culpa não é apenas da imprensa. Ela é parte integral do problema, que surge a partir do interesse da maioria. Como uma roleta em um círculo vicioso e contagiante, onde ninguém fica impune.

Permitam-me, sem querer parecer contraditório, apresentar um contraponto. Ou melhor, trazer o contraponto apresentado por Shaquille O'Neal.

"Ele não é um fracasso como jogador, mas a temporada foi um fracasso? Eu diria que sim, mas eu gosto da sua explicação. Posso entender e respeito sua explicação, mas para mim, quando não vencemos, sempre foi minha culpa, e foi definitivamente um fracasso".

Shaq é um dos maiores jogadores na história do basquete. Foram 19 temporadas na NBA, com quatro título. Ele reforça o problema da terminologia e ao mesmo tempo traz experiências pessoais para o debate.

"Não posso dizer como eles pensam, mas quando assisto a caras de antes de mim, os Birds, os Kareems, e você sabe como eles pensam, é como eu cresci". Seria então uma questão geracional?

A vida de Antetokounmpo como imigrante na Grécia já deveria servir de impedimento para esse pensamento, mas ao ver Carlo Ancelotti, de gerações mais antigas, se posicionar, percebe-se que essa não é a questão prioritária.

Voltando ao futebol, Diego Pablo Simeone, enérgico técnico do Atlético de Madrid e maior nome na história do clube, já utilizou a palavra fracasso algumas vezes para classificar situações de sua equipe. 

O que Shaq e Simeone despertam, acima de tudo, é a possibilidade de cobranças mais fortes no esporte. A vida não é um mar de flores todos os dias. É possível cobrar, mas sem perder a ternura. Não tenham dúvidas que os atletas são quem mais se cobram após derrotas, e estas trazem aprendizados e fortalecem os grandes.

Ao mesmo tempo, críticas e posicionamentos precisam de equilíbrio. Entre o céu e o inferno há enorme distância. Não há palavras proibidas em análises opinativas, se utilizadas com equilíbrio e dentro da legalidade.

Particularmente, evito termos como "fracasso", "vexame", "vergonha" por entender que levam a extremos em uma sociedade já extremamente polarizada. 

Respeito talvez seja a principal palavra de todo esse debate. Respeito por parte da imprensa no trato diário, entre os torcedores e o controle das próprias frustrações pessoais e dos jogadores com a paixão que o esporte move na vida de todos.

Comentários

Sobre fracasso e respeito no esporte

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Goleada que lava a alma e muda a temporada madridista

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

São tantos fatos marcantes neste histórico Barcelona 0 x 4 Real Madrid, que é difícil escolher por onde começar. Objetivamente, é a maior goleada madridista no Camp Nou desde o 5 a 1 conquistado em 1963. Desta vez valeu vaga na final da Copa do Rei, algo que não acontecia desde 2014 para os merengues, e encerrou a série de três vitórias culés seguidas.

Foi uma atuação no "Modo Champions". Esse time do Real Madrid não entra em pânico, mesmo com muitos jovens em campo, absolutamente não se desespera diante das adversidades. A temporada passada foi a prova maior disso, com todas remontadas, mas a forma como a equipe encara os jogos grandes e decisivos segue impressionando.

Celebração dos jogadores do Real Madrid nos vestiários do Camp Nou
Celebração dos jogadores do Real Madrid nos vestiários do Camp Nou Real Madrid

Carlo Ancelotti mandou a campo uma das escalações mais ofensivas possíveis com o atual elenco madridista. Precisava reverter o 0 x 1 da ida no Santiago Bernabéu, quando o Real Madrid sequer teve uma única finalização certa, e optou por Eduardo Camavinga na lateral-esquerda, Toni Kroos como meio-campista defensivo, Federico Valverde por dentro e Rodrygo como atacante pela direita.

O primeiro tempo foi equilibrado, com o Barça conseguindo manter maior posse de bola, mas o gol de Vinicius Júnior já nos acréscimos foi um indício do que estava por vir. Era também uma partida muito tensa, e aqui é necessário ressaltar o ambiente pesado com tantos problemas extra-campo envolvendo as duas equipes e alguns jogadores especificamente - caso Negreira, racismo com Vinicius, imbróglio com Gavi... Some a isso a gigantesca rivalidade, um árbitro nervoso e 94 mil torcedores, pronto, o caldeirão está fervendo.

Na volta do intervalo, os personagens da partida entraram em ação. Em uma goleada como essa, há vários protagonistas. Luka Modric, com uma assistência e disposição em campo de um garoto, foi novamente genial; Rodrygo, em seu jogo de número 150 com o Real Madrid, foi determinante no 4-3-3 com três atacantes efetivamente, o que melhora demais a equipe; Camavinga, improvisado novamente na lateral e com apenas 20 anos, parecia um veterano na posição; Éder Militão foi monstruoso na defesa e ainda decisivo na construção do segundo gol.

Houve, no entanto, dois personagens sobressalientes: Karim Benzema e Vinicius Júnior. Com os três gols marcados nesta noite mágica no Camp Nou, o atacante francês chegou a 16 em jogos contra o Barcelona com a camisa do Real Madrid. Tornou-se o terceiro maior goleador madridista nesta entidade própria chamada El Clásico com 16 gols, atrás apenas de Alfredo di Stéfano e Cristiano Ronaldo, com 18 cada. Também passou a ser o segundo jogador na história blanca a conseguir um hattrick na casa culé, repetingo Ferenc Puskás em 1963.

Já Vini teve uma das melhores atuações da carreira como madridista. Levou a melhor no duelo com Ronald Araújo, foi desequilibrante e aumentou suas estatísticas individuais para 20 gols e 15 assistências em todas competições. Para se ter ideia do tamanho de sua temporada, apenas ele e Mohamed Salah soman pelo menos 20 gols e dez assistências entre todos jogadores das cinco grandes ligas europeias em 2022-23.

O Real Madrid terá agora mais seis jogos na temporada para conquistar dois títulos. A final da Copa do Rei em 6 de maio, no estádio La Cartuja, em Sevilha, contra o Osasuna, e o que lhe resta pela frente na Champions League. Concretamente mais duas partidas contra o Chelsea, além de possíveis semifinais e a decisão em Istambul.

O 4 a 0 no Camp Nou, como admitiu posteriormente Rodrygo em entrevista na zona mista, muda a temporada. Se havia um clima de decepção por LaLiga, essa goleada lava a alma, recarrega a moral e prepara para a reta final. No "Modo Champions".


Comentários

Goleada que lava a alma e muda a temporada madridista

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Europa League e Conference de volta: 32 times, grandes jogos e muitas histórias

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Mais de três meses depois, com uma Copa do Mundo no meio e muitas transferências, a Europa League e a Conference estão de volta. Diretamente para a fase de playoffs, anterior às oitavas de final, com os cruzamentos entre os torneios e a Champions League.

Abaixo, análises dos 16 confrontos que se iniciam nesta quinta-feira, com transmissão de todos os jogos no Star+.

Troféus da Europa League e da Conference
Troféus da Europa League e da Conference UEFA

EUROPA LEAGUE

Barcelona x Manchester United

Este não é apenas o confronto mais aguardado da Europa League, e sim um dos mais esperados de toda temporada europeia. Dois gigantes, que decepcionaram até aqui no continente: enquanto o Barcelona não avançou na Champions, o Manchester United ficou apenas em segundo no seu grupo da Europa League. A diferença, agora, é que se enfrentam em excelentes momentos. O Barça lidera LaLiga com enorme vantagem, vem jogando bem e sofre pouquíssimos gols; está sem Ousmane Dembélé, mas Raphinha tem aproveitado a oportunidade. O United se isolou na terceira posição da Premier League, embalou com Erik ten Hag e a saída de Cristiano Ronaldo e ainda conta com a excelente fase de Marcus Rashford, autor de 13 gols em 15 jogos depois da Copa do Mundo. Decidiram a Champions duas vezes, em 2009 e 2011, com vitórias do Barça, mas fora da principal competição de clubes da Europa o último encontro foi na final da Recopa de 1991, com título inglês.

Juventus x Nantes

Perder 15 pontos por irregularidades financeiras tirou a Juventus da briga pelo título da Serie A. Tem ainda as semifinais da Coppa Italia pela frente, mas a Europa League se tornou um dos objetivos da equipe também. Enfrentará o Nantes, apenas 13o colocado da Ligue 1, mas um time difícil de ser batido: nos últimos 18 jogos, contando todas competições, soma dez vitórias, seis empates e somente duas derrotas. Confronto de brasileiros nas respectivas defesas, com Danilo, Bremer e Alex Sandro formando a linha de três zagueiros de Massimiliano Allegri e Andrei Girotto sendo peça fundamental no sistema defensivo de Antoine Kombouaré. Duas equipes que se enfrentaram nas semifinais da Champions de 1995-96, com vitória italiana em casa por 2 a 0 e triunfo francês em Nantes por 3 a 2.

Red Bull Salzburg x Roma

O Red Bull Salzburg jamais enfrentou a Roma, mas já bateu a arqui-rival Lazio duas vezes na Áustria. A equipe permanece muito bem na Bundesliga austríaca, onde lidera com folga e vem de goleada por 4 a 0 contra o Austria Lustenau. O atacante Fernando, ex-Shakhtar, fez dois gols no final de semana - soma seis na temporada, além de cinco assistências em 12 jogos. O brasileiro forma ótima dupla de ataque com o suíço Noah Okafor. "Pude voltar nos últimos jogos, já estou com um bom ritmo e agora o nosso foco é na Liga Europa, que é um grande objetivo do clube. Enfrentaremos um rival muito tradicional e trabalhamos bastante para poder fazer um grande duelo", disse à ESPN. Tudo sob o comando do jovem técnico alemão Matthias Jaissle, de apenas 34 anos, que trabalhava antes no Liefering, time B da Red Bull no futebol austríaco. A Roma, por sua vez, busca o segundo título continental consecutivo, após a conquista da Conference em 2021-22. José Mourinho já tem dois título da Europa League, conquistados pelo Porto em 2002-03 e pelo Manchester United em 2016-17. Há destaque brasileiro na equipe italiana também, o zagueiro Roger Ibañez. "Após conquistar o título histórico da Conference, sabemos que a exigência agora aumentou ainda mais nesse tipo de competição. Estamos muito focados para o duelo contra o Salzburg e queremos seguir em frente na Liga Europa. Sabemos do potencial ofensivo deles, mas nossa equipe vem tendo excelente desempenho defensivo", disse o jogador, que já marcou três gols na temporada do calcio, em contato com a ESPN.

Fernando e Ibañez se enfrentarão em Red Bull Salzburg x Roma
Fernando e Ibañez se enfrentarão em Red Bull Salzburg x Roma Divulgação

Sporting x Midtjylland

As temporadas caseiras de Sporting e Midtjylland estão bem abaixo do que desejavan. Em Portugal, o Sporting ficou muito distante dos primeiros colocado após a derrota no final de semana para o Porto, por 2 a 1. No mercado de transferência, ficou sem Pedro Porro, que foi para o Tottenham, e acertou com Héctor Bellerín, que veio do Barcelona. Na Dinamarca o momento do Midjylland é ainda mais complicado, já que ocupa apenas a sétima posição e corre risco de ficar fora da fase final do campeonato, já que os seis primeiros colocados avançam - faltam cinco rodadas para o término da temporada regular. Para piorar, o clube perdeu Evander, líder em assistências da Europa League com cinco, negociado com o Portland Timbers, da Major League Soccer. Mesmo assim, ainda conta com quatro brasileiros no elenco: Paulinho, Charles, Juninho e Júnior Brumado. Nas duas únicas vezes que se enfrentaram na história, o Sporting eliminou o Midjylland na primeira fase qualificatória da Europa League de 2001-02 com 6 a 2 no placar agregado e três gols de Jardel.

Shakhtar x Rennes

Mykhailo Mudryk é passado no Shakhtar. O melhor jogador da equipe na temporada agora defende o Chelsea na Premier League e na Champions League. Por causa da guerra na Ucrânia, os times ucranianos têm mandado seus jogos na Polônia, e também devido ao conflito o Shakhtar está com um elenco basicamente formado por jogadores ucranianos. Mesmo assim ficou à frente do Celtic na Champions e agora enfrentará o Rennes, um dos melhores times da Ligue 1 na temporada, apesar da queda de rendimento recente com três derrotas nas quatro últimas rodadas. Será o segundo jogo entre os clubes na história das competições continentais; na fase de grupos da Europa League de 2005-06, com formato diferente do atual, o Shakhtar bateu o Rennes na França por 1 a 0.

Ajax x Union Berlim

Tranquilamente um dos melhores jogos da semana na Europa. O Ajax é outro time após a saída do técnico Alfred Schreuder e a efetivação de John Heitinga, que estava no time B do clube holandês. Quatro jogos e quatro vitórias com o novo treinador, 13 gols marcados e apenas dois sofridos; Mohammed Kudus e Brian Brobbey marcaram, cada um, três gols nesse novo período. Já o Union Berlim pode ter, ao final da temporada, a melhor história para contar em todo continente. Após 20 rodadas de Bundesliga, permanece desafiando o Bayern na luta pelo título alemão com apenas um ponto a menos que o gigante da Baviera. O time do técnico suíço Urs Fischer tem uma forma muito simples e eficiente de jogo: defesa forte, transições rápidas e bola parada muito forte. O lateral-direito Josip Juranovic, um dos destaques da Croácia na Copa, foi o principal reforço na última janela de transferências.

