Além dos insultos: o depoimento de dois árbitros sobre o racismo no futebol brasileiro

Renata Ruel

         
     

Foram 15 anos pelos mais diversos gramados, desde jogos amadores até profissionais, em que vivenciei de tudo um pouco: preconceito, discriminação e racismo. Essas são situações constantes e comuns para quem trabalha com o futebol.

Em uma partida válida pela Copa Paulista, no tradicional campo do Nacional, em São Paulo, um fato me marcou tanto que até hoje, anos depois, guardo comigo. O mandante era o Juventus, cuja torcida estava atrás de mim, dos bancos de reservas e do quarto árbitro. De repente escuto vozes se referindo ao quarto árbitro Alysson Fernandes Matias como “macaco”.

Olhei para trás e vi dois senhores, de cabelos grisalhos, proferindo a injúria racial. Quis parar o jogo, chamar a polícia, fazer a denúncia. Confesso que aquilo tirou minha concentração do jogo por alguns instantes, fato raríssimo, mas a revolta que senti foi gigantesca. Eu falava para o quarto árbitro parar o jogo e denunciar, mas ele dizia para deixar, para esquecer e se aproximou de mim dizendo “Já estou acostumado com isso”,

 “Como árbitro já sofri muito com racismo”, recorda o próprio Alysson, que ainda atua como árbitro pela Federação Paulista de Futebol, em depoimento ao blog. “Lembro de outro em Osasco, onde estava apitando, alguém na arquibancada começou a me ofender, também me chamou de macaco. Todos ouviram, somente a assistente gritou para parar o jogo, ninguém mais no estádio se manifestou, e a pessoa foi identificada como um dos dirigentes de um dos clubes. Deixei o jogo seguir”.

Não acaba aí.

'Say no to racism': mensagem em telão de estádio durante jogo da Champions League
'Say no to racism': mensagem em telão de estádio durante jogo da Champions League Getty Images

Alysson diz que é comum escutar diversas coisas, como por exemplo quando atua com a cor preta de uniforme: "Está sem roupa juiz, só fez uma tatuagem na perna”.

Outro árbitro que também falou um pouquinho sobre sua vida pelos gramados foi Claudenir Donizeti Gonçalves.

“Na minha opinião o pior tipo de racismo é quando ouço: ‘eu não sou racista.’ No exercício da profissão de árbitro já pude presenciar alguns tipos de insultos, tais como: "Mascote da Ponte Preta"; "Bola 8"; "Se não c*** na entrada, c*** na saída"; "galinha do céu"; "chiclete de onça" entre tantos outros. Em um jogo na cidade do Votuporanga, um torcedor me xingou de "preto, macaco". Quando virei e fiz menção de chamar o árbitro, os torcedores que estavam próximos ao indivíduo trataram de fazer com que o mesmo deixasse a região que estava, e aí não consegui mais identificá-lo”.

Alysson Fernandes não aceita mais sofrer racismo: “De uns anos para cá já diminuiu muito devido à repercussão que isso toma, hoje com certeza já não tolero isso, seja onde for. Acredito que o racismo nunca irá acabar, apenas as pessoas racistas ficam camufladas com vontade de falar, mas as punições e as redes sociais estão ajudando a combater isso”.

Segundo Claudenir Donizeti: “As leis já existem, o que falta é um pouco de boa vontade de aplicá-las. No esporte, que é o meio em que estamos inseridos, acredito que as organizações desportivas deveriam combater com mais afinco e deixar de simplesmente cobrar multas, e passar a empregar algo como desclassificação, perda de mando, rebaixamento, entre outros, de uma forma que a sociedade possa enxergar que algo está sendo feito”,

No futebol vemos muitos jogadores negros, porém pouquíssimos árbitros, treinadores e profissionais de outras funções na chamada elite do esporte mais praticado no mundo.

O que jogadores de PSG e Instanbul fizeram, ao deixar o campo depois de uma injúria racial do quarto árbitro, é uma reação histórica. Entretanto, é preciso que essa solidariedade aconteça sempre, não importa quem cometa o crime ou quem seja a vítima. Isso é pensar e agir em função do ofendido, independentemente de quem tenha sido o ofensor.

Comum sim, normal jamais. E que esse comum deixe de existir o quanto antes. Infelizmente e tristemente o racismo e a falta de consciência sobre o assunto ainda existem. Mas nunca é tarde para evoluirmos como seres e nos tornarmos mais humanos. O futebol é um excelente instrumento para isso.


         
     
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Finalista do Brasileirão feminino, Avaí Kindermann carrega tragédia na bagagem

Renata Ruel
Renata Ruel

Até carrinho da maca entra em celebração do Avaí Kindermann por ida à final do Brasileirão feminino


Neste domingo, ocorre a grande final de Brasileirão feminino. Corinthians e Avaí Kinderemann se enfrentarão às 20h (de Brasília), na Neo Química Arena, com transmissão ao vivo pela ESPN Brasil. No primeiro confronto as equipes ficaram no 0 a 0.

O Corinthians é uma forte equipe. Já a equipe de Santa Catarina também é tradicional no futebol feminino, mas conta com uma tragédia em sua história.

A final de 2020 ocorre cinco anos após assassinato do técnico do Kindermann na época, José Herinque  Kaercher, morto por Carlos Corrêa, ex-treinador da equipe de futsal Pantera Negra, também comandado pela família Kindermann.

O assassinato ocorreu no hotel da família, na cidade de Caçador-SC, onde a motivação de Corrêa foi vingança após ser demitido por justa causa. À época, foi alegado que ele se apresentava atrasado para os jogos e aparentava embriaguez.

Inconformado com a demissão, Carlos invadiu armado o hotel dos donos do Kindermann, solicitou a presença de algumas pessoas ligados ao clube entre elas dirigentes e o técnico Josué Kaercher. 

Após algumas ameaças, disparou duas vezes, uma atingindo o técnico e no segundo disparo, que seria contra outra pessoa, a arma falhou. Josué não resistiu ao ferimento e faleceu.

O Kindermann iria disputar a Libertadores Feminina em 2016, adquirindo o direito após o título da Copa do Brasil em 2015. Entretanto, o clube divulgou, logo após o corrido, uma nota paralisando todas as atividades por tempo indeterminado.

Veja a nota da época:

É com muito pesar que comunicamos à sociedade, em especial à comunidade caçadorense, que a Associação Esportiva Kindermann está encerrando suas atividades por tempo indeterminado.

Orgulhamos-nos de ter sido um expoente no futebol de campo e futsal femininos e por representar tão bem a nossa cidade em diversos campeonatos estaduais, nacionais e internacionais.

O sonho da Kindermann sempre foi trazer alegria e entretenimento às pessoas, mas infelizmente, esta trajetória foi interrompida quando a vida de nosso treinador, Josué Henrique Kaercher, foi tragicamente abreviada e outras vidas ameaçadas.

Agradecemos a todos que apoiaram o nosso projeto e que estiveram ao nosso lado ao longo destes dezenove anos de atividades, batalhas e conquistas. Agradecemos particularmente às nossas atletas, colaboradores e patrocinadores, que tanto agregaram para alcançarmos nossos objetivos.

Desejamos um futuro de sucesso e conquistas ao esporte caçadorense.

Direção da Associação Esportiva Kindermann

Jogadoras do Avaí Kindermann antes de treino, em 22 de novembro de 2020
Jogadoras do Avaí Kindermann antes de treino, em 22 de novembro de 2020 Avaí Kindermann

Em janeiro de 2017, pouco mais de um ano após o ocorrido, a equipe anunciou a volta das atividades. Em 2019 foi selada a parceria Kindermann e Avaí por dois anos, em função da obrigatoriedade da CBF em os times da Série A terem futebol feminino.

O Kindermann volta a ser protagonista no cenário nacional após a tragédia e retomada das atividades, um clube marcado por um fato hediondo, mas também por muitas vitórias e conquistas no futebol feminino.

Seguramente, neste domingo teremos um grande jogo entre Corinthians e Kindermann. Junto com você, fã de esporte, estaremos na ESPN Brasil eu, Renata Ruel, Leonardo Bertozzi, Mariana Spinelli e a narração de Renata Silveira.

 

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Polêmicas em Fortaleza x Corinthians: o que diz a regra sobre a expulsão de Jô e o que vi do pênalti em Gabriel

Renata Ruel
Renata Ruel

Árbitro expulsa Jô em jogo contra o Fortaleza
Árbitro expulsa Jô em jogo contra o Fortaleza CAIO ROCHA / FRAMEPHOTO / GAZETA PRESS

Jô foi expulso após o VAR sugerir revisão por agressão na partida entre Fortaleza e Corinthians. Ultimamente tem ocorrido muitos lances de golpear o adversário, seja aquele braço ou mão ou cabeçada no rosto, pescoço, peito, costas, nuca, que geram polêmicas e interpretações, vide o lance do goleiro Volpi no jogo contra o Bahia.

A regra do jogo não foi feita especificamente para a arbitragem, mas sim para o futebol. Desta forma, todos que o praticam ou trabalham com esse esporte deveriam conhecê-la para, no mínimo, terem argumentações bem pautadas para questionar as decisões da arbitragem seja em campo ou, nos tempos atuais, no VAR.

Em função disto, segue uma pequena parte do texto da regra 12 que cita o ato de golpear:

Será concedido um tiro livre direto a favor da equipe adversária do jogador que praticar uma das seguintes ações, se consideradas pelo árbitro como imprudente, temerária ou com uso de força excessiva:

Golpear ou tentar golpear (incluindo cabeçada) um adversário.

Imprudência significa que um jogador demonstra falta de atenção ou atua sem precaução ‘em relação a um adversário. Não há necessidade de cartão.

Temeridade significa que um jogador não considera o risco ou, as consequências para seu adversário. Lance para aplicação de Cartão Amarelo.

Uso de força excessiva significa que um jogador excede a força necessária e assume risco de causar lesão em um adversário. O jogador infrator deve ser expulso.”

Birner define vermelho de Jô como 'expulsão de futebol modinha' e vê pênalti não marcado em Fortaleza x Corinthians

Como mostra a regra, cabe sim interpretação no ato de golpear, o árbitro para considerar uma infração deve analisar se foi uma ação imprudente, temerária ou com uso de força excessiva, ou nenhuma delas e permitir que o jogo siga.

A arbitragem vive recebendo instruções de seus comandantes e sobre o uso dos braços entre os elementos a serem considerados estão: velocidade, intensidade, disputa ou não de bola, ponto de contato (sensível ou não), força empregada entre outros.

É algo simples assim? Não, não é. Os árbitros precisam entender o jogo, conhecer de futebol, dominar as regras e seguir as diretrizes passadas pelos instrutores para ter uma análise mais correta possível e os critérios serem mais uniformes.

Contudo é fundamental reforçar que a segurança e integridade física do jogador deve prevalecer. A famosa faltinha é falta, diferente de um contato físico não faltoso.

A regra em nenhum momento fala em intenção, costumo dizer que não posso saber sua intenção a não ser que você me conte, então o árbitro não tem como julgá-la. Em função disto deve analisar os elementos do lance conforme as diretrizes e as regras para tomar decisões.

Cabe interpretação em lances de golpear, entretanto não se pode banalizar uma agressão ou tentativa dê como se algo assim fizesse parte do futebol, o Fair Play também significa não assumir o risco de lesionar ou agredir um adversário. E pela regra uma ação que ocorre fora da disputa da bola se torna um agravante.

