Em 492 dias, a vida de Ezequiel Barco mudou completamente.

Naquele 8 de agosto de 2016, aos 17 anos, o meia-atacante entrava em campo pela primeira vez como profissional com o Independiente contra o Lanús em partida válida pela Copa Sul-Americana. Na última quarta-feira, 13 de dezembro de 2017, o jovem teve a responsabilidade de cobrar o pênalti em pleno Maracanã lotado que poderia garantir o título do Rey de Copas na mesma competição em que estreou há quase um ano e meio.

Como um veterano, o "Cara de Viejo" bateu com força do lado direito, Cesar pulou para o esquerdo, e garantiu o empate por 1 a 1 com o Flamengo que rendeu ao time rojo o segundo título na Sul-Americana. A promessa argentina virou realidade com uma ascensão meteórica dentro do maior campeão da Libertadores.

E pensar que Ezequiel Barco poderia nem estar nesta decisão. Nascido em Villa Gobernador Gálvez, na província de Santa Fe, ele se mudou com a família para Rosário e começou ali a mostrar todo o seu futebol: com 1,67m, o jovem "fazia chover" na Asociación Atlética Jorge Bernardo Griffa, que homenageia um dos grandes olheiros da história do futebol local.

Foi ali que o meia-atacante recebeu o apelido "Cara de Viejo", ou cara de velho, por exibir um futebol de alto nível, de profissional, já nas categorias de base.

A mãe, Esther, sonhava com um futuro promissor para o filho e colocou uma meta: levá-lo a jogar em Buenos Aires. Ezequiel Barco, então, bateu na porta do Boca Juniors em busca de um lugar na cantera, mas foi rejeitado.

Segundo o diário La Nación, "argumentaram que já tinham jogadores como ele e lhe disseram 'obrigado por vir, mas não', que não lhe alcançava para somar-se à base xeneize. Barco, esse dia, sentiu a implacável negativa, mas entendeu que era algo que poderia acontecer".

Mas seu futuro não estava mesmo na capital argentina: o outro gigante do país, River Plate, também não o quis. A razão? Seu físico frágil.

Até que a sorte sorriu para o baixinho: Jorge Bernardo Griffa foi nomeado coordenador das categorias de base do Independiente e o levou ao Rey de Copas no começo de 2015. Em 18 meses, estrearia no time profissional; nos 18 meses seguintes, seria fundamental sob o comando de Gabriel Milito e agora com Ariel Rolan.

A atuação de Ezequiel Barco no Maracanã, infernizando a defesa rubro-negra e "ganhando" o jogo de volta, é digna de gente grande.

Para 2018, porém, seu destino está praticamente sacramentado. Esqueça os grandes clubes do futebol europeu: por US$ 12 milhões (R$ 40 milhões), o meia-atacante irá para o Atlanta United, da MLS, que tem Gerardo Martino como técnico.

Para se ter uma ideia, ele custou praticamente um quarto do que o Real Madrid pagou para contratar Vinícius Junior - 45 milhões de euros, US$ 53,2 milhões, ou R$ 177 milhões na cotação atual).

"A saída de Barco nos doerá como nos doeu a de Rigoni (foi do Independiente rumo ao Zenit, da Rússia, em agosto passado). São jogadores muito difíceis de substituir, por suas características e pela parte humana, mas o Independiente precisa vencer para estar economicamente são", resignou-se Ariel Rolan.