Juranovic foi um dos melhores laterais da última Copa do Mundo
Juranovic foi um dos melhores laterais da última Copa do Mundo Getty

Bayer Leverkusen x Monaco

O começo de Xabi Alonso como treinador do Bayer Leverkusen foi bastante irregular. Na estreia tudo deu certo, goleada por 4 a 0 diante do Schalke, mas logo depois se iniciou uma sequência de seis paridas sem vitória, encerrada com um 5 a 0 diante do Union Berlim. De lá para cá a equipe se estabilizou na metade de cima da tabela da Bundesliga e conta com o bom futebol de Moussa Diaby, nove gols e cinco assistências em 27 jogos no geral. Chega da fase de grupos da Champions para um confronto que poderia acontecer tranquilamente na competição, diante do Monaco. Para azar do Leverkusen, a equipe de Monte Carlo vive seu melhor momento na temporada. Terceira colocada na Ligue 1, bateu o PSG por 3 a 1 no sábado e tem alguns de seus jogadores em ótima fase individual, como o atacante Wissam Ben Yedder e o lateral-esquerdo Caio Henrique. Jogo marca também o reencontro de Kevin Volland com o Bayer Leverkusen, de onde saiu em 2020-21.

Sevilla x PSV

Potência histórica da Europa League com seis títulos, é difícil imaginar no atual cenário uma sétima conquista para o Sevilla. Julen Lopetegui foi demitido, Jorge Sampaoli chegou, mas o futebol pouco melhorou. Nas últimas semanas, finalmente, a equipe conseguiu bons resultados com três vitórias nas quatro últimas rodadas de LaLiga, que afastaram o time da luta contra o rebaixamento - as chegadas de Bryan Gil e Pape Gueye ajudaram bastante. O PSV está em uma das melhores temporadas da Eredivisie em muito tempo, com os cinco primeiros colocados separados apenas por seis pontos após 21 rodadas. O PSV é o quarto na tabela e no final de semana fez 6 a 0 no Groningen. Cody Gakpo não está mais no time, negociado com o Liverpool, mas Xavi Simons tem se destacado. 

CONFERENCE LEAGUE

Qarabag x Gent

Em um grupo muito complicado de Europa League, o Qarabag fez bonito. Somou oito pontos diante de Freiburg, Nantes e Olympiacos para garantir o terceiro lugar. Mostrou ótimo nível técnico, mas sofreu uma baixa considerável para a sequência de temporada na Conference: o brasileiro Kady Borges, maestro do meio-campo azeri, 
foi negociado com o Krasnodar, da Rússia. O argelino Yassine Benzia, seleção francesa na base, chegou como reposição para reforçar a ideia de posse de bola e imposição ofensiva mantida pelo técnico Gurban Gurbanov, no cargo desde 2008. Terá pela frente o Gent, quinto colocado no Campeonato Belga, mas que vem mal em 2023 com apenas duas vitórias em oito jogos.

Trabzonspor x Basel

Atual campeão turco, o Trabzonspor caiu nos playoffs da Champions League para o Kobenhavn e foi mandado para a fase de grupos da Europa League. A terceira colocação na chave com Ferencváros, Monaco e Estrela Vermelha o enviou agora para a Conference, onde terá pela frente o Basel, de campanha muito irregular no Campeonato Suíço - apenas o sexto colocado de dez times. Será uma partida muito emotiva por conta do terremoto que abalou a Turquia na semana passada, causando dezenas de milhares de mortos - Trabzon está bem distante, ao norte, do epicentro, por isso não sofreu grandes consequências. Atuando em casa o Trabzonspor é muito forte: 12 vitórias e quatro empates, somando todas cometições em 2022-23.

Lazio x Cluj

A Lazio busca manter o título da Conference na capital italiana, após a conquista inaugural da Roma. O momento, porém, não é dos melhores, sem vitória nas três últimas rodadas da Serie A e a queda para a sexta posição, além da eliminação para a Juventus na Coppa Italia. Os brasileiros Felipe Anderson e Marcos Antônio terão pela frente o compatriota Yuri Matias, zagueiro do Cluj. Os dois times precisarão definir quem vive pior fase, já que os romenos foram derrotados nas duas últimas partidas do Campeonato e perderam a primeira posição na tabela para o Farul Constanta. O Cluj não perde três jogos seguidos desde novembro de 2020.

Bodø/Glimt x Lech Poznan

Sensação da última Conference League, o Bodø/Glimt está de volta à competição após a terceira colocação em seu grupo da Europa League com Arsenal, PSV e Zürich. Na Noruega, o calendário de futebol é anual, assim, a temporada 2023 começará apenas em abril. A última partida oficial do Glimt foi em novembro do ano passado. O técnico Kjetil Knutsen permanece no cargo desde 2018 e o atacante Amahl Pellegrino, principal referência ofensiva, vai para sua terceira temporada na equipe. O Lech Poznan, atual campeão polonês, encaixou boa sequência na retomada da Ekstraklasa em janeiro com dois empates e duas vitórias, se mantendo na briga pelas primeiras posições. Maior destaque é o atacante sueco Mikael Ishak, maior artilheiro do time desde 2020, quando chegou do Nürnberg.

Lech Poznan vai atuar no estádio Aspmyra, no norte da Noruega
Lech Poznan vai atuar no estádio Aspmyra, no norte da Noruega Divulgação

Braga x Fiorentina

A campanha do Braga na temporada é impressionante. Terceiro colocado no Campeonato Português e semifinalista da Taça de Portugal. Nas últimas 15 partidas no geral, somou 13 vitórias e apenas duas derrotas - é bem verdade que foram duas goleadas por 5 a 0 para o Sporting. No complicado grupo com Union Saint-Gilloise e Union Berlim, terminou na terceira posição e agora enfrenta a Fiorentina, que já viveu dias melhores na temporada. Somente duas vitórias nas últimas sete rodadas da Serie A, todas disputadas em 2023, derrubaram a equipe para a 14a posição na tabela. No final de semana, perdeu por 1 a 0 para a Juventus, jogo de enorme rivalidade para a Viola.

AEK Larnaca x Dnipro-1

Reencontro entre AEK Larnaca e Dnipro-1: os dois se enfrentaram pelos playoff da Europa League na fase classificatória, com classificação cipriota no placar agregado de 5 a 1. Após cair na fase de grupos, o AEK foi enviado para a Conference, onde terá pela frente uma das maiores surpresas do torneio até aqui. O Dnipro-1 ficou atrás apenas do AZ na fase de grupos da Conferece e deixou um cipriota, Apollon Limassol, pelo caminho. É líder do Campeonato Ucraniano, mas como a competição volta apenas em março, não disputa um jogo oficial desde dezembro. O goleiro do time é brasileiro: Max Walef, ex-Fortaleza. 

Sheriff Tiraspol x Partizan

No final de semana, o Partizan sofreu sua maior goleada desde 2015 ao perder por 4 a 0 para o Mladost Novi Sad em Belgrado. Resultado que possibilitou ao Estrela Vermelha abrir 11 pontos de vantagem na liderança do Campeonato Sérvio. Momento ruim, é verdade, mas a campanha na Conference tem sido incrível. Eliminou o Colônia, da Bundesliga, na fase de grupos e só não foi líder pelo critério de desempate com o Nice, da Ligue 1. No âmbito geopolítico, equipes de regiões ligadas à Rússia: a Sérvia é uma alida histórica dos russos e Tiraspol é a capital da Transnístria, localizada na Moldávia - inclusive, por conta da proximidade geográfica com a Ucrânia e os vínculos russo, o Sheriff foi obrigado pela UEFA a mandar seus jogos em Chisinau, capital moldava.

Ludogorets x Anderlecht

Porto seguro de jogadores brasileiros na Europa nos últimos anos, o Ludogorets promoveu algumas mudanças nos últimos meses. Cicinho e Cauly foram para o Bahia, enquanto Pedro Henrique foi emprestado ao Beroe. Quem chegou foi Raí, atacante que veio justamente do Tricolor baiano. Além dele, o clube se reforçou também com o lateral-direito Pipa, oriundo do Olympiacos. Tudo isso para enfrentar o Anderlecht em temporada muito ruim, mas que esboça reação. Apenas décimo na tabela do Campeonato Belga, a equipe trocou de técnico e trouxe o dinamarquês Brian Riemer, que trabalhava como assistente no Brentford, em dezembro. Venceu três dos últimos quatro jogos e chega com a confiança recuperada para enfrentar o atual hendecacampeão búlgaro - maior sequência ativa de títulos nacionais em toda Europa.

Raí, ex-Bahia, foi contratado pelo Ludogorets para a sequência da temporada
Raí, ex-Bahia, foi contratado pelo Ludogorets para a sequência da temporada Divulgação/Ludogorets
Comentários

Europa League e Conference de volta: 32 times, grandes jogos e muitas histórias

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Ódio contra Vinicius Jr. não é um ambiente normal de futebol

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Peço licença ao fã de esportes para escrever este texto em primeira pessoa, algo que raramente faço. No entanto, acredito ser a melhor forma de passar o que senti neste domingo.

Trabalho com futebol há 24 anos, desde meu primeiro estágio na faculdade em 1999. Antes disso, como praticamente todo jornalista esportivo brasileiro, vivia nas arquibancadas. Falo sempre que o ambiente mais fantástico que já presenciei em um jogo de futebol foi em Lanús, na Argentina.

Em 11 de dezembro de 2013, 40 mil torcedores transformaram o estádio Ciudad de Lanús em um caldeirão contra a Ponte Preta. Jamais vi uma torcida cantar e pressionar o jogo inteiro o adversário como naquele dia nos arredores de Buenos Aires. Foi uma festa incrível, assim como uma pressão gigantesca sobre a equipe de Campinas, que no final perdeu por 2 a 0.

Também já estive em ambientes mais modestos, como jogos de divisões menores do Campeonato Brasileiro ou do Campeonato Paulista, com a torcida da casa pressionando arbitragem e rivais do início ao fim das mais diversas formas. Assim como presenciei torcidas visitantes "engolirem" os donos da casa em jogos de Conmebol Libertadores. Escrevo tudo isso para dizer que já vi e vivi muita coisa envolvendo torcidas.

O que presenciei, porém, no estádio Son Moix, na derrota do Real Madrid para o Mallorca, é diferente de tudo isso. Dentro e fora de campo, a intimidação faz parte do futebol. Costumo dizer nas análises que faço, que uma partida de futebol precisa ser observada em quatro aspectos macro: técnico, tático, físico e anímico. Neste último, é natural que provocações estejam presentes no jogo. Mas não foi isso que aconteceu no Son Moix. Não foram coisas do futebol como muitos insistem.

Vinicius Jr. em ação pelo Real Madrid na partida contra o Mallorca por LaLiga
Vinicius Jr. em ação pelo Real Madrid na partida contra o Mallorca por LaLiga David S. Bustamante/Soccrates/Getty Imag

Claramente houve premeditação no tratamento a Vinicius Jr. em Mallorca. A começar por mais declarações de Raíllo durante a semana. Incendiaram um ambiente já absolutamente raivoso ao brasileiro, onde o ódio impera sem sentido e razão. Torcedores vaiam e xingam Vinicius sem sequer saberem o motivo, apenas alimentados por esse tipo de situação, que ganha enorme reverberação em parte da imprensa espanhola. Em campo, o Mallorca cometeu 29 faltas, sendo dez apenas no camisa 20 do Real Madrid - maior número em um único jogador de LaLiga desde 2020.

Não era um ambiente normal de futebol, era algo pesado, triste. Havia ódio, muito ódio. Um ódio inexplicável contra um jogador que em momento algum, por exemplo, rebateu as provocações de Raíllo nos últimos dias. "Ele é provocador", dizem todos que defendem esse tratamento. Provocador por driblar? Por dançar após marcar gols? Por não aceitar calado tantas ofensas e violência gratuita? Ou porque ele denuncia o racismo existente no futebol? Sim, ele vai reclamar com a arbitragem e peitar os adversários também.

De verdade, o que escrevo não é contra o Mallorca ou as pessoas de Mallorca. Evidentemente há responsáveis no clube por transformarem esse jogo de futebol em algo pesado, nocivo, mas não são todos e de maneira geral o público foi levado a isso por tudo que vem acontecendo em LaLiga nesta temporada. A escalada de violência contra Vinicius Jr. é evidente e pública. Só não percebe quem não quer. Isso já começa a afetar o próprio desempenho do jogador e, consequentemente, do Real Madrid, já que o brasileiro é protagonista da equipe.



          

Acontece em outros estádios, sempre como visitante, e falam que "se todos estão reclamando, o culpado deve ser você". Não! Vinicius Jr. é vítima de crimes de ódio, que isso fique bem claro, e de uma campanha irresponsável por parte da imprensa espanhola em transformá-lo em vilão. Absolutamenta insano esse desvirtuamento do problema.

Vinicius tem sido resiliente. Está sendo mais amparado em campo pelos companheiros e fora dele por Carlo Ancelotti. Ama Madri e o Real Madrid, mas não há amor que sobreviva diante de tamanha violência. Assim como não há relacionamento que sobreviva a um ambiente tóxico. O limite já foi superado.

Fonte: Gustavo Hofman

Comentários

Ódio contra Vinicius Jr. não é um ambiente normal de futebol

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Atacantes do Real Madrid, volante do Espanyol e zagueiro do Almería: veja os destaques brasileiros do 1º turno de LaLiga

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Ao final do primeiro turno em LaLiga, o Barcelona lidera com 50 pontos, cinco a mais que o Real Madrid. Destaque também para mais uma forte campanha da Real Sociedad, terceira na tabela com 39 pontos.