É importante ressaltar que isso aqui é uma pequenina, mas somente uma parte bem pequena das regras do jogo e com todo respeito e admiração que tenho pelo Arnaldo Cesar Coelho, para mim a regra não tem nada de clara e não é simples entendê-la.

A ação do Jô foi de golpear o adversário sim. Porém, desta vez deixo a pergunta para você:

Foi um golpear faltoso pelas regras e diretrizes? Se sim, de forma imprudente, temerária ou com uso de força excessiva?

Mauro não entende expulsão de Jô, brinca sobre 'função social do VAR' e acha que filme de tubarão daria mais audiência do que jogo do Corinthians

O polêmico pênalti não marcado em Gabriel

O jogador do Corinthians chega primeiro no lance, toca a bola e é atingido na coxa com a trava da chuteira, por Felipe do Fortaleza, de forma temerária que o impede de prosseguir na jogada. Pênalti, de certa forma fácil de ser marcado e o cartão amarelo deveria ser aplicado. O que não aconteceu em campo e o VAR não sugeriu revisão.

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Polêmicas em Fortaleza x Corinthians: o que diz a regra sobre a expulsão de Jô e o que vi do pênalti em Gabriel

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Lambança do VAR pode gerar erro de direito e permitir anulação de Ceará x São Paulo; entenda a situação

Renata Ruel
Renata Ruel
Luciano durante jogo entre São Paulo e Ceará, pelo Campeonato Brasileiro
Luciano durante jogo entre São Paulo e Ceará, pelo Campeonato Brasileiro Miguel Schincariol/saopaulofc.net

Ceará e São Paulo se enfrentaram em jogo atrasado válido pela 16ª rodada do Brasileirão e algo apitoresco ocorreu na partida em um gol anulado, validado, anulado novamente da equipe paulista.

 O São Paulo estava no ataque, Reinaldo chuta a bola para a área que desvia no jogador do Ceará e sobra para o Pablo que estava em posição de impedimento e na sequência sai o gol. O assistente marca impedimento em campo, entretanto como pede o protocolo do VAR todo lance de gol é checado e neste caso começa a polêmica.

 Em lance de impedimento factual, aquele que é somente para analisar se o jogador atacante está ou não em posição de impedimento, o VAR analisa e informa ao árbitro se mantém ou muda a decisão de campo, por ser questão de linha traçada não cabe análise ou interpretação. 

Porém, pode ocorrer lances interpretativos na regra do impedimento, por exemplo, se um jogador em posição de impedimento bloqueia ou não o campo visual do goleiro, ou se quando a bola bater em um defensor e sobrar para um atacante em posição de impedimento, se este jogador da defesa executou uma ação deliberada, ou foi um desvio ou um rebote o toque da bola neste defensor. 

Se houve uma ação deliberada, isso habilita o jogador em posição de impedimento, mas se o que aconteceu foi um desvio ou um rebote a infração deverá ser marcada.

No gol do São Paulo, verifica-se um desvio, sendo assim o impedimento deve ser marcado, o que ocorreu em campo pelo assistente. Pelo protocolo do VAR, a checagem ocorre e o VAR se não concordar com a decisão em campo deve sugerir que o árbitro revise o lance, pois não é factual e sim interpretativo, caso concorde com a decisão em campo o árbitro segue a partida normalmente. 

O protocolo também deixa claro que o árbitro deve ter conhecimento e habilidade para tomar a decisão, não podendo outros membros da arbitragem revisar as imagens no ARA, contudo em casos excepcionais o árbitro poderá solicitar auxílio do membro da arbitragem que esteve envolvido no lance.

Primeiro erro: o VAR discorda da decisão em campo, dá o gol, entretanto não sugere revisão ao árbitro como diz o protocolo por não ser um lance factual.

Segundo erro: a imagem deixa claro que o árbitro com o som do apito autoriza o reinício de jogo e logo depois paralisa novamente a partida, provavelmente por ter escutado do VAR que não era para reiniciar ainda. O VAR volta atrás, se auto corrige, e anula o gol.

Além do erro protocolar, há um erro grave de Regra do Jogo, na regra 8, onde o texto cita que: “o tiro de saída: o árbitro dá o sinal autorizando o tiro de saída; a bola entra em jogo logo após ser tocada e se mover claramente.” Isso tudo ocorreu claramente pelas imagens, inclusive o som do apito.

Após a partida ser reiniciada, o árbitro não pode voltar atrás em uma decisão técnica, ou seja, em um gol, um pênalti marcado ou não. Ao apitar autorizando o reinício, a equipe do Ceará cobrar corretamente o tiro de saída e a bola entrar em jogo, o gol dado não poderia mais ser retirado, mesmo assim o árbitro o fez, podendo ter gerado um erro de direito.

Que o gol foi irregular não há dúvida, mas o procedimento do VAR também, prejudicando o árbitro em campo.

Em relação ao erro de direito fica claro que há equívoco da arbitragem no campo e no VAR, contudo o protocolo do VAR cita:

“Em princípio, uma partida não é invalidada devido a: Defeito(s) da tecnologia do VAR (quanto à tecnologia da linha do gol (GLT); Decisão errada envolvendo o VAR (visto que o VAR é um membro da arbitragem); Decisão de não revisar um incidente; Revisão(ões) de situação / decisão não passível de revisão.”

Raí diz que São Paulo vai 'fazer de tudo' para obter respostas sobre polêmica com VAR


Se pelo protocolo do VAR fica difícil anular uma partida, a Regra 5 diz:

“O árbitro não pode alterar uma decisão de reinício de jogo, ainda que se convença do erro, quer por entendimento próprio ou em razão da opinião de outro árbitro da partida, se já houver reiniciado o jogo; terminado o primeiro ou segundo tempo do jogo (inclusive da prorrogação) e saído do campo de jogo; ou encerrado a partida definitivamente.”

Desta forma, caso o São Paulo entre com um pedido de anulação do jogo, ratificando que houve infração de impedimento no gol, no meu entendimento, pelo protocolo do VAR, ficará difícil o êxito. Todavia, pela regra do jogo, o erro de direito pode se caracterizar.

O VAR cometeu um erro de certa foram até infantil em um lance de fácil interpretação e tomada de decisão. Lembrando que o problema não está na ferramenta em si, no entanto em que a manipula a melhoria se faz necessária urgentemente, treinamento, meritocracia, uniformidade nos critérios, a arbitragem precisa ser aprimorada, pois alguns erros são compreensíveis, enquanto outros inexplicáveis.

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As polêmicas de São Paulo x Flamengo (e quando o VAR deve intervir)

Renata Ruel
Renata Ruel

Com dois de Luciano, São Paulo 'sobra', vence Flamengo e vai à semifinal da Copa do Brasil

O São Paulo venceu Flamengo por 3 a 0 no jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil e se classificou para a semifinal, tendo o Grêmio como próximo rival. Porém, foi mais um jogo com polêmicas de arbitragem.

Vamos começar pela penalidade marcado a favor da equipe do Flamengo. A bola foi alçada na área, Willian Arão e Brenner sobem para disputar a bola, o jogador flamenguista leva a melhor, cabeceia e a bola toca na mão do jogador são-paulino. Em campo o árbitro manda seguir, o VAR (árbitro de vídeo) analisa o lance, pois todo possível penal é passível de checagem, e sugere revisão ao árbitro que após análise decide pela marcação o penal. Um pênalti bem marcado em função do texto da regra do jogo, o qual entende que o braço acima da linha do ombro é um motivo para a infração ser sancionada. 

Neste caso, o VAR assertivamente sugeriu revisão e o árbitro corretamente, em função da regra, assinalou o pênalti. Discutível a regra? Sim, e muito. 

É proibido saltar no futebol? Não, não é. Mas se não é, como um jogador consegue fazer o movimento de saltar com os braços colados ao corpo? É possível saltar e cometer uma ação de bloqueio ampliando o espaço corporal, algo que já ocorreu, entretanto na maioria dos pênaltis que a regra atual considera infração, se pode considerar que o jogador simplesmente fez um gesto biomecânico natural do movimento e está sendo punido por isso. Sobre esse assunto há mais informações em uma matéria anterior, onde especialistas e quem vive o futebol comenta sobre a posição do braço e a regra do jogo, acesse o link para saber mais.

E na cobrança do pênalti, que Vitinho bateu para fora, houve invasão na área, mas nem o árbitro e tampouco o VAR mandaram voltar. Pela regra do jogo, como ocorreu a invasão do jogador defensor e não foi gol, o tiro penal deveria ser repetido, contudo isso deveria ter sido visto pelo árbitro em campo. O VAR só irá intervir em invasão de área na cobrança de penalidades se o jogador invasor ganhar uma vantagem direta no lance, por exemplo, pegando o rebote de uma defesa ou depois de tocar na trave.

Isolou! Vitinho cobra pênalti horroroso, manda muito longe do gol do São Paulo e perde grande chance


Como isso não ocorreu, o chute foi para fora, o árbitro de vídeo não pode intervir. E de repente, a regra poderia mudar para a punição em uma invasão ocorrer somente quando suceder a interferência direta.

E no 3º gol do São Paulo, Willian Arão primeiro faz um passe e na sequência sofre uma carga nas costas feita por Daniel Alves, a bola sobra para o Pablo que marcou o tento tricolor. 

Pela regra, o árbitro para considerar que uma carga foi faltosa deve entender que foi uma ação imprudente (atua sem precaução), temerária (desconsidera o risco) ou com uso de força excessiva (assume o risco), se isso não acontecer, pode-se entender como uma carga normal e nada marcar. O famoso, polêmico e, também, controverso “APP”, a revisão da fase inicial de ataque pelo protocolo do VAR, deve verificar como se deu a origem do ataque que resultou no gol e somente deve intervir se for um erro claro e óbvio, não em um lance que caiba interpretação. 

O São Paulo recuperou a bola em um toque errado de Arão que somente após completar o passe sofreu a carga, a ação de Daniel Alves no meu entendimento foi faltosa, mas é algo para ser assinalado pelo árbitro no campo de jogo e cabe sim interpretações em relação à carga realizada, não havendo assim erro claro e óbvio. 

Luciano comemora após marcar para o São Paulo sobre o Flamengo
Luciano comemora após marcar para o São Paulo sobre o Flamengo Miguel Schincariol/saopaulofc.net

Desta forma, o VAR não tem como intervir já que o protocolo diz que para ser um “APP” há a necessidade de erro claro e óbvio, nada que possa ser interpretativo, principalmente se o árbitro viu em campo claramente e decidiu.

As polêmicas ocorreram sim, porém desta vez podem ter ficado mais a cargo da arbitragem do campo de jogo do que do VAR.

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Primeira expulsão de Abel Ferreira no Palmeiras não surpreende ex-árbitro português: 'Vai ser muitas vezes, como foi cá'

Renata Ruel

Após três partidas comandando o Palmeiras, o novo treinador Abel Ferreira foi expulso de campo pelo árbitro Bráulio da Silva Machado na ida das quartas de final da Copa do Brasil. O jogo no Allianz Parque contra o Ceará fez o técnico reclamar acintosamente com a arbitragem após a marcação de uma penalidade para a equipe adversária e o VAR sugerir revisão - no meu entendimento, não ocorreu infração no lance; há contato de jogo, sem carga faltosa no adversário.

