Parece estranho, mas precisamos ouvir Dudamel
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Não tem nada a ver com a avaliação do início de trabalho do novo treinador do Atlético, Rafael Dudamel. Não se trata de julgar as aptidões técnicas que tem ou não o volante Zé Welison, cujo nome pouco ou nada dirá à maior parte dos torcedores de futebol fora de Minas Gerais.
O trecho da entrevista do treinador venezuelano (vídeo acima) após a derrota do Atlético para a Caldense pelo pouco relevante Campeonato Mineiro, porém, precisa ser visto por mais gente, e não é para avaliação deste caso específico.
“Estou triste pelo Zé, me dói pelo que aconteceu. Hoje, lamentavelmente, ele viveu uma situação do futebol. Mas o apontam como se ele tivesse matado ou roubado alguém. É uma partida de futebol, não podemos condenar a pessoa, o ser humano. Ele quer entrar para jogar e ganhar. Quer defender os interesses de seu time, de seus companheiros, de sua família. E condenamos um jogador de futebol, um ser humano, como se fosse um ladrão. Não estou de acordo”, disse o treinador.
Condenações e ataques desmedidos a profissionais por causa de futebol não são novidade e tampouco são exclusividade brasileira. O tratamento desumano, muitas vezes, inclui a abordagem da própria imprensa, que só joga combustível na máquina de odiar em que se transformou nossa sociedade.
Chama atenção, porém, que seja um técnico estrangeiro a se espantar e a se revoltar com a reação de uma torcida a um erro técnico ou a uma série de más atuações de um jogador de futebol. Não é exclusividade do Atlético e não se trata do “caso de Zé Welison”: é o modus operandi do nosso futebol.
Menos relevantes são as vaias, aceitáveis embora raramente produtivas. O problema é o pacote que que vai da mais torpe ira das redes sociais, passa por muita coisa e chega a agressivas abordagens pessoais a jogadores e seus familiares. A violência passou a fazer parte da rotina do nosso futebol e vai se integrando a ele como um aspecto lamentável, porém normal, rotineiro.
O hoje badalado Jorge Jesus, embora em tom mais ameno, deu indicações de pensar muito parecido com Dudamel quando, logo no início de seu trabalho pelo Flamengo, se manifestou sobre a maneira como os rubro-negros se comportavam em relação ao (hoje indiscutível) volante Willian Arão.
No episódio deste fim de semana, contudo, a frase foi dita por um técnico ainda pouco expressivo e de início contestável no futebol brasileiro, o que certamente será usado como contra-argumento para rebater suas declarações. Não deveria ser assim. Deveríamos, pelo contrário, agradecer Dudamel por nos alertar sobre aquilo que não pode, jamais, ser normalizado.
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Fonte: Gian Oddi
Parece estranho, mas precisamos ouvir Dudamel
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