Nas estatísticas individuais, Robert Lewandowski lidera a artilharia com 14 gols e Mikel Merino as assistências com sete. Entre os brasileiros, há alguns destaques.

Trio de brasileiros do Real Madrid é destaque da equipe na temporada
Trio de brasileiros do Real Madrid é destaque da equipe na temporada Divulgação

Vinicius Júnior é o melhor entre todos, sem dúvida alguma, com números expressivos em vários indicadores ofensivos como gols, assistências, gols esperados, passes certos, chances criadas e toques na bola. Seu companheiro de Real Madrid Rodrygo não fica muito distante, também se destacando nesses quesitos. Apesar de ainda não ter brilhado com a camisa do Barça, Raphinha não fica tão distante assim dos compatriotas.

Nas valências defensivas, destaque absoluto para Vinicius Souza, volante que está emprestado pelo City Football Group ao Espanyol, formado no Flamengo. Ele é líder entre os brasileiros em desarmes, interceptações e recuperações de posse de bola. Assim como merece atenção o nível de atuação de Rodrigo Ely pelo Almería e Samuel Lino com o Valencia. Todos os três em equipes que ocupam a parte de baixo da tabela.

Há ainda atletas jovens que aos poucos conquistam espaço e também aparecem nas estatísticas, casos de Luiz Henrique, ex-Fluminense, que vem sendo titular e muito importante no Betis, assim como de Lucas Rosa, lateral-esquerdo do Valladolid, revelado na base do Palmeiras, que ganhou oportunidades nas últimas semanas e encaixou ótima sequência - já é o quarto entre os brasileiros em desarmes com somente nove jogos. 

E por fim, menção honrosa a Éder Militão, que consegue se destacar sem a bola e também no ataque, já com três gols. Abaixo todos os números; entre parênteses está o líder da estatísticas, independentemente da nacionalidade.

Vinicius Souza é o pilar defensivo do Espanyol
Vinicius Souza é o pilar defensivo do Espanyol Divulgação

GOLS (Lewandowski, 14)
Vinicius Jr 7
Rodrygo 4
Éder Militão, Raphinha e Léo Baptistão 3

ASSISTÊNCIAS (Mikel Merino, 7)
Rodrygo 5
Vinicius Jr e Raphinha 3
Léo Baptistão, Alex Telles e Matheus Cunha 2

ExpG (Lewandowski, 11,88)
Vinicius Jr 7,63
Rodrygo 7,08
Raphinha 4,1

PASSES CERTOS (Kroos, 1184)
Éder Militão e Rodrigo Ely 648
Vinicius Jr 513
Fernando 475

Samuel Lino está emprestado pelo Atlético de Madrid ao Valencia
Samuel Lino está emprestado pelo Atlético de Madrid ao Valencia Divulgação

APROVEITAMENTO NOS PASSES (Kroos, 95,3% - mínimo 10 jogos)
Fernando 90%
Rodrygo 88,3%
Éder Militão 87,6%

TOQUES NA BOLA (Dani Parejo, 1497)
Vinicius Jr 1140
Samuel Lino 984
Rodrygo Ely 982

CHANCES CRIADAS (Iago Aspas, 52)
Vinicius Jr 32
Raphinha 26
Rodrygo 23

O jovem Lucas Rosa está se destacando nos últimos jogos do Valladolid
O jovem Lucas Rosa está se destacando nos últimos jogos do Valladolid Divulgação

FINALIZAÇÕES / CERTAS (Lewandowski 59 / 31)
Samuel Lino 50 / 19
Vinicius Jr 49 / 24
Rodrygo 47 / 14

RECUPERAÇÕES DE POSSE DE BOLA (Aidoo, 126)
Vinicius Souza 100
Samuel Lino 73
Rodrigo Ely 71

DESARMES (Vinicius Souza, 68)
Vinicius Souza 68
Samuel Lino e Luiz Henrique 30
Lucas Rosa 26

Rodrigo Ely chegou no ano passado ao Almería
Rodrigo Ely chegou no ano passado ao Almería Divulgação

INTERCEPTAÇÕES (Unai Núñez, 37)
Vinicius Souza 36
Rodrigo Ely 19
Éder Militão 17

APROVEITAMENTO NOS DUELOS AÉREOS (mínimo 10 jogos)
Rodrigo Ely 81,6%
Gabriel Paulista 69,4%
Alex Telles e Éder Militão 60%

MINUTOS (12 jogadores com 1710)
Vinicius Jr 1672
Samuel Lino 1622
Rodrigo Ely 1595

Raphinha soma seis participações em gols em 18 jogos na temporada de LaLiga
Raphinha soma seis participações em gols em 18 jogos na temporada de LaLiga Divulgação

Obs. Todas as estatísticas são da base de dados da ESPN Trumedia.

Comentários

Atacantes do Real Madrid, volante do Espanyol e zagueiro do Almería: veja os destaques brasileiros do 1º turno de LaLiga

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

A Copa de Lionel Messi

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Messi e a taça de campeão do mundo
Messi e a taça de campeão do mundo FIFA

"Na Argentina nasci, terra de Diego e Leonel. Dos garotos das Malvinas, que jamais esquecerei. Não te posso explicar, porque não vai entender. As finais que perdemos, por quanto anos eu chorei". A letra da música mais cantada pelos argentinos traz o tom de dramaticidade necessário para o roteiro mais esperado da Copa do Mundo.

Essa era a Copa de Lionel Messi. Todo país entendeu e se mobilizou por ele. O que vimos nos últimos dias foi o clímax do que começou com a derrota para o Brasil na Copa América de 2019, se materializou com o título no Rio de Janeiro e se transformou em uma das maiores histórias do futebol no Qatar. Se escrevêssemos tudo que aconteceu, pareceria um daqueles filmes forçados.

Porque jamais antes na história um jogador havia marcado gols em todas as fases do Mundial no atual formato. Messi conseguiu na fase de grupos, nas oitavas de final, nas quartas, nas semifinais e na decisão. Ao apenas entrar em campo, se tornou o recordista de jogos em Copas com 26, superando Lothar Matthäus. Despede-se do maior torneio do mundo com a taça nas mãos.

Seu maior rival em Lusail colaborou para engrandecer ainda mais sua história. Kylian Mbappé se tornou o quinto jogador na história a marcar em duas finais de Copa, se unindo a Vavá (1958 e 62), Pelé (1958 e 70), Paul Breitner (1974 e 82) e Zinédine Zidane (1998 e 2006). E com seus três gols, igualou a marca até então obtida unicamente por Geoff Hurst em uma decisão de Mundial (1966).

"Campeões do mundo", escreveu Messi em suas redes sociais. "Tantas vezes sonhei com isso, tanto desejava, que ainda não caiu a ficha, não posso acreditar". Rosarino, argentino, sul-americano e campeão do mundo. E acima de tudo, maradoniano. Com a bênção de seu povo.

Comentários

A Copa de Lionel Messi

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Lionel Messi é o catalisador da incrível sinergia entre time e torcida argentina

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Tudo começou no Brasil. Naquele 10 de julho de 2021, no Maracanã, o roteiro desta Copa do Mundo começou a ser escrito. Ao vencer a seleção brasileira por 1 a 0, a Argentina deu a Lionel Messi seu primeiro título pelo país. Ou melhor, Messi deu à seleção argentina com atuações monstruosas seu primeiro título após 28 anos.

A celebração que aconteceu no gramado logo após o apito final, dos jogadores com o camisa 10, foi extremamente simbólica. Messi levou as mãos ao rosto e, em prantos, se ajoelhou. Todos os companheiros correram em sua direção. Estavam felizes acima de tudo por ele, assim como todos argentinos espalhados pelo mundo. Lionel Messi se tornou o fator de maior motivação para a Argentina.

Messi brilha, Álvarez marca duas vezes, Argentina faz 3 a 0 na Croácia e está na grande final da Copa do Mundo          

     


Esse sentimento existiu até mesmo entre brasileiros, se lembram? Foi uma das polêmicas daquela Copa América, a torcida no Brasil pelo título argentino exclusivamente por causa do meio-campista que, na época, estava de saída do Barcelona e a caminho do Paris Saint-Germain.

O sentimento de pertencimento do torcedor argentino com sua seleção sempre existiu. Se já houve dúvida sobre essa sensação em relação a Messi, isso faz parte de um passado longínquo. Hoje, a sinergia entre o time comandado por Lionel Scaloni e a torcida argentina é incrível. A festa nas arquibancadas do Qatar transforma os estádios em verdadeiras canchas sudamericanas. E o grande responsável por isso é Lionel Messi.

Por ele os jogadores se esforçam mais, correm o dobro, não reclamam de substituições, choram e sofrem. Nas arquibancadas, há um sentimento inequívoco de que "essa é a Copa do Messi e tudo faremos por ele". Ainda mais com a morte de Diego Armando Maradona antes da Copa América, o que torna esse roteiro ainda mais dramático e, por que não, maradoniano.

Esse lado passional da história de nada adiantaria nos tempos atuais sem um time bem treinado, organizado em campo, com variações táticas e talento em todos setores do campo. Essa é a Argentina, que depois da zebra protagonizada contra a Arábia Saudita, passou a disputar apenas partidas de vida ou morte neste Mundial.

Tudo isso esteve presente no estádio Lusail, nesta noite de 13 de dezembro de 2022. A genialidade, a paixão, a devoção. Lionel Messi esteve em campo para sua penúltima dança em Copas do Mundo.

Lionel Messi fez um gol e deu uma assistência contra a Croácia
Lionel Messi fez um gol e deu uma assistência contra a Croácia AFA

Comentários

Lionel Messi é o catalisador da incrível sinergia entre time e torcida argentina

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Croácia: o outro lado tem uma história muito grande para contar

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

"Nunca desista". Essas foram as palavras escolhidas por Luka Modric em suas redes sociais após a histórica vitória nos pênaltis contra o Brasil. Pela terceira vez em suas seis Copas do Mundo, a Croácia está classificada para as semifinais. Podemos destacar a atuação monstruosa de Modric, as alterações táticas feitas por Zlatko Dalic que anularam valências da seleção brasileira, valorizar também o jogo praticamente perfeito de Josko Gvardiol ou mais uma vez o decisivo Dominik Livakovic... Mas há algo a mais, que vai além dos aspectos de análise em uma partida de futebol

CROÁCIA 1 (4) x (2) 1 BRASIL: ASSISTA PELA ESPN NO STAR+ AO COMPACTO DO JOGO COM NARRAÇÃO DE NIVALDO PRIETO E COMENTÁRIOS DE LEONARDO BERTOZZI

Muitos dos jogadores que estão no Qatar sofreram diretamente consequências da guerra de independência da Croácia entre 1991 e 1995, que deixou mais de 15 mil mortos do lado croata, além de 300 mil pessoas deslocadas. Luka perdeu seu avô, assasinado por rebeldes sérvios e cresceu como refugiado dentro de seu país; Dejan Lovren foi obrigado a fugir da Bósnia com seus familiares e encontrou em território croata seu novo lar, situação similar vivida por Ante Budimir; Mateo Kovacic nasceu em Linz, na Áustria, onde sua família vivia após fugir dos conflitos nos Balcãs. Os mais jovens, como o promissor Gvardiol, já nasceram em uma Croácia em paz, mas seus parentes carregam consigo as marcas da guerra e a capacidade de resistir. Essa valentia é levada para campo.

Croatas celebram a classificação para as semifinais da Copa
Croatas celebram a classificação para as semifinais da Copa HNS

Há pouco mais de quatro anos, quando a França venceu a Croácia na final da Copa na Rússia por 4 a 2, os torcedores croatas deixaram o estádio Luzhniki em enorme festa. Cantavam como se tivessem acabado de conquistar a Copa. Na verdade, cantavam o orgulho de vestir a camisa quadriculada de sua seleção e exibir para o mundo e os milhões de estrangeiros em uma competição como essa a bandeira de sua nação de apenas 31 anos. Diversos desses jogadores no Qatar são mais velhos do que o estado croata como conhecemos oficialmente hoje.

É muito comum, em entrevistas de jogadores que tiveram suas vidas afetadas pelas guerras da Iugoslávia, citarem esse período como exemplos de resiliência. "Ter vivido uma guerra nos ajuda em campo", disse Budimir em entrevista ao La Vanguardia no ano passado. O sentimento de pertencimento e agradecimento é constante nas palavras dessas pessoas. Budimir mesmo, em outra entrevista, exemplifica de maneira ainda mais dura o que é carregar esse passado ainda recente: "Há pessoas que deram suas vidas para que eu tenha a minha."

São menos de quatro milhões de habitantes em um país cujas dimensões não ultrapassam 57 mil km2 e apaixonado por futebol. Desde quando se filiou à Fifa e passou a disputar as eliminatórias, são seis Copas na história dos croatas e apenas uma na qual não se classificou (2010). Não há meio-termo nas participações: três vezes eliminada na fase de grupos, três vezes ao menos nas semifinais. Na histórica Copa de 1998, sob o comando de Davor Suker, a Croácia parou na França de Lilian Thuram. Na Rússia, um time até mesmo superior ao atual não suportou a maior força de Kylian Mbappé e companhia francesa. Agora terá a Argentina pela frente após derrubar o favorito Brasil.