Abel Ferreira, após a expulsão, disse em entrevista: "Na igreja, tenho que estar calado. Mas estou no futebol, não na igreja". Não se pode ser hipócrita e dizer que em uma partida palavrões não são ditos. Obviamente que são, às vezes ao vento ou durante uma discussão com o companheiro e até mesmo adversário. Porém, é necessário diferenciar o contexto nos quais ocorrem: quando é simplesmente um desabafo espontâneo, de quando a ofensa for diretamente dirigida à arbitragem e, nesse último caso, a expulsão no Brasil é praticamente certa - exemplos não faltam, lembra do Kleber ‘Gladiador’ com Raphael Claus?

Irritado com expulsão, Abel Ferreira desabafa após vitória do Palmeiras: 'Antes de treinador, sou homem'

A cultura brasileira pode ser nova para Abel, que irá se adaptar com o tempo, mas as expulsões em sua carreira não são novidades. Na temporada 2018-19 colecionou três expulsões pelo Braga e chegou a dizer em entrevista coletiva: "Injustiça é algo que me deixa revoltado. Quando eu erro, sou o primeiro a dizer que errei. Fui três vezes expulso esse ano, e muito bem expulso nas duas primeiras. Foram vergonhosas as multas que me deram, era para ser um valor muito maior".

Conversei, de forma exclusiva para esse blog, com Duarte Gomes, ex-árbitro Fifa de Portugal e atualmente comentarista e colunista. Ele revelou: "Abel é um tipo extraordinário. Do melhor que conheço como homem e pessoa. De verdade. Mas é daqueles que em campo perde-se, vive o jogo intensamente. Mas tem bom caráter. Ele foi expulso muitas vezes sim, mas quase sempre pedia desculpa no fim e reconhecia o descontrole. É muito humilde e muito, muito boa pessoa mesmo. Tem que aprender a se controlar". Duarte completa: "Vai é ser expulso muitas vezes, como foi cá".

Entender todo o contexto que envolve o futebol, seja na questão cultural, social, econômica, é fundamental para trabalhar com ele e colher bons frutos. Cada árbitro tem seu estilo de trabalho, sua personalidade, assim como cada treinador, e se esses forem estudados antes do jogo por ambas as partes, pode-se evitar problemas durante a partida.

Técnico do Palmeiras, Abel Ferreira conversa com árbitro assistente após ser expulso
Técnico do Palmeiras, Abel Ferreira conversa com árbitro assistente após ser expulso Gazeta Press

O treinador é um líder, e ser exemplo é de total relevância, suas ações podem dizer mais que suas palavras: como exigir respeito se não o der; como pedir calma quando está dando pulos de raiva, gesticulando de forma ofensiva ou gritando; como passar controle emocional, segurança nas tomadas de decisões quando suas reações são divergentes disto? Veja o relato da expulsão na súmula do jogo, as palavras proferidas por Abel Ferreira:

"Expulsei diretamente o referido treinador por ter sido informado pelo assistente de número 01, senhor henrique neu ribeiro, que no momento que me dirigia a "ara", ter proferido as seguintes palavras em minha direção "vai se foder, vai tomar no cú, vem ver que não foi nada". fato esse presenciado também pelo quarto árbitro da partida, senhor ilbert estevam da silva".

A Regra do Futebol cita alguns dos motivos pelos quais um membro da comissão técnica deve ser advertido verbalmente, com cartão amarelo ou com cartão vermelho, e entre estes consta: “Entre as infrações que podem ser punidas com Expulsão-CV, embora não se limitem a essas, se incluem: Empregar linguagem ou gesto grosseiro, ofensivo ou injurioso".

Que a regra foi cumprida, não tenho dúvida. E esse tipo de expulsão pode ser evitada. Sempre pode.

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Primeira expulsão de Abel Ferreira no Palmeiras não surpreende ex-árbitro português: 'Vai ser muitas vezes, como foi cá'

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Árbitro ganha processo após diretora de clube ofendê-lo nas redes sociais. Entenda a importância e relevância da decisão

Renata Ruel

Ofensas aos árbitros são constantes e comuns - ao entrar em campo, mesmo antes de dar início à partida e tomar decisões, e principalmente durante e/ou o término da partida. Além da torcida nos estádios (no momento proibidas em função da pandemia) com as redes sociais, os insultos à arbitragem ganharam uma proporção ainda maior.

Em partida válida pela Copa do Brasil em fevereiro de 2020, o Paysandu eliminou o Brasiliense da competição. O jornal Metrópoles teria afirmado que o árbitro da partida comemorou a eliminação da equipe de Brasília, e desta forma a diretoria do clube foi em suas redes sociais acusando-o de crimes.

O juiz Flavio Fernando Almeida da Fonseca condenou a diretoria a indenizar o árbitro no valor de R$ 7.000,00 e se retratar publicamente.

Na sentença consta ainda: "Significa dizer que as partes não podem exceder sua liberdade de expressão, causando um prejuízo à honra de outrem".

A decisão do árbitro em processar um dirigente é algo raro, o que torna a sentença do juiz ainda mais importante e relevante. O árbitro de futebol ainda tem medo de se posicionar, pronunciar, processar - na verdade, sua voz muitas vezes é calada por medo de sofrer retaliações, ficar fora de escalas e ter sua carreira prejudicada, numa "queda de braço" com jogadores, dirigentes, por exemplo, pode se achar o "lado mais fraco".

Presidente do Fortaleza detona arbitragem após derrota para o Fluminense

É relevante citar que críticas fazem parte da profissão não só dos árbitros, mas sempre estamos vendo treinadores, jogadores, dirigentes, jornalistas, comentaristas entre tantos outros fazendo-as, entretanto também as recebendo.

Para curiosidade, todo ano, ao fazer a inscrição para ser parte do quadro de arbitragem da Federação Paulista e CBF, lembro que entre os documentos a serem entregues estavam SPC e SERASA, antecedentes civis e criminais e caso constasse algo no nome a chance de ficar fora das escalas era extremamente grande.

Não há como negar a questão cultural que está enraizada e estruturada no futebol brasileiro, como os árbitros são vistos e tratados. Entretanto há como se mudar tudo isso - a distinção entre críticas, pensamentos e opiniões de ofensas, declarações caluniosas e difamatórias tem andado em uma linha tênue, e o respeito precisa prevalecer.

Já se imaginou trabalhando na mesa do seu escritório com pessoas atrás de você lhe ofendendo, insultando, cuspindo em você, jogando coisas e a sua concentração, foco seguirem intactos? É isso que acontece constantemente com quem está em um campo de futebol, e não me refiro só aos árbitros.

Veja a sentença completa clicando aqui.

Jogador reclama com Renata Ruel durante partida
Jogador reclama com Renata Ruel durante partida Reprodução
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Árbitro ganha processo após diretora de clube ofendê-lo nas redes sociais. Entenda a importância e relevância da decisão

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A subjetividade do VAR na falta que gera um gol

Renata Ruel

No Brasileirão 2020, algumas polêmicas nas origens de jogadas de gols foram muito questionadas pelos clubes, e a dúvida de quando o VAR deve ou não intervir paira no ar.

Somente no mês de outubro três casos parecidas:

- No Gre-Nal, Galhardo sofre uma carga nas costas, que entendo como faltosa, próxima a entrada da área adversária. O árbitro nada marca, o Grêmio recupera a bola e numa sequência de troca de passes faz o gol;


- No gol do Grêmio contra o Botafogo, o time gaúcho recupera a posse de bola no campo de ataque com um possível toque de braço que o árbitro não marca. Após alguns passes, marca o seu gol;


- Em Vasco e Corinthians uma possível infração no meio campo, entendo como falta, na recuperação de bola da equipe paulista também foi questionada, pois resultou em gol.


O protocolo do VAR se “contradiz” no assunto, quando uma infração que resulta em gol não foi marcada pelo árbitro em campo deve ser revisada, e desta forma sugerir ao árbitro que reveja a jogada.

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Como podemos observar, o famoso “APP” (Attacking Possesseion Phase), ou seja, a fase de ataque, cita que o período de revisão é desde o ponto onde a equipe obtém a posse de bola. Entretanto, outro ponto do protocolo diz que onde a fase ataque que é armada ou se inicia é subjetiva, e alguns elementos devem ser considerados. Por exemplo: o período de posse de bola e o ponto em que se inicia uma fase clara de jogada de avanço. 

Como o próprio protocolo diz, realmente é algo bem subjetivo, pois o que é tempo de posse de bola suficiente para se considerar um APP? 15, 30 segundos, 1 minutos ou 2? Um árbitro de campo e um árbitro de vídeo podem ter interpretações distintas para definir este tempo.

Sempre digo que é necessário o árbitro conhecer de futebol, além das regras e das dinâmicas de arbitragem. Entender o que são transições e organizações defensivas e ofensivas, o que ajuda na leitura do jogo, na tomada de decisão e no que a arbitragem chamam de “antecipação mental”, para poder buscar um bom posicionamento prevendo a próxima jogada. Contudo, mesmo tendo familiaridade com o futebol, é subjetivo dizer onde literalmente se iniciou uma fase clara ou um avanço de ataque e se isso é ou não um “APP”.

O protocolo também cita que a interferência deve ocorrer somente se a possível infração for um erro claro e óbvio, caso contrário, a decisão de campo deve ser mantida. 

A subjetividade descrita no protocolo da VAR, o “segundo a opinião do árbitro” no texto da Regra 5, constatam as interpretações e isso gera falta de critérios, apesar das diretrizes que existem. 

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O único gol desse tipo anulado até o momento neste Brasileirão 2020 foi o do Botafogo contra o Internacional, no qual houve uma infração no meio campo, o árbitro deixou seguir, o jogador que cometeu a falta cruzou a bola e saiu o gol. O VAR interveio e o gol foi anulado. Nas três partidas citadas anteriormente, o gol foi mantido e o VAR não sugeriu revisão, não entendendo como um “APP”,  jogada de revisão para as infrações cometidas nas recuperações de bolas pelos times que marcaram gols.

É relevante reforçar que o protocolo não fala em imediatez, em tempo exato, em quantos toques a equipe atacante deu na bola, em qual parte do campo a recuperação da bola ocorreu. Para uma infração de braço/mão acidental que gera um gol ou cria uma oportunidade de gol, o fator imediatez é preponderante, porém isso não procede no “APP”.

Como há subjetividade, há interpretação e automaticamente uma marcação que ocorreu em um jogo, pode não ocorrer em outro. Desta forma, se tornam necessárias diretrizes mais claras também no protocolo do VAR, facilitando o trabalho da arbitragem, aproximando critérios e diminuindo as polêmicas. O VAR é uma ferramenta nova que precisa ser lapidada. Aprimorar a tecnologia e seu protocolo trará benefícios ao futebol.

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A subjetividade do VAR na falta que gera um gol

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Não importa se estava de costas: lance polêmico de Flamengo x Bragantino foi pênalti, sim!

Renata Ruel

O empate por 1 a 1 entre Flamengo e Red Bull Bragantino, quinta-feira (15), pelo Campeonato Brasileiro, ficou marcado por um possível pênalti para o time rubro-negro, lance muito polêmico não marcado em campo e nem sugerido para revisão pelo VAR. Foi, portanto, mantida a decisão de campo.

