Maureen Beck é tetracampeã nacional de escalada nos Estados Unidos Cedar Wright

“Eu não tenho deficiência. Tenho uma habilidade diferente.” E foi com essa habilidade diferente que ela conseguiu, em outubro, completar o ‘Days os Future Passed’, desafio da escala em um nível que separa os ‘aventureiros do fim de semana’ daqueles que são, de fato, atletas. Maureen Beck nasceu com uma mão só, se tornou alpinista e conquistou quatro títulos nacionais nos EUA, além de um Mundial.

Foram 20 dias tentando concluir o projeto e dezenas de quedas no Boulder Canyon, Colorado. “O grau de escalada, na verdade, não importa porque só tenho uma mão. Para mim, tudo será diferente e mais difícil”, disse ao espnW. As estratégias e rotas já traçadas por outros alpinistas não funcionam para ela. Afinal, precisa traçar as seus próprios caminhos.

Para completer a sessão mais complicada do ‘Days of Future Passed’, ela ficou completamente pendurada em uma rocha, presa apenas pelo seu ‘meio braço’. Você teria coragem de fazer igual, mesmo que não tivesse essa ‘habilidade diferente”?

Às vezes, Maureen fazia oito tentativas no mesmo dia. Ela passou o aniversário de seu marido e a comemoração pelo aniversário de casamento escalando. Foram meses treinando, desde junho. Sua história se tornou tema do documentário ‘Stumped’.

Mas não a chame de pessoa inspiradora. “É um pouco desconfortável. Acho algo muito passivo. É como se falassem ‘ok, você me inspira. E agora faço o que com isso?’. Prefiro que alguém olhe para mim e, de fato, pense ‘ok, acho que posso sim conseguir escalar sozinho agora’.”

A alpinista conseguiu completar, em outubro, um desafio no Colorado Cedar Wright

O apoio da família foi fundamental. Ela não ouvia a palavra ‘deficiente’ em casa e não participou de programas ou acampamentos para quem era especial. “Quando eu era pequena, pensei: ‘ok, não tenho uma das mãos. E essa é minha mão de robô e isso é legal’. Preferi encarar do que me lamentar.”

Maureen Beck jogou como goleira no time de futebol da escola e tocava violino, até descobrir a escalada, aos 12 anos. A alpinista vive no Colorado e trabalha vendendo equipamentos para aqueles que, assim como ela, praticam o esporte.