Dalic comemora com Modric e Kovacic
Dalic comemora com Modric e Kovacic HNS

As imagens das celebrações em Zagreb indicam o tamanho enorme desta classificação. Dalic pode ficar orgulhoso de seus jogadores e também de suas decisões. Ao adiantar Modric em campo, deixando-o à frente de Brozovic e Kovacic, mudando taticamente seu time do 4-3-3 na fase ofensiva para o 4-2-3-1 e sem a bola do 4-1-4-1 para o 4-4-1-1, Dalic demonstrou total conhecimento do adversário e preparação feita nos detalhes para o confronto. O posicionamento de Modric tirou Casemiro do jogo, fechando as linhas de passes na saída de bola brasileira e deixando intencionalmente a responsabilidade na iniciação ofensiva com Danilo. Vinicius Júnior estava sempre com marcação dobrada, e Josip Juranovic cansou de aproveitar os espaços em suas costas. Neymar e Lucas Paquetá frequentaram um setor do campo dominado por Kovacic e Brozovic. 

Méritos e mais méritos de um time croata valente. Que acima de tudo não desistiu em momento algum. Lutou e resistiu enquanto pôde, e quando o talento do camisa 10 do Brasil desequilibrou, a valentia croata foi colocada à prova. Zlatko Dalic sabe que não tem o melhor time croata da história em mãos - ele mesmo admitiu que a equipe de 2018 era melhor. Houve renovação, alguns jovens chegaram, alguns veteranos saíram. Só que desistir não é uma opção. A assistência de Mislav Orsic para Bruno Petkovic, companheiros no Dínamo Zagreb, garantiu o gol mais tardio na história das Copas aos croatas. A partir daí estava claro que não perderiam nos pênaltis, e assim o fizeram: permaneceram com recorde perfeito em disputas de penalidades nos Mundiais, com quatro vitórias nos dois últimos torneios.

Davor Suker já foi citado. Há também Zvonimir Boban, Robert Prosinecki, Alen Boksic, Mario Mandzukic, Darijo Srna. E existe Luka Modric. Logo no início da partida contra os brasileiros, quando o meio-campista de 37 anos do Real Madrid toca na bola e dá o pontapé inicial, Neymar e Richarlison partem em disparada para pressionar Marcelo Brozovic. Modric finge que vai avançar, para e volta, aparecendo livre para receber o passe do companheiro. Faltando cinco minutos para acabar a prorrogação, é ele quem inicia a jogada do gol de Petkovic ainda na intermediária defensiva. Nos momentos derradeiros, se entregava na marcação, queria a bola para criar e entregava sua alma em campo. Uma aula de dedicação e entrega.

E ao final, com  festa croata e o choro brasileiro no Estádio Cidade da Educação, em Al Rayyan, parou para consolar seus amigos. Como grande capitão e exemplo que é.

Modric consola Rodrygo após o jogo
Modric consola Rodrygo após o jogo HNS

Comentários

Croácia: o outro lado tem uma história muito grande para contar

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Fred x Bruno Guimarães, Rodrygo x Éverton Ribeiro e Gabriel Jesus x Pedro: quem será titular contra Camarões?

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Desta vez, mesmo com o treinamento fechado para a imprensa, a comissão técnica da seleção brasileira não fez mistério e divulgou o time que treinou como titular. Inclusive com as dúvidas que ainda existe.

Dos 11 titulares, oito já estão definidos: Ederson, Daniel Alves, Éder Militão, Bremer e Alex Telles formarão a defesa; Fabinho começa no meio-campo ao lado de Fred ou Bruno Guimarães. Já Rodrygo disputa posição com Éverton Ribeiro, enquanto Antony e Martinelli estão confirmados pelos lados do campo. O centroavante do time será Gabriel Jesus ou Pedro.

Tite definirá a equipe que começa jogando contra Camarões na reunião desta quinta-feira pela manhã em Doha, avaliando a atividade do dia anterior com seus assistentes. À tarde, o time escolhido para buscar a primeira posição do grupo já treinará.

Pedro e Bruno Guimarães em treino da seleção brasileira
Pedro e Bruno Guimarães em treino da seleção brasileira Lucas Figueiredo/CBF

Fred x Bruno Guimarães

A disputa entre Fred e Bruno Guimarães possui um aspecto anímico muito importante. O meio-campista do Manchester United perdeu a posição de titular antes da estreia, mas recuperou para a segunda partida com o desfalque de Neymar. Porém, foi o escolhido para dar lugar a justamente seu companheiro de Premier League e adversário pelo Newcastle aos 13 minutos do segundo tempo diante dos suíços. Se Fred não conseguiu se destacar no travado primeiro tempo da seleção, Bruno tampouco o fez na segunda etapa.

Pela forma como o Brasil ataca, a partir de uma distribuição tática no 3-2-5, o segundo meio-campista avança para ocupar a intermediária ofensiva ao lado do meia mais avançado ou segundo atacante. Fred, que já está com um cartão amarelo, jogou assim algumas vezes com Tite, mas não conseguiu contra a Suíça executar as funções ofensivas com eficiência.

Bruno claramente entrou nervoso em campo, e logo na primeira bola acabou errando. Isso certamente abalou sua força mental pelos minutos seguintes. Já no final do jogo, estava mais tranquilo, no entanto agora seria extremamente importante para ele começar contra Camarões para ter uma boa atuação por 90 minutos e mostrar novamente o nível do qual estamos acostumados.

O problema é que esse raciocínio também vale para Fred, ainda mais depois da enorme decepção que foi não jogar a Copa de 2018, ao não conseguir se recuperar fisicamente mesmo estando com o grupo na Rússia. Decisão extremamente difícil para a comissão técnica agora.

Rodrygo x Éverton Ribeiro

Entre o atacante do Real Madrid e o meia-atacante do Flamengo a disputa é de estilos. São dois jogadores muito diferentes, que poderiam tranquilamente jogar juntos - e um deles pode, também, ser titular nas oitavas de final, o que aumenta a importância desse caso.

Rodrygo é um finalizador, jogador que marca gols e se movimenta como um atacante, oferecendo jogo apoiado e passe curto. Já Éverton tem características de armador, jogador de ótima técnica e visão de jogo. Ambos disputam a vaga de Neymar na variação do 4-2-3-1 para o 4-4-2 da seleção brasileira, com a fase ofensiva citada mais acima. 

Inicialmente, imaginava-se, inclusive para a partida contra a Suíça, que Rodrygo seria o substituto imediato do atacante do Paris Saint-Germain, por possui mais similaridades com o camisa 10 do Brasil e evitando grandes mudanças na função tática. Porém, diferentemente da estreia contra a Sérvia, Tite optou por uma escalação mais conversadora e preocupada com o meio-campo.

Os dois jogadores vêm de temporadas incríveis com Real Madrid e Flamengo. Rodrygo soma sete gols e cinco assistências em 19 jogos com os merengues. Já Éverton Ribeiro foi um dos principais nomes do rubro-negro no título da Libertadores da América.

Gabriel Jesus x Pedro

Não há dúvidas sobre a titularidade de Richarlison na função de atacante central da seleção brasileira. Gabriel Jesus é a segunda opção e entrou nos dois jogos até aqui: aos 34 minutos do segundo tempo contra a Sérvia e aos 28 da segunda etapa contra os suíços. Pedro ainda não soma minutos.

Enquanto Gabriel entrega maior movimentação e Tite sabe exatamente o que esperar do atacante do Arsenal, o centroavante do Flamengo é diferente de todos os outros atacantes convocados. Pedro tem presença de área e estilo mais clássico para a posição.

Para Gabriel Jesus, ser titular significa ganhar mais uma oportunidade para marcar seu primeiro gol em Copas, após começar nas cinco partidas do Mundial na Rússia e terminar como um dos jogadores mais criticados. Para Pedro é a oportunidade de estrear na competição e mostrar ao treinador que pode ser a solução imediata da posição em jogos mais apertados.

Fonte: Gustavo Hofman

Comentários

Fred x Bruno Guimarães, Rodrygo x Éverton Ribeiro e Gabriel Jesus x Pedro: quem será titular contra Camarões?

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Seis jogadores disputam as vagas de Danilo e Neymar na seleção diante da Suíça

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

A comissão técnica da seleção brasileira terá dois treinamentos antes do jogo contra a Suíça, nesta segunda-feira, para definir os substitutos de Danilo e Neymar, que se lesionaram contra a Sérvia e não jogam mais nesta fase de grupos da Copa do Mundo. Serão seis atletas disputando duas vagas, confirmou à ESPN uma fonte.

O Brasil tem o 4-4-2 com variação para 4-2-3-1 como padrão tático, e isso não será alterado. Rodrygo exerceu a função de Neymar, após a substituição do atacante diante dos sérvios, e está na disputa. No Real Madrid, desde a temporada passada, Carlo Ancelotti vem utilizando o jogador brasileiro nas três funções de ataque da equipe, que atua no 4-3-3, substituindo inclusive Karim Benzema. E quando o treinador italiano alterou para o esquema com duas linhas de quatro e dois atacante, Rodrygo foi o escolhido para atuar por dentro.

Outra opção, menos provável, é a escalação de Éverton Ribeiro nessa função de armação. O meio-campista garantiu vaga no Mundial graças à ótima temporada com o Flamengo, mas corre por fora nessa disputa. O avanço de Lucas Paquetá é uma variação mais provável, por exemplo.

No 2 a 0 da estreia, o jogador do West Ham atuou ao lado de Casemiro e com liberdade para criar no campo de ataque. Pode ser adiantado, para atuar próximo a Richarlison, abrindo vaga no meio para Fred ou Bruno Guimarães. Portanto, caso Paquetá seja o escolhido, haveria mudança na linha de meio-campo e no ataque na comparação com o primeiro jogo do Brasil. Vale ressaltar que o ex-meia do Flamengo jogará de qualquer modo, como meia central ou adiantado.

Tite e Daniel Alves durante partida da seleção brasileira
Tite e Daniel Alves durante partida da seleção brasileira Lucas Figueiredo/CBF

Já a lateral-direita pode promover mais discussões neste final de semana. Na lista de 26 convocados de Tite, apenas um nome gerou polêmica: Daniel Alves. Aos 39 anos, o maior campeão na história do futebol teve temporada ruim com o Pumas e treinou nas semanas anteriores à convocação em Barcelona com o time B do Barça, comandado por Rafa Márquez. Integrantes da comissão técnica gostaram do que viram, passaram um relatório positivo a Tite, que optou por levá-lo à Copa ao invés de chamar mais um zaguiro e ter Éder Militão como opção para a reserva na lateral.

No entanto, o defensor do Real Madrid é uma das duas opções para substituir Danilo, junto com Daniel Alves. Os treinos do final de semana, onde o Brasil trabalhará suas fases defensiva e ofensiva programadas para enfrentar a Suíça, serão decisivos para os seis jogadores envolvidos nessa disputa por duas vagas.

Comentários

Seis jogadores disputam as vagas de Danilo e Neymar na seleção diante da Suíça

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Brasil entendeu o jogo e estreou bem contra a Sérvia

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Nos últimos dias, durante a programação da ESPN, enaltecemos as qualidades da Sérvia. Talento individual, destaques do futebol internacional, time bastante competitivo. Por isso é necessário, agora, valorizar a vitória por 2 a 0 da seleção brasileira diante dos sérvios, na estreia da Copa do Mundo no Catar

Jogo de dois tempos bem distintos. Na primeira etapa, a Sérvia encaixou sua proposta tática do 3-4-2-1. Dragan Stojkovic perdeu, no entanto, Filip Kostic, enorme desfalque do lado esquerdo; optou por começar com um centroavante, mantendo Dusan Vlahovic no banco e dando a titularidade a Aleksandr Mitrovic. 

BRASIL 2 x 0 SÉRVIA: ASSISTA PELA ESPN NO STAR+ AO COMPACTO DO JOGO COM NARRAÇÃO DE NIVALDO PRIETO E COMENTÁRIOS DE GIAN ODDI

Richarlison marcou dois gol, o segundo de voleio
Richarlison marcou dois gol, o segundo de voleio Lucas Figueiredo/CBF

Com isso, ganhou um jogador a mais no meio-campo e gerou constante superioridade numérica na faixa central com Nemanja Gudelj, Sasa Lukic, Dusan Tadic e Sergey Milinkovic-Savic diante dos encaixotados Neymar e Lucas Paquetá. Como o Brasil insistia bastante por dentro, acabou isolando demais Raphinha e Vinicius Júnior, carentes de um jogo de aproximação.

Isso permitiu à Sérvia atingir seu objetivo no primeiro tempo, de maneira extremamente defensiva, de não sofrer gol. Ofensivamente foi praticamente nula, e aqui cabe o destaque absolutamente necessário: o sistema defensivo do Brasil foi sólido do início ao fim. Danilo, Marquinhos, Thiago Silva, Alex Sandro e Casemiro, principais pilares, foram impecáveis.

Na volta do intervalo, o 4-4-2 com variação para o 4-2-3-1 do Brasil se tornou muito mais dinâmico. Neymar e Paquetá buscaram o lado, oferecendo o passe curto e as tabelas com os pontas. Alex Sandro ganhou mais liberdade para avançar e, ao lado de Vini e Neymar, fez um lado esquerdo muito forte.