A bola foi alçada na área, passou por Weverson e sobrou para Lincoln, atacante do Flamengo, que a chutou. Ela bateu no braço do jogador do Bragantino, que estava de costas para o lance.

Pênalti? Veja o lance polêmico de 'mão da bola' em Flamengo x RB Bragantino

O jogador do Bragantino assumiu o risco: olhou para trás, viu o adversário e fez, no meu entendimento, um movimento adicional, uma ação de bloqueio, ampliando o espaço corporal. Por isso, o pênalti deveria ter sido marcado.

O fato do jogador estar de costas não significa absolutamente nada na regra, pois é possível ampliar o espaço corporal e fazer uma ação de bloqueio dessa forma. Estudos mostram que os jogadores conseguem fazer a chamada “antecipação mental” da próxima jogada, prevendo onde a bola pode ir e antecipando assim a sua ação.

Um exemplo aconteceu na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, na partida entre Espanha e Rússia. Um pênalti claro foi marcado após ação do zagueiro Gerard Piqué em sua área. A bola foi cruzada, Piqué subiu para cabecear com um adversário e, mesmo de costas, manteve os braços erguidos em uma ação de bloqueio (veja na imagem abaixo). Era uma distância curta, uma bola rápida, jogador de costas, mas mesmo assim a infração é clara.

Piqué em lance na Copa do Mundo de 2018
Piqué em lance na Copa do Mundo de 2018 Getty Images

Ou seja, diversas análises são feitas ao se considerar uma ação deliberada de mão para marcar uma falta, porém o fato do jogador estar de costas não é determinante.

Analisar os lances de braços/mãos não é simples – os árbitros que o digam. Essa chamada “antecipação mental” é cobrada dos árbitros, que necessitam da habilidade de antever o jogo, a próxima jogada, se antecipar à uma situação, um lance.

Outra questão é a dificuldade nos critérios uniformes em lances “iguais” que deveriam sofrer as mesmas sanções, por exemplo na aplicação de um cartão por um árbitro e não pelo outro em diferentes partidas.

Como sempre digo, não basta só conhecer as regras do jogo, é preciso conhecer de arbitragem, que tampouco basta, pois é fundamental conhecer o futebol e tudo que o envolve.

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Disputa de Avelar com João Paulo e o gol do Corinthians: foto, imagem e até câmera lenta podem distorcer a realidade

Renata Ruel
Renata Ruel

O clássico paulista entre Corinthians e Santos, pela 14ª rodada do Brasileirão, terminou empatado em 1 a 1, entretanto há alguns questionamentos sobre o gol corintiano.

Gil sobe para cabecear na área santista, o árbitro Marcelo de Lima Henrique leva o apito à boca, contudo deixa o lance seguir, na sequência Avelar leva a melhor na disputa da bola com o goleiro santista e marca o gol de empate.

O VAR verifica o lance e ratifica a decisão de campo, o gol. Porém, há fotos do lance circulando nas mídias sociais, trazendo a falsa sensação de falta no goleiro santista, onde o braço de Avelar ao subir para cabecear encosta no braço do goleiro que tenta defender a bola. Já pelo vídeo em velocidade normal é possível observar o contato, porém uma ‘briga’ por espaço, sem intensidade na disputa ou movimento adicional para caracterizar falta.

E não é a primeira vez que foto, imagem congelada ou até mesmo câmera lenta distorce a realidade do lance.

Danilo Avelar, do Corinthians, disputa bola aérea com João Paulo, do Santos
Danilo Avelar, do Corinthians, disputa bola aérea com João Paulo, do Santos Gazeta Press

O lance no qual o árbitro marcou pênalti e depois de olhar o VAR definiu falta fora da área para o Athletico contra o Flamengo, por exemplo, para alguns traz um possível toque na bola em câmera lenta que não deveria ser falta. A jogada em velocidade normal traz outra visão do lance e é importante considerar que há diferença quando o jogador toca somente a bola e depois tem contato com o adversário sem ser faltoso, de quando o jogador atinge bola e o adversário juntos de forma faltosa, ou ainda, após tocar a bola o contato com o jogador da equipe adversária não é de disputa normal e caracteriza falta.

Há vários exemplos de como uma imagem se não for bem analisada dentro de todo o cenário pode alterar o que realmente aconteceu, inclusive lances de expulsões onde ao analisar uma foto e câmera lenta da jogada alguns dizem que o atingido buscou o contato e não ao contrário.

Segundo o protocolo do VAR, a câmera lenta deve ser usada para analisar o ‘ponto de contato’ em relação as infrações físicas e mão na bola, para verificar a ‘intensidade’ é necessário usar a velocidade normal.

Claro que a interpretação faz parte do futebol e muitos lances dividem opiniões, porém é preciso ter muito cuidado e critérios bem definidos ao analisar lances fora do enquadramento geral - através de fotos, câmera lenta - e trazê-los para todo o contexto, desta forma as chances de assertividade aumentarão. Por isso que não basta entender somente de regras ou arbitragem, mas a necessidade de se conhecer também o futebol é cada vez maior.

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Disputa de Avelar com João Paulo e o gol do Corinthians: foto, imagem e até câmera lenta podem distorcer a realidade

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'Braços amarrados' para jogar futebol? A polêmica bola na mão e a opinião de quem vive o futebol

Renata Ruel

Se tem uma regra que causa controvérsia é da mão/braço na bola. Quantos pênaltis marcados onde os árbitros estão apenas cumprindo as orientações que recebem, mas que parece uma posição natural do braço, do movimento do atleta e se torna difícil concordar que a regra entenda tal lance como infração. Regra que muitos acreditam que era mais simples antes, quando o árbitro analisava somente se o jogador teve a intenção ou não de colocar a mão/braço na bola, definida em praticamente uma linha, bem distinta da atual.

O assunto é relevante e polêmico não somente no Brasil, mas no mundo - há quem diga que os jogadores vão passar a jogar com os "braços amarrados". As regras são feitas pela International Board, e os árbitros recebem orientações de suas federações e confederações para aplica-las, porém a dificuldade em se padronizar as marcações pode partir justamente do fato de haver margem para diversas e distintas interpretações, principalmente ao analisar o movimento e a ação do jogador.

Para aprofundar neste assunto tão apitoresco, conversei de forma exclusiva para este blog com Osman, atacante da Ponte Preta; Paulo Calçade, comentarista dos canais Disney;  Rafael Kiyasu, treinador de goleiros do Santos e instrutor da CBF Academy; e com o professor Felipe Arruda, especialista em Biomecânica.

Paulo Calçade vê a necessidade de mudança: "De repente nos tornamos especialistas em biomecânica, capazes de afirmar o que é ou não a posição normal dos braços em relação ao corpo em ações e gestos que jamais experimentamos. Especialmente nos pênaltis, a regra do momento é a normalização do absurdo em prol de comportamentos que geram preocupação e medo nos jogadores. Como disputar uma bola no alto sem usar os braços como apoio para a impulsão e o equilíbrio? Por conta de um tecnicismo equivocado, vários placares são forjados por conta de uma verdade que simplesmente não existe. É hora de consultar os verdadeiros especialistas e mudar!".

Indo de encontro com o pensamento do Calçade, é possível ver a preocupação dos jogadores em relação aos braços nas jogados em campo através da fala do atacante Osman.

Rafael Kiyasu, instrutor da CBF Academy, questiona alguns pontos da regra e exemplifica com movimentos de atletas de outras modalidades: "Pode parecer uma ironia que o texto da regra inicie com a seguinte frase: 'Com o objetivo de determinar com clareza as infrações de mão/braço na direção da bola...'. E as controvérsias do texto não param por aí, principalmente quando a regra fala em braços e mãos em posição antinatural: me pergunto o que seria algo antinatural? Quando falamos e estudamos corpo humano, devemos entender alguns princípios básicos de movimento como, por exemplo, acelerações e desacelerações, tão comuns nos lances decisivos no futebol - nos tornamos instáveis por determinado momento e neste instante os braços tornam-se partes essências do corpo em busca de estabilidade, basta ver como qualquer equilibrista abre os brações para se manter. Até mesmo em movimentos lineares como uma prova de 100 metros rasos - sem curva, sem adversário influenciando seu movimento, sem bola para acertar -, observe o comportamento dos braços com movimentos mais amplos para iniciar o impulso da corrida e braços mais abertos para frear rapidamente o corpo, chamariam isso de movimento antinatural, ou o movimento mais natural possível para impedir que o corpo desequilibre e vá de encontro ao chão?”

Atletas partem para a final dos 100 metros rasos na Olimpíada de Londres em 2012
Atletas partem para a final dos 100 metros rasos na Olimpíada de Londres em 2012 Getty

Chegada da final dos 100 metros com barreiras nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008
Chegada da final dos 100 metros com barreiras nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 Getty

Rafael também discorre sobre a questão da infração por estar com os braços acima da linha do ombro: "Outro movimento é o salto, e outro ponto controverso da regra se dá quando ela fala em braços acima da linha do ombro. O movimento mais 'natural' nesse caso seria que o atleta saltasse com grande auxílio dos braços, principalmente em movimentos de cabeceio. Observe atletas de futevôlei com a tarefa de saltar e cabecear, porém sem adversário influenciando, sem disputa física pelo espaço, ainda sim qualquer jogador terá um forte auxílio, tanto para impulso como para seu equilíbrio e ataque à bola. Como não elevar os braços acima da linha dos ombros em lances como esse?".

Movimento dos braços no futevôlei
Movimento dos braços no futevôlei Arquivo pessoal

"E um último aspecto que acredito ser bem relevante é: somos seres complexos, com milhares de graus de liberdade articular, isso fará com que não se tenha um padrão único e idêntico de movimento de braços entre duas pessoas e nem mesmo a mesma pessoa fará o mesmo movimento em um lance semelhante. Limitar movimentos de braços em ações rápidas limitará não somente performance de qualquer jogador nesses lances decisivos, como também corremos o risco de lesões a partir do ponto que os atletas terão esses movimento de força e potência restringidos", concluiu Kiyasu.

O professor Felipe Arruda Moura, que possui mestrado em Ciências da Motricidade e doutorado em Educação Física, é um dos responsáveis pelo Laboratório de Biomecânica Aplicada da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e também contribuiu com o seu conhecimento sobre o assunto.

Renata Ruel: O que é a biomecânica e como se aplica no futebol? Essa ciência considera movimento natural e antinatural do braço de um jogador?

Felipe Arruda Moura: A Biomecânica é a Ciência que estuda o movimento sob a perspectiva das leis da Mecânica, da Física. Na Biomecânica estudamos as forças que agem no corpo, e seus efeitos. Nas Ciências dos Esportes, incluindo o futebol, a Biomecânica é essencial. É por meio da Biomecânica que, por exemplo, jogadores e árbitros são rastreados para a obtenção de informações sobre distâncias percorridas, faixas de velocidade, acelerações, posição em campo, entre outras. No entanto, uma das linhas de investigação da Biomecânica consiste em estudar os padrões de movimento das pessoas. Conhecendo quais são as características do movimento e sua faixa de variação, é possível identificar quais movimentos fogem do “normal”. É assim, por exemplo, quando desejamos estudar lesões. Sabemos qual é o movimento esperado, e identificamos qualquer variação além dessa faixa. Nesse caso, respondendo à pergunta, é possível identificar esses padrões para cada habilidade motora nos esportes. O problema é que, quanto maior for o nível de habilidade de um indivíduo, como atletas de alto nível, maior é a capacidade dele de variar seus movimentos e ter um padrão individual. Desse modo, para atletas do esporte de elite, a capacidade de variação de movimentos é grande, o que dificulta a definição do que é um movimento natural ou não.

