Decisão já tomada e acordo prévio com Raí: os bastidores da demissão de Vinícius Pinotti no São Paulo

João Gabriel e Rafael Valente, para o ESPN.com.br
Leco já trabalhava com a possibilidade de contratar Raí para o futebol
Leco já trabalhava com a possibilidade de contratar Raí para o futebol Gazeta Press

Vinícius Pinotti mal havia entregue seu cargo como diretor executivo do futebol do São Paulo e Raí já era dado como nome certo para substituí-lo na função. Mas, na verdade, a ordem dos acontecimentos foi inversa. 


Segundo apurou a reportagem, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, convocou uma reunião na última segunda-feira com quase todos os diretores do clube, menos um: justamente Pinotti. Nesse encontro foi decidida a saída do então homem-forte.

O encontro chegou aos ouvidos do executivo, que se antecipou a uma possível demissão. Redigiu a carta de despedida e a entregou à presidência na quarta-feira.

O  fato acelerou o processo, mas não alterou seu enredo. A escolha óbvia da diretoria foi oferecer o cargo a Raí, que não relutou diante da nova proposta. Inclusive, o ex-jogador já havia sido sondado para outros cargos anteriormente e estava praticamente acordado com o clube para substituir Pinotti quando de sua demissão.

O ex-jogador, também membro do Conselho de Administração do São Paulo, havia sido procurado por Leco meses atrás com um convite para que assumisse o cargo de gerente de futebol - para atuar de maneira semelhante a Tinga e Zé Roberto (respectivamente em Cruzeiro e Palmeiras), fazendo a ponte entre diretoria e jogadores. O cargo seria criado especialmente para ele.

Contudo, não só o ídolo recusou este primeiro convite (por ter a ambição de um dia alcançar um cargo de maior relevância dentro do clube), mas também a possibilidade de criação do novo posto irritou Pinotti e foi um dos motivos que desgastou a relação entre o presidente e seu subordinado.

Raí foi oficializado no final da tarde da última quinta-feira, dia 7.

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A saída de Pinotti menos de uma semana depois de o Campeonato Brasileiro ter sido encerrado tem algumas justificativas. Como dito, a relação com Leco não era das melhores há algum tempo, muito pelo fato de que o presidente já havia avisado seus pares que desejava colocar alguém mais "boleiro" no departamento para dividir a responsabilidade com o executivo.

Outros fatores também provocaram o desgaste, como a insistência do presidente em atuar no futebol, tendo inclusive se reunido com o gerente de futebol do Cruzeiro, Marcelo Djian, para tratar de uma possível permanência do volante Hudson no clube celeste sem a presença tampouco o conhecimento de Pinotti. 

No mesmo encontro o dirigente do time mineiro sondou a possibilidade de o São Paulo negociar Pratto - então ouviu resposta negativa.

Discussões sobre reforços também não estavam caminhando juntas. Pinotti deixou o departamento de futebol com a contratação do goleiro Jean, do Bahia, bem encaminhada, e, até o pedido de demissão se feito, priorizava um acordo com o Shandong Luneng para prolongar a permanência do volante Jucilei. 

Também havia iniciado conversas para que a equipe pudesse contar com o meia-atacante Lucca, que pertence ao Corinthians e está na Ponte Preta, em 2018. Da mesma maneira tratava com o Fluminense a possível negociação de Scarpa - o "não" foi dito na quinta-feira à noite.

Paralelamente a isso o orçamento de 2018 era tratado por Leco com seus pares e o valor direcionado ao futebol deverá cair um pouco. Além disso, já está definido que tudo que for arrecadado, metade será direcionada para o pagamento da dívida bancária (hoje na casa de R$ 90 milhões). 

No próximo dia 19, em reunião com conselheiros, o orçamento passará por aprovação.

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Outros motivos que ajudam a entender os atritos entre Leco e Pinotti ocorreram durante a temporada. O mandatário não gostou de algumas entrevistas dadas pelo executivo dizendo que a decisão de demitir Rogério Ceni foi exclusivamente do presidente, assim como as vendas de jogadores ocorridas no início do Campeonato Brasileiro (e que fizeram o São Paulo sofrer no primeiro turno e em boa parte do segundo).

O escândalo da venda ilegal de ingressos de shows por um funcionário do departamento de marketing do São Paulo, que havia sido indicado por Pinotti, também fizeram com que a relação se tornasse insustentável. Isso embora Leco sempre tenha defendido o executivo de futebol publicamente.

Não se sabe quando Vinícius seria de fato demitido do clube e quando seria anunciado Raí, mas o certo é que cedo ou tarde a mudança aconteceria.

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