A partir do primeiro gol brasileiro, a partida muda completamente. Stojkovic manda a campo Vlahovic, altera taticamente e assume o risco do contra-ataque brasileiro. Não demora muito e, justamente pelo lado esquerdo, sai toda construção do golaço marcado por Richarlison

Tite olha para o banco e vê Fred, Rodrygo, Gabriel Jesus, Antony e Martinelli. Manda todos a campo, mantendo o ritmo forte do Brasil. Stojkovic recompõe o sistema de defesa e aceita o resultado. Não saiu o terceiro gol, mas deveria.

Foi uma seleção madura e tranquila para entender o que o jogo pedia. Se no primeiro tempo teve muitas dificuldades, para a segunda etapa voltou diferente e melhor. Richarlison foi o centroavante que o time muitas vezes precisa, Vinicius se mostrou muito mais solto e confiante com a camisa da seleção, Neymar apanhou bastante, saiu de campo lesionado e demonstrou liderança; saindo do banco vale destacar também Fred, extremamente motivado desde o primeiro segundo em que pisou no gramado (certamente com a Copa de 2018 na cabeça ainda...) e Rodrygo, que parecia o Rodrygo em alto nível e centralizado do Real Madrid.

No final das contas, uma partida sempre tensa por ser estreia e que mostra o repertório da seleção brasileira. Ótimo início. Diante da Suíça, que venceu Camarões mais cedo, mais paciência e tranquilidade serão necessárias para quebrar a resiliência do adversário.


         
     
Comentários

Brasil entendeu o jogo e estreou bem contra a Sérvia

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Cerveja no Qatar? Proibida nas ruas e nos estádios, à vontade nos bares dos hotéis

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Filas enormes, um único ponto de venda, horário limitado e muitas dificuldades para comprar cerveja. Se nas últimas Copas do Mundo as Fan Fests foram locais de encontro para milhares de torcedores dispostos a assistir os jogos e consumir a bebida, no Qatar essa não é a realidade.

Com o recuo do Comitê Organizador em vender cerveja nos arredores dos estádios, o único lugar nas ruas onde os torcedores conseguem adquirir a bebida é na maior Fan Fest de Doha, mas somente a partir de 19 horas. O consumo de bebidas alcoólicas é proibido pela religião islâmica. Há exceções, já que os estrangeiros que vivem no país possuem licença especial para comprar bebibas em uma loja específica na cidade (concedida provisoriamente para jornalistas também), mas a realidade do torcedor comum neste Mundial é de abstemia. Ou nem tanto. Entre as exceções, estão também os bares dos hotéis internacionais de Doha, e um especificamente se tornou uma Fan Fest extraoficial.

Álcool no Qatar? Gustavo Hofman 'invade' bar em Doha e mostra como torcedores têm se divertido          

     


No Champions Sports Bar, localizado no segundo andar de um hotel na Área 61, entre enormes e modernos prédios, a impressão é de não estar em um país com restrições ao consumo de álcool. Assistir um jogo de futebol bebendo cerveja é algo cultural para milhões de pessoas pelo mundo. Simplesmente faz parte da rotina nos finais de semana em churrascos com familiares e amigos ou, onde é permitido, dentro e nas ruas em volta aos estádios também.

A fila na entrada já indicava a procura alta. Lá dentro, mesas e balcão completamente lotados, garçons servindo copos e torres de cerveja para todos os lados, camisas dos mais variados países e muita animação. Diversos torcedores, quando entravam no bar pela primeira vez, demonstravam enorme espanto com o que viam. Alguns vibravam como um gol de sua seleção.

Estava no final do jogo entre Senegal e Holanda, e a cada lance da partida os torcedores, independentemente da nacionalidade, se agitavam. Principalmente os mexicanos, que vêm se mostrando em enorme número pelas ruas de Doha também.

O preço cobrado no Champions Sports Bar é extremamente salgado, mas abaixo do praticado na Fan Fest oficial da FIFA. Um pint de Heineken, que não necessariamente vem gelado, custa 60 riales - equivalente a aproximadamente 88 reais. Há opção da torre com três litros, pela bagatela de 369 riales. Quanto custa na conversão para o Real? Pouco menos que metade do salário mínimo brasileiro: R$ 540.

Torres de cervejas vendidas em preços astronômicos
Torres de cervejas vendidas em preços astronômicos Gustavo Hofman / ESPN

A Copa do Mundo no Qatar é um evento extremamente restrito e caro. Muito além das barreiras culturais e religiosas, há os muros sociais e econômicos. Vale lembrar que nas áreas VIP dos estádios da Copa, há liberação para consumo de cerveja.

Às 22h pelo horário local, a bola começou a rolar para Estados Unidos x País de Gales. Nesse horário, muito holandeses que estavam no estádio Al Thumama e acompanharam o 2 a 0 com gols de Cody Gakpo e Davy Klaassen já haviam chegado pelo metrô e, ansiosos, escolhiam um pint entre as muitas opções - além da Heineken, tinha também Carlsberg, Stella Artois, Budweiser, Guinness e Hoegaarden. Os ingleses, que mais cedo assistiram o 6 a 2 contra o Irã, já tinham deixado algumas dezenas de libras nos caixas do bar.

Os brasileiros também marcavam presença, e em bom número. Luiz Comazzetto estava na vitória dos holandeses e chegou no local com alguns amigos. "Fomos para o estádio, achamos que iríamos tomar uma lá, fazer uma bagunça, mas estamos a seco. Agora vai ser legal. Aqui paga uma nota, mas pelo menos vamos conseguir se divertir um pouco e curtir um futebol na televisão".

O cardápio de comida, baseado na tradicional culinária trash food norte-americana, oferecia várias opções de hambúrgueres acompanhados de batata frita.

Brasileiros, equatorianos, norte-americanos, argentinos... América em peso
Brasileiros, equatorianos, norte-americanos, argentinos... América em peso Gustavo Hofman / ESPN

A confraternização era absoluta. Além dos mexicanos, cidadãos do mundo inteiro estavam presentes. Um representante da Mauritânia, com camisa e cachecol da seleção, era um dos mais animados na noite catariana, chamando muito a atenção de um grupo de senhoras ingleses sentadas em uma mesa bem à frente.

Um casal de equatorianos conversava com um argentino, quando um grupo de brasileiros se aproximou e o o bate-papo se estendeu pela América do Sul. Poloneses disputavam espaço no balcão com ingleses e um escocês que circulava pelo bar. No fundo, o pessoal estava mais preocupado com os jogos mesmo. Quando saiu o gol dos Estados Unidos, foram muitos gritos de "USA, USA, USA".

Quando o jogo entre norte-americanos e galeses acabou, algumas pessoas foram embora. Ninguém com bebida na mão, afinal é proibido pelas ruas do Catar. Do lado de fora, a fila estava ainda maior do que três horas antes. A festa continuou madrugada adentro, e muitos garantiam que voltariam nos próximos dias. Na Copa das polêmicas e das contradições, o consumo de álcool é apenas mais uma.

Noites agitadas e muita cerveja: assim é a realidade no Champions Sports Bar em Doha
Noites agitadas e muita cerveja: assim é a realidade no Champions Sports Bar em Doha Gustavo Hofman / ESPN

Comentários

Cerveja no Qatar? Proibida nas ruas e nos estádios, à vontade nos bares dos hotéis

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

As contradições de uma Copa no Qatar pelas ruas de Souq Waqif

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Você sabe que chegou em Souq Waqif pelo aroma dos temperos árabes no ar. O centenário mercado de rua de Doha, tradicional ponto turístico da capital do Qatar, simboliza também as muitas contradições da primeira Copa do Mundo no Oriente Médio.

Aos poucos, a cada dia que o Mundial se aproxima, mais turistas e jornalistas chegam ao país para a maior competição de futebol do planeta, sonho de milhões de pessoas. Em Souq Waqif, se misturam com os poucos cataris e os muitos imigrantes que fazem o Qatar. 

A tranquilidade das ruas de Souq Waqif durante o dia em Doha
A tranquilidade das ruas de Souq Waqif durante o dia em Doha Gustavo Hofman

A história do local está ligada aos beduínos, povo secular que habita os desertos árabes e promovia trocas comerciais ali. Totalmente reformado nos anos 2000 após um grande incêndio, Souq Waqif hoje reúne diversos restaurantes, incontáveis cafés marcantes pela arquitetura árabe, lojas de arte e artesanato e pequenos comércios de eletro-eletrônicos que mais parecem um museu de antigos televisores e rádios.

Sob o forte sol catari, que mesmo no inverno demonstra diariamente sua potência, as ruas costumam ficar vazias. Os turistas não se arriscam muito nesse período do dia, deixando Souq Waqif tranquilo para o passeio das mulheres árabes e as reuniões dos homens em torno dos narguilês nos cafés. Enquanto isso, trabalhadores circulavam com carriolas carregando colchões para hotéis, novos aparelhos de TV ainda nas caixas e alimentos para os restaurantes. O país é alvo de críticas internacionais pela precariedade dos direitos humanos em seu território, o que inclui o tratamento dado às mulheres e as milhares de mortes nas construções dos estádios da Copa.

Artigos tradicionais da cultura árabe se misturam com os itens de Copa
Artigos tradicionais da cultura árabe se misturam com os itens de Copa Gustavo Hofman

A tranquilidade de Souq Waqif é quebrada durante o dia apenas pelo gritos de "México, México, ra, ra, ra" de quatro torcedores vestindo a camisa de La Tri, atentos às câmeras dos jornalistas que circulavam em busca de personagens. As tradicionais lojinhas de artesanato dividem o espaço de suas bancadas com artigos relacionados à Copa. Busco um restaurante e encontro o Abu Ayoub, fora da via principal. 

Kabir, um senhor indiano que trabalha como garçom, me atende. Assim como em todos os outros lugares por onde passamos, todos são sempre muito atenciosos e curiosos em saber de onde somos. Sem muita criatividade, escolho quatro esfihas à moda Abu Ayoub, com carne de cordeiro. Aprecio enquanto vejo o tempo passar lentamente à minha frente. 

Torcedores mexicanos se tornaram uma atração à parte em Souq Waqif
Torcedores mexicanos se tornaram uma atração à parte em Souq Waqif Gustavo Hofman

Mendel Bydlowski, companheiro de ESPN já há alguns dias no Qatar, me alertou sobre a mudança de Souq Waqif do dia para a noite. Volto mais tarde e as ruas até então tranquilas foram tomadas pelo luar do deserto árabe e uma festa típica de Copa do Mundo. Bandeiras das mais variadas nações tremulam nas mãos de agitados torcedores. Não são brasileiros, argentinos, holandeses, alemães, ingleses...

Estes ainda não chegaram. São indianos, argelinos, marroquinos, egípcios, bengalis... Alguns com a bandeira de seu país, que não necessariamente está na Copa, outros vestindo a camisa de uma seleção estrangeira. Sem qualquer gota de álcool, item proibido pelo governo local. Todos ávidos por demonstrarem sua paixão pelo futebol e o orgulho por suas nações.

Uma das entradas principais de Souq Waqif
Uma das entradas principais de Souq Waqif Gustavo Hofman

Talvez Souq Waqif seja o que mais se aproxime neste Mundial de um ambiente local em uma cidade tão artificial. Doha é moderna, luxuosa e suntuosa, assim como pretende ser essa Copa. Não há nada de popular em uma competição disputada nesta parte do mundo, pensada exclusivamente em quem possui muito dinheiro para investir em ingressos, hospedagem e viagem - tudo sob comando e aprovação da FIFA. Distante das Fan Fests, ali ao menos as pessoas circulam como fariam em qualquer parte do ano. Os comércios que ali estão continuarão ali após a Copa, diferentemente até mesmo de estádios.

A Copa do Mundo no Qatar é uma das mais complexas e controversas na história. Suas contradições são evidentes para todos que gostam de futebol. Como curtir um Mundial, no qual milhares de pessoas morreram em condições injustificáveis de trabalho? Ao mesmo tempo, como ignorar a demonstração de alegria espontânea dessas pessoas nas ruas de Souq Waqif? As diferenças culturais também geram enorme choque de realidade pelas restrição de liberdades individuais. E em breve a bola começa a rolar. Ao jornalismo cabe relatar. Sempre e tudo. Com ternura e rigor.

À noite, Souq Waqif se transforma com a presença dos torcedores
À noite, Souq Waqif se transforma com a presença dos torcedores Gustavo Hofman

Comentários

As contradições de uma Copa no Qatar pelas ruas de Souq Waqif

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Análise tática e técnica de Sérvia, Suíça e Camarões, adversários do Brasil

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Há um ponto central que difere o futebol europeu de clubes do sul-americano e é fundamental para análise dos adversários da seleção brasileira nesta Copa do Mundo. É fato indiscutível que os melhores jogadores do mundo, nascidos no hemisfério sul ou no norte, estão na Europa. Logo, as melhores competições entre clubes também.

A cada final de semana pelos campeonatos nacionais ou durante a semana pelas copas nacionais e internacionais, esses jogadores se enfrentam. Isso gera memória competitiva em todos eles. Alguns mais e outros menos, naturalmente, por não estarmos lidando com fórmulas matemáticas, e sim com seres humanos que acumulam experiências cognitivas, sensoriais e corporais.

Ao enfrentaram regularmente os melhores atletas do futebol e, muitas vezes, treinarem com eles, esses jogadores se tornam mais resilientes e acostumados aos grandes desafios. É o que pode ser definido como força média do futebol europeu, fator desequilibrante na comparação ampla com o futebol sul-americano, e que representa o nível intermediário de seleções, as quais são extremamente competitivas. Sérvia e Suíça são dois ótimos exemplos.