Qual seria a melhor ou mais justa definição nas regras e orientações para os atletas não jogarem com os "braços amarrados ao corpo" sem correrem riscos de uma infração ser assinalada contra a sua equipe, se o movimento que está fazendo é o natural da biomecânica?

Esse é um ponto que requer muita discussão. Criar uma regra que obrigue um atleta a não realizar movimentos que são determinantes em sua função pode ser injusto. Os braços exercem ação fundamental na mecânica de movimento dos atletas, desde a função de gerar momento linear (o que pode ser didaticamente entendido como impulso) como também para ajudar o atleta a estabelecer e reestabelecer o equilíbrio. Assim, entendo que a regra deve buscar punir aqueles que deliberadamente desejam se beneficiar da infração, colocando a mão na bola ou aumentando sua área de ação. O problema é, de acordo com as orientações da regra, entende-se que se o jogador estiver com os braços muito afastados ou acima do ombro ele está deliberadamente aumentando sua área de ação, o que não é sempre verdade. Para correr, saltar, dar um carrinho, fazer um grande afastamento das pernas para um desarme, o jogador muitas vezes precisa colocar os braços nessas posições, ou terá um desempenho muito menor, o que pode ser injusto. O exemplo mais claro disso é que, quando caminhamos, os cotovelos estão estendidos, mas para correr, nossos cotovelos ficam flexionados. Trata-se de uma demanda da corrida e nos indica que cada movimento pode exigir uma posição específica dos membros superiores. Portanto, é essencial que os profissionais que atuam no futebol, incluindo árbitros e os próprios jogadores, conheçam os padrões de movimento das ações motoras para compreender como os atletas executam o movimento.

O pênalti marcado do Thiago Silva, na final da Copa América de 2019, contradiz a regra na questão do braço de apoio. O carrinho é permitido pela regra, desde que não seja de forma imprudente, temerária ou com uso de força excessiva, e observamos uma imagem do material da Fifa considerando o braço de apoio como não infração, mas se a bola bater no braço que está erguido uma infração deverá ser assinalada, em função do jogador ampliar o espaço corporal e assumir o risco de bloquear a passagem da bola. As posições de ambos os braços fazem parte da biomecânica do jogador em uma ação, carrinho, que é permitida pela regra ou realmente ou não?

Thiago Silva intercepta bola com a mão apoiada no chão na final da Copa América 2019
Thiago Silva intercepta bola com a mão apoiada no chão na final da Copa América 2019 Getty Images

Situação similar à de Thiago Silva
Situação similar à de Thiago Silva Reprodução Fifa

Acredito que as duas imagens nos dão uma clara ideia do que é o padrão de movimento do atleta. Dois jogadores de alto nível, de diferentes nacionalidades, executam a ação motora com características muito semelhantes. Um dos membros superiores fica afastado do corpo, mas serve para apoio no gramado, o que de acordo com a FIFA não é uma infração. Porém, se observarmos o outro, vemos que ambos os jogadores apresentam o mesmo padrão, o que se identificado em vários outros carrinhos, pode representar claramente um padrão, um movimento natural. Desse modo, penalizar o atleta pode ser injusto uma vez que o mesmo precisa dos membros nessa posição para conseguir minimamente executar o movimento. Cabe à FIFA decidir se é isso que ela deseja. Se for, a escolha do atleta em executar o carrinho dentro da área, por mais necessário que seja, será sempre um risco.

Em um movimento do jogador ao saltar (braço acima da linha do ombro segundo a regra é infração), girar, mudar de direção, ao ir disputar a bola com o adversário, ao se posicionar em uma ação de bloqueio ou até mesmo na corrida, quais os fatores que a Regra do Jogo e as orientações aos árbitros devem levar em considerações para se marcar ou não uma infração? O que é o braço para o equilíbrio do corpo do atleta ao se movimentar?

Os árbitros devem considerar que os braços exercem função fundamental para que os atletas consigam executar o movimento com excelência. Vamos usar a corrida para exemplificar essa importância. Para dar um passo durante a corrida, colocamos um dos nossos membros inferiores para frente. Esse movimento geraria uma grande rotação do corpo inteiro, o que não é o objetivo porque queremos nos deslocar para frente. Para compensar e gerar um equilíbrio, no lado oposto também movimentamos os membros superiores para frente. Assim, um movimento anula o outro e o atleta não gira, mas sim se desloca para frente com um gasto energético muito menor. A mesma interpretação serve para todos os outros movimentos. Não há como saltar com a máxima potência do atleta se ele não utilizar o movimento dos braços. Não há como executar um carrinho com excelência e segurança sem utilizar os braços para apoio ou gerar equilíbrio. Nesse ponto, reforço a importância de capacitação em Biomecânica para que os personagens envolvidos nessa avaliação no futebol saibam quais são as características do movimento. O grande problema é que, ter uma ideia do padrão de movimento para ações mais recorrentes, como correr, chutar, saltar, é até possível. No entanto, para movimento atípicos, como muitas vezes ocorre em lances polêmicos, definir o que é natural ou não é muito questionável. Nesse aspecto, caberá ao árbitro a interpretação do lance, e caberá aos jogadores, comissão técnica, torcedores e jornalistas respeitá-lo, concordando ou não com sua posição.

Vamos com exemplos de lances polêmicos e o que a Biomecânica nos mostra sobre esses lances no Brasileirão: Santos x Atlético-MG, Junior Alonso; Bragantino x Palmeiras; e Fluminense x Corinthians, Bruno Méndez.

Lances polêmicos de bola na mão/mão na bola no Brasileirão
Lances polêmicos de bola na mão/mão na bola no Brasileirão Reprodução

A partir das imagens, chegar a uma conclusão se esse movimento representa o padrão normal ou se o atleta fez a ação deliberada para aumentar o espaço de ação, é um grande desafio e questiono se nesse momento haveria uma solução tecnológica que contemple todas as situações. O que nesse caso, de um movimento atípico, representaria um movimento natural? Não temos uma resposta definitiva. Além do que foi explicitado acima, sobre a mecânica padrão de movimento, é preciso verificarmos a velocidade com que todo evento ocorre. Se o atleta já estava com aquela posição dos braços por um grande período, pode ser que ele o estivesse fazendo deliberadamente para ganhar vantagem. No entanto, em eventos extremamente rápidos, provavelmente não há ação deliberada. O tempo de reação de uma pessoa é da ordem de 200 milissegundos, logo, qualquer ação abaixo desse tempo não representa uma reação do atleta ao movimento de seu adversário. Nesse caso, câmeras com boas resoluções espaciais e temporais dariam bons indicativos, mas não acredito que chegariam a uma conclusão definitiva. Nesses casos, particularmente, acredito na interpretação do árbitro que certamente possui uma vasta experiência para a tomada de decisão.

Texto livro de Regras do site da CBF

Regras da CBF sobre bola na mão/mão na bola
Regras da CBF sobre bola na mão/mão na bola Reprodução

Entre as orientações recebidas pelos árbitros para nortear as Regras e facilitar as análises, algumas considerações são fundamentais para discernir o que marcar ou não: posição natural ou antinatural; distância curta ou longa, havia tempo para uma ação;  bola vem do adversário ou de um companheiro; bola vem de forma inesperada, fator surpresa, mudança de direção; mão voluntária ou acidental; o jogador estava em ação de disputa ou bloqueio no momento do toque? Se sim, ampliando o espaço corporal?

As regras e as orientações, assim como os árbitros e todos que trabalham com o futebol, necessitam entender, conhecer e considerar tudo que envolve a prática da modalidade, inclusive os movimentos dos atletas para o esporte se tornar simples e justo.

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Brighton x United: Sim, é inusitado dar pênalti após o jogo encerrado! Mas a regra foi cumprida à risca

Renata Ruel

Em fato inusitado, mas permitido por regra e protocolo, o árbitro de vídeo (VAR) entrou em ação mesmo com o duelo Brighton x Manchester United já encerrado neste sábado (26). 

É que nos acréscimos, a bola estava dentro da área do time da casa após cobrança de escanteio, Maguire cabeceou em direção ao gol, e Maupay ampliou o espaço corporal com o braço esquerdo aberto, tocando a bola e impedindo um ataque promissor. 

Assista ao lance polêmico no vídeo abaixo


Em campo, o árbitro Chris Kavanagh não viu, apesar de ser um lance claro, e encerrou a partida logo na sequência do lance.

Contudo, há o VAR, e o protocolo permite que a jogada seja revisada mesmo após o apito final, seja da primeira ou da segunda etapa, se não houve tempo hábil de fazê-la ainda com a bola em jogo. 

Sendo o fato ocorrido de forma pitoresca nesta partida, o VAR checou, entendeu como infração e sugeriu a revisão ao árbitro, que, após checagem no monitor, assinalou a penalidade. 

A regra ainda prevê que: “Se um tiro penal tiver de ser executado ou repetido, a duração de cada período deve ser prolongada até o pênalti ser concluído.” 

Ou seja, a regra e o protocolo foram cumpridos à risca pela equipe de arbitragem.

Árbitro Chris Kavanagh checa o VAR antes de assinalar pênalti para o United após ter encerrado o jogo
Árbitro Chris Kavanagh checa o VAR antes de assinalar pênalti para o United após ter encerrado o jogo John Sibley/Getty Images


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Brighton x United: Sim, é inusitado dar pênalti após o jogo encerrado! Mas a regra foi cumprida à risca

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Fato histórico: Libertadores com mulheres em campo

Renata Ruel
Renata Ruel
Mariana de Almeida durante Estudiantes x Lujan pela Copa da Argentina
Mariana de Almeida durante Estudiantes x Lujan pela Copa da Argentina Getty Images

As mulheres da arbitragem estão, finalmente, ganhando espaço no futebol masculino e agora terão sua vez na Libertadores.

Após alguns árbitros testarem positivo para COVID-19, inclusive a equipe brasileira que seria comandada por Anderson Daronco, a Conmebol realizou as alterações em dois jogos e com uma grande novidade: duas mulheres para serem assistentes.

Com essa troca de arbitragem foram escaladas Mariana de Almeida, na partida entre Racing (ARG) e Nacional (URU), e Daiana Milone, no jogo Defensa y Justicia (ARG) x Delfín (ECU). Ambas são argentinas e atuarão como assistentes.

É importante registrar que o regulamento da Conmebol permite que árbitros atuem em jogos de seus países.

A escala é histórica, entretanto, não será a primeira vez que uma mulher irá bandeirar a Copa Libertadores. A paulista Ana Paula Oliveira atuou em dois jogos por esta competição, em 2006, e pelas oitavas de final nas partidas de ida e volta entre Palmeiras e São Paulo.

As mulheres também têm trabalhado como assessoras pela Conmebol. Nomes como Silvia Regina, Ana Paula e Regildenia Moura estão nas escalas para avaliarem os árbitros.

