Clubes mantêm Primeira Liga e falam em costura política e 'sabotagem' da CBF

Marcus Alves e Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
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Com pontapé inicial marcado para a próxima quarta-feira, dia 27, a Primeira Liga acontecerá normalmente nesta temporada. Esse é o discurso dos clubes, que não se mostraram surpresos com o recuo da CBF e o seu comunicado nesta segunda-feira anunciando a proibição da realização da competição em 2016, através de resolução da diretoria.

Logo após a divulgação da medida, o representante do grupo, o cruzeirense Gilvan de Pinho Tavares, entrou em contato com os demais membros para assegurar que nada mudaria.

Entre os cartolas, a decisão da CBF já era aguardada.

"Falei com o Gilvan agora há pouco. Ele me disse que tudo que foi feito está mantido", afirmou Romildo Bolzan Jr., do Grêmio, ao ESPN.com.br. "Vamos jogar normalmente. Não muda nada", completou.

Em contato com a reportagem, Cruzeiro, Inter, Atlético-PR, Coritiba, Criciúma, Avaí e América-MG também ratificaram a postura.

Eles falam em tentativa da CBF de 'sabotar' o campeonato com suas idas e vindas e de costura política nos bastidores para fazer agrados a seus aliados e expor as equipes. Ao menos por enquanto, a possibilidade de boicote ao Brasileiro não é citada.

"A gente já esperava essa posição da CBF. O Gilvan tinha nos orientado para manter a programação mesmo em caso de reviravolta enquanto ele conversava. Então, não alteramos nada e deixamos ele como nosso encarregado a prosseguir com as conversa. Ele classificou a última com o (Walter) Feldman e o Rubens Lopes como 'razoavelmente boa', em sua expressão", disse o vice-presidente do Coritiba, Alceni Guerra.

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Em sua resolução, a CBF diz "não aprovar a solicitação para realização de qualquer competição não inserida no Calendário Nacional no ano de 2016, em vista das considerações acima apresentadas".

Ela acrescenta ainda "admitir a realização de jogos amistosos até o dia 30 de janeiro, dentro do período de pré-temporada, já com a anuência das Federações e em respeito às determinações do Estatuto do Torcedor".

"Em vez de a CBF incentivar os clubes, apoiá-los para você ter espetáculos e partidas com apelo melhor, prefere adotar essa postura. Só posso lamentar. O Atlético-PR está viajando agora para enfrentar o Fluminense em Volta Redonda. Não podemos voltar atrás. Esse tipo de atitude nunca mais. Não podemos mais sofrer essa retaliação. Não é questão de clubes, mas de sociedade", desabafou o mandatário do Atlético-PR, Luiz Salim Emed.

"Então, meu Deus do céu, se não podemos participar de algo que vai ser benéfico aos times, em que país estamos? Estou liberando minhas endorfinas aqui para não falar adjetivos que possam dificultar o caminho de consenso", concluiu.

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Principal desafeto das equipes, o presidente da federação carioca, Rubens Lopes, esteve na sede da CBF nesta segunda-feira para cobrar uma atitude da CBF. Ele viajaria ao lado de Coronel Nunes para a eleição da Conmebol, em Assunção, no Paraguai, mas decidiu ficar no Rio de Janeiro.

"A CBF já tinha aprovado a Primeira Liga e agora ela volta atrás, o que não é estranho no futebol brasileiro. Não gostaria que fosse, mas não da pra estranhar", continuou Vitorio Piffero, do Inter.

"Nos temos um jogo daqui dois dias contra o Grêmio e está tudo acertado, a logística e vamos ver. A gente imaginava que sairia alguma coisa, mas que não que saísse uma resolução às veperas do começo para embaralhar o campeonato. Se for alguma coisa organizada pela CBF , para tomar o espaço da liga quando ela tem que independente", acrescentou Nílton Machado, do Avaí.

"A nossa posição é que de está tudo definido para sair a primeira rodada. O que sabíamos é que a CBF não ia autorizar, mas também não ia proibir. Eu vou ligar pra o presidente Gilvan pegar mais informações, mas a nossa ideia é manter todo o nosso calendário e toda nossa logística", ponderou Jaime Dal Farra, do Criciúma.

"A gente está surpreso, eu não estava esperando essas idas e vindas. Os presidentes acertam tudo e vem surpresas desagradáveis", analisou Marco Antônio Batista, do Conselho Gestor do América-MG. "É muito ruim ter este tipo de situação, que somente prejudica na questão comercial e na vendas, os torcedores ficam preocupados. Isso dá descrédito para a competição", finalizou.

12 clubes participam da edição de estreia da Primeira Liga: América-MG, Atlético-MG, Atlético-PR, Avaí, Coritiba, Criciúma, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Figueirense, Flamengo e Fluminense. A competição formada pela entidade, também conhecida como Liga-Sul-Minas-Rio, irá até 31 de março.

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A diretoria da Primeira Liga emitiu nota oficial sobre a decisão da CBF. Veja na íntegra abaixo.

"Com referência a Resolução de Diretoria publicada no dia de hoje pela CBF, informamos que ela em nada afeta a preparação e organização da Primeira Liga para os jogos desta quarta e quinta-feira. Como já extensamente explicado pela Primeira Liga, a entidade mantém uma posição jurídica e desportiva de independência das federações e da CBF, com base nos arts. 16 e 20 da Lei Pelé. Como consequência disto, não existe a necessidade legal de buscar-se prévia autorização para a realização dos jogos que estão programados até o dia 31 de março.

A Primeira Liga e seus 15 integrantes vem sendo constantemente prejudicados comercialmente por sucessivas tentativas de intervenção e proibição de seus jogos. Tentamos dialogar a fim de buscar uma solução e inclusive havíamos recebido de parte da CBF, em mais de uma ocasião, uma garantia de não intervenção na Primeira Liga, o que hoje mostrou-se não ser verdade.

À Primeira Liga interessa dar uma resposta ao torcedor, que é o real motor do futebol nacional. Aguardamos todos os torcedores apaixonados por futebol em um dos 6 estádios que nesta quarta e quinta sediarão a nossa rodada inicial.

Independentemente de tudo isto, a Primeira Liga segue aberta ao diálogo com vistas ao enquadramento da competição no calendário oficial da CBF em 2017".

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