A seleção brasileira sabe que terá dois adversários muito complicados pela frente, assim como tem plena consciência do seu favoritismo. Para vencer sérvios e suíços, o Brasil precisará de boas atuações, máxima concentração e muita preparação - algo que já vem sendo cuidadosamente elaborado pela comissão técnica. Diante de Camarões, sem esmorecer, deve ter o confronto menos complicado desta fase de grupos.

Os adversários do Brasil na Copa do Mundo do Qatar
Os adversários do Brasil na Copa do Mundo do Qatar Arte/ESPN | Getty Images

SÉRVIA: ataque poderoso, defesa nem tanto

O 3-4-2-1 utilizado na maior parte das eliminatórias para a Copa do Mundo foi alterado na Nations League por necessidade. Não necessariamente por problemas do time, mas por virtudes. A ascensão de Dusan Vlahovic na Juventus como um atacante de classe mundial "obrigou" o técnico  Dragan Stojkovic a repensar a forma de jogo da seleção sérvia.

Nas vitórias contra Suécia e Noruega, por 4 a 1 e 2 a 0, respectivamente, pelas duas últimas rodadas da Nations, o treinador utilizou o 3-4-1-2 para abrigar Vlahovic ao lado de Aleksandr Mitrovic, jogador do Fulham, no ataque, sacando Filip Djuricic, da Sampdoria. Dusan Tadic, experiente meia-atacante do Ajax, foi utilizado como um jogador de ligação e movimentação no campo de ataque.

O esquema, com dois ou um atacante (Mitrovic é dúvida para a estreia), privilegia muito o avanço dos talentosos alas. Pela esquerda, Filip Kostic, companheiro de Vlahovic na Juve, é um dos melhores no setor em todo futebol mundial; o entrosamento de ambos conta muito para o time, fortíssimo na bola aérea. Pela direita, Stojkovic, lendário ex-jogador do Estrela Vermelha, conta com Darko Lazovic, do Verona, e Andrija Zivkovic (canhoto, que puxa para dentro para finalizar), do PAOK.

Os dois alas recuam na fase defensiva para montarem uma linha com cinco defensores e três ou quatro jogadores na segunda linha, dependendo do esquema tático escolhido, como mencionado acima - variando defensivamente, então, entre o 5-4-1 e o 5-3-2. O bloco defensivo não possui tanto talento individual como as peças de ataque, mas jogadores experientes.

A começar por meio-campistas como Nemanja Gudelj, de 31 anos, jogador do Sevilla, que pode atuar como volante ou zagueiro, e Nemanja Maksimovic (27), acostumado a ser uma barreira defensiva do Getafe em LaLiga. Aliás, 19 dos 26 convocados estão nas cinco grandes ligas europeias - Premier League, LaLiga, Bundesliga, Serie A e Ligue 1. Há ainda o versátil Sergej Milinkovic-Savic (27), da Lazio, capaz de executar a função central no meio-campo sérvio com extrema eficiência, e um dos representantes do título mundial sub-20 de 2015 convocados para a Copa no Catar.

Já entre os zagueiros, a carência de maior talento é notória e motivo de preocupação na imprensa sérvia. E certamente também para Vanja Milinkovic-Savic (Torino), goleiro titular, e os reservas Marko Dmitrovic (Sevilla) e Predrag Rajkovic (Mallorca). Vale lembrar que a Sérvia ficou à frente de Portugal nas eliminatórias para a Copa.

Dragan Stojkovic sabe que tem em mãos um time com vocação ofensiva, forte fisicamente e extremamente competitivo e isso o faz sonhar alto. Em entrevista à revista World Soccer, afirmou "sonhar em alcançar as semifinais". Admitiu ser um objetivo alto, mas que "ninguém tem o direito de dizer a ele não poder sonhar com isso". Por fim, admitiu que o principal objetivo é chegar nas oitavas de final.

SUÍÇA: força coletiva e equilíbrio

O "ferrolho suíço" é um termo histórico que surgiu no futebol em 1938, com a equipe comandada por Karl Rappan. O treinador da seleção suíça buscava formas de equulibrar seu time com adversários mais fortes e desenvolveu uma variação do 2-3-5, esquema tático vigente na época, com dois defensores a mais do que o usual. A imprensa apelidou a estratégia de "verrou", na tradução para português o tão famoso ferrolho.

Certamente o termo voltará a ser utilizado quando muitos se referirem à Suíça nesta Copa do Mundo, mas a realidade é bem diferente. Desde quando assumiu o cargo de treinador há pouco mais de um ano, substituindo Vladimir Petkovic, o ex-zagueiro Murat Yakin trocou a linha de cinco defensores por quatro, vem priorizando o 4-2-3-1 na fase ofensiva, com variação para o 4-4-2 na defensiva, e tem dado mais liberdade de movimentação para seus jogadores; em jogos recentes, o 4-3-3 também foi usado.

Tudo isso não significa que a seleção suíça, do dia para a noite, se tornou um time ofensivo. O padrão de qualidade defensiva permanece, apesar de percalços como o 4 a 0 para Portugal na Nations League. Acima de tudo, o que melhor define essa equipe é a qualidade coletiva. Não há grandes talentos individuais, mas um grupo de atletas que atuam no mais alto nível europeu e que, juntos, já se provaram muito fortes. As quartas de final da última Euro são a maior prova disso, assim como o 2 a 1 contra a Espanha, em setembro, pela Nations - quando venceu com dois gols de bola parada e resistiu à pressão espanhola, permanecendo apenas com 26% da posse de bola, mas cedendo somente oito finalizações em toda partida.

Yann Sommer (Borussia Mönchengladbach) é um dos melhores goleiros do mundo, apesar de ainda ser dúvida para o Mundial. Manuel Akanji (Manchester City), Fabian Schär (Newcastle) e Nico Elvedi (Borussia Mönchengladbach) oferecem a Yakin ótimas opções para a dupla de zagueiros. Silvan Widmer (Mainz) e Ricardo Rodrigues (Torino) são laterais experientes, acostumado a grandes jogos.

Chama atenção a alta idade de alguns protagonistas, como Remo Freuler (Nottingham Forest, 30), Granit Xhaka (Arsenal, 30) e Xherdan Shaqiri (Chicago Fire, 31). A influência de Xhaka nessa equipe tem sido bastante contestada, mas ele ainda é uma peça importante, apesar de muitos pedirem Denis Zakaria (Chelsea) no meio-campo titular.

Já no ataque a média de idade baixa bastante com Breel Embolo (Monaco, 25) como primeira opção para o centro, além de Djibril Sow (Eintracht Frankfurt, 25) para a posição atrás do centroavante e Ruben Vargas (Augsburg, 24) para velocidade e juventude pelo lado do campo; sem falar no jovem Noah Okafor (22), do Red Bull Salzburg.

Na prática, a Suíça é uma equipe altamente competitiva, resistente e capaz de superar qualquer grande adversário. Não entrará como favorita diante desses rivais, mas competirá do início ao fim. Acima de tudo pela força média que ela representa no atual cenário europeu, assim como a Sérvia. Dos 26 convocados, 18 atuam nas cinco grandes ligas do continente.

CAMARÕES: surpresa e indefinições

Dois dos maiores nomes da história do futebol camaronês estão à frente da seleção. O técnico é Rigobert Song, recordista de jogos pela seleção (137) e presente nas Copas de 1994, 98, 2002 e 2010. Acima dele, na presidência da federação camaronesa, o maior artilheiro da seleção com 56 gols, Samuel Eto'o. No entanto, as perspectivas não são positivas.

Camarões garantiu a vaga de maneira supreendente diante da forte Argélia nos playoffs africanos já com Song no comando, escolhido por Eto'o para substituir o demitido treinador português Toni Conceição. São apenas oito jogos da equipe sob o comando do novo técnico, que vive efetivamente a primeira experiência no cargo principal de uma comissão técnica; três vitórias, um empate e quatro derrotas, contando partidas oficiais e amistosos - onde os principais jogadores foram poupados.

Assim, não há claramente um plano tático bem definido e executado de longa data. Pelo contrário, nesse período curto da equipe com Rigobert Song pelo menos três variações já foram utilizadas. No Mundial do Catar o mais provável é que as opções fiquem entre o 4-3-3 e o 4-4-2, e nestes casos as dúvidas pairam sobre o ataque.

Há dois centroavantes potencialmente titulares no grupo: Vincent Aboubakar, de 30 anos, atualmente no Al-Nassr, da Arábia Saudita, e Eric Maxim Choupo-Moting, três anos mais velho e jogador do Bayern. Ambos podem formar uma dupla de ataque ou, como aconteceu muitas vezes nos últimos meses, antes até da chegada de Song, o atacante mais experiente poderia começar no banco. Só que essa última opção é bastante improvável, dado o momento de Choupo-Moting pelo clube bávaro: foram dez gols e três assistências nos últimos dez jogos antes da pausa para a Copa.

Aboubakar, no futebol saudita, ocasionalmente ajuda pelo lado do campo, mas não é sua posição natural. Além disso, Camarões conta com Karl Toko Ekambi, do Lyon, excelente opção de um-contra-um e velocidade, e o "reforço" Bryan Mbeumo, do Brentford, que nasceu na França e começou a ser convocado neste ano - seu pai é de Douala, capital camaronesa.

No meio-campo, com dois ou três jogadores na faixa central, um deles será André-Frank Zambo Anguissa, um dos destaques do Napoli; assim como no gol o titular será André Onana, da Internazionale. Além deles, pelo espaço que conquistou na equipe, vale mencionar Samuel Gouet, meio-campista de 24 anos, que defende o Mechelem (Bélgica) e é o jogador de maior capacidade defensiva no setor.

Na prática, Camarões possui a seleção mais fraca do Grupo G, mas que já esteve em momento pior. A evolução individual de alguns dos seus atletas na temporada europeia indica maior confiança, mas nada que altere a condição técnica da equipe. Se uma campanha como a de 1990 é absolutamente improvável, os Leões Indomáveis buscarão ao menos encerrar a série de sete derrotas seguidas em Mundiais. A última vitória da seleção camaronesa em uma Copa do Mundo aconteceu em 2002, 1 a 0 contra a Arábia Saudita, gol de Samuel Eto'o.

[VIDEO] Copa do Mundo: Brasil enfrenta Sérvia, Suíça e Camarões na fase de grupos! Conheça os astros dessas seleções

Comentários

Análise tática e técnica de Sérvia, Suíça e Camarões, adversários do Brasil

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Pouco exigido, Real Madrid cumpriu seu papel na fase de grupos da Champions e aguarda os maiores desafios

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

O plano inicial de jogo do Celtic foi audacioso. Ange Postecoglu subiu seu time e pressionou a saída de bola madridista no 4-2-4 e incomodou nos minutos iniciais. Bastou uma falha, um pênalti bobo e o Real Madrid já estava à frente no placar com seis minutos. Pouco depois, outra penalidade máxima, e os donos da casa venciam por 2 a 0 com facilidade em menos de 30 minutos.

Esse início foi uma boa síntese da fase de grupos disputada pelo Real Madrid. Pouca exigência, sem grandes atuações e classificação tranquila para as oitavas de final. Mesmo nesse cenário, a equipe de Carlo Ancelotti não terminou invicta, graças à derrota na Alemanha para o RB Leipzig. Justamente por essa atuação ruim, chegou na última partida no Santiago Bernabéu precisando da vitória para confirmar a primeira posição do Grupo F.

Vini Jr marcou um dos gols do Real na vitória por 5 a 1 sobre o Celtic na Champions League
Vini Jr marcou um dos gols do Real na vitória por 5 a 1 sobre o Celtic na Champions League PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP via Getty Ima

As vitórias nos três jogos iniciais deixaram o time em uma situação bastante confortável, inclusive pelo bom nível apresentado diante de adversários claramente inferiores. Mesmo no 2 a 1 contra o Shakhtar, em Madrid, placar mais apertado do turno, o Real foi muito superior e deveria ter goleado, não fossem as muitas oportunidades perdidas. No returno, contra ucranianos e alemães, a mobilização foi claramente menor, o que gerou gerou atuações abaixo do potencial técnico do time.

Mais uma vez a partida contra o Celtic, nesta quarta-feira à noite na capital espanhola, serve de paralelo para análise. Ao cometer o terceiro pênalti do jogo, Ferland Mendy ofereceu aos escoceses a possibilidade de equilibrarem novamente o confronto, diante da passividade ofensiva madridrista. Thibaut Courtois evitou que a teoria se tornasse realidade, ao defender a cobrança de Josip Juranovic. Já no segundo tempo, a intensidade aumentou e, consequentemente, o placar diante de um abalado e desmotivado adversário. A goleada de 5 a 1 explica bem a diferença entre os campeões nacionais de Espanha e Escócia.

O que se viu até aqui na Champions League foi o atual campeão jogando apenas o suficiente para avançar. Na temporada, as melhores atuações vieram em LaLiga contra Barcelona e Atlético de Madrid; confrontos que exigiram mobilização muito maior de todos. Por outro lado, essa situação permitiu a Carlo Ancelotti, também na competição continental, rodar mais o elenco, como ele já avisara que faria com maior intensidade nesta temporada. O Real Madrid permanece como um dos favoritos ao título.