O cenário geral é bem otimista para a categoria feminina. Edina Alves, em 2019, esteve na Copa do Mundo masculina sub-17. Nas grandes ligas masculinas da Europa observa-se mais oportunidades e, aqui no Brasil mesmo, nos jogos da CBF, nas séries de A à D, nunca se viu antes tantas mulheres escaladas no apito e na assistência.

Que seja o início de uma nova era, pois lugar de mulher é onde ela quiser e temos muitas profissionais competentes para trabalharem em todas as áreas do futebol, não só na arbitragem.

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Nove pênaltis e oito expulsões: que rodada foi essa do Brasileirão!

Renata Ruel
Renata Ruel
Tiago Volpi observa pênalti batido por Artur durante São Paulo x Red Bull Bragantino
Tiago Volpi observa pênalti batido por Artur durante São Paulo x Red Bull Bragantino Getty

A 9° rodada do Brasileirão contou com nove penalidades marcadas e oito expulsões de jogadores. E, acredite, a maioria marcada em campo, não pelo VAR.

A arbitragem decidindo em campo, o árbitro fazendo revisão em poucos lances. Foi isso o que ocorreu nessa rodada do Brasileirão e que os amantes do futebol tanto pedem.

Veja como foi:

- Athletico 1 x 1 Botafogo: 2 pênaltis assinalados, um para cada time e no campo de jogo. O VAR sugeriu revisão ao árbitro no pênalti marcado a favor da equipe do Athletico no final do jogo, entretanto, a decisão de campo foi mantida e ,na minha opinião, dois pênaltis bem marcados;

- Fortaleza 1 x 0 Sport: vitória com gol de pênalti, marcado em campo e de forma assertiva;

- Goiás 3 x 3 Coritiba: além da quantidade de gols, o jogo contou com 2 penalidades e 2 expulsões com decisões do árbitro em campo, sem auxílio do VAR, lances capitais sendo decididos no gramado;

- São Paulo 1 x 1 Bragantino: 2 pênaltis, o primeiro foi no VAR, mas com certo grau de dificuldade para a arbitragem ver em campo; o segundo o árbitro marcou em campo, ambos a favor da equipe de Bragança e bem marcados;

- Santos 3 x 1 Atlético-MG: uma expulsão logo nos primeiros minutos de jogo, com o VAR checando e mantendo a decisão; mais duas expulsões de membros das comissões técnicas, um de cada time; um pênalti marcado com auxílio do árbitro de vídeo;

- Corinthians 0 x  2 Palmeiras:  um pênalti e duas expulsões muito bem aplicadas pelo árbitro em campo;

- Bahia 0 x 2 Grêmio: uma expulsão para cada lado;

- Vasco 1 x 2 Atlético-GO: após verificar o VAR, o árbitro expulsou de forma correta o jogador vascaíno. 

Foi perfeita a rodada para a arbitragem? Não, e nunca será, pois são humanos sujeitos a erros. Há quem reclame, principalmente de dois pênaltis não marcados na partida entre Santos e Atlético Mineiro, um para cada equipe. Porém, no geral, foi uma rodada muito positiva para a arbitragem, na qual as decisões, em grande parte, foram tomadas em campo de jogo e de forma assertiva.

No dia do árbitro, 11 de setembro, os árbitros, que sempre são muito criticados, precisam ser parabenizados.

E deixo registrada a minha eterna gratidão à arbitragem, por tudo o que me proporcionou e ainda proporciona. Parabéns a todos os árbitros, árbitras e quem os respeita.

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Margem de erro do VAR pode ser de 10 cm a meio metro, explica especialista em tecnologia de rastreamento

Renata Ruel

Em uma reportagem de agosto de 2019 sobre a Premier League, o jornal Daily Mail mostrou que a tecnologia do árbitro de vídeo (VAR) pode ter situações de erro que podem chegar a até 38 centímetros na linha de impedimento.

Em entrevista exclusiva ao blog, o professor Felipe Arruda Moura - um dos responsáveis pelo Laboratório de Biomecânica Aplicada da Universidade Estadual de Londrina (UEL) - fala sobre o VAR (árbitro de vídeo) e as limitações que a ferramenta tecnológica possui.

Renata Ruel: Como é o estudo desenvolvido por vocês no Laboratório de Biomecânica Aplicada?

Felipe Arruda Moura: Somos um grupo de pesquisa do Departamento de Ciências do Esporte da Universidade Estadual de Londrina cujo foco é a análise do movimento humano por meio das leis da Mecânica da Física. Trabalhamos com análises de movimento em ambientes laboratoriais e em campo, particularmente de esportes de alto nível durante competições. Em conjunto com pesquisadores da Unicamp, Usp, Noruega, Alemanha, Japão e outros, desenvolvemos modelos matemáticos e computacionais para análise de desempenho físico, técnico e tático de atletas.

O VAR (árbitro de vídeo) é uma ferramenta de rastreamento, como se fosse um GPS. Como esses sistemas funcionam?

Os principais sistemas de rastreamento do mundo podem ser divididos em duas classes: aqueles que necessitam que jogador porte algum dispositivo, como o GPS que constantemente vemos nos jogos, com jogadores utilizando top esportivo para o equipamento, ou a partir de vídeos, utilizando ferramentas de visão computacional, das quais, algumas delas, o VAR utiliza.

O GPS determina a posição do jogador em campo por meio da comunicação com satélites. Para isso, é preciso que o dispositivo se comunique com pelo menos 3 satélites para que seja possível realizar um procedimento chamado de triangulação. A qualidade da medida depende, além da frequência com que o sistema opera (número de registros por segundo), da quantidade de satélites conectados. Esse é um grande problema, uma vez que a maior parte dos estádios possuem as arquibancadas perto do campo (arenas, por exemplo) e prédios que prejudicam muito a coleta de informações. Algumas empresas criaram sistemas de posicionamento local por radiofrequência. Antenas são instaladas no estádio, simulando os satélites, e a comunicação com o dispositivo do jogador é garantida, com muito maior qualidade.

Árbitro checa o VAR durante jogo entre Santos e Vasco, pelo Brasileiro
Árbitro checa o VAR durante jogo entre Santos e Vasco, pelo Brasileiro Getty

Já os sistemas de rastreamento baseados em vídeo reportados nas pesquisas científicas utilizam visão computacional para a detecção da posição do jogador na tela. Uma das formas é a partir da segmentação da imagem, processo que identifica na tela quem é o jogador, determina os pixels (pequenos elementos da imagem) que o representam na imagem, calcula o seu centro e estima a posição do atleta projetando esse centro no pixel mais baixo, conforme a imagem abaixo.

Em seguida, são feitos os procedimentos chamados de calibração e reconstrução bidimensional, que exigem a determinação de medidas no campo (apenas as medidas oficiais do campo não são suficientes, pois há variações). Esses procedimentos transformarão as coordenadas de tela do jogador em coordenadas reais, em metros. A partir daí, temos quantitativamente a informação que precisamos, ou seja, a posição do atleta em campo.

Tese de doutorado de Milton Shoiti Misuta – Universidade Estadual de Campinas
Tese de doutorado de Milton Shoiti Misuta – Universidade Estadual de Campinas Arquivo pessoal

Esses sistemas são 100% confiáveis, altamente precisos ou contêm uma margem de erro?

Não existe nenhum sistema que não possua erro de medida, o que que não é um problema. Na Ciência, lidamos com erro de medida constantemente. Para publicar nossos estudos em grandes periódicos internacionais, por exemplo, os revisores nos questionam sobre os erros de medida. Se os nossos erros de medida possuem uma margem que seja aceitável para o fenômeno que pretendemos analisar, o artigo é aceito na literatura.

Na literatura, os sistemas que apresentam os maiores problemas de medida de posição são os GPS esportivos, com erros que chegam a mais de 50 cm (sim, meio metro!), o que inviabiliza sua utilização para uma série de análises que realizamos em nosso grupo. Já os sistemas de posicionamento local, com antenas instaladas nos estádios, são os que apresentam as melhores medidas, com erros ao redor de 10 cm.

Como sistema intermediário, está o sistema de vídeo que, se seguido rigorosamente procedimentos específicos de posicionamento de câmeras, resolução da imagem, detecção correta do jogador na imagem, calibração e reconstrução bidimensional de altíssima qualidade, entre outros, podem apresentar erros ao redor de 30 cm. Em esportes como o futsal e tênis, por ocorrerem em espaços menores, chegamos a erros de aproximadamente 10 cm.       

Essa margem de erro pode ser ainda maior pelo fato da ferramenta ser manipulada seres humanos? Por exemplo, a linha do impedimento será traçada no ponto do corpo do jogador o qual o árbitro acreditar estar mais próximo da linha de fundo.

Todos os sistemas existentes atualmente possuem, em algum procedimento, operação humana, conforme dito anteriormente: posicionamento das câmeras, medidas no campo, qualidade da reconstrução bidimensional, entre outros. No final, a medida apresentada sempre será uma combinação entre erros aleatórios (em linhas gerais, flutuações da própria medida) e sistemáticos (tendência do instrumento em superestimar ou subestimar a medida).

Projetos FAPESP de pesquisa (16/50250-1, 2017/20945-0, 2018/19007-9, 2019/16253-1, 2019/17729-0, #2019/22262-3), de Paulo Santiago (USP), Sergio Cunha
Projetos FAPESP de pesquisa (16/50250-1, 2017/20945-0, 2018/19007-9, 2019/16253-1, 2019/17729-0, #2019/22262-3), de Paulo Santiago (USP), Sergio Cunha Arquivo pessoal

O fato de se utilizar a linha traçada a partir de um ponto do jogador é certamente o fator mais preocupante, por termos como referência apenas um plano da imagem. Com apenas uma imagem, somente uma análise bidimensional é possível, o que nesse caso certamente incidirá em erro de perspectiva. Por melhor que seja a posição da câmera, qualquer flutuação no nivelamento da câmera, rotação do eixo da câmera, e o fato dos jogadores estarem um pouco à frente ou para trás do centro ótico da câmera já podem consideravelmente aumentar o erro de medida. Se essa imagem estiver ainda mais distante, mais preocupante se torna em função da dificuldade de se medir na imagem qual é a parte do corpo mais próximo da linha de fundo.

Em Biomecânica, para determinar a posição tridimensional de uma parte do corpo do jogador são necessárias pelo menos duas câmeras filmando exatamente o mesmo evento, no mesmo instante de tempo. Além disso, é preciso realizar uma calibração tridimensional, que implicaria em registrar e extrair medidas de pontos elevados no campo de futebol.

Atualmente, pode-se utilizar informações tridimensionais coletadas a partir de segmentos identificados por Inteligência Artificial, conforme imagem abaixo, de pesquisas de universidades brasileiras e instituições internacionais parceiras. A expectativa é que o erro caia para margem de poucos centímetros.  Sabe-se que a FIFA tem buscado uma tecnologia semelhante, mas, até onde sabemos, o VAR no Brasil não se utiliza desse sistema.

Com base no seu conhecimento, qual solução seria mais viável para o VAR dentro da margem de erro, principalmente em lances ajustados como os impedimentos no gol do São Paulo contra o Atlético Mineiro e nos gols anulados do Santos contra o Flamengo, pelo Brasileirão 2020?

