Real Madrid e PSG se preparam para duelo tático, repleto de dúvidas nas escalações
Há muitas histórias em Real Madrid x Paris Saint-Germain, que acontece nesta quarta-feira, no Santiago Bernabéu. Desde questões práticas, como a definição de substitutos dos jogadores ausentes, até o futuro de Kylian Mbappé. Além, é claro, de valer vaga nas quartas de final da Champions League, prêmio máximo para dois clubes que devem reconquistar seus campeonatos nacionais nesta temporada.
Na ida, em Paris, o PSG foi muito superior. Venceu por 1 a 0, gol de Mbappé, mas poderia ter construído vantagem bem superior. Karim Benzema não estava 100% fisicamente, Vinicius Júnior vivia um momento de baixa técnica, Carlo Ancelotti recuou demais o time... No final das contas, pela história contada na capital francesa, a derrota por apenas um gol de desvantagem foi bem assimilada pelos merengues, mas os os desfalques gerados para a partida de volta preocupam muito.
Ferland Mendy e Casemiro estão suspensos. A partir daí há um quebra-cabeças de opções para o treinador italiano com um elenco sem tanta profundidade, apesar da enorme qualidade. No meio-campo, a ideia inicial era recuar Toni Kroos para a função do brasileiro e colocar Federico Valverde para atuar ao lado de Luka Modric no 4-3-3, pressionando o adversário. O meio-campista uruguaio consegue subir muito bem a marcação, com toda sua potência física e velocidade.
No entanto, Kroos se tornou dúvida por causa de uma lesão muscular. Treinou nesta terça-feira com os companheiros, mas não tem escalação confirmada. "Se Kroos estiver 95%, não joga", Carlo Ancelotti na coletiva de imprensa. Por conta disso, há um cenário onde Eduardo Camavinga começa o jogo para o Real Madrid como primeiro jogador de meio-campo, atrás de Valverde e Modric. Após ótimo início, o jovem francês de apenas 19 anos, reforço desta temporada, viveu um período de baixa e poucos minutos em campo. Nas últimas semanas se recuperou e, no final de semana, marcou um golaço na goleada do Real Madrid sobre a Real Sociedad por 4 a 1- jogando, porém, à frente de Casemiro, como gosta mais.
O desfalque do jogador da seleção brasileira e a possível ausência de Kroos são duros golpes para o meio-campo merengue. Projetando, também e principalmente, os duelos e a forma de jogo do PSG para o confronto. Após abrir 1 a 0, não precisará se expor tanto e, certamente, utilizará muito a velocidade de seus jogadores. Nesse ponto, a dúvida sobre a escalação de Mbappé é um fator de equilíbrio na partida.
O atacante francês levou uma pancada no treinamento de segunda-feira. Inicialmente o PSG temia uma fratura, algo que foi descartado nos exames. Viajou com o grupo para Madri e treinou normalmente nesta quarta - deve jogar. Ele é o melhor jogador dos parisienses na temporada e fará muita falta caso não atue, mesmo que por 90 minutos, inclusive pelo espaço que haverá para as transições do PSG. Há algum atacante no mundo pior para se enfrentar no 1x1 em velocidade?
Mauricio Pochettino sabe que precisa reduzir o problema defensivo da equipe. Desde o início do trio Messi-Neymar-Mbappé, o Paris Saint-Germain sofre sem a bola. Por uma questão simples: os três não entregam tanto para o time na fase defensiva. Ao atacar a partir do 4-3-3, a recomposição defensiva deveria acontecer no 4-1-4-1, com os atacantes de lado fechando a segunda linha por fora, ou até mesmo no 4-4-2, com um dos três auxiliando na segunda linha. Não é o que acontece, e na prática o PSG marca com sete jogadores nas duas linhas baixas de marcação, sem exercer pressão sobre o adversário no campo de ataque, quando perde a bola - algo que nenhum time de ponta no mundo faz.
Sem uma das três estrelas, Ángel di María entra e compõe bem o setor ofensivo e colabora sem reclamar na fase defensiva, deixando o PSG sem a bola no 4-4-2, com Marco Verratti, Danilo, Georgino Wijnaldum ou Idrissa Gueye na segunda linha. Só que no final de semana, na derrota por 1 a 0 para o Nice, o problema foi justamente a falta de criatividade ofensiva. Sem Mbappé, suspenso, o time não funcionou e teve menos finalizações do que a equipe do ótimo treinador Christophe Galtier, campeão na temporada passada com o Lille. Imagina-se que, diante do Real Madrid, os níveis de concentração, motivação e dedicação dos jogadores em campo sejam bem diferentes, ainda mais com a presença novamente de Lionel Messi no Santiago Bernabéu.
Há ainda mais dúvidas nas escalações. Ao perder Mendy, Carlo Ancelotti pode optar pela alteração simples e escalar desde o início o capitão Marcelo. É notório que o brasileiro já não rende como em outros tempos, mas ofensivamente ainda pode ajudar muito e, com toda sua experiência, poderia colaborar em uma partida de tão alta tensão - mesmo que defensivamente não tenha o mesmo rendimento do titular francês. Caso decida pelo aspecto defensivo como prioridade, o treinador italiano pode improvisar - como já fez várias vezes - Nacho na posição ou escalar o zagueiro ao lado de Éder Militão e deslocar David Alaba para a função. Este último caso pode soar natural, mas desfaz uma das melhores duplas de defesa da Europa e ainda tira a imprevisibilidade de movimentação que Alaba tem como zagueiro partindo para o ataque.
No PSG, Pochettino tem dito que Sergio Ramos, que não atua há sete jogos, poderia aparecer em campo também. Parece algo improvável diante do cenário que se aproxima, por mais que o histórico decisivo do ex-capitão merengue deva ser considerado. A tendência é Marquinhos começar jogando ao lado de Presnel Kimpembe. Naturalmente, também, muito se falará, com a atuação (ou não), de Mbappé e seu futuro como possível madridista, graças a tudo que aconteceu no início da temporada e o desejo do atacante de se transferir para o Real Madrid. O resultado final destes playoffs influenciará a decisão do jogador? Não parece provável, mas também não se deve duvidar de qualquer situação no futebol.
O roteiro principal do jogo tem o Real Madrid com maior posse de bola, pressionando o Paris Saint-Germain, em busca da vitória que o classifica ou que ao menos leva a decisão para a prorrogação - não há mais o gol marcado fora de casa como critério de desempate. O PSG vai certamente explorar as transições, com ou sem seu trio de estrelas no ataque, e não deve apenas se defender, permitindo total imposição dos espanhóis. Será um jogo de trocação, grande tensão e de enorme qualidade técnica, em um dos cenários mais emblemáticos da Europa, com alguns dos melhores jogadores do mundo. Compromisso imperdível para todos que apreciam o esporte mais popular do mundo.
Real Madrid e PSG se preparam para duelo tático, repleto de dúvidas nas escalações
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