         
     

Individualmente, Vinicius Júnior com quatro gols e uma assistência e Rodrygo com três gols e uma assistência, sendo que o ex-jogador do Santos saiu do banco em três oportunidades, foram os destaques individuais. Luka Modric, muito além dos números (dois gols anotados), foi o líder técnico da equipe, aplaudido de pé pela torcida no Santiago Bernabéu nos três jogos; vale ressaltar o papel extremamente importante de Federico Valverde na equipe, rendendo em alto nível no meio-campo e no ataque. Já Karim Benzema, com problemas físicos, jogou quatro vezes e não apareceu nas estatísticas de gols ou assistências.

Defensivamente foram seis gols sofridos, o que certamente não deixa a comissão técnica de Ancelotti satisfeita. A linha de defesa titular, com Dani Carvajal, Éder Militão, David Alaba e Ferland Mendy foi utilizada de início em três partidas, variando com as entradas de Lucas Vázquez, Nacho e Antonio Rüdiger nas outras três, além do deslocamente de Alaba para a lateral-esquerda. Avaliação positiva para Aurélien Tchouaméni, que se provou à altura da responsabilidade de substituir Casemiro.

O Real Madrid aguarda agora a definição do adversário nas oitavas de final, ciente que os desafios maiores ainda estão por vir em busca da 15ª taça de Champions League. Essa, no entanto, é outra história, com uma Copa do Mundo pelo caminho.

Comentários

Pouco exigido, Real Madrid cumpriu seu papel na fase de grupos da Champions e aguarda os maiores desafios

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Difícil de explicar, complicado para entender, fácil de sentir: nada abala o Cholismo

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Quando os alto-falantes do estádio Cívitas Metropolitano, ainda chamado de Wanda pela torcida do Atlético de Madrid, anunciam as equipes, há um ritual em todas as partidas. Nenhum jogador é mais ovacionado pelo torcedores colchoneros do que o treinador Diego Pablo Simeone. Não foi diferente na noite desta quarta-feira (26) em Madri, quando o Atleti enfrentou o Bayer Leverkusen pela quinta rodada da fase de grupos da Champions League.

Nas arquibancadas, a camisa antiga do clube, da década de 1990, com o número 14 nas costas, ainda é uma das preferidas - e não apenas entre os mais velhos, muitos jovens também levam nas costas o nome Simeone. Quando chegou no clube, em 1994, vindo do Sevilla, o volante Diego Simeone já era uma realidade, atleta da seleção argentina. Tornou-se ídolo, saiu para defender a Inter de Milão em 1997, passou pela Lazio e voltou ao clube em 2003 para ficar por mais dois anos. Já em 2011, quando se destacou como treinador no Racing, a ida para a capital espanhola era inevitável. Foi o início do fenômeno chamado Cholismo e sua simbiose com um clube marcado pela luta.

Passada mais de uma década, dois títulos de LaLiga, uma Copa do Rei, uma Supercopa espanhola, duas Europa Leagues, duas Supercopas europeias e dois vice-campeonatos da Champions, Simeone está no olimpo colchonero. Ele e Luis Aragonés, que dá nome à avenida que chega ao estádio e tem uma estátua à sua frente, são os dois maiores nomes na história do Atlético. Atualmente, clube e treinador se confundem, o que não é necessariamente positivo. A impressão que passa, muitas vezes, pela forma como o Atlético de Madrid age na sociedade, é que o clube se tornou uma extensão das ideias e do comportamento do técnico argentino.

Na beira do campo, Simeone não se limita um minuto sequer à área delimitada para os treinadores; algumas vezes, nem mesmo a linha lateral do gramado. "Joga" com o time e "fala" com a arbitragem o tempo todo. Quando Moussa Diaby recebeu a bola dentro da grande área, após linda troca de passes do Leverkusen, e finalizou para fazer 1 a 0, Simeone imediatamente mirou o árbitro e passou a fazer o gesto do VAR com as mãos. Sabia, no entanto, que seu sistema defensivo fora vazado legalmente.

Cobra-se do treinador um futebol de maior qualidade pelo elenco que possui o Atleti. De 2011 para cá, o clube se transformou em todos aspectos possíveis, passando a figurar entre os grandes orçamentos do continente e tornando-se capaz de fazer contratações bombásticas, como a chegada de João Félix do Benfica por 126 milhões de euros em 2019. É injusta a cobrança por maior variação tática; nos últimos anos, apesar do vencedor e clássico 4-4-2, a equipe variou para 3-5-2 e 3-4-3 com frequência alta. Nem sempre, porém, resultados obtidos com atuações mais ofensivas. O DNA de raça, entrega, dedicação extrema e futebol reativo persiste, assim como as palavras "Coraje y Corazón", montadas na área externa do estádio e ponto de fotos para os torcedores.

A finalização na entrada da grande área de Yannick Carrasco, indefensável para Lucas Hradecky aos 22 minutos, fez com que o Cívitas Metropolitano explodisse em vibração, regido por Simeone com socos no ar e olhos nas arquibancadas. Essa energia está presente o tempo todo nas atitudes do treinador, e sua regência colabora para inflamar os torcedores e transmite, inevitavelmente, um sentimento de luta. Se outrora o Atlético, com todas essas características acima, já foi uma fortaleza defensiva, hoje em dia carece dessa força. Tanto é que ainda no primeiro tempo ficou atrás do placar novamente, ao perder a bola na intermediária e sofrer o segundo gol com Callum Hudson-Odoi aos 29 minutos.

Diego Simeone, técnico do Atlético de Madrid, após empate com o Bayer Leverkusen, pela fase de grupos da Champions League
Diego Simeone, técnico do Atlético de Madrid, após empate com o Bayer Leverkusen, pela fase de grupos da Champions League Berengui/Getty Images

Diante do Leverkusen, precisando vencer para seguir com chances de classificação na Champions, Simeone montou o time no 4-4-2, com dois meio-campistas defensivos - Axel Witsel, que também vem atuando como zagueiro na temporada, e Geoffrey Kondogbia. No intervalo, sacou Mario Hermoso e Ángel Correa e mandou a campo Saúl Ñíguez e Rodrigo de Paul, retomando a linha de cinco ao fazer de Carrasco novamente ala. Funcionou rapidamente, com o segundo gol de empate, desta vez com De Paul logo aos cinco minutos.

A pressão colchonera permaneceu, Matheus Cunha entrou na vaga de Morata, o Atlético perdeu boas oportunidades e até mesmo Simeone passou a pedir calma para seus jogadores, quando Kondogbia isolou a bola em um chute de fora da área aos vinte minutos. A relação de Simeone com os jogadores é outro tema que merece destaque. Há aqueles que o amam e tantos outros que não sentem o mesmo. A ideia de "paizão" no vestiário está longe de ser a mais verossímil possível. João Félix que o diga, ao entrar nesta quarta-feira já quase nos acréscimos.

Mesmo assim, a cada gesto de Simeone para as arquibancadas, o estádio pulsa junto. Há uma conexão quase biológica entre torcida e treinador. O Cholismo é, atualmente, a filosofia mais forte que existe no futebol mundial. Não há nada parecido, e a referência não é necessariamente o tempo de permanência de Simeone no cargo, mas essa relação que se torna de dependência em muito momentos, e que, como citado acima, não é algo exclusivamente bom. Ao mesmo tempo, é uma das principais responsáveis pela transformação do Atleti no continente. O Cholismo é um dogma seguido cegamente pelos colchoneros e não tem data para terminar; as críticas que vêm da imprensa não ecoam nas arquibancadas. Algum dia, naturalmente, Diego Simeone deixará o clube, talvez ao final do atual contrato em 2024, mas permanecerá sempre na história do clube independentemente do que ainda acontecer.

O final desse eletrizante empate em 2 a 2 entre Atlético de Madrid e Bayer Leverkusen ajuda a entender um pouco tudo isso. Escanteio na última jogada, Jan Oblak na grande área, apito final. Muita reclamação em campo de um possível pênalti e a ida de Clément Turpin ao VAR para rever o lance e confirmar a penalidade máxima. Os minutos que se seguiram foram de uma tensão incrível no estádio; os segundos seguintes à defesa de Hradecky na cobrança de Carrasco ainda mais impressionantes, com o cabeceio de Saúl no travessão e o chute de Reinildo desviado pelos jogadores do Leverkusen. Com os jogadores do Atleti desabados no gramado, a torcida cantou e celebrou a entrega de todos. Vibrou por ser Atleti. Drama, emoção, coragem, coração, sem obrigatoriamente o resultado desejado... Cholismo.

No próximo sábado (29), já há compromisso por LaLiga, contra o Cádiz na Andalucía, com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+ a partir das 11h30. Na semana que vem, o Atlético brigará apenas por uma vaga nos playoffs da Europa League. Nada, porém, que abale o Cholismo, algo difícil de explicar, não tão simples de compreender, mas fácil de sentir. "Há duas maneiras de continuar: ser uma vítima  ou seguir trabalhando. Estou na segunda parte", sintetizou Diego Pablo Simeone após a partida, que garantiu ainda ser o dia mais duro em sua trajetória no Atleti depois das derrotas nas finais da Champions. "Quando lhe tiram coisas na vida, surgem outras. Vamos por essas outras."

Comentários

Difícil de explicar, complicado para entender, fácil de sentir: nada abala o Cholismo

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Prováveis escalações, duelos táticos, lembranças recentes: El Clásico #250

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Antes do 4 a 0 para o Barcelona no último El Clásico da temporada passada, o Real Madrid vinha com seis partidas de invencibilidade no duelo e cinco vitórias seguidas - maior marca desde as sete conquistadas entre 1962 e 65. Foi uma atuação soberba dos comandados de Xavi e a pior madridista em 2021-22.

Depois disso, o Real Madrid ganhou LaLiga, Champions League e Supercopa europeia. Não contratou Kylian Mbappé, como esperado, mas fechou com Aurélien Tchouaméni que se provou um enorme acerto, ainda mais com a inesperada saída de Casemiro. O Barcelona fez uma janela de contratações excelente, após ativar algumas alavancas econômicas e equilibras suas finanças, ao menos temporariamente, para poder contratar. Robert Lewandowski brilha até aqui, Raphinha já se encaixou, mas o time ainda não.

Estádio Santiago Bernabéu, em obras, será o palco do clássico 250 entre Real Madrid e Barcelona
Estádio Santiago Bernabéu, em obras, será o palco do clássico 250 entre Real Madrid e Barcelona Real Madrid

Esta será a primeira vez desde 18 de dezembro de 2019 que os dois rivais chegam para El Clásico empatados na liderança - vantagem culé é no saldo de gols. O próprio Barça não liderava LaLiga desde junho de 2020. Para o clássico de número 250 entre os clube, com vantagem madridista na história (100 vitórias contra 97 do rival), o momento dos dois já foi melhor na atual temporada mesmo.

O Real Madrid perdeu o 100% de aproveitamento, mas permanece invicto. Nos últimos quatro jogos, empates com Osasuna no Santiago Bernabéu e com o Shakhtar Donetsk em Varsóvia, além de vitórias simples contra o próprio Shakhtar (2x1) e o Getafe (1x0). O Barcelona sofreu duro baque nas duas últimas semanas ao perder para a Inter de Milão por 1 a 0 em Milão e empatar em 3 a 3 no Camp Nou, praticamente o eliminando da Champions League. Em LaLiga, bateu Mallorca e Celta com triunfos de 1 a 0; de qualquer modo, com Xavi, são 18 jogos de invencibilidade como visitante no Campeonato Espanhol e uma campanha no geral de apenas um gol sofrido.

Thibaut Courtois, ainda com dores nas costas, desfalcará o Real Madrid. Assim, Andriy Lunin permanece no gol madridista e fará sua estreia no clássico. Os dois últimos goleiros merengues estreantes contra o Barcelona não possuem boas lembranças... Keylor Navas em 2015 levou 4 a 0 e o próprio Courtois, em 2018, sofreu com um 5 a 1. Não há, no entanto, dúvidas sobre a escalação do goleiro ucraniano, diferentemente de outras posições.

A linha de defesa mais provável é Dani Carvajal, Éder Militão, David Alaba e Ferland Mendy no 4-3-3. É possível, porém, que Antonio Rüdiger, que atuará com uma máscara especial por conta do corte sofrido na testa contra o Shakhtar, comece jogando; isso pode deslocar Alaba para a lateral-esquerda. As dúvidas maiores, no entanto, estão na do meio-campo para frente, já que Federico Valverde e Rodrygo vivem fases excepcionais, mas a tendência é que Ancelotti coloque Tchouaméni com Luka Modric e Toni Kroos no setor. Assim, o uruguaio e o brasileiro disputam a vaga no lado direito do ataque, que já conta com Karim Benzema centralizado e Vinicius Júnior pela esquerda. Rodrygo saindo do banco no segundo tempo é o mais provável.

Na coletiva, Ancelotti, perguntado se inventaria algo para o clássico deste domingo, brincou lembrando o que aconteceu no 4 a 0 do Bernabéu em março deste ano, quando Modric foi escalado como falso nove. "Está claro que na temporada passada quis inventar algo e levei uma surra".

Já o Barça tem mais problemas (Ronald Araújo, Andreas Christensen, Héctor Bellerín e Memphis), mas ao menos uma ótima notícia: o retorno de Jules Koundé. O defensor francês, ex-Sevilla, mais provavelmente será escalado na lateral-direita para bater de frente com Vinicius Júnior, mas pode aparecer como zagueiro também, deixando a complicada missão para Sergi Roberto. Eric García, Marcos Alonso e Alejandro Balde completam a linha de fesa com Koundé pela direita, na formação mais provável.