Após Atlético-MG x São Paulo, Renata Ruel explica em detalhes como VAR traça linhas e diz: 'No impedimento, não é uma ferramenta 100%'

Inicialmente, é preciso identificarmos a margem de erro do VAR. A partir de alguns exemplos de coletas validadas por um sistema tridimensional, seria possível identificar, em média, quantos centímetros o VAR pode errar.

Identificada a margem de erro do VAR, se durante a partida houver uma situação em que a medida identificada pelo VAR esteja dentro da margem de erro, trata-se de um caso no qual não podemos afirmar que um jogador está de fato em impedimento ou não. Nesse caso, conhecendo os valores do VAR, os responsáveis pelas equipes e a CBF poderão entrar previamente em consenso: ou prevalece a decisão do árbitro ou prevalece a decisão do VAR, mesmo cientes de que a situação analisada está dentro da margem de erro, mas com a certeza de que o erro não terá intenção de privilegiar ninguém.    

Quais suas considerações finais sobre o VAR?

Como cientista, serei sempre um defensor da tecnologia que busca tornar a competição mais justa e ética. No entanto, lidar com o esporte de alto nível, ao vivo, exigirá sempre uma combinação entre o que é ideal e o que é possível. Ter medidas com margem milimétrica, mas que demorariam 10 minutos para serem extraídas, é inviável, por exemplo. Da mesma forma, medidas rápidas, mas que possuem grandes erros, são contraproducentes.

Acredito que o VAR é uma importante contribuição para a melhoria da arbitragem no futebol, mas os jogadores, equipes, imprensa e torcedores precisam entender que sempre haverá uma margem de erro, por menor que ela seja, e aceitar as decisões tomadas segundo critérios pré-definidos entre clubes e CBF. Para que o esporte seja cada vez mais justo, é preciso que a ferramenta continue sendo aperfeiçoada em conjunto com cientistas, e que os operadores do sistema tenham a formação necessária em Biomecânica e Ciências da Computação. Certamente, as universidades brasileiras estão à disposição para colaborar.

O Prof. Felipe Arruda Moura possui mestrado em Ciências da Motricidade pela UNESP e doutorado em Educação Física pela UNICAMP. Atualmente é professor-adjunto do Departamento de Ciências do Esporte da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e atua como orientador (mestrado e doutorado) e vice-coordenador do Programa de Pós-graduação Associado em Educação Física. Tem experiência na área de Educação Física e Ciências da Saúde, com ênfase em pesquisas voltadas para a biomecânica aplicada ao esporte e exercício, desenvolvimento de tecnologias para a Saúde e Esporte, modelos matemáticos e computação aplicados ao esporte e processamento de sinais biológicos.

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Margem de erro do VAR pode ser de 10 cm a meio metro, explica especialista em tecnologia de rastreamento

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Impedimento: o jogador deve ser punido por estar com 'um cabelo' à frente ou deixar seguir o lance seria o ideal?

Renata Ruel
Renata Ruel

Após Atlético-MG x São Paulo, Renata Ruel explica em detalhes como VAR traça linhas e diz: 'No impedimento, não é uma ferramenta 100%'


Aquele tal impedimento que se o atacante calçar 43 e o zagueiro 41 a infração ocorrerá, se a ponta do nariz do zagueiro estiver mais próximo da linha de fundo vai dar condições para o atacante.

Esse é o típico lance que se o árbitro assistente acertar no campo tem que ser exaltado e agradecer o cara lá de cima, que não é o da cabine do VAR. Por experiência própria digo que há lances dificílimos no campo para os bandeirinhas.

Entretanto, estamos na era do VAR, a ferramenta que traça as linhas para não haver dúvidas em relação a posição dos jogadores, correto?

O VAR é manipulado por seres humanos, que são passíveis de cometerem erros, até mesmo em lances de impedimentos, que são, na grande maioria, factuais, não precisando de interpretação.

Não estou dizendo que o VAR errou ou acertou no gol anulado do São Paulo contra o Atlético-MG, porém que erros podem ocorrer, sim, como já vimos, por exemplo, no gol anulado do Ceará contra o Palmeiras, pelo Brasileiro de 2019. Ali, foi possível ver que o frame escolhido para o primeiro toque na bola pelo jogador do Vozão foi equivocado, o que alterava a posição do atacante.

No gol anulado da equipe do Morumbi, a foto disponibilizada mostra a linha vermelha, que representa o atacante, sobreposta à azul, que pertence ao defensor, pelo protocolo isso significa que o atacante está em posição de impedimento, porém provavelmente por milímetros.

Ainda sobre imagem que veio à público, não é possível ver todo o corpo do jogador são-paulino, contudo é importante informar que o VAR possui mais câmeras, inclusive de ângulo invertido, a qual possibilita uma imagem do corpo todo.

O VAR vai analisar três pontos chaves para o impedimento da equipe do Morumbi: a batida na bola do atacante no momento do passe, a parte do corpo defensor que está mais próxima à linha de fundo e fazer exatamente o mesmo com o corpo do atacante.

E é aí que pode ou não ocorrer uma falha humana, principalmente em lances ajustados: se o frame na bola não for o correto; se o ponto traçado em um dos jogadores ou em ambos não for exatamente o local do corpo que estava mais próximo à linha de fundo. Isso pode alterar sim uma posição legal para uma infração ou vice-versa.

Árbitro checa o VAR durante jogo entre Santos e Vasco, pelo Brasileirão
Árbitro checa o VAR durante jogo entre Santos e Vasco, pelo Brasileirão Miguel Schincariol/Getty Images

Está em estudo uma tecnologia semiautomática para ser utilizada pelo VAR no tracejo dessas linhas, porém não é tão simples assim, justamente pelo fato, por exemplo, de nem todos os jogadores calçarem o mesmo número. Enquanto isso o impedimento do VAR seguirá sendo feito pelos árbitros e técnicos da ferramenta e estará sim sujeito a erros mesmo em lances factuais, não gerando 100% de exatidão.

Se um árbitro pedir para o técnico traçar a linha no mesmo jogador na ponta do nariz e outro na ponta do joelho ou, até mesmo, ambos os árbitros enxergarem cada que a ponta do nariz é um local diferente tudo pode ser alterado em um mesmo lance.

Assim como não se pode crucificar um erro por poucos centímetros do assistente em campo, também não se pode fazê-lo com o VAR. Todavia, nos dois casos o equívoco pode ocorrer, tendo a ferramenta tecnológica uma margem menor de erro.

A regra do impedimento é, sim, factual em relação à posição, se uma parte do corpo do atacante, exceto os braços ou mãos, estiver à frente do penúltimo ou os dois últimos defensores ou da linha da bola (quando essa for a referência), mas nem sempre é fácil trazê-la para a realidade do jogo.

Mas qual decisão deve prevalecer em lances assim, do campo ou do VAR? O jogador deve realmente ser punido por estar com "cabelo" à frente ou deixar seguir o lance seria o ideal? A Internacional Board está estudando mudanças para essa regra, quem sabe teremos novidades.

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Pênalti para o Cruzeiro? Pênalti para o Barcelona? Onde estava o VAR?

Renata Ruel

Copa do Brasil,, semifinal da Champions League Feminina, a ausência do VAR em jogos e competições gera questionamentos sobre a ferramenta que tem alto custo, mas se torna cada dia mais essencial para o futebol.

A Copa do Brasil é uma competição em que todos os jogos se tornam decisivos em função de ser o famoso “mata-mata” e o VAR só entra em cena nas últimas fases, diferente do Brasileirão em que se faz presente em todos os jogos.

A Copa do Brasil voltou a ser disputada, após a paralisação em função da pandemia, o Cruzeiro está fora da competição ao empatar em 1 a 1 com a equipe do CRB, o time alagoano havia vencido a primeira partida por 2 x 0. O Cruzeiro reclama de uma possível penalidade não marcada a seu favor, onde há uma disputa entre o atacante Maurício, do Cruzeiro, e o goleiro mais o zagueiro, do CRB. O árbitro em campo tem uma única imagem, sem direito a replay, no caso estava bem posicionado e com clara visão do lance. Vejo o goleiro sair de forma imprudente do gol, mas atingindo primeiro o seu zagueiro, já o atacante depois de tocar a bola pisa no pé do goleiro, se desequilibrando e caindo inclusive para trás. Ou seja, na minha visão, a penalidade não ocorre em função do Maurício se desequilibrar ao pisar do goleiro, onde poderia ter sido até marcada uma falta do atacante. E acredito que essa deve ter sido a visão do árbitro em campo.

Por ser um lance que cabe interpretações, não há erro claro e óbvio, mas sem dúvida que o VAR poderia ajudar através da tecnologia avançada e com ângulos distintos não somente neste jogo como em tantos outros.

Em relação à Champions League Feminina, a questão não é somente não ter o VAR nos jogos da semifinais que aconteceram nessa semana, onde um polêmico lance de pênalti para o Barcelona no jogo contra o Wolfsburg aconteceu, mas principalmente pela diferença da importância dada a Champions Masculina, na qual o VAR esteve presente, em comparação com a Feminina.

Na jogada polêmica, depois da cobrança de escanteio e um desvio no meio do caminho, a bola tocou do braço da zagueira da equipe alemã, que se encontrava aberto, ampliando o espaço corporal. Esse toque, além de rápido, ocorreu no braço que estava virado para a linha de fundo, ou seja, dificultando a visualização do lance pela árbitra e a penalidade não foi assinalada. Com o VAR, provavelmente a jogada seria revista e a equipe catalã um pênalti a seu favor.

Um dos princípios do futebol é a igualdade, algo que o VAR até o momento não trouxe em função do seu alto custo. Mas como escolher ou optar por qual competição usar a ferramenta ou não, já que o grau de importância e a igualdade deveriam ser os mesmos? Sabemos que nem o VAR será capaz se acabar com as polêmicas, porém que ajuda à corrigir erros, não se pode negar.

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Pênalti para o Cruzeiro? Pênalti para o Barcelona? Onde estava o VAR?

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Pênaltis marcados ou não em campo e o silêncio do VAR

Renata Ruel

O Brasileirão está em sua quarta rodada e as decisões polêmicas dos árbitros seguem sendo assunto, porém com uma atuação mais discreta do VAR em alguns lances.
No jogo Athletico-PR x Palmeiras, a equipe paranaense reclama de um pênalti não marcado, pelo árbitro Caio Vieira, de Patrick de Paula no Cittadini. Na minha opinião penalidade, pois o jogador palmeirense faz uma carga nas costas do atacante de forma ilegal, ou seja, faltosa. Seria a chamada “faltinha”, mas faltinha também é falta e deve ser marcada seja fora ou dentro da área.

No jogo de Corinthians x Coritiba, um pênalti assinalado pelo árbitro Bráulio Machado à favor da equipe paulista foi muito contestado. Não vejo contato faltoso no lance, não há “cama de gato”, empurrão,  carga ou um segurar. Ocorre um contato de jogo, que não caracteriza infração na minha visão.

A semelhança nos dois lances é o fato do VAR manter a decisão de campo em ambos. O protocolo exige a checagem pela equipe da cabine em lances de área, ou seja, possíveis penalidades, porém, diferentemente do ano passado, observa-se uma interferência menor das equipes de árbitros de vídeos. Isto significa  que o VAR está mantendo a decisão do campo em lances “interpretativos”, onde não há, na maioria das vezes, erros claros e óbvios.

