CBF não cumpre protocolo do VAR em caso de invalidar uma partida e pode causar dano ao campeonato
Não é apenas na regra do jogo que a interpretação reina, mas também no protocolo do VAR. O que deveria ser ‘claro e óbvio’, acaba deixando brechas perspectivas distintas e dando margem para os clubes, não somente o Vasco, pedirem a invalidação dos seus jogos, sem entrar no mérito de erro de direito ou de fato da partida.
No protocolo do VAR disponível no site da CBF, é possível observar três detalhes e em lugares diferentes no documento sobre o mesmo assunto.
Na página 25 do protocolo diz:
“Uma partida não pode ser invalidada devido a: Defeito(s) na tecnologia do VAR (inclusive na tecnologia da linha de gol – GLT); Decisão errada envolvendo o VAR (dado que o VAR é um membro da arbitragem); decisão de não revisar um incidente; revisão de uma situação não revisável".
Já na página 36 o texto traz:
“Em princípio, uma partida não é invalidada devido a: Defeito(s) da tecnologia do VAR (quanto à tecnologia da linha do gol (GLT); Decisão errada envolvendo o VAR (visto que o VAR é um membro da arbitragem); Decisão de não revisar um incidente; Revisão(ões) de situação / decisão não passível de revisão".
E na página 44 está justamente o que a CBF não cumpre:
“5.1.14 Decisões revisadas incorretamente / tecnologia com defeito / ação disciplinar:
As competições deverão indicar claramente em seus regulamentos que uma partida não será invalidada devido a: Defeito(s) na tecnologia do VAR (inclusive no que se refere à tecnologia da linha de gol (GLT); Decisão errada envolvendo o VAR (dado que o VAR é um membro da arbitragem); a decisão de não revisar um incidente / decisão; a revisão de uma situação / decisão não revisável.”
O protocolo apresenta primeiro que “não pode” ser invalidade, depois que “em princípio” que significa “em tese, em teoria, de modo geral” não é invalidade, ou seja, não é algo absolutamente impossível a anulação, caso ocorra algo excepcional o “em princípio” dá a entender que uma invalidação possa acontecer, e por último, mas muito importante, que todas as competições devem (essa palavra é relevante – dever) indicar em seus regulamentos por quais motivos uma partida não será invalidada.
A grande questão é justamente que a CBF não tem essa indicação do protocolo do VAR em nenhum dos seus regulamentos, seja no regulamento geral da competição, seja do regulamento específico de cada competição, no caso deveria constar, no mínimo, no regulamento da Série A do Brasileirão e da Copa do Brasil que utilizam o VAR (árbitro de vídeo).
A organização de uma competição é algo muito sério e tudo precisa ser previsto e cumprido para evitar problemas, detalhes são fundamentais.
Desta forma, será que não torna possível a invalidação de vários jogos do Campeonato Brasileiro, inclusive o do São Paulo onde a CBF admitiu o erro?
Comunicação do VAR
Sobre o áudio e as imagens do VAR disponibilizadas do jogo entre Vasco x Internacional, se percebe uma confusão gigantesca na comunicação, inclusive apressando o procedimento.
Dentro do protocolo do VAR, dois itens sobre isso chamam a atenção:
“7. Seja qual for o processo de revisão, não pode haver pressão para que uma decisão seja revisada rapidamente, pois a precisão é mais importante que a pressa”, página 23
E na página 54 o texto traz:
“A comunicação efetiva entre o árbitro e o VAR (e outras pessoas chave, ex., ROs e RAs) será essencial, sendo que os protocolos, na medida do possível, deverão assegurar uma comunicação de alta qualidade para minimizar erros ou mal-entendidos. Será importante estabelecer os protocolos de comunicação, linguagem e frases e os meios de iniciar e terminar fases de intercâmbio de informações. O IFAB fornecerá a diretriz mas os protocolos exatos de comunicação deverão ser elaborados por cada associação nacional de futebol / competição para estarem consistentes com, e refletirem, os protocolos, linguagem e vocabulário já em uso nos sistemas de comunicação dos membros da arbitragem. Até porque cada país tem sua linguagem e fraseologia de futebol particular. Em termos simples, todos os protocolos de comunicação deverão: incentivar o árbitro a liderar as conversas; usar linguagem simples e clara; manter a quantidade de comunicação a um mínimo; evitar negativas o máximo possível, ou seja, não dizer ‘não é impedimento’ pois há um risco de não se ouvir a palavra “não”; usar terminologia oficial técnica o máximo possível, ou seja, “Azul 7 é culpado de conduta violenta, por golpear o adversário o Vermelho Nº 7, fora da disputa da bola”; entender o valor e os perigos de perguntas muito amplas ou muito resumidas (abertas e fechadas); na medida do possível, o árbitro deverá reconhecer toda a comunicação do VAR (e vice-versa) idealmente, repetindo as informações recebidas para evitar mal-entendidos.”
Não há dúvida que houve falha na comunicação e algo precisa ser feito urgentemente para que seja mais eficaz e clara.
CBF não cumpre protocolo do VAR em caso de invalidar uma partida e pode causar dano ao campeonato
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