Promessa do pentatlo moderno diz que confederação a impede de competir; entidade afirma que ela 'quebrou regra'

Bianca Daga, do espnW.com.br

Victória Marchesini teria sido convidada para disputar o Sul-Americano de pentatlo
Victória Marchesini teria sido convidada para disputar o Sul-Americano de pentatlo Arquivo pessoal

A atleta Victória Marchesini e seu pai, Flávio Nogueira, acusam a Confederação Brasileira de Pentalto Moderno (CBPM) de perseguição. Segundo eles, os dirigentes estariam impedindo a paulista de 19 anos de defender o País no Campeonato Sul-Americano de Cochabamba, na Bolívia, no próximo final de semana. Ela embarca nesta terça-feira, mas os gastos serão por conta da família, seu uniforme não terá a sigla ‘BRA’, de Brasil, e seu resultado não contará para o ranking internacional.

Victória tem 19 anos, veio do hipismo e compete no pentatlo moderno há apenas dois anos. A CBPM promove apenas duas competições por ano: o Campeonato Brasileiro de Inverno e o de Verão. O resto dos 365 dias os atletas passam treinando. No caso dela, a rotina de atividades vai de segunda a sábado, oito horas por dia entre natação, equitação, esgrima e tiro.

Foi então que apareceu a oportunidade de ter um torneio incluído em seu calendário: mesmo sem ter índice internacional, ela teria recebido da União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) uma carta-convite para disputar o Campeonato Sul-Americano na Bolívia, de 14 a 17 de dezembro.

Em 2015, Victória competiu no torneio continental com a aprovação da CBPM. Neste ano, no entanto, o desfecho foi outro. “Aceitamos o convite, mas a Confederação Brasileira não homologou. Sem homologar, significa que eles não pagariam a viagem. Mas não pedimos nada, o custo seria nosso. Só que eles também entraram com uma apelação, dizendo que ela não poderia representar o Brasil e que se competisse com as siglas do País no uniforme, perderia oito pontos em seu índice. Então, fizemos uniformes novos. Ficamos sabendo de tudo pelo Jorge Orencio Salas, representante sul-americano da União Internacional. Vai competir, mas sem defender o Brasil. Não poderá pontuar internacionalmente. E porque, há dois anos, deixaram ela disputar o Sul-Americano sem ter índice? Isso é perseguição porque somos de Campinas (SP) e eles parece quem querem privilegiar as cariocas”, acusa o pai, Flávio, em entrevista ao espnW.

A atleta de Campinas, por outro lado, foi acusada pela CBPM de ter quebrar regra
A atleta de Campinas, por outro lado, foi acusada pela CBPM de ter quebrar regra Arquivo pessoal

Apesar do pouco tempo no esporte, a atleta já vem se destacando. É uma das promessas para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 e, no último fim de semana, foi bicampeã brasileira da categoria júnior – o primeiro título ela conquistou no ano passado. Segundo seu pai, Victória é a única atleta de pentatlo moderno no Brasil que tem patrocínio. Não paga os locais de treino e foi agraciada com uma arma de uma empresa finlandesa para praticar tiro.

“Sou apaixonada pelo esporte. É o que me faz viver. Me esforço. Estou treinando desde o dia 2 de janeiro deste ano. Tem só duas competições no ano e quando recebo a oportunidade de participar de outra, acontece isso. É triste, é falta de respeito. Não faço esporte para ganhar dinheiro, pelo contrário, minha família tem muitos gastos. Faço porque gosto, nasci para isso. Só quero competir. Não sei porque estão fazendo isso. Não sei se é porque veem que tenho potencial e não dependo deles.... Poderíamos e deveríamos estar unidos, atleta e confederação. É bem desgastante”, comentou Victória.

Em contato com a reportagem, a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno deu explicações divergentes e acusou a atleta de ter violado uma regra. “Essa não é uma carta personalizada para a Victória. É apenas o documento que a Federação Boliviana envia para divulgar o campeonato. Nós divulgamos esse convite, pedimos que os atletas interessados em competir preencham um formulário e, dentre aqueles que preenchem, nós definimos, com critérios, quais vão representar o Brasil e então enviamos as inscrições. Para a Confederação Brasileira, a atleta não demonstrou interesse em disputar a competição. Ficamos sabendo que ela havia procurado a Federação Sul-Americana por conta própria para disputar a competição. Então, avisamos a Federação Sul-Americana que era um erro gravíssimo de acordo com as regras da União Internacional e que, por isso, ela não estava autorizada a representar o Brasil; por não ter seguido os trâmites legais”, informou a CBPM por meio de sua assessoria de imprensa.

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