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O pênalti de Rhodolfo, do Coritiba sobre Arrascaeta, do Flamengo, pela terceira rodada, onde o jogador flamenguista é seguro e há impacto no seu movimento, é o típico lance a ser visto e marcado no campo, algo que não ocorreu. Este lance ainda traz a questão se o erro foi claro e óbvio, qual o motivo de o VAR não chamar? O árbitro em campo deve narrar ao árbitro de vídeo o que viu do lance. 

Exemplificando: “Vi uma carga não faltosa, na sequência um segurar que não foi o suficiente para dificultar o movimento do jogador. Então, para mim, lance normal.”. A cabine analisa a imagem, vê as mesmas coisas, porém entende que há infração. O que vai adiantar sugerir a revisão do árbitro se a imagem de vídeo vai mostrar o que ele viu em campo, mas interpretou que não houve infração? Absolutamente nada, isto é, mantém a decisão de campo e se houve divergências nas opiniões significa que o erro pode não ser tão claro e óbvio assim.

VAR em silêncio, agindo somente em erros claros é o que diz o protocolo e tanto foi pedido o ano passado. A ferramenta não veio para zerar os erros ou legitimar resultados injustos, mas diminuí-los.

Contudo, a qualidade e os acertos da arbitragem em campo terão que ser superior ao que vemos. Os assistentes ainda poderão se escorar no VAR, se errar em campo o vídeo irá corrigir por ser factual, já os árbitros precisarão realmente tomar decisões assertivas em campo, esquecendo o “VAR dependência”.

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No 'novo normal', a arbitragem segue com os 'erros normais'

Renata Ruel
Renata Ruel
Kaio Jorge em ação durante o jogo Internacional x Santos
Kaio Jorge em ação durante o jogo Internacional x Santos Santos

O futebol voltou no nosso “novo normal” em função da pandemia, mas a arbitragem continua cometendo alguns “erros normais”, ou melhor, antigos.

Internacional e Santos se enfrentaram pela segunda rodada do Brasileirão e a equipe santista teve o gol de Kaio Jorge anulado pelo VAR por ocorrer um toque de mão acidental do atacante. Realmente, a regra não permite um gol oriundo ao toque de mão/braço. A questão é que Marcelo Lomba, goleiro do Inter, ao disputar a bola com Kaio Jorge, o acerta com a perna na região do abdômen e a bola com os braços, cometendo uma infração dentro da área na minha visão, ou seja, pênalti. Em campo, o gol foi dado, porém a revisão do VAR anulou pelo toque no braço factual. O ponto a ser discutido é: por quê o VAR não sugeriu a revisão ao árbitro para analisar a ação da perna do goleiro no atacante? 

Quando cito “erros normais" estou me referindo ao gol anulado do Palmeiras contra o mesmo Internacional, porém em 2019, onde a bola bate no braço do Willian e na sequência Bruno Henrique faz o gol. Willian havia sofrido falta no lance e, após revisão do VAR, o gol foi corretamente anulado. Entretanto, o jogo foi reiniciado com bola ao chão, ao invés de falta para o Palmeiras.

O gol do Santos foi corretamente anulado, mas faltou a revisão para analisar a possível penalidade, que na minha visão ocorreu. Ou seja, nos dois lances citados, o foco ficou somente no braço/mão factual, e a arbitragem não teve a sensibilidade de analisar o lance como um todo e reiniciar da forma correta: um pênalti para o Santos e uma falta para o Palmeiras.

É compreensível ser começo de campeonato e a arbitragem sentir falta de ritmo, assim como os jogadores. Porém, as equipes de arbitragem, atualmente, são compostas por quatro árbitros em campo e mais três no VAR, totalizando sete pessoas e monitores de vídeos para rever as jogadas. Alguém precisa estar atento para não deixar nada passar.

Que no “novo normal", os erros passados sejam aprendidos.

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No 'novo normal', a arbitragem segue com os 'erros normais'

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Apesar de 'veto' do Palmeiras, árbitros de polêmica final de 2018 são escalados contra o Corinthians

Renata Ruel

A final do Paulistão 2018 ficou marcada na história, mas não simplesmente pelo título corintiano, e sim pela grande polêmica que envolveu a equipe de arbitragem.

Árbitro Marcelo Aparecido conversa com jogadores de Corinthians e Palmeiras na final do Paulista de 2018
Árbitro Marcelo Aparecido conversa com jogadores de Corinthians e Palmeiras na final do Paulista de 2018 Gazeta Press

Naquele jogo não havia VAR, e após a marcação de pênalti em Dudu, o juiz Marcelo Aparecido voltou atrás na sua decisão alegando que o quarto árbitro (Adriano Miranda) o avisou do erro - e muitos acreditam que possa ter ocorrido uma interferência externa, algo proibido pela regra.

Os árbitros assistentes daquele jogo eram Anderson Moraes Coelho e Daniel Paulo Ziolli (veja abaixo a escala completa). O Palmeiras, após o ocorrido, solicitou que essa equipe de arbitragem fosse vetada em seus jogos.

Escala de arbitragem da segunda partida final do Paulistão de 2018
Escala de arbitragem da segunda partida final do Paulistão de 2018 Reprodução FPF

Para o primeiro confronto da final do Paulistão 2020 entre Corinthians e Palmeiras, além da escalação do árbitro Raphael Claus após suas recentes polêmicas, os dois assistentes da final de 2018 também foram escalados.

Ou seja: o primeiro jogo da final contará com Claus no apito, Daniel Ziolli como assistente 2 e Anderson Moraes como quinto árbitro (ambos estavam na final de 2018), juntamente com Vinicius Gonçalves de quarto árbitro (apitou a semifinal Corinthians 1x0 Mirassol) e Thiago Peixoto como responsável pelo VAR (mesma função que exerceu no jogo RB Bragantino 0x1 Corinthians).

Escala da arbitragem para o primeiro jogo da final do Paulistão de 2020
Escala da arbitragem para o primeiro jogo da final do Paulistão de 2020 Reprodução FPF

Não se questiona a competência desses árbitros. Entretanto, após tantas polêmicas, a Federação Paulista (FPF) não poderia ter escalado outros árbitros? Não há mais sorteio, a escala é direcionada - cumprindo o Estatuto do Torcedor por audiência pública, onde a comissão vai a público dizer quais são os árbitros que decidiu escalar para cada partida. A Comissão de Árbitros precisa se atentar a todos os detalhes: gestão e escala não passa simplesmente por colocar algumas preferências nos papéis, há necessidade de conhecer a história do futebol e da arbitragem.

Os mesmos árbitros dos últimos jogos do Corinthians foram escalados para a final, mudando em alguns casos as funções, e Ziolli e Moraes estavam na polêmica de 2018. A partida envolve grande rivalidade, e ao escalar sempre os mesmos dá uma sensação de que no quadro de 600 árbitros da FPF somente esses são capazes de fazer os grandes jogos, até desgastando suas imagens.

Corinthians x Palmeiras: Renata Ruel analisa 'escalação polêmica' do árbitro Raphael Claus para a ida da final

Se a Federação queria escalar os seus árbitros FIFA para as finais, ainda conta com Luiz Flávio de Oliveira, provável nome para o segundo jogo, e Flávio Souza - que vem de boas atuações e poderia ser o nome do primeiro jogo. E, de repente, por que não colocar a Edina Alves, que foi muito bem no Brasileirão 2019?

Opções têm, e um desgaste poderia ter sido evitado com essa escala, onde certamente o Palmeiras vai questionar os dois assistentes envolvidos na final de 2018, e a arbitragem poderia ser preservada.

Agora é esperar pelo jogo. Que as equipes joguem bola e a arbitragem cumpra as regras, tanto no campo como no VAR.

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A ausência do VAR influenciou na classificação dos times para as quartas de final do Paulistão?

Renata Ruel
Renata Ruel
Uso do VAR durante o Campeonato Brasileiro
Uso do VAR durante o Campeonato Brasileiro Getty

A última rodada da primeira fase do Campeonato Paulista foi recheada de polêmicas, sendo que alguns lances tiveram influência direta no resultado final da partida.

O VAR (árbitro de vídeo) não é 100% eficaz, mas sem dúvida ajuda a retificar muitos erros que ocorrem no campo durante uma partida.

No jogo com maior quantidade de polêmicas, Palmeiras 2 x 1 Água Santa, no final do primeiro tempo a equipe alviverde pediu um pênalti que não foi marcado. Willian arremata no gol, o zagueiro salta na trajetória da bola em ação de bloqueio, ampliando o espaço corporal e a bola toca no seu braço, por mais que ele tente tirar o braço após o toque, o jogador assumiu o risco com a sua ação e com o braço ampliando o espaço corporal, ou seja, na minha visão foi pênalti. Este lance ainda conta com um agravante de o chute ter a direção do gol e não haver nenhum outro jogador para uma possível defesa (nem mesmo o goleiro), isso significa que esse braço impediu um gol e o zagueiro deveria ser expulso.

Outro lance deste jogo ocorre quando o árbitro assinalou falta a favor do Palmeiras, mas fora da área e pelas imagens a sensação é que ocorreu dentro área, seria mais um pênalti não dado. E por fim, agora sim o pênalti marcado pelo árbitro à favor do Palmeiras, onde o zagueiro está em movimento de cabeceio, sem estar em uma ação de disputa ou bloqueio, com o braço em movimento natural cabeceia a bola contra o próprio braço, o que a regra entende por braço acidental que não deva ser marcada a infração. Três lances onde o VAR poderia ter agido caso estivesse sendo utilizado.

As outras duas partidas onde o VAR poderia fazer a diferença foram: São Paulo x Guarani, onde a equipe de Campinas teve o que seria o gol de empate anulado por impedimento que não ocorreu, a posição do jogador era legal, o assistente não estava posicionado na linha, isso pode ter gerado paralaxe e entendimento errado do lance; e para fechar a derrota do Santos por 2 x 3 contra o Novo Horizontino, onde o árbitro assinalou pênalti contra a equipe santista, porém a bola bate na barriga do zagueiro e não no braço como entendeu a equipe de arbitragem.

Lance do gol anulado do Guarani contra o São Paulo
Lance do gol anulado do Guarani contra o São Paulo Reprodução

Alguns são à favor do VAR, enquanto outros acreditam que ele estraga o futebol. Uns dizem o VAR tira a emoção do jogo, mas não tem como negar que a ferramenta, mesmo não sendo perfeita, ajuda a corrigir erros do campo, a legitimar resultados e de repente mudar o rumo de um campeonato.

A partir das quartas de final do Paulistão o VAR estará presente, com um formato diferente do que estamos acostumados no Brasil, isto é,  será centralizado na sede da Federação Paulista e além do VAR (árbitro de vídeo principal), só haverá o AVAR1 (um assistente/bandeirinha de vídeo), aqui no Brasil normalmente este assistente é o AVAR2, enquanto o AVAR1 é o um árbitro que será do assistente do VAR, isso significa que haverá um a menos na cabine do VAR para tomar decisões.

As quartas de final serão jogos únicos, uma decisão errada seja por parte da arbitragem ou de um jogador ou até mesmo na escalação ou substituição do treinador pode definir o resultado da partida e a classificação de uma equipe. Tudo isso ajuda a tornar o futebol tão emocionante como ele é.

A seguir a escala das quartas de final, que poderia ter sido diferente com o VAR, e do Troféu do Interior:

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