A distribuição de ingressos da CBF a membros do Judiciário Desportivo durante a Copa tinha como coordenador um homem chamado "Dr. Marco". O nome dele aparece em conversas entre Paulo Schmitt, procurador do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), e uma funcionária da confederação.
À época, o atual mandatário da entidade, Marco Polo Del Nero, já havia sido eleito presidente da CBF, mas a polícia não afirma que seja ele a pessoa citada nos diálogos.
"O da final eu vou falar com o Dr. Marco hoje à noite porque ele teve que ir embora. Ele tava aqui, mas teve que ir embora e não deu tempo dele ver. Ele vai falar comigo ao telefone acredito que mais tarde porque eu pretendo até responder logo, o mais rápido possível", disse a funcionária.
Schmitt teve o sigilo telefônico quebrado com autorização da Justiça. Ele foi investigado durante a operação Jules Rimet, mas não foi denunciado. O processo está em curso na Justiça do Rio.
O procurador confirmou que recebeu doação de ingressos da CBF, além de comprado cerca de R$ 17 mil em entradas num sistema aberto pela confederação para membros do Judiciário Desportivo e de Federações.
Segundo o STJD, a compra direta com a CBF era restrita a dois ingressos por jogo, em categoria comum. Mas a procura, como mostram as escutas, era muito maior. E o acesso da CBF aos ingressos diminuiu com a eliminação para a Alemanha:
"Muita pressão, muita pressão. Se eu sair viva dessa... vai ser sorte. Porque o quê que aconteceu. Todo mundo achava que a final ia dar Brasil. Só que não tem os ingressos que a gente recebe quando é um jogo do Brasil, não tem. Essa é a maior dificuldade aqui pra gente, né. Ele já tá cortando pessoas pra poder atender a meia dúzia, mas pode ficar tranquilo que acabei de falar com ele.. o do senhor, do presidente já tá certo. Agora, o que tivesse pra cortar, ele tá cortando", falou a funcionária da CBF a Paulo Schmitt, que em alguns dos jogos, de acordo com a escutas, chegou a receber seis entradas.
Procurada pelo ESPN.com.br, a CBF não confirmou as doações de ingressos e disse que "nenhuma ação que tenha adotado ou venha adota prejudica os princípios da imparcialidade e independência dos tribunais".
Farra dos ingressos da Copa do Mundo era coordenada por 'Dr. Marco'
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