No meio-campo, Frenkie de Jong permanece no banco e Sergio Busquets no time titular, com Pedri e Gavi dentro da clássica ideia do 4-3-3 barcelonista. O início excepcional de Robert Lewandowski com a camisa culé também merece destaque - em LaLiga, são nove gols em oito jogos; Benzema está com apenas três em cinco partidas.

Na prática, é natural analisar o clássico com favoritismo madridista. Nada muito destacado, mas algo baseado nas campanhas, no que esses times já conquistaram e produziram. Vale também a revanche da goleada recente sofrida pelo Real Madrid e a recuperação da confiança para o Barcelona após a péssima campanha na Champions até aqui. 

Comentários

Prováveis escalações, duelos táticos, lembranças recentes: El Clásico #250

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Maior jejum da MLS, concorrência com o futebol americano e dirigente brasileiro: como o FC Dallas vai em busca do inédito título nos EUA

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Dez clubes disputaram a temporada inaugural da Major League Soccer em 1996. Três jamais ficaram com o título da competição e, destes, somente dois estão classificados para os playoffs que começam neste final de semana. O New England Revolution é quem ficou de fora da festa do futebol nos Estados Unidos; enquanto isso, FC Dallas, ex-Dallas Burn, e New York Red Bulls, antigo NY/NJ MetroStars, tentarão dar fim ao jejum de 26 anos sem a MLS Cup. Entre tantas diferenças existentes nos modelos de gestão das duas franquias, uma das principais está no comando (brasileiro) do futebol.

André Zanotta, de 42 anos, chegou ao Dallas em janeiro de 2019 e assumiu o cargo de Diretor Técnico, após passagens por Grêmio, Sport e Santos, onde sobreviveu a três trocas de presidente. Advogado de formação, sempre quis atuar no ramo esportivo e, após cursar o FIFA Master, ingressou no Atlante, do México; posteriormente, trabalhou na Traffic já no Brasil. Hoje em dia é ele quem toma as principais decisões envolvendo contratações, dispensas e todo planejamento do departamento de futebol. O contato inicial foi feito por um dirigente do Dallas, que o conhecia dos tempos de Traffic, na época em que André estava no Grêmio e negociava o zagueiro Bressan com a equipe norte-americana.

André Zanotta é o diretor Técnico do FC Dallas
André Zanotta é o diretor Técnico do FC Dallas Divulgação

"Há um bom mercado para sul-americanos e europeus, buscam profissionais especializados, já que o futebol aqui não tem a mesma popularidade de outros países. Por mais que o futebol tenha crescido muito nos Estados Unidos, graças à MLS. Contratam pessoas que possuem conhecimentos de grandes centros onde o futebol é muito forte, para levar experiência e cultura para dentro dos clubes", conta André Zanotta, que não é o único dirigente brasileiro atuando na MLS. A liga já teve um proprietário de franquia, Flávio Augusto da Silva, oriundo do Brasil e que em 2021 vendeu o Orlando City. Na equipe, de qualquer modo, continuam Luis Muzzi, Gerente Geral, e Ricardo Moreira, Diretor Técnico. Há outros exemplos, em cargos variados também, como Bruno Paschoalini, que coordena toda estrutura da Academia do Charlotte FC.

Uma das principais mudanças que o dirigente brasileiro sentiu na mudança para a MLS foi a ausência da política nos bastidores das equipes. O FC Dallas pertence à Hunt Sports Group, que também é proprietária do Kansas City Chiefs na NFL. "A gente acaba, no Brasil, ficando acostumado à quase irracionalidade da pressão política externa e do ambiente tão carregado. Aqui são dois donos, há uma linha de trabalho definida há muitos anos e eu tenho que me adaptar a isso", afirma André. Além disso, há também várias particularidades que tornam a MLS uma liga muito diferente de tantas tradicionais mundo afora - como o Draft, as possibilidades de trocas sem consentimento dos jogadores e os limites salariais.

Luta nos playoffs

O Dallas foi o terceiro colocado na Conferência Oeste nesta temporada. A equipe do técnico espanhol Nico Estévez enfrentará o Minnesota United na primeira rodada dos playoffs, em jogo único, nesta segunda-feira no Toyota Stadium, localizado em Frisco, região de Dallas. O estádio, inaugurado em 2005 e com capacidade total para 20.050 torcedores, é totalmente dedicado ao futebol e em 2022 teve média de 16.469 nos jogos do Dallas pela MLS. Para o jogo contra o Minnesota, não há dúvidas que a casa estará cheia, mas a tarefa da diretoria do Dallas é complicada na região, onde o futebol americano é a maior paixão.

"A maior parte da temmporada da MLS não coincide com a NFL, mas agora que começou, ajustamos nossos horários de jogos para não baterem com o Dallas Cowboys, um dos times mais populares do país. Além disso, o esporte universitário aqui é muito forte. Aqui dentro do Dallas mesmo, em pesquisas, quando perguntamos qual é o seu time favorito, respondem Texas A&M, que á e universidade. Esses jogos de futebol americano universitário levam mais de 100 mil pessoas para o estádio". O ponto positivo da relação com as outras equipes da cidade é a inteação e a própria "troca" de torcedores. Nas redes sociais, é comum os Cowboys, os Mavericks na NBA, os Stars na NHL ou o Texas Rangers na MLB.

Além disso, há ainda o relacionamento com a enorme presença de latinos no estado. "Estar no Texas é um diferencial competivivo muito grande para nós. A cultura de futebol aqui, por causa da comunidade latina, é muito forte. Temos escolinhas de seis a 14 anos com quase quatro mil alunos. Encontramos talentos bem mais fácil do que times em outras regiões dos Estados Unidos. Flórida e Califórnia são regiões parecidas nesse sentido".

Intercâmbio entre FC Dallas e Dallas Stars
Intercâmbio entre FC Dallas e Dallas Stars Divulgação

Perfil da liga

Por muito tempo a Major League Soccer investiu em estrelas com idade mais avançada. Isso mudou há alguns anos, principalmente com o Atlanta United buscando jovens talentos na América do Sul, casos de Miguel Almirón (hoje no Newcastle), Ezequiel Barco (emprestado agora ao River Plate) e Pity Martínez (negociado com o Al Nassr-SAU). Alguns veteranos ainda chegam, casos recentes de Gareth Bale e Giorgio Chiellini no LAFC, time de melhor campanha na temporada regular em 2022, mas não é mais a regra. "Esse é um fator muito importante no crescimento da MLS. A liga foi vista por muito tempo, e ainda é um pouco, como a liga onde os jogadores vão para se aposentar. Muitos jogadores ainda enxergam assim. Eu mesmo recebo mensagens com bastante frequência de jogadores veteranos pedindo uma oportunidade para vir para cá. Vejo uma mudança no comportamento dos agentes também, que veem a liga como um bom degrau antes de dar um salto para a Europa", diz André Zanotta, que lembra a qualidade de vida oferecida pelos Estados Unidos como outro diferencial.

O atual campeão, New York City, terceiro colocado na Conferência Leste neste ano e que enfrentará o Inter Miami na primeira rodada dos playoffs, possui alguns jovens brasileiros. Gabriel Pereira, de 21 anos, ex-Corinthians, estreou pelo clube com oito gols e três assistências em sua temporada inaugural. Talles Magno, ex-Vasco, de 20 anos e desde 2021 no clube, foi um dos destaques do time com sete gols e oito assistências. Nenhum, no entanto, brilhou mais do que Brenner, 22 anos, ex-São Paulo, que marcou 18 gols pelo Cincinnati, além de seis assistências, e é a principal arma de seu time contra o New York Red Bulls nos playoffs.

A missão do FC Dallas é muito difícil, já que o time não está entre os favoritos ao título da MLS neste ano - grupo liderado por Philadelphia Union e LAFC. Em 2010 a franquia foi vice-campeã, batida pelo Colorado Rapids na final; já em 2016, quando obteve a melhor campanha na temporada regular, não chegou na decisão. Os playoffs da liga norte-americana são cruéis, com jogos eliminatórios logo na primeira rodada. As semifinais são disputadas em duas partidas, enquanto a decisão volta a ser em um único jogo. "Playoff é um campeonato totalmente à parte, muito cruel. Já vimos surpresas antes na MLS... Estamos com um time forte e os jogadores acreditam muito que é possível. Espero que, na próxima vez que conversarmos, seja com o título", finaliza e deseja André Zanotta.

Comentários

Maior jejum da MLS, concorrência com o futebol americano e dirigente brasileiro: como o FC Dallas vai em busca do inédito título nos EUA

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

Uma aprazível tarde de futebol americano em Londres

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman


A fila na imigração foi enorme em Gatwick. Depois de aproximadamente uma hora aguardando, havia chegado minha vez de apresentar o passaporte e entrar no Reino Unido. "Futebol americano", se impressionou o policial ao saber do motivo da minha viagem para Londres. Não que seja algo tão raro assim, afinal, a capital inglesa recebeu neste final de semana, pela 32ª vez nos últimos 15 anos, um jogo de temporada regular da NFL- a sexta no Tottenham Stadium.

A greve de trens em Londres obrigou a todos que usariam o transporte público na noite de sábado a se apressarem, com a noite se aproximando. "Corra, o último trem para Londres parte às 18h10", me alertou uma funcionária. Sinceramente, não imaginava encontrar um ambiente fervoroso de futebol americano na cidade, por mais que a partida envolvesse duas torcidas conhecidas por suas relações calorosas com as equipes, casos de Green Bay Packers e New York Giants. Além disso, a rodada da Premier League aconteceria normalmente, com três jogos justamente no domingo.

O Tottenham Stadium foi palco para o jogo entre Packers e Giants
O Tottenham Stadium foi palco para o jogo entre Packers e Giants NFL

Comecei a mudar de opinião já na estação de trem, ao encontrar torcedores norte-americanos dos Packers. Assim que cheguei na região do meu hotel, no norte de Londres, a expectativa para o dia seguinte já era outra. Dezenas de pessoas caminhavam por Finsbury Park com camisas da NFL, saindo dos bares e prometendo um domingo bastante agitado.

João Castelo Branco me garantiu que dei sorte com o belo final de semana em Londres. Céu limpo e temperaturas relativamente próximas a 20 °C no sol. No caminho para o estádio, como muitas vezes acontece, a tradicional conversa sobre futebol com o motorista de aplicativo; neste caso, por ser um imigrante turco, o papo passou pelos três grandes clubes do país, a relação de Erdogan com o esporte, o título do Trabzonspor e como eu conhecia sobre Adana, sua cidade natal - não há aula de geografia melhor do que o futebol (soccer, para deixar bem claro).

Ao desembarcar nas ruas fechadas ao redor do Tottenham Stadium, quatro horas antes do pontapé inicial, já me sentia em Wisconsin - ao menos acho. Camisas do Aaron Rodgers dos mais variados modelos e tamanhos perambulando, chapéus em formato de queijo cheddar espalhados por cabeças andantes, churrascos sendo preparados, latas de cerveja para todos os lados, muito frango frito e gritos de "Go Pack Go". A torcida do Green Bay Packers havia dominado totalmente o ambiente, com os torcedores dos Giants circulando por ali sem qualquer problema.

O legal de um jogo como esse é que ele não atrai apenas os fãs das duas equipes, mas milhares de apaixonados pela NFL. Camisas de Buffalo Bills, New England Patriots, Tampa Bay Buccaneers, Pittsburgh Steelers, Denver Broncos e Miami Dolphins foram avistadas por este que vos escreve do lado de fora do estádio. Já lá dentro, após excelente almoço que é oferecido na sala de imprensa do Tottenham, a certeza de uma atmosfera incrível. E essa impressão não foi apenas minha, um estreante em jogos de futebol americano, mas dos próprios jogadores.

Depois da vitória dos Giants por 27 a 22, o técnico Brian Daboll e os jogadores dos Giants deixaram claro para os jornalistas presentes na coletiva: imaginavam um ambiente neutro, mas enfrentaram um jogo como visitantes. O running back Saquon Barkley, grande estrela da equipe e responsável por um touchdown e 70 jardas terrestres, foi além ao comparar o que viveu no Tottenham Stadium a um jogo de futebol americano universitário nos Estados Unidos. "A energia estava incrível. Parecia um jogo universitário, para ser completamente honesto. É preciso dar crédito aos torcedores de Green Bay... Não sei se vieram de Green Bay ou se são daqui, é uma base muito grande de torcida e eles compareceram. Para mim foi como jogar em Michigan ou em Ohio State como visitante", lembrando seus tempos de Penn State.

Do outro lado, percepção similar ao ambiente no estádio. "A resposta do público hoje foi incrível, dominando o campo, foi incrível. Ver as diferentes bandeiras de diferentes países foi sensacional. Os torcedores fizeram barulho o tempo todo, foi espetacular", garantiu Aaron Rodgers, que passou para dois touchdowns no primeiro tempo e na segunda etapa foi anulado pela defesa dos Giants. E todos nas arquibancadas, com vitória ou derrota, viveram o clima do "American Football".

Na prática, é realmente incrível como um jogo de uma modalidade esportiva que é praticada em alto nível somente em um país, leve 61.024 torcedores a um estádio de futebol no norte de Londres em um ensolarado domingo de outono. Só não surpreende quem conhece a seriedade do trabalho feito pela NFL a preocupação com os fãs, o cuidado com a internacionalização da marca e, claro, como é legal o jogo de futebol americano. Mesmo sem o Buffalo Bills em campo. #BillsMafia

Comentários

Uma aprazível tarde de futebol americano em Londres

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.

mais postsLoading